D
i s c i p l i n a E c l e s i á s t i c a
Um
ministério da Reconciliação
Horst R. Kuchenbecker
Introdução
Disciplina eclesiástica é um assunto
difícil de ser tratado e requer cuidado, humildade e oração. O assunto pertence
à área da Teologia Pastoral. Pastores
e leigos devem estar bem informados a respeito com base na Escritura Sagrada.
Quem já teve de enfrentar casos de
disciplina sabe como é difícil, quantas reuniões, que cuidado temos que ter nas
palavras, quanto amor e paciência para com uma alma faltosa.
Mesmo assim é preciso lembrar que a Disciplina Eclesiástica é um processo
positivo, uma ação de amor para com nosso irmão na fé em falta. É a aplicação
correta de Lei e Evangelho (Mt 19.16-24; At 16.25-34); é colocar a fé em
prática em relação aos irmãos. (Ef 2.10;
Gl 5.24-26; Rm 8.1-17) Isto requer de nossa parte, pastores e leigos, o estudo
constante do livro: Lei e Evangelho,
de C.F.W. Walther.
Que diz o Regimento de nossa congregação a
respeito?[1]
Que diz a Bíblia? Será que em nossos dias da tolerância, do não descriminar, do
paz e amor, ainda é possível excluir alguém da Congregação se necessário? Como funcionam
as Assembléias em nossas congregações? Há realmente a prática do aconselhamento,
da repreensão, exercida pelo pastor e por leigos. Há compreensão para o
exercício da disciplina eclesiástica, quer seja a disciplina menor, com a abstenção da santa ceia, quer
seja a aplicação da disciplina propriamente dita com exclusão do membros
impenitente?
Quais são as práticas em uso? Dr.
Harrison, atual presidente da LCMS, relata: - Saí do culto e me dirigi para
casa. Na calçada um vizinho me abordou e perguntou: - Você é o pastor dessa
igreja? – Sim, respondi. – Jamais vou me filiar aqui. Você sabe por quê? Seus
membros são um bando de hipócritas! – Sei, sim! Respondeu o pastor. E sempre há
lugar para mais um! – A pessoa ficou incomodada, o pastor lhe disse: - Deixa-me
explicar. Realmente a Igreja é composta de pecadores que vem aqui em busca do
perdão. E neste sentido, sempre há lugar para mais um. Passe bem! E foi para
casa.
Um pastor estava incomodado com seus
membros e resolveu fechar a Comunidade. Ele anunciou o seguinte: “Encerro a
Comunidade. Quem quiser realmente ser membro e seguir a Cristo, deverá
solicitar nova inscrição, para sua filiação.” Surpreendentemente, o pastor sobreviveu.
Um colega dele gostou da idéia e quis imitá-lo. Resultado: A Comunidade demitido o pastor.
No ano de 1973, perguntei ao presidente de
nossa igreja irmã, a Lutheran Church Missouri Synod (LCMS): Quanto tempo leva a disciplina eclesiástica
a um pastor? Resposta: No mínimo cinco anos.
Vejam a complexidade desse assunto.
Preliminares
A Disciplina Eclesiástica não pertence à
essência da Igreja. Em Comunidades novas que ainda carecem de uma melhor
fundamentação na doutrina, ela não deve
ser praticada, se bem que Lei e Evangelho
devem ser pregados e o pastor e os leigos devem admoestar as pessoas faltosas.
A finalidade da Disciplina Eclesiástica não é purificar a Congregação, mas em amor
fraternal admoestar pecadores para que sejam levados ao arrependimento e
firmados na fé.
A Disciplina
Eclesiástica no seu sentido final só poderá ser aplicada, quando, conforme
Mateus 18, os dois passos anteriores terem sido aplicados com paciente e
persistente amor, mas sem sucesso. O objetivo é ganhar o irmão faltoso.
Após a apresentação deste tema, um colega
pastor me disse: Pastor! Eu vim para esta conferência com o intuito de aprender
novos métodos para purificar minha congregação e saio daqui com bem outra visão
sobre o tema: O objetivo da Disciplina
Eclesiástica não é purificar a Comunidade, mas ganhar uma alma que se está
desviando. Muito obrigado.
I
- Exegese de
Mt 18.15 -18
1.1 –
O textos – Vejamos em primeiro lugar as diferentes traduções
deste texto.
- Se teu
irmão pecar (contra ti), vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir,
ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas
pessoas, para que pelo depoimento de tuas ou três testemunhas, toda a palavra
se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja, considera-o como
gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado
nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. (Mateus 18.15-18 RA)
- Se o seu irmão pecar
contra você, vá e mostre-lhe o seu erro. Mas faça isso em particular, só entre
vocês dois. Se essa pessoa ouvir o seu conselho, então você ganhou de volta o
seu irmão. Mas, se não ouvir, leve com você uma ou duas pessoas, para fazer o
que mandam as Escrituras Sagradas. Elas dizem: “Qualquer acusação precisa ser
confirmada pela palavra de pelo menos duas testemunhas.” Mas, se a pessoa que
pecou não ouvir essas pessoas, então conte tudo à igreja. E, se ela não ouvir a
Igreja, trate-a como um pagão ou como um cobrador de impostos. Eu afirmo a você
que isto é verdade; o que vocês proibirem na terra será proibido no céu, e o
que permitirem na terra será permitido no céu. (Mt 18.15-18 NTLH)
- Sündiget aber dein Bruder an dir, so gehe hin und
strafe ihn zwischen dir und ihm allein. Höret er dich, so hast du deinen Bruder
gewonnen. Höret er dich nicht, so nimm noch einen oder zween zu dir, und auf
dass alle Sache bestehe auf zweier oder dreier Zeugen Mund. Höret er die nicht so sage es der Gemeinde. Höret er die
Gemeinde nich, so halt ihn als einen Heiden und Zöllner. Wahrlich, ich sage euch: Was ihr auf Erden binden werdet,
soll auch im Himmel gebunden sein, und was ihr auf Erden lösen werdet, soll
auch im Himmel los sein. (Mt 18.15-18, Lutero)
- If your brother sins against you, go and point out
his sin to him when you`re alone with him. If he listens to you, you have won
your brother. But if he won`t listen, take one or two with you so that you have
two or three witnesses to establish every word. If he won`t listen to them, tell it to the
church. But if he won`t even listen to the church, treat him like an pagan and
a tax collector. I tell you the truth, whatever you bind on earth will be bound in heaven, and whatever you set free on
earth will be free in heaven. (Mt 18.15-18
An American Translation, Beck)
- Se pecar (contra ti)
o irmão teu, vai corrige a ele entre ti e ele somente. Se a ti ouvir, ganhaste
o irmão teu; se mas não ouvir, toma contigo ainda um ou dois, para que por boca
de duas testemunhas ou de três seja estabelecido tudo assunto; Se e recusar-se
a ouvir a eles, dize à igreja; se e também à igreja recuar-se a ouvir seja(ele)
para ti como o gentio e o cobrador de impostos. Amém. digo a vós; tudo que ligardes sobre a terra (por certo) estará
ligado em (o) céu, e tudo que
desligardes sobre a terra estará desligado em (o) céu. (Interlinear)
Obs.: O verbo “ligar”
(deeseete part. Perf. Passivo de (déoo)
1.2 – O significado
- O que significam essas
palavras? Será que eu posso forçar Deus a perdoar no céu o pecado que eu perdoo
a uma pessoa aqui na terra; ou para Deus não perdoar a um pecador ao qual eu
não perdoo os pecados aqui na terra? Será esse o sentido?
- Dar-te-ei
as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus;
e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus (Mateus 16.19 RA).
A Concordia Self-Study Bible
comenta: Pedro usou esta chave no dia de Pentecostes (At 2), quando anunciou
que a porta do Reino de Deus está aberta a judeus, prosélitos e gentios. “Arrependei-vos... Pois para vós outros é
a promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda estão longe... (At
2.38-39) O que aprendemos disso? Que a Igreja cristã não julga como
autoridade, mas ela anuncia a lei, que mostra à pessoa sua culpa; e ela
proclama o evangelho ao pecador e certifica o pecador arrependido de que Deus lhe
perdoou os pecados, Cf.: At 5.3,9. Isto dá outra visão à Disciplina Eclesiástica. Portanto, a Igreja cristã não condena, mas
anuncia o julgamento divino e o faz com amor, não para o mal de alguém, mas
para salvá-lo. Numa palavra mais rude: A
igreja não vem para matar, mas para salvar.[2]
Jesus mostra a uma pessoa e para a
Comunidade como proceder com um irmão na fé que se desviou, quer por questão de
doutrina ou de comportamento ético moral. O procedimento acontece em sincero
amor fraternal, seguindo-se os passos indicados por Jesus. O ligar e desligar
no céu que torna o procedimento um procedimento oracional.
II - Disciplina Eclesiástica
Vamos ao tema. Mark Twain disse, certa vez,
a respeito do tempo: Todos falam dele,
mas ninguém entende nada a respeito do tempo. Talvez possamos dizer o mesmo
a respeito da Disciplina Eclesiástica.
Quando falamos da Disciplina Eclesiástica, tanto leigos como pastores, têm medo desse
tema. Os leigos dizem: Isto é com os pastores e a Diretoria. Pastores e
Diretorias dizem: Quem somos nós para julgar alguém, ou mais precisamente: Eu
me sinto indigno para isso. A confrontação sempre é algo terrível e confuso,
até revoltante.
Na realidade, o pastor deve exercer a
disciplina eclesiástica,[3]
mas não sem mais nem menos. Há precedentes a serem observados.[4]
Os precedentes são: Clara pregação de Lei e Evangelho, dentro de um plano anual
bem traçado, conforme as necessidades da Congregação.[5]
A disciplina não é somente trabalho do pastor, mas da congregação, de todos os
membros. Isto nos leva à seguinte pergunta: Como está, em nossas (em sua)
congregações a compreensão do “Sacerdócio
real dos cristãos?”[6]
Ser sacerdote real é ser cristão; ser cristão é ser sacerdote real. Será que os
sacerdotes reais não sabem mais onde é o seu lugar para servir? Eles não conhecem
mais suas funções: Ouvir a Deus, falar com Deus, amar os irmãos, exercer seu
sacerdócio ali onde Deus os colocou (família, vizinhança, lugar de trabalho,
sociedade, e no culto de sua congregação)? O ponto central do trabalho sacerdotal,
também da disciplina eclesiástica é abrir os céus aos que nos cercam. Por isso,
ao verem um irmão pecar, falem com ele? Disciplina, tanto para o pastor, como
para os membros, não é tanto um dever, mas um privilégio, mais precisamente,
aconselhamento.
Por vezes parece que alguns interpretam Mt
18 como um programa de três passos para purificar a congregação. Já encontrei
um pastor que em três semanas, por três cartas, seguindo Mt 18, excomungou
alguns membros. Interrogado a respeito, respondeu: Segui os passos prescritos
por Mt 18. Imaginam.
Ao lermos Mt 18, precisamos nos perguntar:
Qual o contexto e o propósito de Mt 18? Vejam a parábola da ovelha perdida, que
antecede Mt 18.15. Isto mostra que o objetivo de Mt 18 não é simplesmente purificar
o rebanho das ovelhas puladoras de cerca, purificar a congregação de seus
fracos, errantes e obstinados pecadores, mas trazê-los de volta e alegrar-se
com sua volta. Mt 18 mostra até onde vai o amor cristão nesta busca do irmão
desviado, que caiu. A excomunhão é
medicinal, não mortal. (Lutero)[7]
Lutero escreve a respeito:
“Deve-se ver o que é a excomunhão da Igreja e qual é o
sentido desta palavra. A excomunhão não é outra coisa do que a privação da
comunhão e
colocar alguém fora da
comunhão dos crentes. Ora, a comunhão dos crentes é dupla: interna e
espiritual, outra externa e corporal. A espiritual é uma [só] fé, uma
esperança, um amor a Deus. A corporal é a participação em seus sacramentos,
isto é, nos sinais da fé, da esperança, do amor. Mas ela se estende mais além,
indo até a comunhão nas coisas, no uso, na conversa, na habitação e em outras
relações corporais.
Portanto, assim como nenhuma criatura pode
fazer uma alma entrar naquela primeira comunhão, a espiritual, ou, uma vez
excomungada, fazê-la entrar de novo – só Deus pode fazê-lo, da mesma forma
nenhuma criatura – exceto o ser humano mesmo (a pessoa) através de seu próprio
pecado – pode tirar-se esta comunhão ou excomungar-se, cair fora desta comunhão
por sua volta ao pecado e persistir nisso, rejeitando as admoestações dos
irmãos.
Esta opinião é muito evidente, pois nenhuma
criatura pode dar-se a fé ou, uma vez caído da fé, voltar à fé, por suas
forças. Ao mesmo tempo, ninguém pode tirar a fé que Deus deu e conservá-la,
conforme Rm 8.15. 38. “Quem há de lhes
fazer mal, se vocês foram bons seguidores?” (1 Pe 3.13) (Cf.: Obs. Selecionadas,
vol. I, pág. 192-3)
Como fazê-lo?
Se teu irmão pecar contra ti (ou
vires teu irmão pecar), vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te
ouvir, ganhaste a teu irmão (Mateus 18.15 RA).
A primeira palavra de ação em relação ao
irmão faltoso é: “Vai!” Não espere
muito. Não te faças de rogado, dizendo: Isso é com ele. Não vou me meter. Ele
terá de vir a mim. É teu irmão que está em perigo, vai e fale com ele.[8]
Não fale a outros do que você viu ou
ouviu. Vai e fale com ele sozinho, não para
degradá-lo, humilhá-lo, mas para ganhá-lo. Fale com ele a sós, onde ele possa se
defender e vocês podem dialogar tranquilamente. Fale com ele o tempo que for
necessário e quantas vezes forem necessárias. E, se tudo parece ser em vão, então
dê o segundo passo e busque auxílio, levando dois ou três irmãos consigo.[9]
O assunto de que se trata: o pecado do
teu irmão, deve ficar bem claro. Não pode haver discordância, diferença de
opinião ou interpretação, nem má compreensão a respeito. No diálogo tudo deve ser
esclarecido.
Um pastor deu o seguinte exemplo sobre a
questão da clareza. Numa comunidade havia duas irmãs gêmeas que tiveram nenês e
não vieram batizá-los. O pastor foi falar com elas. Uma respondeu: Meu marido é
batista e não quer batizar a criança, só apresentá-la para orarmos por ela. A
outra respondeu: Eu não creio no batismo. Na conversa, veio à tona que aquela família,
na verdade, não cria em Deus. Aparentemente, as duas pareciam estar em pecados
iguais: não batizarem seus nenês. Mas havia uma grande diferença entre as duas.
Uma família era cristã, mesmo sendo o pai da criança batista; enquanto que a
outra família não era cristã. Ao tratarmos com um irmão sobre pecados, tudo
deve ficar as claras.
Quando, após muitas reuniões e esforços, não
se consegue levar o irmão ao arrependimento, segue o terceiro passo: Diga-o à Igreja. Dos detalhes disso, trataremos
logo mais adiante. Isso é mais uma tentativa para trazer o irmão desviado ao
arrependimento, de volta ao rebanho, o que também leva o seu tempo.
E, se ele não os atender, dize-o à igreja;
e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano
(Mateus 18.17 RA).
Dize-o à igreja. Quem
é a igreja? Normalmente o assunto vai para a Assembléia dos membros votantes, onde
hoje, na maioria das Comunidades as mulheres também votam. E, conforme os
estatutos, somente aqueles membros que são habilitados como votantes. O termo
“igreja” (ekklesia), no entanto, aqui não deve ser limitado aos assim chamados
“membros votantes – como termo jurídico”. Aqui não se trata da simples exclusão
da igreja como sociedade, mas da aceitação ou exclusão no corpo de Cristo.
Trata-se de uma questão de vida ou morte espiritual, de salvação ou perdição.
Por isso é importante que toda a congregação[10]
participe. A alma de um irmão, uma alma imortal está em perigo. Por isso,
quando o assunto é levado para a igreja, isto é mencionado pelo pastor e nas orações
a congregação.
Considera-o como gentio e publicano.
O que significa isso? Quando a Comunidade excomunga alguém, a pessoa não está entregando
aquela ao diabo, como na Idade Média.
A razão da exclusão não é em si só o pecado, mas a persistente impenitência em relação a um pecado grosseiro (ou
mortal) ao lado do qual a fé não subsiste. Aqui não se trata de um pecado de
fraqueza; não de una infração de leis humanas, mas de um pecado que nega uma
doutrina fundamental ou de um pecado contra a moral, ao lado do qual a fé não
subsiste. Por exemplo: Um assassino, um adultero, um blasfemador, etc.
Como devemos tratar a pessoa excluída? A
Comunidade aplica-lhe uma rejeição pública. Em que sentido? Para simplesmente
afastar a pessoa do seu meio? Não. Ela se afasta dele, isto é, o suspende da
santa Ceia, para mostrar a gravidade do seu pecado, a fim de leva-lo ao
arrependimento. Este é o sentido da “excomunhão”. A razão da excomunhão de um congregado, não é
simplesmente purificar a congregação, livrar-nos de um problema. Guardemo-nos de tal procedimento. Para
compreendê-lo, precisamos olhar como Jesus tratou os publicano e gentios. Vejam como Jesus tratou o coletor de
impostos? (Mt 9.10-13; 11.19). Como Jesus tratou Pilatos? (Jo 18.33-40). Jesus
curou os doentes dos gentios, tomou refeição com os publicanos e hospedou-se em
suas casas. Tratou-os como prospectos missionários. O apóstolo Paulo escreve: Se algum dentre os incrédulos vos convidar,
e quiserdes ir, comei de tudo o que for posto diante de vós, sem nada
perguntardes por motivo de consciência (1 Coríntios 10.27). O apóstolo Paulo
detestava os pecados dos gentios, mesmo assim podemos ser amigo dos pecadores.
O próprio Jesus chamou a Judas de amigo (Mt 26.50). Quando uma pessoa é
excomungada da Comunidade, você não está construindo um muro entre você e ela. O
pecador é que se afastou. Você está dizendo a esta pessoa que está esperando sua
volta de braços abertos e a pessoa deve sentir isso. Disciplina – como disse um
pastor – é comunicação de alma a alma. Não é simplesmente uma obrigação do
pastor, mas um privilégio do pastor e de todos os sacerdotes reais, da nação
santa para, pela administração do Ofício
das Chaves, que visa abrir o céu às pessoas. Pelo anunciar a lei de Deus,
mostramos ao pecador o quão afastado ele está de Deus, que ele está num caminho
errado. E quando o disciplinado pergunta, como no dia de Pentecostes: Que faremos, irmãos? Pedro respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vos seja
batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados, e recebereis
o dom do Espírito Santo (At 2.37-38). Desta forma queremos tratar o irmão
ou irmã excomungado, anunciando-lhes lei e evangelho.
Disciplina e evangelismo
Em nossas congregações há a preocupação
com o evangelismo, o crescimento da igreja, e também a preocupação com a evasão
de nossas congregações, daí o programa: Feche
a porta dos fundos. Quando este programa surgiu – o livro tem na verdade
coisas boas – eu tive uma preocupação. Vocês sabem que coisa terrível é uma
prisão de ventre. Quando pastor mais jovem, perdi duas famílias na comunidade
que foram para outra denominação cristã. Eu estava muito chateado, sim, triste.
Naqueles dias, um pastor aposentado veio me visitar. Falamos sobre o assunto.
Eu tinha essas pessoas como cristãs e bons membros. Eles se incomodaram com
algumas coisas na Comunidade e saíram. Para minha surpresa o pastor aposentado
disse: - “Que bom que eles têm outra opção. Que a porta dos fundos está aberta.”[11]
Nisto outro membro bateu na minha porta. Era um destes membros cricri, que eu
desejava ver longe. Ele nos cumprimentou e derramou seu fígado, contra mim,
contra coisas na Comunidade e da Igreja em geral. Após o que, ele foi embora. Meu
colega riu. Eu lhe disse: - Este eu gostaria que fosse para a outra igreja. –
Não, não, disse meu colega. Agradeça a Deus também por ter um membro assim.
Agradecer a Deus? – Sim, respondeu ele. É um bom alerta. Ele te faz refletir e
reexaminar as posições. Isto sempre é bom e necessário. – Respondi: Mas eu
posso fazer o que quiser. Se eu digo sim, ele diz não. Se eu digo não, ele diz
sim. Se não respondo, ele fica bravo; se respondo, ele se torna violento. Se
rio, ele acho que estou gozando dele. – Vai com calma, me disse o colega. Então
a nossa conversa passou para o assunto dos distanciados. E ele me disse: Evangelismo
e uma moeda que tem dois lados: Ir para fora – e ao mesmo tempo corrigir a
Comunidade por dentro.
Em nosso mundo rodeado de seitas há uma
busca por membros. Todos se esforçam para ganhar membros e facilitam ao máximo sua
entrada. Resultado é que, com a mesma velocidade com que vieram, eles também vão
embora. E mesmo que muitos ficam, notaremos muitas vezes que não são cristãos
dedicados. Eles encaram a congregação como um clube, como se dissessem: Afinal,
é bom ser membros de uma igreja. Para muitos: Ser membro é sinônimo de ser
salvo, independente de sua fé e vida espiritual. Antigamente, muitos
permaneciam membros, só para terem direito ao cemitério. Portanto, muito
cuidado com o evangelismo. As pessoas que vem devem ser bem instruídas antes de
serem aceitas. E a pergunta tão importante quanto a do evangelismo é: O que
fazemos com membros nossos que há muito tempo não vêm mais aos cultos, nem à
Santa Ceia. Se examinarmos nosso Rol de Membros, quantos bêbados, pecadores
manifestos, que não lêem a Bíblia, não fazem devoções, etc. continuam no nosso
rol de membros? Onde está a honra cristã de serem sacerdotes reais, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus (1
Pe 2.9). Eis uma das razões porque a Igreja Cristã perdeu sua força
atrativa. Nossos membros não sabem mais manejar o Ofício das Chaves nem dentro da congregação, nem para fora.
Em anos passados, eu tinha feito um plano
de trabalho de dois anos para atuar sobre os distanciados de nossa Comunidade.
A Diretoria da Comunidade – sem dar muita atenção ao plano - o aprovou. Mas já
nos primeiros meses surgiram críticas, encaminhadas à Diretoria. O assunto foi
debatido, então me dei conta que faltou uma coisa. Nem a Diretoria nem os
membros tinham plena noção do que significa o Ofício das Chaves. Tive que recolher o plano e começar a fundamentar
o assunto. Isto me levou a dar mais atenção, nos meus sermões, ao terceiro uso
da lei[12]
e à vida santificada. Apesar de tudo isso ser evangelho, tive que ouvir, como
Jesus, a acusação: É duro este discurso (Jo
6.60). Você quer destruir a
Comunidade! Etc. Há perdão para todos. O verdadeiro amor, porém, requer que
os pecadores manifestos e não arrependidos[13]
sejam admoestados e se não se arrependem, disciplinados.
Isto abre a reflexão para o lado do evangelismo
que começa com a disciplina (buscar, aconselhar, disciplinar, excomungar)
daqueles que por um longo período de tempo são membros da congregação, mas que
não dão evidências de vida espiritual cristã. Que são surdos à Palavra de Deus,
que não têm tempo para Cristo e sua igreja, que vivem em pecados. Qualquer
esforço para evangelizar os de fora conflita com o mau testemunho dos membros da
Comunidade, que é confuso. Visto que no evangelismo chamamos as pessoas ao
arrependimento e à fé, enquanto que muitos membros na Comunidade vivem de forma
diferente, não vivem em verdadeiro arrependimento e fé. Isto desacredita o
evangelismo, pois não faz sentido se não partirmos da premissa de que pecadores
(dentro e fora da Comunidade) devem ser chamados ao arrependimento e à fé em
Cristo. Onde a Comunidade (Igreja) não se preocupa em chamar os pecadores em
seu próprio meio ao verdadeiro arrependimento, os de fora ficarão com a imagem
distorcida, como se a salvação vem, simplesmente, pelo filiar-se à congregação.
Se o testemunho da igreja ao mundo e a de seus
membros deve ser efetivo, a Comunidade deve estar preocupada com respeito àqueles
que estão se enganando a si mesmos, pensando que tudo está bem, porque são membros
de uma igreja, quando na verdade, estão espiritualmente mortos. É necessário
mostrar a tais pessoas o que é absolutamente claro de que eles estão fora do
Reino de Deus se não se arrependerem e se tornarem membros vivos do Reino de
Deus, pela fé em Cristo Jesus. A excomunhão faz exatamente isso. Ela informa a
pessoa que a igreja só tem uma esperança a oferecer a pecadores, a saber: Quem crer e for batizado será salvo; quem,
porém, não crer será condenado (Marcos 16.16 RA). Ela prega fielmente que
Jesus morreu e ressuscitou e voltará para julgar vivos e mortos. A igreja
Luterana não tem parte em servir de travesseiro para falsas esperanças. Ela
precisa colocar toda a falsidade de lado e chamar pecadores em seu próprio meio
e os de fora ao arrependimento e fé em Cristo. Desta fé brota uma vida nova em
Cristo. O próprio Jesus disse que devemos considerar como “publicanos e gentios” os que não querem ouvir sua voz, isto é,
considerá-los objetos de missão. Em congregações muito decaídas o pastor, em
vez de ser cura de almas, precisa ser, muitas vezes, em primeiro lugar, um
missionário dentro da Congregação.
Este é o propósito da disciplina e
excomunhão, não simplesmente purificar a igreja, mas salvar almas, tanto as que
estão na igreja, como aqueles que se consideram membros dela, mas não vivem a
fé, bem como os de fora, que ainda não conhecem a Cristo.
III - A Excomunhão na prática
Introdução
Excomungar alguém da Comunidade só é
possível ali onde a Comunidade está instruída a respeito do Ofício das Chaves – não somente o pastor
– mas todos os membros. Onde os membros estão engajados no aconselhamento, na
admoestação fraternal, na luta pela salvação das pessoas.
Lutero escreve: “A excomunhão não deve ser
dada nem tirada por qualquer ser humano, seja ele bispo ou Papa, sim, nem mesmo
por um anjo ou qualquer criatura. Unicamente o próprio Deus, através do seu
santo Espírito, tem que derramá-lo no coração da pessoa que crê no sacramento...
Assim, aqui também não pode chegar nem existir nenhuma excomunhão, a não ser
tão somente a descrença ou o pecado da própria pessoa. Ela pode excomungar a si
mesma com isto e, assim separar-se da graça, vida e bem-aventurança da
comunhão. O apóstolo Paulo afirma: Quem
pode nos separar do amor de Deus?” (Rm 8.35,38. Obr. Sel., vol. II, pág.
240,241).
Pessoalmente tive que enfrentar alguns
casos de disciplina eclesiástica com exclusão. Na maioria das vezes admoestava
as pessoas com amor a paciência, com dois resultados: Ou ganhava a pessoa de
volta ou ela mesma, incomodada, pedia seu desligamento ou abandonava a
congregação.[14]
Passos do Processo
Procedimentos iniciais
1. A lei do amor. O
propósito de uma admoestação e disciplina é o amor, ganhar a pessoa para
Cristo. Pregamos lei e evangelho, mas
cuidado. Quando pregamos a lei não o fazemos com o dedo em riste,
com certa raiva e desdém, mas pregamos também a lei com amor. A pessoa deve
notá-lo.
2. Procedimento. Se
houve uma ofensa pública, isto é, o pecado grave de um irmão que se tornou
público, tornou-se uma ofensa pública,
então seguem-se os passos de
Mateus 18.15-20.
- a) O irmão que foi ofendido[15],
ou que tomou conhecimento do pecado grave do irmão, pecado mortal[16],[17],
por temer pela salvação do irmão, vai a ele sem demora, para lhe perguntar e
falar a respeito. Não somente uma vez, mas várias. Quantas forem necessárias.
- b) Caso o irmão não
reconhecer seu erro, toma-se duas ou mais pessoas consigo. Estas pessoas devem
ser cuidadosamente escolhidas. Elas devem ser aceitas pelo irmão faltoso e
devem ser pessoas de respeito na congregação. Fará a pergunta ao irmão sobre o
seu pecado. O acusado tem direito de explicar e se defender. Se as pessoas
convidadas se convencem do erro do irmão, procurarão ajudar a convencê-lo do
erro (ou, se for o caso, inocentá-lo do mesmo). Isto leva seu tempo. Por vezes
são necessárias várias reunião, muita paciência e persistência.
- c) Se não houver
progresso, levarão o assunto à diretoria da Comunidade que tratará com ele,
quantas vezes for necessário. Se notar que o irmão é impenitente e não quer
reconhecer seu erro, após várias admoestações em amor, levarão o assunto à Assembléia
dos Membros Votantes. Eles deverão julgar
o caso e, ao se convencerem do erro do irmão, tendo-o admoestado mais de uma ou
mais vezes. A assembléia o admoestará. Isso
poderá acontecer por várias assembléias. Se não houver resultado será excluído
da congregação pela assembléia. Isto deverá ser por voto unânime. A resolução
deverá ser ratificada por uma segunda Assembléia. Se após um tempo a pessoa se
arrepender poderá ser novamente aceita.
3. Formas corretas do processo. No
seguir Mateus 18 devemos ter os seguintes cuidados:
a) Ao falarmos com o irmão, que
caiu em pecado grave, não devemos perder de vista o propósito supremo, a saber,
o bem-
estar espiritual do nosso próximo e a glória de Deus. O irmão não
deve ser exposto ao escárnio e ao ridículo “dos de fora”. Devemos cuidar para não
falar motivados por ira, malícia, ou vingança. Sabemos que no trato desses
assuntos, facilmente as discussões, especialmente quando o assunto chega à Assembléia dos Membros Votantes, pode
descambar para palavras ásperas e violentas e um clima amargo, devido a vários
fatores: parentesco, partidos, etc. Nesses casos o presidente da Assembléia
deverá suspender a reunião, para apaziguar os ânimos. A reunião poderá ser
reaberta após uma hora ou então convocada para a próxima semana.
b) Pecados ocultos. Pecados
ocultos não devem ser publicados, a não ser que o caso já esteja no terceiro
grau de admoestação fraternal.
c) Certeza. Devemos ter certeza de
que não se trata de um pecado de fraqueza da vida diária, mas de um pecado
grave que gera ofensa e escândalo. Na conversa com o irmão isto deve ficar
claro que a fé não subsiste ao lado de tais pecados. Precipitação. Não devemos ser precipitado. Tome e tenha tempo para
o tratamento com o irmão. Se a disciplina eclesiástica não for antecedida por
um processo de pacienciosa admoestação fraternal, todo o processo cai por
terra, porque não seguiu os três passos.
Pv 25.11; 1 Sm 25.36,37.
d) Lembre suas próprias fraquezas. Ao
admoestar o irmão não o faça com espírito de superioridade. Não somos melhores.
Lutamos pela salvação do irmão.
e) Nos mesmos pecados. Quem
quer corrigir não deve estar vivendo nos mesmos pecados, Lc 6.41,42.
f)
Forma. Nem
tímido nem severo, 1 Tm 3.1,2.
g) Considerações.
Coisas que devem ser levados em conta: grau de inteligência, experiência de
vida, conhecimento da Escritura, condições físicas, e o ambiente em que vive o
irmão, etc.
h) Gravidade dos
pecados. - Nem sempre é fácil definir se um pecado realmente é grave ou não. A
maioria dos pecados só é digna de repreensões. O rei da Prússia, Frederico o
Grande (1712 – 1786) perguntou a seu pastor: Por que nós homens públicos
pecamos tanto? Realmente homens públicos, administradores, políticos –
especialmente hoje – estão sendo sempre criticados, acusados e de fato há
sempre muitos erros numa administração. Não propositalmente, mas devido às
circunstâncias e tentações. Sofrem processos trabalhistas e contábeis, etc. O
pastor e a comunidade devem cuidar muito para não acusá-los indevidamente. Pois
pecados graves são pecados obstinados contra a moral (não simples erros
administrativos, por mais prejuízo que por vezes tenham causado), erros
persistentes que são uma negação da fé. Há muitas vezes casos bem duvidosos, os
quais temos que deixar nas mãos de Deus.
i)
Boatos.
Por vezes surgem boatos contra irmãos, especialmente dirigentes na
Comunidade. As razões podem ser as mais diversas. Boatos ainda não são fatos.
Se os boatos difamatórios são muitos fortes e amplamente comentados na
Comunidade contra um irmão, o pastor deve tomar uma ou duas testemunhas.
Convidar o irmão para uma conversa. O informará sobre os boatos e lhe
perguntará o que ele tem a dizer a respeito. Se ele negar os boatos e não havendo
prova nenhuma, o assunto estará encerrado. O pastor poderá informar a
Comunidade que a Diretoria falou com o irmão e não há provas.
j)
Diversos
encontros. Cada passo de Mt 18 pode ter vários encontros. Se notarmos que a
pessoa está triste, agiremos com mais vagar, Mt 18.22; Lc 17.3,4.
k) Quando amplamente manifesto. Quando
o pecado de um membro é tão manifesto que toda a congregação se escandaliza,
não é necessário seguir os três passos de Mt 18. Podemos chamar a pessoa como o
apóstolo Paulo o fez com Pedro. (Gl 2.13,14; 1 Tm 5.20. (Pastorale, Walther,
tese 40. Obs. 3[18]).
4. Ofensa pública. Quando
há uma ofensa pública, tendo o caso sido
tratado com a pessoa uma ou mais vezes
pela Comunidade, e a
pessoa
mostrar arrependimento, ela não deve ser excluída, mas deve por uma desculpa
pública remover a ofensa. Esta desculpa pública não é um castigo, mas demonstração
de que o ofensor é penitente, (Mt 18.15; 5.23,24; Lc 17.3,4). Caso contrário a
Comunidade daria a impressão de que a pessoa pudesse continuar a viver em
pecado. Os pecados públicos que requerem
uma desculpa pública são pecados graves. Roubos, blasfêmias, adultérios, etc. No
caso de pessoas dominadas por vícios como o álcool ou drogas, que muitas vezes
lamentam seu estado, mas têm recaídas freqüentes, a Comunidade deve ser
informado pela diretoria de que tais pessoas estão em tratamento.
5. Forma da desculpa pública. O bom
senso da Comunidade deve
determinar como a desculpa será feita ou encaminhada. Se a pessoa
deve comparecer pessoalmente, quer diante da Diretoria ou diante da Assembléia
da Comunidade, ou se o pastor lerá o pedido encaminhado, ou o proclamará
verbalmente.
O
processo de Excomunhão
1.
O
processo da Excomunhão. Que
pessoas podem sofrer o processo de disciplina?
a)
Pessoas em vida, não pessoas falecidas, como houve casos no
passado.
b) Pessoas que não podem ser responsabilizadas por seus atos,
não podem ser excomungadas como insanos, débeis mentais,
pessoas possessas
pelo diabo.
b) Pessoas que ainda se consideram nossos
irmãos e irmãs na fé,
(1 Co 5.11; 1 Jo 2.19). Pessoas que abandonaram a Congregação não
podem ser disciplinadas.
c. Pessoas que são membros comungantes ( 1 Co 5.13), crianças
ou jovens ainda não
confirmados, não, estão sob a
responsabilidade de
seus pais, (Ef 6.4; Dt 21.18-21).
d) Pessoa que cometeu pecados
graves pelo qual a pessoa caiu da
fé, pecados mortais[19],
(1 Co 5.11; Jo 13.21,22; 2Co 12.21). Aqui
temos dois campos: - alguém que nega uma doutrina
fundamental da fé cristã,
necessária para a salvação, como por
exemplo: negar a Cristo, sua expiação vicária, sua morte e
ressurreição, etc. (Jo
8.42-46; Mt 23.23,33; Rm 16.17,18); o
outro
campo – pessoa que cometeu um pecado público
contra a moral
cristã, por exemplo: assassinatos,
divórcios, incestuosos, roubos,
perjúrias, blasfêmias, beberões, etc. Confira as passagens: Sl 58.1;
1 Tm 5.20; 1 Co 5.11; 2
Ts 3.14; 2 Jo 7-11);
e) A pessoa que se mostra incorrigível e incrédula e
que apesar de
toda a admoestação
persiste em seus pecados ou erros de
doutrina (Mt 18.17). O que deve estar manifesto não é
simplesmente o pecado,
mas a impenitência, o permanecer nos
pecados;
f) Pessoa que desrespeita as autoridades da congregação, isto é,
diversas vezes e
continuamente, mesmo após admoestações. Não
é o fato de alguém que
numa assembléia, explode por seu caráter
tempestuoso, de pavio curto.
g) Não uma pessoa por sua falta de conhecimento, pequinês de fé
ou pecados de fraqueza.
h) Uma congregação inteira não pode ser
excomungada. Não há
autorização para tal, nem deve ser feito. Porque onde a
palavra de
Deus está sendo pregada, ela
traz seus frutos. Somente o irmão
impenitente, individualmente, pode ser excomungado.
Obs.: “Excomungar
por causa de dinheiro ou de outras coisas temporais é uma invenção nova, da
qual os apóstolos e Cristo nada sabiam. (Lutero. Obr. Sel. vol.II, pág. 242).
Esta frase de Lutero refere-se a pequenas coisas. Na Idade Média puniam-se pecados como roubar um porco, não pagar uma
dívida, enquanto os grandes barões eram inocentados. Mesmo assim isto vale
ainda hoje: Não por erros administrativos, mesmo com grandes prejuízos financeiros
(exceto se forem roubos claros). Administradores são responsabilizados e
demitidos.
i)
Pessoas
que estão em processo judicial são aconselhadas (não
obrigadas) a não participarem da Santa Ceia,
enquanto corre o
processo. Só após o processo julgado,
o assunto poderá ser tratado
se necessário, pela Comunidade. Não
podemos nos antecipar ao
judiciário e julgar arbitrariamente.
Nesta área acontecem muitas
injustiças. Por vezes, cristãos os
sofrem e precisam exatamente
nestas horas da Comunidade e da Santa
Ceia, para seu consolo e
força.
2. Unanimidade e protesto
contra a excomunhão. Visto que a excomunhão deve estar firmada em base bíblica e a
Bíblia é clara em
definir o que é um pecador impenitente, a votação para a exclusão de
um membro deve ser unânime.
O argumento bíblico é o
seguinte: Se uma comunidade seguiu os passos bíblicos e ficou evidente que a
pessoa a ser excomungada é um pecador impenitente que, após todo o processo paciencioso
de admoestação fraternal em amor, insiste em sua impenitência e, portanto, caiu
da fé e está sob juízo de Deus, o qual a comunidade lhe demonstrou por este
processo, então o votar contra a exclusão seria votar contra a decisão de Deus.
A pessoa que votar contra coloca-se ao lado da pessoa em processo de excomunhão
e corre o risco de ser também disciplinado.
Ultimamente são
levantadas objeções a isso. Por exemplo: Será que o voto de uma ou duas pessoas
que - por falta de um conhecimento maior, fraqueza e/ou falta de maior
sinceridade, ou parentesco – votar contra a excomunhão de uma pessoa, pode
impedir o veredicto de uma congregação inteira que luta em amor pela salvação
de uma alma? Não deveria esta discordância ser tratada mais evangelicamente na
esperança de que, dia mais dia menos, esta pessoa que protesta chegue à compreensão
do ato da Congregação, mas não o impeça neste momento? Outra coisa é se várias
pessoas, um grupo se opõe e discorda da ação da Comunidade. Neste caso o ato
deve ser interrompido e o grupo deverá ser mais esclarecido e instruído.
Neste assunto deve se
ter muito cuidado. Excluir alguém por simples voto de maioria, sem unanimidade,
normalmente abre uma ferida dolorosa na comunidade, partidarismo, antipatias
contra o pastor e a diretoria, difícil de curar. É preferível não precipitar a
exclusão, mas ter paciência até obter a unanimidade.
Nenhuma resolução de excomunhão pode ser
aprovada enquanto houver uma pessoa do contra (um protesto). A votação deve ser
unânime.[20] A
aprovação deve ser ratificada numa segunda Assembléia uma ou mais semanas após.
– O caso da exclusão dever ser tão claro para todos os membros, que cada
cristão na Congregação possa ver a justiça da mesma. Uma resolução que não for
unânime não é válida.[21]
– Pode acontecer também que alguém proteste sem razão suficiente ou por outros
motivos escusos, como por amizade, parentesco ou desrespeito à Palavra de Deus.
Nesses casos deve se tratar, em primeiro lugar, com a pessoa que protesta antes
de continuar o caso de exclusão. Se a pessoa que protesta não aceitar a Palavra
de Deus, ela deve ser colocada em disciplina e se necessário também excluída.
Se os que discordam ou protestam são diversos (muitos), e a Diretoria da
Comunidade e o pastor não conseguem convencer os que discordam, mesmo sendo um
grupo pequeno, o processo dever ser suspenso. Talvez a Comunidade deva ser melhor
instruída sobre o assunto da Disciplina
Eclesiástica, ou pelo menos o grupo que está protestando.
A exclusão de um membro
por maioria dos membros presentes na assembléia, não importa quão grande, e não
por unanimidade é inválida e ilegítima.
Walther escreve a
respeito: “Visto que, conforme a palavra de Deus, a excomunhão ser uma questão
de toda a congregação, ela não pode ser levada a efeito por mera maioria dos
membros votantes, mesmo que essa seja expressiva. Visto Jesus ter ordenado a
excomunhão e o apóstolo Paulo ter repreendido a comunidade de Corinto por tê-la
omitido, num caso óbvio (1 Co 5.10-13), a pessoa comete um grave pecado se ela
se opõe, numa caso óbvio... (Pastorale de Walther, tese 42, obs. 3).
3.
Advertência. Antes
de se instituir a disciplina eclesiástica e insistir
numa confissão pública de pecado, o pastor e a diretoria devem ter
certeza de que tal pecado realmente foi cometido e a pessoa em foco
é um pecador impenitente que precisa
ser colocado em disciplina eclesiástica. A disciplina eclesiástica não lida
simplesmente com pecadores, mas pecadores impenitentes. Se o pastor ou a
Diretoria da Comunidade precisam, no meio do processo recolher o processo por
falta de provas ou clareza, ou até de falta de conhecimento da doutrina da Disciplina Eclesiástica da Comunidade, isto
prejudicará o pastor e a Diretoria e aborrecerá os membros da Assembléia. - Pode
acontecer que o pastor esteja convencido da necessidade de disciplinar certo
irmão, mas não consegue convencer a Diretoria ou a Comunidade de tal. Nesse
caso é aconselhável o pastor e a Diretoria consultarem um pastor mais
experiente, ou o Conselheiro Distrital para examinar a situação e se
aconselhar. (1 Co 5; 1 Co 6.1-8; 1 Tm 5.20) Nunca deve se ter pressa nesses
assuntos.
4.
Legalismo. O pastor deve cuidar
para não se tornar legalista durante o processo. A ele cabe agir de forma
evangélica.
5.
A notificação ao ofensor. – Ao
se convocar uma Assembléia para tratar da Disciplina Eclesiástica, isto deve
constar claramente na
Ordem do dia da Assembléia e
publicado com antecedência, para que todos os membros tomem conhecimento do
fato.
Mesmo não sendo absolutamente necessário, é
aconselhável que o ofensor seja notificado por escrito a respeito de sua convocação para a Assembléia dos membros Votantes, que tratará do seu caso. Duas
pessoas da Comunidade serão encarregadas para entregarem pessoalmente a carta
de convocação. Eles pedirão que a pessoa convocada assine a segunda via,
atestando o recebimento da convocação. Quando isso não for possível, a
convocação seguirá por correio. Solicitarão a confirmação do recebimento e
aguardarão a resposta. Se a pessoa envolvida no processo se recusar comparecer
à Assembléia, ela não poderá ser tratada conforme Mateus 18 e excluída. A
convocação deverá ser repetida. Se a pessoa não vier, ela será considerada como
pessoa que abandonou a congregação e/ou que se exclui a si mesma (1 Jo 2.19). Neste
caso, só se fará uma declaração pública de que tal pessoa abandonou a
congregação, que daqui para frente será tratada como um não membro. Neste
anúncio não poderá constar que o ofensor foi excomungado ou se excomungou a si
mesmo, nem mencionado o pecado que deu motivo para a tratativa, pois não houve
processo. A não ser se o pecado, a ser tratado com ele, for um grave pecado
moral, de conhecimento público, neste caso poderá ser dito que a pessoa foi
convocada para prestar contas do seu comportamento moral (sem mencionar qual),
mas preferiu não vir e abandonou a congregação. Se um ofensor prometeu vir, mas
não veio, ele deverá ser convocado novamente, mesmo que haja rumores de que ele
não veio propositadamente. Na reunião de disciplina, todos os membros da
Comunidade, mesmo aqueles membros confirmados que ainda não adquiriram seu
direito de membros votantes podem estar presente, inquirir, opinar e votar.
Isto, mesmo que conste nos estatutos da Comunidade, de que somente membros
votantes podem votar. Algumas congregações, devido a gravidade do caso, não permitem
o voto aos não votantes, mesmo que respeite eles o inquirir e opinar,
respeitando inclusive seu protesto. Pois aqui não se trata da simples
associação que é regulamentada pelo regimento, mas se trata da situação de um
membro da Igreja Cristã.
6.
Ratificação da excomunhão. Visto
que o poder de excomunhão foi dado à congregação (Mt 18.17; 1 Co 5.2,4,13), uma
resolução não é
válida se o direito não for dado a todos os membros da congregação
manifestarem sua aprovação ou desaprovação. Por isso a resolução da excomunhão de
um membro não será válida se não for ratificada numa segunda Assembléia
convocada para esse fim, para deixar bem claro a aprovação unânime.[22]
7.
Minuta da Excomunhão. A
minuta (Ata) da congregação com respeito à excomunhão deve ser redigida com
muito cuidado. Ela
deve indicar de forma
clara a razão da excomunhão. Pois qualquer congregação ou o Sínodo poderá solicitar
uma cópia para se certificar da retidão do processo, para que a excomunhão
possa ser honrada por todas as congregações do Sínodo e Sínodos em comunhão
conosco. Por esta razão a ata, ou minuta do caso deve ser cuidadosamente
redigida em todos os detalhes.
8.
A carta de exclusão. A
carta que comunica e anuncia a excomunhão de um congregado também deve ser cuidadosamente
redigida, como um documento oficial da congregação. A carta será
entregue por dois membros à pessoa disciplinada, que deverá assinar a segunda
vida, atestando o recebimento da mesma. A carta de exclusão de um membro deve
ser lida pelo pastor na Comunidade e também na próxima assembléia e arquivada.
O teor deverá ser mais ou menos o seguinte: Estimados irmãos e irmãs. É meu dever
como pastor (ou presidente) desta Comunidade anunciar que na Assembléia dos
membros votantes de nossa congregação, realizada no dia 10 de novembro de 1923,
neste recinto, (rua, número, cidade), às 10h da manhã, foi tratado o assunto
disciplinar do nosso irmão J. E. Seguiu-se a ordem estabelecida por Cristo em
Mateus 18. O tratamento durou um ano e três meses. Infelizmente, após tantas
reuniões de aconselhamento, o irmão J.E. não se deixou mover ao arrependimento,
nem pelos membros da comunidade. Ele foi excluído por unanimemente. A exclusão
foi ratificada unanimemente também na Assembléia do dia 17 de novembro ano em
curso. Sendo o principal motivo sua impenitência. Maiores detalhes estão
arrolados na ata da Comunidade. Este ato não visa sua ruína ou desgraça, mas é
uma manifestação unânime de amor para mover o irmão (ã) ao arrependimento, para
que dê lugar à graça de Cristo. Não deixemos de orar pelo irmão, para que Deus
Espírito Santo abra seus olhos e seu coração, o conduz ao arrependimento e de
volta ao rebanho. Ao mesmo tempo lembremos nossas fraquezas e a advertência do
apóstolo: Vigiai e orai, para que não
entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca
(Marcos 14.38).
9.
A exclusão é válida em toda a igreja. Se uma
congregação exclui um membro, isto vale em toda a Igreja (Sínodo). A
Congregação prestará voluntária e pronta
informação a qualquer comunidade do Sínodo que solicitar informações a
respeito. Por essa razão todo o processo deverá estar bem registrado em ata.
Pois qualquer congregação tem o direito de solicitar a ata para se certificar
da retidão da exclusão.
10. Apelação.
Se uma pessoa que for excluída não concordar com a exclusão por
sua congregação, a IELB possui a Comissão
de
Apelação à qual a pessoa pode recorrer e pedir a revisão de sua exclusão.
Como nestes casos muitos fatores locais e humanos podem se imiscuir num
processo de exclusão, uma comunidade não pode se negar de ser submetida à
Comissão de Apelação, nem deve-se ofender com isso. Antes concordar, pois
deseja que tudo seja feito em ordem com a Palavra de Deus. A Comissão de Apelação da IELB, examinado
o caso, formará sua opinião. Chamará a pessoa que solicitou a revisão e a
Diretoria da Comunidade e manifestará a ele seu parecer. A Comissão como tal
não está sobre a Comunidade, não tem poder de excluir um membro ou levantar uma
excomunhão, isto cabe somente à Comunidade, que normalmente acatará a decisão
da Comissão de Apelação.
11. Atitude
cristã em relação a um excomungando. Há uma diferença
entre uma pessoa excluída por questão doutrinária e de uma pessoa
excluída devido ao seu comportamento moral.
a) Pessoa excluída por questões doutrinárias é considerada não mais
nosso irmão confessional, mesmo assim, dependendo do caso[23],
continua sendo um cristão, e como tal não o consideramos um “gentio”; b) enquanto que uma pessoa excluída por
pecados grosseiros, impenitente é considerado um “gentio e publicano”, portanto
“um prospecto missionário”.
Nossa atitude para com uma pessoa excluída
por sua impenitência deve deixar isso claro: Ele não é nosso irmão na fé
enquanto não se arrepender (2 Ts 3.15). Uma atitude que dê a entender de que
nós não respeitamos a decisão da Comunidade, deve ser evitada. Mesmo assim, a excomunhão não
perturba as relações humanas naturais, como por exemplo: marido e mulher, pais
e filhos, patrão e empregado. As portas da igreja também não estão fechadas a um
excomungado. Não fechamos as portas da Igreja a ninguém que queira ouvir a
Palavra de Deus; um excomungado, no entanto, é impedido de participação na
Santa Ceia, enquanto não se arrepender e regularizar sua situação com a
comunidade. A congregação não deixará de orar por ele, e os membros lhe
mostrarão, em amor, que lamentam seu afastamento e o desejam de volta.
12. Casos bem especiais. O apóstolo Pedro afirma: Não
sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou
como quem se intromete em negócios de outrem (1 Pe 4.15). Mesmo assim não
faltam situações semelhantes em nas melhores comunidades cristãs. Como tratar
desses casos?
Do Antigo
Testamento lembramos o caso do rei Davi: Adultero assassino, em sua
hipocrisia por um bom tempo impenitente, até ser advertido pelo profeta Natã (2
Sm 11 e 12); e o grave caso do rei Manassés: assassino, idólatra, blasfemador,
que se arrependeu na prisão e Deus o reempossou (2 Rs 21.1-18; 2 Cr 33.1-20).
Nos livros Apócrifos temos sua Oração de Arrependimento. Infelizmente casos
semelhantes se repetem ainda hoje na Igreja Cristã. Cristãos que erraram
gravemente, quer num momento de ira assassinaram alguém, roubaram, defraudaram
são julgados e condenados à prisão pela justiça civil.
No livro: Seelen-Hirte de Haas temos um
capítulo de como o pastor deve tratar dessas pessoas na prisão e/ou, como
costume antigamente e ainda hoje em alguns países, condenados à morte
(fuzilamento, cadeira elétrica, forca, etc., como acompanhá-lo até o cadafalso,
com exemplo de orações.
A nós interessa como tratar essas pessoas
pastoralmente. É nosso dever assisti-los, mesmo se forem aprisionados,
assisti-los na prisão. Ao se arrependerem, absolvê-los e confortá-los, mesmo se
são difamados, perderem todos seus bens e tenham que cumprir sua pena na
prisão. Ao se arrependerem – em caso de terem sido excomungados – declarar isso
diante da Comunidade e recebê-los, aceitá-los novamente como membros.
14. Readmitindo um excomungando. Quando
um excomungando chega ao arrependimento e à fé e pede para ser novamente recebido
na congregação cristã, como devemos proceder?[24]
A Comunidade se alegra por um pecador que se arrepende.[25]
Muitas vezes a Diretoria terá que lutar contra desconfianças a respeito da
intenção da pessoa que retorna.[26]
Tudo isso requer amor no tratamento ao que retorna. Visto que o pastor não
excomunga ninguém por conta própria, ele também não aceita ninguém por conta
própria.[27]
Com alegria o pastor recebe o pedido e o encaminha para a Diretoria, a qual marcará
um encontro com o excomungando. Neste encontro procura se certificar – até onde
isso é humanamente possível – da seriedade do pedido. Então a Diretoria
encaminhará seu pedido à Assembléia dos membros votantes. Se o pedido for aceito,
e isso também por unanimidade, o pastor o comunicará à Comunidade e absolverá a
pessoa de seus pecados, admitindo a pessoa ao sacramento (2 Co 2.5-11[28]).
Neste processo, o pecado, pelo qual a pessoa havia sido excomungada, não será
mencionado. – O anuncio de sua reintegração será cuidadosamente lavrado em ata
e arquivado, do qual o excomungado receberá uma cópia.
15. Não impomos, por parte da Igreja,
nenhuma penitência. É evidente que a igreja não tem o direito de impor penitências
como
era costume na Idade Média, na Igreja Católica (Ap XII).
Nem dificultamos seu reingresso. Mas, pode ser que haja questões a serem
ordenadas, conforme o caso. Por exemplo, pedir perdão a certas pessoas que
foram ofendidas; ou ordenar dívidas individuais pendentes, etc. Quanto às
dívidas pendentes deverá reconhecê-las e mostrar boa vontade de assumi-las,
prometendo pagá-las o quanto antes possível. Sua participação à Santa Ceia, não
deverá depender do pagamento das mesmas.
16. Chamado para atender um excomungado
moribundo. Quando o pastor é chamado para dar a Santa Ceia a um excomungado
que está
à morte, ele não deverá
recusar o atendimento. Se o excomungado se mostrar arrependido e pedir a
absolvição e a Santa Ceia, esta lhe será dada. – No primeiro chamado, o pastor
o atenderá e fará uma devoção com ele, que tem por finalidade conduzir ao
arrependimento, ouvir sua confissão e consolar a pessoa com o evangelho, a
palavra do perdão. Ele poderá dizer ao moribundo, não vim para condenar, mas
para dar vida e salvar. Nesta ocasião o moribundo manifestará seu
arrependimento e pedirá a Santa Ceia. O pastor, então, marcará uma segunda
visita. Dependendo do caso, poderá ser no mesmo dia ou dia posterior. Nesta
oportunidade levará consigo duas pessoas da Comunidade (poderão ser membros da
diretoria ou outros membros). Fará a pergunta se a pessoa está arrependida, se
crê em Cristo, se quer corrigir sua vida, e se está disposto a, se Deus lhe
conceder melhoras, encaminhar seu pedido de arrependimento e de filiação à
Comunidade, à Assembléia da Comunidade. No caso afirmativo – diante das
testemunhas – o absolverá e lhe dará a Santa Ceia. Se vier a falecer, fará seu
sepultamento. O caso será relatado, com as testemunhas, a Diretoria e lavrado
em ata.
Se um excomungado
falecer sem ter posto em ordem a sua casa, normalmente não se faz o
sepultamento. Se familiares que o assistiram em sua doença e seus momentos
finais testemunharem que ele clamou por perdão, que oraram com ou por ele, mas
não tiveram mais tempo para chamar o pastor (ou isso foi impossível), o pastor
fará o enterro.
17. Excomunhão
injusta. Lutero a sofreu. No debate de Leipzig em 1519, o Dr. Eck, dirigiu
com astúcia o debate para levar a
discussão
ao tema: A autoridade do
Papa em Roma. Lutero respondeu: “O único chefe da Igreja é Jesus Cristo e não o
Papa de Roma.” Foi o que o Dr. Eck queria ouvir e bastou para declarar Lutero
um herege. Voltou a Roma e pediu que Lutero fosse excomungado. A Bula que ameaçou
Lutero de excomunhão inicia assim: “Desperta, Senhor, e julga a tua questão,
pois um javali invadiu a tua vinha, um animal selvagem a está devastando.”
Lutero respondeu com um panfleto intitulado: Contra a Bula do Anticristo. O que motivou a consumação da
excomunhão. Neste panfleto Lutero afirma: “Se o Papa não revogar e condenar
esta bula, nem punir o Dr. Eck, então ninguém deve duvidar de que o Papa seja o
inimigo de Deus, o perseguidor de Cristo, o destruidor da cristandade e o
verdadeiro Anticristo.”
No dia 06 de março de 1520, o papa assinou
com muita pompa a bula de excomunhão de Lutero, que inicia assim: “Leão
bispo... servo dos sevos de Deus... para guardar a santa comunhão dos fiéis
seguimos o costumo antigo e excomungamos e amaldiçoamos da parte de Deus
onipotente, o Pai, Filho e o Espírito Santo, e segundo o poder dos apóstolos S.
Pedro e S. Paulo e o nosso próprio poder, amaldiçoamos a todos os hereges
– Cátaros, os Patarinos, os Pobres de
Lião, os Arnaldistas, Esporonistas, os Wicliffistas, os Hussitas, os
Fraticellos... e Martinho Lutero, há pouco por nos condenado por heresias semelhantes...” Lutero escreveu a um amigo: “Sinto-me muito
mais encorajado, agora que sei que o Papa se revelou publicamente como o
Anticristo e a sede de Satanás.” E no
dia 10 de dezembro, Lutero determinou
que fosse afixado no quadro-negro, em Wittenberg, o seguinte anúncio: “Quem
estiver impregnado de zelo pelas verdades evangélicas, deverá comparecer, às
9h, na Igreja da Santa Cruz, no lado de fora do muro da cidade, onde serão
queimados os livros ateus dos preceitos papistas. Essa será a nossa resposta
aos inimigos do Evangelho, que se atreveram a lançar no fogo os livros
evangélicos de Lutero.” Quando as chamas estavam altas, Lutero atirou para
dentro dela a Bula de Excomunhão, com
as seguintes palavras: “Visto que afligiste o santo do Senhor, sejas, pois,
consumida pelo fogo eterno.” Aos seus ouvintes advertiu no dia seguinte: “Se
vocês não renunciarem de todo o coração ao reino do papa, não poderão ser
salvos.”[29]
Devemos ter o máximo cuidado para não
cometer uma excomunhão injusta. Sem dúvida já houve várias. Para os que
sofreram uma excomunhão injusta, Lutero escreve: “A excomunhão injusta é o mais
nobre dos méritos, devendo, por isso ser suportada com brandura, se não tiver
sido dado lugar à tua defesa, humildemente apresentada. Pois aqui podes dizer
aquela palavra: Amaldiçoem eles, mas tu,
abençoa (Sl 109.28). No caso de uma excomunhão injusta, deves tomar o
máximo cuidado para não abandonar a
fé. Pois como pertences à comunhão interior da Igreja, a justiça e a verdade não
devem ser abandonados por causa da excomunhão exterior... Pois mesmo alguém que
morre excomungando injustamente não será condenado por causa disso, a não ser
que, por acaso, morresse incontrito e desprezando a excomunhão. A contrição e
humildade desliga e reconcilia tudo, mesmo que ele fosse excomungo e jogado na
água. Bem-aventurado e abençoado, porém, é quem morreu em excomunhão injusta,
pois pela justiça, que não abandou ainda que submetido a tão grande flagelo,
será coroado em eternidade,” (Obras. Sel. Vol. I, pág. 197).
Lutero adverte: “Para ninguém a excomunhão
é mais prejudicial e perigosa do que para as pessoas que a impõem, mesmo que
seja imposta de modo coreto e unicamente por causa da transgressão, e isto porque
elas raramente ou nunca têm tal propósito e, além disso, agem sem temor, não
considerando que talvez elas mesmas merecessem cem excomunhões perante Deus,
como diz o Evangelho de Mateus 13.33ss. a respeito do servo que devia 10 mil
denários,” (Obr. Sel. Vol. II, pág. 243).
18. Uma
palavra especial: Reconciliação e amor. Portanto, sede vos perfeitos como
perfeito é o vosso Pai celeste (Mt 5.48). Com estas
palavras Jesus conclui
seu ensino sobre o amor ao próximo (Mt 5.43-48).
A afirmação “vosso Pai celeste” mostra que
Jesus está falando aos que, pela fé na graça de Cristo, são filhos de Deus.
Somente a fé no amor do Pai que não poupou seu próprio Filho (Rm 8.32), somente
a fé na graça de Cristo pode dar forças para perdoar e para amar os inimigos.
Somente a fé na graça de Cristo traz o Espírito Santo ao coração (At 2.38) que
nos faz reconhecer que nosso Deus é santo e perfeito e que nos dá forças para
nos andarmos nos caminhos da lei.
Nos versículos 23 a 26, Jesus fala da
reconciliação: a) pedir perdão; b) perdoar.
a) Pedir
perdão. Se, pois, ao trazeres ao alar a tua oferta, ali te
lembrares... Se tu
sabes que teu irmão na fé tem uma queixa de ti, por o teres ofendido, magoado,
feito uma injustiça, então não demores. Vai ligeiro e reconcilia-te com ele.
Pede perdão. Se lhe causaste algum prejuízo e lhe deves alguma coisa, procura
restituir-lhe, conforme tua possibilidades.
b) Se teu
irmão te ofendeu, tenha paciência com suas fraquezas e com
seus erros. Procura com
toda a mansidão e amor convencê-lo de seus erros. Se ele te pedir perdão,
esteja logo pronto a perdoar de coração.
Pois se terás de comparecer diante de Deus sem ter perdoado, Deus
tratará contigo da mesma maneira e te julgará.
Lembre, nos dois casos: pedir perdão e
perdoar, de nada adiantam sacrifícios, orações, ir aos cultos e participar do
sacramento do altar. Nada disso é agradável a Deus antes de, o quanto depender
de ti, te reconciliares com eu irmão, pedindo desculpas ou perdoando. E de
coração, no espírito do teu Pai celestial queremos amar nossos irmãos e, sim,
mesmo nossos inimigos, como fomos amados por Deus. Nós o amamos porque ele nos
amou primeiro ( 1 Jo 4.19).
Conclusão
– É dever da Comunidade pregar a
Lei e Evangelho aos membros e aos de fora. Zelar pela vida santificada de
seus membros
por sermões,
admoestação e aconselhamento e quando necessário com amor, muita paciência, não
precipitadamente, nem com ódio ou outros móvitos escusos aplicar a disciplina
eclesiástica em verdadeiro amor fraternal visando conduzir o irmão (ã) que
está-se afastando de volta à comunhão na congregação. Estimular e orientar os
“sacerdotes reais” no uso do Ofício das
Chaves, tanto no aconselhamento aos irmãos, como no abrir as portas do céu
aos de fora. Tudo isso deve ser feito pelo apego à Palavra de Deus e muita
oração. Lidar com o ser humano é algo difícil, “pois enganoso é o coração humano, mais do que todas as coisas, e
desesperadamente corrupto, quem o conhecerá? (Jr 17.9). Que Deus em sua
graça nos conduz neste sublime trabalho de conduzir as pessoas ao céu.
Bem-aventurado os pacificadores,
porque serão chamados
filhos de Deus.
São Leopoldo, 15/07/2014
Horst
R. Kuchenbecker
Literatura
a ser considerada
1. Textos
Bíblicos, Bíblia RA: Ex 33.7-11; Mt
18.15-20; 1 Co 5.2-13
2. Livro de
Concórdia. Editora Sinodal, São Leopoldo e Editora Concórdia, Porto Alegre,
1980
-
Confissões: Apologia, art. XII Do Arrependimento; Artigos de Esmalcalde, III, Do arrependimento; Fórmula de Concórdia, Epítome:
Das Boas Obras e Terceiro Uso da Lei.
3. Edward W. A. Koehler. Dogmática: Sumário da Doutrina Cristã, Editora Concórdia, Porto
Alegre, RS, 2012. Capítulo IX, 42 Da Igreja.
4. John T. Mueller. Dogmática Cristã. Editora Concórdia, Porto Alegre, RS e Editora
Ulbra, Canoas. 4ª. Edição, 2004. – Doutrinas: Confissão e Absolvição, Terceiro
Uso da Lei; Boas Obras.
5. Escritos de Lutero. Obras Selecionadas: Vol. I, p. 191 – 198: Sermão sobre O Poder da
Excomunhão; vol. II, p. 239 – 252: Um sermão sobre a Excomunhão; vol. VII, pág.
303-304.
6. Catecismo
Menor.Editora Concórdia, Porto Alegre, RS, 2013. Exposição Schwan, Ofício
das Chaves, pág. 147-155.
7.
C.F.S. Walther, Pastoral
Theology, Lutheran News, Inc. New Haven, USA. p. 247 – 254
8.
Norbert H. Mueller e George Kraus. Pastoral Theology. Concordia Publishing
House, 1990, USA. P.180 – 184
9.
Armin W. Schuetze e Irvin J. Habeck. The Shepherd under Christ. Northwestern
Publishing House Milvaukee, Wisconsin. 1981.USA. p.167 – 175.
10. E. Eckhardt. Homiletisches Reallexikon. Sucess
Printing Co., St. Louis, Mo. (Dois temas: Bann e Kirchenzucht)
11. Vicente Themundo Lessa. Lutero. Casa Editora Presbiteriana, São
Paulo, 1960, pág. 152-154.
12. Gustavo Just. Deus
despertou Lutero. Concórdia editora, Porto Alegre, 2003. Pág. 71-74.
13. M. Nic. Haas. Seelen-Hirte. Editora Fr. Dette`s, St.
Louis, MO, 1868, p.396-397.
14. Church Discipline in the Christian
Congregation. A Report of the Commission
on Theology and Church Relations of the Lutheran Church – Missouri Synod.
November 1985.
15. Martinho Lutero, Obras Selecionadas, vol. 1,
pág. 191ss: Sermão sobre o Poder da Excomunhão.
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
Terceiro uso da Lei
O problema do terceiro uso da lei surgiu
no tempo de Lutero. A pergunta era: Deve-se pregar a lei a cristãos renascidos?
Alguns teólogos diziam: Não, outros, sim. Os que diziam não, afirmava: Entre
cristãos não se devem pregar a lei. Os cristãos devem ser exortados à prática
de boas obras pelo evangelho, (Cf.: LC Epítome, Artigo VI; LC pág. 516). Em
resposta a esse ensino errado, os Reformadores formularam a doutrina do Terceiro uso da Lei:
1.
Cremos, ensinamos e confessamos que, conquanto os homens genuinamente crentes e verdadeiramente
convertidos a Deus foram libertados e isentados, por intermédio de Cristo, da
maldição e coerção da lei, todavia não estão por isso, sem lei, porém, foram
redimidos pelo Filho de Deus, a fim de se exercitarem nela dia e noite. Salmo
119.1. Pois os nossos primeiros pais mesmo antes da queda não viveram sem lei.
A lei de Deus lhes foi também inscrita no coração, porque foram criados à
imagem de Deus.
2.
Cremos, ensinamos e confessamos que se deve insistir com
diligência na pregação da lei não só entre os incrédulos e impenitentes, mas
também entre os crentes genuínos, verdadeiramente convertidos, regenerado e
justificados pela fé.
3.
Pois, ainda que estão regenerados e renovados no espírito de sua
mente, contudo, neste mundo, tal regeneração e renovação não é completa, mas apenas
começada. E com o espírito de sua mente os crentes estão em contínua luta
contra a carne, isto é, a natureza e qualidade corrupta, que nos adere até a
morte. Por causa desse velho homem, que ainda está cravado no intelecto, na
vontade e em todos os poderes do homem, é necessário que a lei de Deus
constantemente brilhe diante deles, a fim de não acontecer que empreendam, a
partir da devoção humana, cultos divinos a seu talante e escolhidos por
eles....
4.
Agora, quanto à distinção entre as obras da lei os frutos do
Espírito, cremos, ensinamos e confessamos que as obras feitas segundo a lei são
e se chamam obras da lei, enquanto arrancadas aos homens apenas mediante o
urgir com os castigos e a ameaça da ira de Deus.
5.
Frutos do Espírito, porém, são as obras que o Espírito de Deus, que
habita nos crentes, opera através dos regenerados, e que são feitas pelos
crentes enquanto renascidos como se não tivessem conhecimento de nenhum
preceito, apenas ou recompensa.... (Epítome VI,1-6; LC pág. 517).
O
terceiro uso da lei é somente para os justificados que creem em Cristo. O apóstolo
Paulo escreve aos cristãos “que eles não
estão mais sob a lei, mas sob a graça” (Rm 6.14), e que eles foram
redimidos da lei e não estão mais sob a lei (Gl 3.25; 4.5). Mas o mesmo
apóstolo diz aos mesmos cristãos? Porque
vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar
ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só
preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Gálatas 5.13-14 RA).
Nosso Senhor Jesus disse aos seus discípulos a mesma coisa: Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns
aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros (João
13.34 RA). Agora, visto que Cristo e seus apóstolos deram aos cristãos o mandamento
do amor (a ordem de amarem) que é o resumo da lei. A lei claramente tem um
significado e autoridade para nos cristãos. Não no sentido de que os cristãos
estejam sob a compulsão da lei, exigências da lei. Pois pela fé eles possuem o
perfeito cumprimento da lei de Deus e como frutos da fé sem coerção, mas como
servos da justiça seguem a lei. E, uma
vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça (Romanos 6.18 RA).
Cristãos necessitam da lei por três
razões;
1. Eles
precisam da lei como regra de conduta, conforme a qual eles vivem, porque a lei
revela as obras que agradam a Deus, e o que Deus requer de seus filhos, pois,
se eles seguirem suas próprias inclinações da carne, farão o que desagrada a
Deus. [Para não serem enganados por sua carne].
2. Eles
precisam da lei porque a lei lhes mostra e os convence de suas imperfeições em
suas obras, isto os guarda da justiça própria, do orgulho farisaico aos quais
Deus condena.
3. Cristãos
precisam da lei, pois ela revela que todos os cristãos são imperfeitos nesta
vida. O velho Adão nos cristãos com
seus desejos e prazeres impede os cristãos a fazerem algo de bom. Por esta
razão os cristãos precisam da admoestação e direção da lei, não no sentido de
serem nova criatura, pois esta é dirigida pelo Espírito Santo. Pois todos os que são guiados pelo Espírito
de Deus são filhos de Deus (Romanos 8.14 RA). [O novo homem não precisa da
lei, mas ele se serve da lei para desmascarar e subjugar a carne].
A respeito deste terceiro usa da lei,
Lutero escreve no Sumário dos Dez Mandamentos: “Conforme o espírito, o novo
homem, o cristão é justo e sem pecado e não necessita da lei, mas conforme sua
carne ele é pecador e tem pecado, por isso um cristão piedoso com um coração
puro, que tem uma boa consciência e uma fé não fingida dirá: Ainda que eu tenha
um coração puro, uma boa consciência e uma verdadeira fé, eu tenho minha carne,
a língua e o punho e estes não são puros. Meu “velho homem” não é puro. Nossa
fé cristã que se dirige aos céus ama a lei, assim meu coração tem o desejo e a disposição
pela lei, o desejo bom e voluntariamente submisso à lei. Tudo isso é puro e
reto. Mas a carne (o velho Adão) não quer seguir, se opõe e deseja tudo o que é
ruim, teme a morte e a odeia, quer estar longe de Deus.
A Escritura, neste ponto, coloca a nós
cristãos ao nível de pecadores injustos. Assim o cristão, conforme a carne
necessita da lei, para frear e subjugar sua natureza carnal com seus desejos
maus. No cristão isto é feito com alegria e voluntariedade, sem dor do
espírito. Há uma diferença entre o cristão e o incrédulo. Ambos são freados
pela lei, mas com a diferença de que os renovados no espírito, o fazem
voluntariamente e com alegria, os outros não. Por isso a lei não condena o
cristão, ainda que ele seja um pecador, mas os outros são condenados, porque
eles não têm amor à repreensão da lei.” (Reinaldo Pieper).
Muito cuidado com a expressão das seitas:
“Sou transformado”. Nós preferimos a expressão: “Renasci, sou novo homem.” O
que seria isto: Sou transformado? O que foi transformado? Minha carne não foi
transformada. Mas no cristão há algo novo e este novo não transforma a carne,
mas luta contra a carne e a subjuga. O apóstolo Paulo ao usar a palavra
“transformar”, diz: “transformai-vos” (Rm 12.2), indicando a luta diária.
Lutero descreve o novo homem ao dizer: Assim
a fé é obra divina em nós, que nos transforma e novamente no gera de Deus, e
mata o velho homem, torna-nos homens completamente diferentes no coração,
ânimo, mente e todas as forças, e traz consigo o Espírito Santo;. Oh! A fé é
coisa viva, diligente, ativa, poderosa, de tal sorte que lhe é impossível
deixar de operar incessantemente o bem... (Livro de Concórdia (1980, pág. 592).
Nosso Catecismo afirma:
Para que serve agora a Lei?
A lei serve para um fim triplo:
a. Em primeiro lugar,
concorre para a manutenção da ordem e da honestidade exterior no mundo,
impedindo de certa maneira o desenfreamento grosseiro do pecado. (Freio, uso
político).
b. Segundo lugar,
ensina de modo especial aos homens a reconhecerem verdadeiramente os seus
pecados. (Espelho, uso pedagógico ou teológico. Nos leva a Cristo.
c. Em terceiro lugar,
mostra ao regenerado quais são verdadeiramente as boas obras. (Norma, uso
didático, guia o regenerado).
A lei é a mesma, mas difere no seu uso
e aplicação. O cristão precisa dos três usos.
...................................
Confissão e Absolvição (O terceiro Sacramento)
Confissão:
Onipotente Deus e misericordioso Pai, eu,
pobre e miserável pecador, te confesso todos os meus pecados e iniquidades com
que provoquei a tua ira, merecendo mui justamente o teu castigo temporal e
eterno.
Lamento de todo o coração estas minhas culpas
e arrependo-me sinceramente.
Suplico, mediante a tua profunda
misericórdia e a santa, inocente e amarga paixão e morte de teu amado Filho
Jesus Cristo, que tenhas piedade e misericórdia de mim, pobre pecador. Amém.
Absolvição:
Em virtude desta vossa confissão, na
qualidade de ministro da Palavra, chamado e ordenado, vos anuncio a graça de
Deus, a vós que vos arrependeis verdadeiramente de vossos pecados, que credes
em Jesus Cristo, e que tendes o sincero e firme propósito de corrigir a vossa
vida pecaminosa, pelo auxílio de Deus Espírito Santo, vos anuncio a graça de
Deus, e da parte e por ordem de Jesus Cristo, meu Senhor, vos perdoo todos os
vossos pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Que pecados devemos confessar? (perg. 332)
Perante Deus devemos confessar-nos
culpados de todos os pecados, também dos que ignoramos, como o fazemos no Pai
Nosso. Mas perante o confessor devemos confessar somente os pecados que
conhecemos, sentimos, que nos pesam no coração.
Que instrução dá o Doutor Martinho Lutero para o exame próprio
antes da confissão? (perg. 337)
Examina o teu estado à luz dos dez
mandamentos: se és pai, mãe, filho, filha, patrão, patroa, empregado: se foste
desobediente, infiel, negligente, irado, licencioso,
contencioso, se fizeste
mal a alguém com palavras ou ações; se roubaste, descuraste ou cometeste algum
dano.
Obs.: Muito cuidado na absolvição. Mantenha cuidadosamente os três
pontos. Por vezes ouço aberrações, como: Deus sabe que somos pecadores fracos, por
isso nos perdoa. Ou: O perdão é para
todos. Recebam o perdão de todos os vossos pecados. Ou Perdoa a todos os que creem
em Cristo. Ora, os Espíritas também creem em Cristo. Ou alguém acentua a
terceira parte. Os que querem corrigir sua vida, mas precisa ser sincero, caso
contrário não há perdão. Faz o perdão depender da “condição” d corrigir a vida.
O terceiro ponto não é condição, é a expressão da fé: Sim, eu quero
sinceramente. Não obrigado pela e exigência da lei, mas por amor a meu
Salvador.
São Leopoldo, 15/07/21014
Horst R. Kuchenbecker
[1] Estatutos da IELB: Cap. II, Art. 9: A exclusão dos
membros ocorrerá diante da não observância dos fundamentos doutrinários e das
finalidades da IELB. Regimento. Art. 18, VIII: Excluir do ministério ativo da
IELB pastores que não preencham os critérios previstos neste Regimento, depois
de ouvido o Conselho de Ética, e determinar que suas congregações ou entidades
os demitam...- Art. 71 § 6° ...um pastor chamado ou comissionado poderá ser
demitido com o voto concorde de dois terço dos votantes presentes à assembléia
da congregação, ocorrendo um dos seguintes motivos: ...
[2] Para melhor compreensão desta verdade, precisamos
relembrar as tese de Walther sobre Igreja e Ministério. Tese I Da Igreja: A
Igreja, no seu sentido próprio do termo, é a congregação (Gemeinde) dos santos,
isto é, a totalidade de todos aqueles que foram chamados pelo Espírito Santo,
através do Evangelho, para fora da humanidade perdida e condenada; estes são os
que realmente crêem em Cristo, sendo, por esta fé, santificados e incorporados
em Cristo. – Tese IV: A esta
Igreja, de verdadeiros crentes e santos, Cristo entregou as chaves do Reino dos
Céus, ela é, por isso, a única detentora e portadora dos bens espirituais,
divinos e celestiais, direitos, poderes e ofícios que Cristo conquistou, os
quais são encontrados na sua Igreja. – Igreja
e Ministério. Tese VI: O Ministério da Pregação é confiado a uma pessoa por
Deus, através da Comunidade, a detentora do poder eclesiástico e do Ofício das
Chaves, e entregue pelo chamado prescrito por Deus. A ordenação do pastor
chamado mediante a imposição das mãos não é uma instituição divina, mas um rito
apostólico e da igreja, e somente uma confirmação pública do chamado aceito. Tese
VII: O santo Ministério da Pregação é o poder transferido por Deus, através
da Comunidade, a portadora do sacerdócio e dos poderes eclesiásticos, para
exercer os direitos do sacerdócio espiritual em ofícios públicos por dever
comunitário. Tese IX: Ao Ministério da Pregação (Ofício Pastoral) cabe
respeito e obediência incondicional quando o pregador maneja a Palavra de Deus,
porém, o pregador não tem domínio na Igreja; não tem direito de fazer novas
leis, de instituir arbitrariamente os adiáforos e cerimônias, ou impor e executar sozinho a excomunhão sem
o devido consentimento de toda a congregação.
[3] Disciplina vem de Discípulos. Discípulo é alguém que
dá ouvidos ao seu mestre. Quando o discípulo (aluno, seguidor) deixa de dar
ouvidos ao seu mestre e guia, ele é disciplinado. Procura-se, com amor,
corrigir o aluno e seguidor. Isto é disciplina, uma parte do Ofícios das
Chaves.
[4] Pastorale de Walther: Introduzir o procedimento
formal da excomunhão numa congregação nova ainda não bem sedimentada, sem
dúvida, não está de acordo com o espírito de nossa igreja... Querer que a
congregação pratique a disciplina eclesiástica antes de uma cuidadosa instrução
sobre a natureza da correta disciplina e o que ela significa, é querer colher
frutos antes de semeá-los. (Walther, Pastorale, tese 39ª. Observação 1)
[5] A Série Trienal nos presta um bom auxílio. Sermões
devem conter doutrina. Você quer saber como pregar numa época de decadência:
Leia os profetas.
[6] Cuidado com a tradução desta passagem da NTLH. Não
são sacerdotes do Rei, mas são sacerdotes reais. Os cristãos foram enxertados em Cristo que é
sacerdote e Rei, assim os cristãos são, com Cristo, sacerdotes e reis.
[7] Só uma Comunidade tem o direito de excomungar. Uma
sociedade ou organização no mundo pode demitir alguém. Como cristão posso dizer
a um pecador: Se você continuar neste pecado(s) você está indo para o inferno,
mas isto não é excomungar. Também posso abrir o céu a um pecador arrependido e
dizer-lhe: Deus te perdoa os teus pecados por amor a Cristo.
[8] Admoestação. Fale, advirta, corrige. O apóstolo Paulo
afirma: “Vós que sois espirituais,
corrigi-o, com espírito de brandura, e guarda-te, que não sejas também tentado”
(Gl 6.1). O apóstolo Paulo aborda o tema da repreensão de um irmão que caiu
em pecado. Ele aborda o tema de forma pastoral. O irmão que errou, o apóstolo
considera alguém que foi “surpreendido”, isto é, ele foi objeto da tentação de
Satanás que lhe armou ciladas, nas quais ele caiu. Ele foi objeto da tentação.
Ninguém gosta de ser repreendido e corrigido. Não trate de simplesmente
livrar-se dele. Dar-lhe as costas. Lute, em amor, para corrigi-lo, para
livrá-lo da garras de Satanás. Lembre: A Comunidade é uma reunião de pecadores
justificados, no qual um ajuda o outro a permanecer no caminho, porque todos
vivem do diário perdão de Cristo.
[9] Estas pessoas devem ser pessoas honradas da
congregação, pessoas aceitas pelo faltoso.
[10] Toda a congregação aqui são todos os que são
responsáveis, diríamos os que foram confirmados e instruídos nas doutrinas. O
termo “Igreja” não deve ser limitado, isto é, lembrando que antigamente as
mulheres não votavam, hoje elas votas na maioria das congregações. Mesmo assim,
há membros que por uma ou outra razão não se inscreveram como votantes. Estes,
por serem cristãos, podem também estar na assembléia é falar. Alguns, devido a
gravidade de assunto, preferimos que os que sejam maiores de 16 ou 18 anos,
irão julgar por seu voto.
[11] Claro que não desejamos que alguém passe para uma
outra igreja em cujo meio a Palavra de Deus não está sendo pregada em sua
pureza. Mas há situações humanas que tornam, por vezes, a permanência de alguém
na Comunidade insuportável. Em cidades onde há mais de uma igreja luterana,
normalmente as pessoas passam para a outra Comunidade, caso contrário vão para
uma igreja cristã mais próxima de nós. Talvez voltem mais tarde. Numa cidade
fiz uma reunião de nossa diretoria com a diretoria da IECLB. Para minha surpresa constatei que a diretoria
da IECLB era quase toda composta de ex membros de nossa congregação. E graças a
eles, a comunidade permanecia, na doutrina e prática, muito próxima de nós.
[12] Confira no final do trabalho o assunto: Terceiro uso da Lei.
[13] O que é um pecador não arrependido? Muitos membros
vão responder: Mas esta pessoa é uma pessoa boa. Tem projeção na sociedade. Só
porque ele não vem regularmente aos cultos e à santa ceia preciso admoestá-la.
Religião é um assunto de fórum íntimo de cada pessoa. Eu não tenha nada de
meter o meu bedelho ali. Deveríamos estar contente por esta pessoa ser membro
de nossa congregação. Vejam a complexidade desse assunto hoje.
[14] Muitas vezes as pessoas que eram admoestadas quer pelo
pastor, diretoria ou membros pediam desligamento, mas isto começou a gerar
problemas. O pedido era levado verbalmente à reunião da diretoria pelo pastor,
membro da diretoria ou irmão na fé, lavrado em ato e registrado. Após meses, ou
até anos, a pessoa voltava e vinha reclamar, dizendo que isso foi um ato
arbitrário do pastor, do membro da diretoria ou de um irmão na fé. Isto nos
obrigou a gerar um formulário que era levado à pessoa para que solicitasse sua
demissão por escrito. Alguns se negaram a fazê-lo, ficando dependurados ainda
por anos no rol dos membros, quando na verdade tinham-se retirado, ou até já
participavam em outras congregações.
[15] Ofendido. Pode ser uma briga entre irmãos, muitas
vezes por coisas corriqueiras, que precisa ser sanada. Mas dificilmente chegará
à disciplina eclesiástica.
[16] Pecado grave é um pecado contra ou doutrina
fundamental ou contra a moral cristã que causa escândalo.
[17] Pecado mortal é um pecado ao lado do qual a fé não
pode subsistir. A fé morreu e a pessoa voltou ao estado de “espiritualmente
morto”. A pessoa pode se arrepender e voltar à fé. Mas se permanecer
impenitente, se permanecer escravizado pelo pecado, ruma para a eterna
condenação.
[18] Se o pecado de um membro é tão manifesto que toda a
congregação se escandaliza, então não será necessário seguir os degraus
indicados em Mt 18, pois neste caso a congregação é a pessoa da qual Jesus diz:
Se teu irmão pecador (contra ti), vai argüi-lo entre ti e ele só (Mt 18.15).
Por isso, vemos que, após o apóstolo Pedro ter errado e isto foi um escândalo
público, o apóstolo Paulo o admoestou publicamente (Gl 2.13,14). O apóstolo
Paulo escreve sobre isso com precisão: Quanto ao que vivem no pecado, repreende-os
na presença de todos, para que também os demais temam (1 Tm 5.20). Nota ao pé
da página: Por isso Agostinho escreve: “Se tu sozinho sabes do pecado, então
ele pecou somente contra ti. Mas se ele pecou diante de muitos, então ele pecou
também contra eles” (Serm. 16, de veris
Domini).
[19] Pecado mortal é um pecado ao lado do qual fé não
subsiste, além disso, um pecado no qual a pessoa continua vivendo. (1 Co
6.9111; Ef 5.5;Gl 5.21) A pessoa pode se arrepender de um pecado mortal e voltar
à graça, mas enquanto ela continua nestes pecados propositadamente, ela está
fora da graça, separado de Deus, rumando para a morte eterna.
[20] A
exclusão deve ser por unanimidade. Enquanto houver uma voz contra, deve-se ter
paciência.
Jesus disse: Diga-o à igreja (Mt 18.11). A congregação são todos os responsáveis,
os
confirmados, ou conforme a
congregação os maiores de 16 ou 18 anos, não a certas pessoas especiais da
Congregação, é um direito de “cada crente, membro da Congregação”. O apóstolo
Paulo fala disso em 1 Co 5. Ele se dirige à congregação. “Reunido vós e o meu
espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor... Expulsai, pois, de entre vós o
malfeitor ( 1 Co 5.4,13). Na maioria de nossas congregações, consta em seus
Regimentos: ... para a excomunhão de um congregado basta a aprovação de 2/3 dos
membros presentes. (Regimento da IELB,
Art. 71 § 6°) Também a Comissão de Teologia da LCMS, em
seu parecer: Church Discipline in the
Christian Congregation (1985) questiona a unanimidade. Nossos teólogos como
Lutero, Walter, Chemnitz, Leyser, Gerhardt, Hesshusius são claros nisso em sua
exposição de Mt 18. Confira: Evangeliumharmonie de Chemnitz; C.F.W. Walther, Pastoral Theology. Lutheran
News, INC. New Haven, Missouri, 1995; p. 250; Armin W. Schuetze e Irwin J.
Habeck. The Schepherd under Christ. Northwestern
Publishing Houe, Mil.
Wisconsin.1981. USA, p. 177.
[21] Pode acontecer que a congregação entregue o assunto a
uma comissão para exame. Esta comissão, após examinar o caso, pode dar seu
parecer, mas jamais excomungar um membro. Ela não tem o poder para isso. Este
poder só cabe à congregação.
[22] Desconheço as razões pelas quais a Comissão Jurídica
da IELB, aprovou diversos regimentos internos de congregações, onde consta que para
a exclusão de alguém basta a aprovação de dois terços dos membros presentes na
Assembléia. Isto é contra o ensino da Escritura e onde praticado não tem
valor. Pois a Regimento não é a Bíblia, e cada
regimento afirma nos seus primeiros parágrafos que a Comunidade se regerá pela
Bíblia, conforme exposta nas Confissões do Livro Concórdia de 1580.
[23] Por exemplo: Se alguém nega a SS Trindade, ele deixa
de ser cristão; mas o fato de negar, digamos, os sacramentos, pode continuar
ser um cristão, como católicos e pessoas das seitas evangélicas.
[24] A readmissão na Comunidade também é um processo
difícil que requer compreensão, amor e paciência. Jesus já foi criticado pelos
fariseus que diziam: Este recebe pecadores e come com eles (Lc
15.2). Será que em nossas congregações não há mais alegria por um pecador
que se arrepende? (Lc 15.7) Jesus recebeu a mulher adúltera (Jo 8.3), o
malfeitor na cruz (L 23.42). Deus recebeu o rei Manassés (2 Cr 33.13).
[25] Quando um excomungando vem à Comunidade e pede perdão,
precisamos lembrar o Evangelho, no qual Jesus diz: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de
modo nenhum o lançarei fora (Jo 6.37). O que vem a mim! Não importa quão
imundo e manchado de pecados, não importa quão fundo caiu e quão difamado seja,
Jesus não impõe nenhuma condição. Ele diz diretamente: O que vem a mim! o que se refugia em mim, busca em mim graça e
perdão, eu não o lançarei fora. Vinde a
mim todos os que estais cansados e sobre carregados e eu vos aliviarei (Mt
11.23). Neste espírito a Comunidade deve agir.
[26] Temos o caso do Saulo (Paulo). Quando ele se converteu
e veio aos apóstolos em Jerusalém, eles
desconfiaram das intenções de
Saulo e não o receberam como irmão. Barnabé teve que intermediar (At 9.26,27).
[27] Toda a aceitação de uma pessoa passa pela Assembléia
da Comunidade, que alguém venha com transferência, por profissão de fé ou neste
caso pedindo sua readmissão. Em todos os casos aceitamos sua confissão de fé. O
quanto essa confissão é verdadeira não podemos questionar. Isto sua vida
mostrará. Em caso de viciados, sabemos que eles recaem muitas vezes. Eles
permanecem em tratamento, com direito à Sant Ceia.
[28] A readmissão de um congregado penitente. Vejamos
alguns casos. Uma pessoa importante no Coral da Comunidade foi imprudente e
disse algo que ofendeu seus irmãos. O ensaio terminou sem que ele pedisse
desculpas. Alguns ameaçaram se retirar do coral, caso ele não pedisse
desculpas. No próximo ensaio esta pessoa não compareceu. Como era pessoa chave
e muitas coisas no coral dependiam dele, sentiram que isso seria o final do
coral...
O Diretor de uma firma foi leviano na
administração. A firma enfrentou problemas. Ele teve que demitir muitos
empregados, seus irmãos na congregação. Isto gerou um mal estar na Comunidade:
Como pode um cristão proceder assim? ...
Um
pastor tratou de um caso difícil com uma família de sua Comunidade. Seu
julgamento estava correto, mas ele foi imprudente no seu falar. A família se
ofendeu e se afastou da Comunidade, deixando um rasto de insatisfação. O pastor
caiu na antipatia de muitos membros. – Deveriam lembrar que todos nós somos
humanos, sujeitos a erros.
O apóstolo Paulo aborda nesta passagem
citada casos assim. Na Comunidade de Corinto havia um irmão que foi
surpreendido numa falta. Foi repreendido. Parece que não aceitou a repreensão.
O apóstolo foi duro com ele e recomendou a repreensão pela maioria. Ele foi
excluído da Comunidade. Depois ele se arrependeu e pediu ser readmitido. Mas o
escândalo foi grande. A imagem da Comunidade sofreu ante a opinião pública.
Eles não o queriam aceitá-lo logo, sem mais nem menos. O apóstolo admoesta a
Comunidade pastoralmente para que perdoem e aceitem a pessoa. Não faz bem a uma
Comunidade quando problemas de desentendimento, de disciplina se estendem por
muito tempo. É preciso agir e resolver os problemas. A Comunidade vive do
perdão diário de Cristo. Cristo nos deu exemplo nisso.
[29] Vicente Themundo Lessa. Lutero. Casa Editora Presbiteriana, São Paulo, 1960, pág. 152-154. Gustavo Just, Deus despertou Lutero. Concórdia editora, Porto Alegre, 2003. Pág.
71-74.