domingo, 26 de novembro de 2017

1° Advento. Profecias do Antigo Testamento
Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei humilde (Mateus 21.5[1]).

     Advento é tempo de espera, no qual aguardamos a chegada de alguém. Desde muito cedo, a Igreja Cristã destacou, no seu calendário eclesiástico, os quatro domingos antes de Natal como um período para reflexão e preparo para o Natal.
     O tempo de advento se divide em dois períodos distintos, o primeiro e o segundo advento. O primeiro advento iniciou quando Deus prometeu um salvador aos primeiros homens, Adão e Eva. Desde lá, os fiéis aguardaram a vinda do Salvador. Muitos profetas anunciaram detalhes sobre sua vinda. Por outro, muitos, infelizmente, se cansaram de esperar e caíram da fé. Este primeiro advento se cumpriu quatro mil anos após, quando vindo a plenitude do tempo determinado, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos (Gálatas 4.4,5).
     Todas as profecias com respeito à vinda do Salvador se cumpriram nos mínimos detalhes. O Salvador veio conforme prometido. Nasceu da virgem Maria, na cidade de Belém da Judéia, padeceu, sofreu, morreu. Foi sepultado, ressuscitou dos mortos e subiu aos céus. Por sua paixão e morte reconciliou toda humanidade com Deus (Justificação objetiva, João 3.16). Ao subir aos céus, ordenou que se pregasse este evangelho, esta boa nova a todas as nações (Mt 28.19,20), para que todo o que ne crê, não pereça, mas tenha a vida eterna (Justificação subjetiva, Mt 16.16) Toda a pessoa que se arrepende de seus pecados e confia no perdão de Cristo, tem perdão dos pecados, comunhão com Deus e a vida eterna. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste (João 17.3).
     Após a ascensão de Jesus, quando os discípulos ainda estavam com os olhos fitos no céu, eis que um anjo lhes disse: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Este Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do como o viestes subir (Atos 1.11). Aqui começa o segundo advento. Os cristãos esperam a segunda vinda de Cristo ao mundo, quando Jesus virá em glória para julgar vivos e mortos. A Bíblia tem muito a dizer sobre esta segunda vinda de Jesus. Ele virá como ladrão de noite (1 Tessalonicenses 5.2). Todos os mortos ressuscitarão (2 Coríntios 4.14). Céus e terra se desfarão (2 Pedro 3.10). Todos serão julgados. Os que confiaram em Jesus como seu Salvador, estarão à direita de Jesus, os que o rejeitaram à sua esquerda. Após o julgamento, Deus criará novos céus e nova terra, nos quais habitará justiça (2 Pedro 3.13).    
     Ao celebrar advento, lembramos o primeiro advento, os quatro mil anos de espera. Lembramos como os pais se apegavam à palavra de Deus. Queremos seguir o seu exemplo. Alegramos-nos no cumprimento das promessas. Lembramos também a segunda vinda de Cristo, para o juízo final e nos preparamos para o mesmo. Enquanto aguardamos a segunda vinda, Cristo vem a nós em sua Palavra. Por esta Palavra ele bate à porta de nosso coração, nos conduz ao arrependimento diário e nos fortalece na confiança na raça de Cristo. Faz-nos crescermos na comunhão com Deus e na vida santificada. Até sua vinda repentina para nos levar ao lar celestial. Oh! Vem Senhor Jesus. Amém.

2 Advento
Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta (Zacarias 9.9).

     Eis aí! Atenção, muita atenção! Deixe uma vez tudo de lado. Suas preocupações, seus afazeres, seus planos e dê atenção àquilo que Deus tem a dizer, por seu profeta.
     Eis aí te vem o teu Rei. O que é um rei? Rei é alguém que tem direito e poder. Poder absoluta, sobre vida e morte. Tal idéia, hoje, onde é algo estranho num mundo que sonha com liberdade plena, e é contra qualquer absolutismo. Sou livre. Ninguém tem direito de me impor mandamentos ou ordens. Mas, eis aí te vem o teu Rei. O teu Rei. Se o aceitas ou não, o amas ou não, acreditas ou não, ele vem a ti. Deus é teu Rei. Ele tem direito e poder sobre ti. Ele deu suas leis e disse: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-la (Gálatas 3.10). Sim, ele é teu Rei. Ele te julgará no fim de tua vida.
     Eis aí te vem o teu Rei! Quando esta notícia ecoava naquele tempo, os moradores de um povoado entravam em pânico. O que será que o rei quer de nós? É de paz a tua vinda? (2 Reis 2.13) perguntavam as autoridades. Esta pergunta é muito importante, pois sabemos que somos pecadores e Deus já pronunciou a maldição sobre nós. Diante desse Rei somos servos indignos. Não temos cumprido seus mandamentos. Por isso clamamos: Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente (Salmos 143.2). É de paz a tua vinda?
     Nosso texto responde: Eis aí te vem o teu Rei humilde. [ou, pobre. Necessitou do amparo dos braços de sua mãe, Maria]. Sim, sua vinda é de paz. Ele veio a Jerusalém e ao mundo não para julgar, mas para salvar o que estava perdido (Lucas 19.19). Veio para sofrer em Jerusalém a morte e morte de cruz. Assim nos preparou maravilhosa salvação.
     Muitos de Jerusalém foram ao seu encontro e cantaram: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas! (Mateus 21.9) Hosana quer dizer: Senhor ajuda! Mas Jesus, mesmo cercado de grande multidão que o aclamava cantando Hosana, estava triste. Sabia que muitos só o acompanhavam pela novidade ou curiosidade, mas seus corações estavam longe dele.
     Hoje muitos festejam Natal, mas não conhecem mais a Jesus. Seus corações estão longe de Jesus.
     Jesus entrou em Jerusalém e foi direto ao templo onde passou a ensinar fervorosamente até quinta-feira santa (ou em doenças) (Cf.: Mateus 21 – 26). Naquela oportunidade também purificou o templo (Mateus 21.12-17).
    Ainda é tempo de graça para nós. A Palavra de Deus ainda está sendo ensinada. Por sua Palavra, Jesus ainda hoje vem aos corações, convida ao arrependimento e consola com sua graça. Ele diz: Bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam! (Lucas 11.28) Mas quem rejeita a graça de Cristo, será eternamente rejeitado.
    Eis que em breve Jesus virá para julgar vivos e mortos. Estarás tu entre os que o receberão com júbilo? Jesus ainda está chamando: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo (Apocalipse 3.20). Que visita abençoada. Ele vem para perdoar, para abençoar. No culto ouves a absolvição, a boa nova do evangelho, e recebes na Santa Ceia seu corpo e sangue para remissão dos pecados e sua bênção. Abençoado tempo de Advento.


3 Advento

De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gênesis 2.16-17).

         O primeiro advento começou no jardim do Édem, no qual Adão e Eva viviam em perfeita felicidade e comunhão com Deus. Tudo era santo e perfeito. Então se deu a tragédia. A maior tragédia da raça humana. Adão e Eva desobedeceram a Deus. Isto os separou de Deus. Eles foram expulsos do paraíso. Deus, porém, em seu eterno e infindo amor, prometeu salvá-los. Com esta promessa começou o advento. Vejamos a história mais de perto.  
     Deus havia colocou o primeiro casal, Adão e Eva, no jardim do Édem e lhes tinha disse: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gênesis 2.16-17). Note a palavra “livremente”. Os homens eram livres. Eles tinham o livre arbítrio. Podiam comer livremente de todas as árvores, com uma restrição: da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás. Isto era o mandamento de Deus. Deus, como Criador, tem o direito de dar mandamentos. Aos homens, suas criaturas, cabe obedecer. Isto é sua alegria e culto. Na obediência revelam seu culto a Deus. Salomão afirma: De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem (Eclesiastes 12.13). A árvore do bem e do mal, provavelmente, não era uma árvore especial, mas  árvore como todas as outras. Ela simplesmente daria ocasião para revelar se o homem, que tinha liberdade, escolheria ser fiel a Deus. O adorar a Deus não era forçado, mas da livre escolha do ser humano. Que mandamento era fácil. Podeis comer de todas as árvores menos de uma. Adão e Eva devem ter recebido este mandamento com alegria, certos de que jamais seriam desobedientes. Pois mesmo se não existissem leis, nem castigos, nem inferno, seu prazer consistia em amar a Deus.
     Deus disse ainda: Porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Isso era uma ameaça? Não no sentido como conhecemos hoje as ameaças. Deus disse ao homem simplesmente o que acontecerá se desobedecerem. Eles perderiam sua vida feliz e alegre. Pois Deus não deseja obediência por medo. Ele só se agrada da obediência por amor.
     Assim ainda é hoje. Pela fé em Cristo somos filhos amados de Deus. Se agora um filho de Deus se opõe obstinadamente à palavra de Deus ou aos mandamentos de Deus, ele corre o perigo e perder a fé, cair da graça e perder a vida eterna. O pecado é desobediência a Deus e ofensa a sua majestade.
     Por isso, ao notarmos que fraquejamos e desobedecemos, cumpre-nos arrependidos suplicar ao Salvador por perdão, para que nos reerga, a fim de servirmos com maior fervor. – Rendemos graças, ó Senhor, / por teu socorro ao pecador. / Perdoa a nossa transgressão, / e dá-nos sempre proteção. (HL 343)




4 Advento

Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? (Gênesis 3.1)

     Adão e Eva receberam com alegria o mandamento de Deus para não comerem da árvore do conhecimento do bem e do mal. Aquela árvore, sem dúvida, tornou se um lugar de culto.
     Esta felicidade, no entanto, não durou muito. Talvez já no primeiro dia da semana, eis que um dos principais anjos, com muitos outros, se revoltou contra Deus. Eles foram expulsos da presença de Deus e condenados ao inferno (Judas 6; João 8.44). Este anjo que caiu, nos o conhecemos como o anjo mau, o diabo ou Satanás (Mateus 25.41). Estes anjos odeiam a Deus e toda a criatura que serve a Deus. Para desgraças a criação de Deus, eles tomaram como alvo o homem, a principal das criaturas de Deus.
     Satanás usou como máscara a serpente, a mais sábia de todos os animais, aproximou-se de Eva e lhe disse: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? (Gn 3.1) Uma cobra falante. Será que Eva não estranhou? Ainda mais por alguém distorcer a palavra de Deus? Não deveria ter ela imediatamente repudiada esta voz? Satanás lançou uma simples pergunta. Não era, porém, tão simples assim. Era uma pergunta que visava semear confusão. Eva deu ouvidos à pergunta. Por quê? Por que ela continuou conversando com a serpente? Sem dúvida porque a serpente já conseguira semear em sua alma a centelha do mal. A resposta de Eva o confirma. Ela deixou fora a palavra “livremente”, fazendo de Deus um simples legislador. Vendo Satanás que conseguiu ouvidos, tornou-se mais agressivo. Ele disse à Eva: É certo que não morrereis! Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu (v.4-6). Satanás conseguiu lançar na mulher a semente do pecado, a cobiça, que levou a ação de desobedecer a Deus. Adão e Eva desobedeceram a Deus, voluntaria e propositadamente. A desobediência os separou de Deus. O apóstolo Paulo afirma: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Romanos 5.12).
     A imagem divina, esta santidade inata foi destruída em Adão e Eva. Eles se envergonharam por estarem nus. Perderam sua inocência e pureza do coração. Seus corações foram corrompidos pelo pecado. Agora estavam inclinados para todo o mal e sujeitos à condenação. Seus filhos nasceriam corrompidos, com o pecado original.
     Esta concupiscência, esta inclinação para todo o mal e a incapacidade de fazer o bem, nós sentimos todos os dias. Exclamamos com o apóstolo Paulo: Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado (Romanos 7.24-25). Com que alegria nós podemos hoje celebrar Advento e Natal: Temos um Salvador. - Oh! Vinde, em humildade, / o Advento contemplai / Jesus, em majestade, / virá do eterno Pai. / O Rei nos quer salvar, / é vida e luz do mundo: / Em seu amor profundo / virá nos visitar. (HL 08.1)



5 Advento

Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gênesis 3.15).

     Pela viração do dia, Deus chegou ao jardim. Adão e Eva, que normalmente corriam ao seu encontro, não vieram. Não deveriam ter corrido a Deus, mesmo tendo pecado? Adão e Eva, porém, fugiram de Deus e se esconderam. Como se fosse possível fugir e esconder-se de Deus. Deus chamou por Adão: Onde estás?  Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi (Gênesis 3.9-10). Deus indagou sobre a causa e perguntou: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? (Gênesis 3.11) Deus sabia o que aconteceu, mesmo assim busca pacientemente e em amor o diálogo. Adão não foi capaz de reconhecer sua culpa e confessar: Pequei! Ele respondeu: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi (Gênesis 3.12). Adão coloca a culpa na mulher e indiretamente em Deus ao disser: Que tu me deste. Eis o quadro da corrupção do homem até hoje. Corrompido pelo pecado, foge de Deus. Não é capaz de reconhecer sua culpa, mas culpa outros e indireta ou diretamente a Deus.
     Deus julgou Adão e Eva e os responsabilizou pelo pecado. Eles estavam diante de Deus e ouviram, apavorados, a sentença final. Ao Deus se dirigir a Satanás, ele disse: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (v. 15).
     Que palavras! Palavras que terminaram com o júbilo de Satanás, que se julgava vencedor. Palavras que proporcionaram a Adão e Eva esperança e alegria.
     Porei inimizade entre ti e a mulher. Estas palavras não se referem ao medo e ódio que os homens sentem agora ao verem uma serpente. Seu significado é mais profundo. Deus dirigiu estas palavras a Satanás. Porei inimizade, isto é, a guerra na qual você, diabo, se julga vencedor, não terminou, pois eu, Deus, me coloco ao lado dos homens e vou lutar por eles, a fim de libertá-los de tua escravidão. Entre a sua descendência e o seu descendente, a saber, a descendência de Satanás, que são todos os anjos que se revoltaram contra Deus. Nós os chamamos de “anjos maus”, bem como todas as pessoas que rejeitam a graça de Cristo e resistem a Deus, preferindo continuar no poder de Satanás. O descendente da mulher - note o singular - é Jesus, verdadeiro Deus gerado do Pai desde a eternidade e verdadeiro homem, nascido da virgem Maria. Haverá guerra entre a descendência de Satanás e Jesus, o descendente da mulher. Desde este momento, Satanás procurou destruir o plano da salvação. Ele perseguiu o descendente da mulher desde o início. Onde viu uma possibilidade de o descendente da mulher surgir, ali ele procurou matá-lo. Daí a morte de Abel, e toda a aflição que Satanás causou aos fiéis do Antigo Testamento, bem como todo o ódio com que se voltou contra Jesus, o descendente da mulher. Mas tudo em vão. A cabeça da serpente, diz Deus, será esmagada. Nós conhecemos o cumprimento desta promessa. Jesus morreu na cruz e ressuscitou ao terceiro dia, desceu ao inferno para ali proclamar sua vitória. Tirou todo o poder de Satanás. Não precisamos mais temê-lo. “Julgado já está. Vencido cairá, por uma só palavra”.
    Será que Adão e Eva compreenderam essas palavras? Será que compreenderam o profundo significado desta promessa que contém toda a doutrina a respeito da pessoa e obra de Cristo? Sim, eles a compreenderam. Eles se apegaram a esta verdade em fé, para consolo e ânimo.  “Persisto neste fundamento / enquanto aqui eu existir; / até ao derradeiro alento / assim hei de pensar e agir. / Na glória. Um dia, hei de exultar: / Piedade imensa, sem findar”! (HL 366.7)
6 Advento

Eva, sua mulher...  concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri um varão, o SENHOR (Gênesis 4.1).

     Quanta alegria deve ter invadido a alma de Adão e Eva com a promessa de um salvador. Muitas vozes incrédulas interpretam a promessa de forma diferente. Dizem que Adão e Eva não a compreenderam. Isto não é verdade. Adão e Eva compreenderam muito bem esta promessa e apegaram-se a ela com firmeza, como uma criança se apega à sua mãe.
     Deus, na verdade, lhe impôs árduo sofrimento, bem como a toda a humanidade. Ele disse: E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.  E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás (Gênesis 3.16-19 RA). Não demorou, e eles experimentaram essa realidade. Pois nos mais diversos sofrimentos, a graça de Deus foi-lhes sólido consolo.
    Nasceu-lhes o primeiro filho. Deram-lhe o nome Caim. Eva disse: Adquiri um varão, o Senhor. (Pode-se traduzir também: com o auxílio do Senhor). Acredito que Eva queria expressar sua esperança na vinda do Salvador. Ela se enganou quanto à pessoa e ao tempo, mas expressou sua firme esperança do Salvador.
     A primeira promessa de que Deus salvaria a humanidade contém todos os principais elementos da salvação: O Salvador nasceria da virgem, seria Deus e homem, seria ferido e morreria, mas triunfaria. Adão e Eva se apegaram confiantes a esta promessa, mesmo não conhecendo ainda os diversos detalhes. Eles compreenderam o essencial: Que Deus lhes prometeu um Salvador. Na medida em que passavam os anos, Deus foi lançando cada vez mais luz sobre esta primeira promessa.
    Adão e Eva haviam experimentado a felicidade no paraíso. Mas, por causa do seu pecado, eles foram expulsos do paraíso. Agora vêem a conseqüência disso. O resultado do maldito é a terra por tua causa (v.17), podia ser visto em toda a parte. Cada vez em que um animal devorava outro, em que uma cobra devorava os filhotes de passarinho num ninho, deixando os pais desses filhotes piarem desesperados. Além de terem que lutar contra doenças, mais tarde assistirem a intriga entre Caim e Abel, que terminou na morte de Abel. Em tudo isso Adão e Eva sabiam: É nossa culpa. Em tudo isso havia também um único consolo: Deus providenciará um Salvador. Agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Romanos 8.1).
     “Ó Cristo, Sol da graça, / do mundo a vera luz, / teu santo brilho faça / que eu busque em tua cruz / consolo na agonia. / Nas trevas se meu guia, / ó Salvador Jesus!” (HL 275.1)  

7 Advento

E deu o homem o nome de Eva a sua mulher, por ser a mãe de todos os seres humanos (Gênesis 3.20 RA).

    Adão viveu 930 anos. Durante esses anos contemplou a progressiva corrupção da geração humana e a destruição da terra em geral. Como eram pesadas as palavras de Deus: Maldita é a terra por tua causa (v. 17). Para onde quer que olhasse, via corrupção. E toda a corrupção clamava: Por tua culpa. Por tua culpa. Humanamente Adão e Eva deveriam ter enlouquecido diante dessa catástrofe, da qual eram culpados. Porém, a promessa de Deus lhes fornecia consolo e equilíbrio para a vida. Como devem ter-se apegado a esta promessa.
     O primeiro eco de fé nesta promessa encontrou nas palavras: E deu o homem o nome de Eva a sua mulher, por ser a mãe de todos os seres humanos (v. 20). Esse dar o nome e chamá-la a mãe de todos os seres humanos é confissão de fé. Confiavam na promessa divina, apesar da morte dos indivíduos. A humanidade continuaria e por ela viria o descendente da mulher para esmagar a cabeça da serpente.
    O secundo eco, de fé na promessa encontramos por ocasião do nascimento de Caim. Ao dar à luz, Eva disse: Adquiri um varão, o Senhor (Gn 4.1). Eva julgou que já seria o Salvador. Como já vimos, ela se enganou na pessoa e no tempo do cumprimento da promessa, mas foi expressão de sua fé. Adão e Eva ansiavam pela vinda do Salvador. Esta promessa era seu verdadeiro tesouro, sua esperança, sua fonte de consolo e razão de sua vida.
     A primeira promessa, apesar de bastante resumida, era compreensível em seu conteúdo principal. Deus salvará a humanidade. A promessa continha todos os elementos da história da salvação. O Salvador nasceria de uma virgem, seria verdadeiro Deus e verdadeiro homem, lutaria para salvar a humanidade, sofreria a morte, ressuscitaria e obteria a vitória. Com o passar do tempo, Deus lançou cada vez mais luz sobre esta primeira promessa.
     Hoje, nós temos a promessa cumprida em todos seus pormenores e esperamos o segundo advento em glória, a revelação do Filho de Deus que virá julgar vivos e mortos e criar novo céu e a nova terra, na qual habitará justiça (2 Pedro 3.13). Dizemos com o apóstolo João: Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é (1 João 3.2 RA).


8 Advento  (7)

Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós, e entre todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações. Porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra (Gênesis 9.12,13).

     O dilúvio é, exceto a vinda de Cristo, o evento mais importante da história da humanidade. O mundo está cheio de sinais do dilúvio, mas parece que os cientistas não querem vê-los. Da história do dilúvio temos muito a aprender.
     Noé nasceu no ano 959 da existência do mundo e faleceu quando mundo contava com 2006 anos, ou seja, dois mil anos antes do nascimento de Jesus.
    A causa do dilúvio foi a grande degeneração espiritual e moral da raça humana. Reinava grande corrupção, violência, casamentos mistos, (filhos de Deus, que são os crentes, casavam com filhos dos homens, incrédulos) que mostravam com isso sua indiferença para com a religião e para com Deus. Isto levou ao abandono cada vez mais do temor de Deus. O mundo estava maduro para o juízo.
     Então Deus falou ao piedoso Noé exterminarei a raça humana e farei um novo começo com tua família. Deus disse a Noé que concederia ainda um tempo de misericórdia de 120 anos. Nesse período Noé deveria pregar ao mundo, chamando ao arrependimento e anunciando a destruição da raça humana, caso as pessoas não se arrependessem. Noé pregou 120 anos e, incrível, ninguém lhe deu ouvidos, ninguém se arrependeu e se voltou a Deus. Como nos dias de hoje, conforme a profecia de Jesus a respeito dos tempos finais, nos quais haverá grande decadência moral, violência, guerras e revoluções, catástrofes na natureza e grande incredulidade. Mesmo assim a palavra de Deus é pregada em todo o mundo (Mt 24.6-14). Também nós estamos maduros para o juízo de Deus.
     Deus cumpriu sua ameaça. O dilúvio veio. Choveu quarenta dias e quarenta noites. Toda a terra foi coberta de água. A água subiu sete metros acima do monte mais alto. A humanidade e todos os animais pereceram somente os que estavam na arca foram preservados.
     Noé esteve um ano e 27 dias na arca. Então saiu. Que impacto ele deve ter sofrido ao ver tudo destruído e a terra vazia. Alguns julgam que devido a longevidade da vida, a população deve ter sido quse igual a nossos dias.
      A primeira coisa que fez foi construir um altar. Ali adorou com seus familiares e agradeceu a Deus. Deus lhe disse: Estabelecerei minha aliança convosco (9.9), e com a vossa descendência.... Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós.... Porei nas nuvens o meu arco. Será por sinal da aliança entre mim e a terra (v. 9,12,13).
    Deus fez nova aliança com o ser humano. Ele conhecia bem esse ser, cujo desígnio íntimo do homem é mau desde a sua meninice (v. 21). Mesmo assim Deus promete preservar a terra e não destruí-la novamente por um dilúvio. Ele zelará pela continuidade da nova vida e nós o experimentamos dia após dia. Mesmo assim, não falarão catástrofes, surinamês, guerras, mas Deus está no comando e preservará a terra, até que Jesus venha em glória para juízo e criar novo céu e neva terra (Apocalipse 21.5; Fp 3.21). Com a ressurreição de Cristo, este cumprimento já está em andamento. Cada vez que vemos um arco-íris, olhamos nos olhos de Deus e lembramos sua promessa. Ali seus fiéis habitarão seguros eternamente seguros. Mas enquanto aqui queremos vigiar e orar, andar em arrependimento e fé, louvando e confessando seu nome, lembrando a advertência de Jesus: Assim como foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do homem: Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos... Assim será no dia em que o Filho do homem se manifestar (Lucas 17.28-30).
     Apressa o dia alegre, / congrega os teus fiéis, / e então nas nuvens desce, / ó santo Rei dos réus. /  Por ti nós esperamos, / bendito Salvador, / sim, vem, com majestade, / Jesus, ó bom Senhor. (HL 528.2) 

9 - Advento
...nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz (Gênesis 22.18).
    Deus prometeu um Salvador a Adão e Eva (Gn 3.15). Esta promessa ele repetiu diversas vezes ao longo da história. Ontem vimos como Deus falou a Abraão. Hoje vemos como Deus repete a promessa a Abraão com novos detalhes.
     Deus disse a Abra: “Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em ho9locausto, sobre um dos montes que eu te mostrarei” (Gn 22.2). Para nós isto é incompreensível. Deus dá uma ordem contra sua própria lei de não sacrificar pessoas. E o mais impressionante, Abraão e seu filho Isaque obedecem sem questionar, nem murmurar. Lemos: Abraão tomo seu filho Isaque, mais dois sevos e a lenha necessária e foi para o lugar designado por Deus. Chegando ao monte, Abraão deixou os dois servos no pé do monte e subiu com seu filho Isaque. Ali construíram um altar de pedra.
     Abraão já havia levantado seu braço para imolar seu filho, quando um anjo interrompeu. “E Deus disse a Abraão: Jurei por mim mesmo, porquanto fizeste isso, e não me negaste o teu único filho, que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como a estrelas do céu e como a areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos”.
E Deus continuou: “...nela (é singular: isto é, no teu descendente) serão benditas todas as nações da terra”. Lemos no Novo Testamento: “Na tua descendência serão benditas todas as nações da terra” (At 3.25). Esta é a repetição da promessa a respeito de Cristo, que traz a bênção de Deus, a salvação para toda humanidade. Esta promessa Abraão não conquistou por sua fé, pois ele já a havia recebido. Quando Deus lhe disse: “Porquanto não me negaste o teu filho...”, elogia sua obediência, que é fruto da fé. Tiago escreve: “Não foi por obras que o nosso pai Abraão foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as suas obras, como efeito foi pelas obras que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça” (Tg 2.21-23).
     Em relação a isto precisamos destacar ainda uma palavra de Hebreus: “Pela fé Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque, estava mesmo para sacrificar os eu unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas, a quem se havia dito: Em Isaque será chamada a tua descendência; porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dos mortos, de onde também figuradamente o recebeu” (Hb 1.17-19).
    Por outro temos aqui uma figura do que o próprio Deus fez ao sacrificar seu unigênito Filho, Jesus Cristo, que obedeceu ao Pai voluntariamente, por amor à humanidade para salvá-la. – “Grato sou por tanto amor, eu bendito Redentor”. (HLL 93)


    

8 Advento
Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!  Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.  Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o SENHOR, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã (Gênesis 12.1-4 RA).

     Parece inacreditável. A décima geração após Noé, após a grande catástrofe, sim 350 anos após o dilúvio, o mundo estava novamente mergulhado em grande idolatria. Desprezo a Deus e grande corrupção moral da humanidade por toda a parte. Durante nove gerações após o dilúvio, Deus fez ouvir sua voz. O filho de Noé, Sem, e os poucos fiéis proclamaram continuamente a palavra de Deus. A grande maioria, no entanto, a rejeitou. Para manter a promessa da salvação e a chama da esperança acessa, Deus fez um novo princípio e chamou Abrão.
     Não havia nada de elogiável em Abrão. Em sua casa paterna, também já reinava a idolatria. Mesmo assim, Deus, em seu infindo amor à humanidade, chamou Abrão. Revelou-se a ele, o iluminou e santificou, assim continua a chamar, iluminar e santificar por meio de sua Palavra e seus sacramentos as pessoas, enquanto durar o tempo da graça (Romanos 9.16; Êxodo 33.19).
     Disse Deus a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra (v.1-3).
     Que promessa maravilhosa. Sê tu uma bênção!... em ti serão benditas todas as famílias da terra. Abrão foi escolhido por Deus para ser o primeiro patriarca da grande nação judaica. Dessa nação viria o descendente da mulher, que é Cristo (Gálatas 3.16).
    Humildemente Abrão confiou nessa palavra e obedeceu a Deus. Saiu de sua terra natal, de Ur da Caldéia, da casa de seus pais. (Hoje, Kuwait)  Por um bom tempo ele vagou errante pela terra da promessa, Canaã. Conforme dados, Abrão deve ter levado um ano até chegar a terra de Canaã. Em todo o lugar onde levantou sua tenda, Siquém, Betel e outros lugares, ali levantou também um altar ao Senhor e pregou o nome do Senhor. Pregou o evangelho, a boa notícia da salvação por Cristo. Em suas peregrinações Abrão se consolava com a promessa, como o lemos em Hebreus: Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador (Hebreus 11.9-10 RA).
    Este belo exemplo de Abrão queremos seguir. Lembrar que somos peregrinos na terra. Não temos aqui morada permanente. Nossa pátria está nos céus, de onde aguardamos a vinda de Cristo. Por isso suplicamos: Venha o teu reino. As tentações são muitas. Tentações para amarmos o mundo, para buscarmos os divertimentos pecaminosos do mundo, para pensarmos: Cristo não virá tão logo. Estas tentações visam desviar-nos de Cristo e fazer-nos cair da fé. Apeguemo-nos à sua Palavra, lutemos corajosamente por vida santificada. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Apocalipse 2.10 RA).
     “Não temo, em tua luz segura, / em meio às trevas caminhar. / Sem ti, a vida é noite escura, / que nossos pés faz tropeçar. / Mas tu nos deste as Escrituras, / que nos ensinam teu querer, / ali revelas as venturas / de eu ter em tu o meu viver. (HL 404.3)

10 Advento

O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos (Gênesis 49.10 RA).

     Corria, aproximadamente, o ano mil oitocentos antes do nascimento de Jesus. Numa tenda, na terra do Gozem do Egito, longe da terra prometida de Canaã, está deitado numa cama um velho ancião, era Jacó. Ele tinha 147 anos. Sabia que o dia de sua morte chegara, por isso chamou seus filhos para lhes conceder a bênção. Neste momento solene, o Espírito Santo iluminou Jacó e lhe mostrou o futuro de seus filhos e filhos dos filhos. Conforme o Espírito Santo lhe concedia, ele o revelava, pelo proferir as bênçãos. Sabe que seus filhos são carne nascida de carne. Que muitos pecados ocorrerão. Lembra seus próprios pecados. Saudades da salvação lhe invadem a alma.
    Chegando Judá, seu quarto filho, Jacó diz: Judá, teus irmãos te louvarão; a tua mão estará sobre a cerviz de teus inimigos; os filhos de teu pai se inclinarão a ti (v.8). Estas palavras devem ter alegrado profundamente sua própria alma. A salvação virá de Judá. De Judá nascerá o prometido descendente da mulher, o Salvador, que vencerá os inimigos da humanidade, pecado, morte e Satanás. Sua vitória será completa. Seus irmãos louvarão Judá por isso. Diante do Salvador, todos os filhos de Deus se inclinarão.
      Judá é leãozinho; da presa subiste, filho meu. Encurva-se e deita-se como leão e como leoa; quem o despertará? (v. 9) Aqui Jacó relata sobre a futura glória de Judá. Judá assumiu esta posição com a ascensão de Davi ao trono real. Alcançou sua grande glória com Salomão. Quem ousaria provocar a ira de Salomão? Porém, o verdadeiro leão da tribo de Judá é Jesus, que trouxe a paz eterna. Durante esse tempo de espera, o cetro não se arredará de Judá, até que venha Siló. A correta interpretação desta palavra Siló não é conhecida. Lutero vê nela a indicação para Jesus, o nascido da virgem Maria. Outros interpretes a vêem como alguém que traz paz e calma. Outros ainda como um sinal para o nascimento de Jesus. O Salvador nasceria quando Judá perderia o centro, a saber, o comando real. Isto aconteceu 37 anos antes do nascimento de Jesus, quando Herodes, o Grande, um edomita, descendente de Esaú, subiu ao trono e governou Judá. Uma coisa é certa, a palavra aponta para a vinda de Jesus, o Rei dos reis, que governará eternamente.
     A ele obedecerão os povos(v.10). Todos afluirão a ele. Bem-aventurados os que ouvem sua palavra e a guardam (Lc 21.28). Mesmo os rebeldes terão que lhe obedecer no dia do juízo final. 
      Ele amarrará o seu jumentinho à vide e o filho da sua jumenta, à videira mais excelente; lavará as suas vestes no vinho e a sua capa, em sangue de uvas. Os seus olhos serão cintilantes de vinho, e os dentes, brancos de leite (v. 11-12). Seu governo será de grande felicidade. Jamais se deu de comer a um jumento as preciosas uvas de Israel. Nesses dias isso acontecerá. Os mais desprezados poderão desfrutar com abundância a graça e o perdão de Jesus. Vede! Jamais um fariseu anunciaria perdão dos pecados a um publicano. Jesus come com eles e diz ao contrito malfeitor na cruz: Hoje estarás comigo no paraíso. Jesus governa em seu reino da graça com o perdão dos pecados. Jubilosos nós cantamos: Agora temos salvação por graça e por bondade. As obras não nos salvarão, são vãs na adversidade. Na fé confiamos em Jesus, que tudo fez por nós na cruz, sofrendo em humildade (Hinário Luterano 373.1. Romanos 3.28).
     Ao proferir esta bênção, Jacó exclamou: A tua salvação espero, ó Senhor! (v. 18)

11 Advento

     O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás (Deuteronômio 18.15).
     O povo de Israel, povo de Deus, portador da promessa do Salvador, chegara à terra prometida. Sob a liderança de Moisés, foram libertados da escravidão egípcia, peregrinaram 40 anos pelo deserto e tinham agora conquistado parte da terra prometida. Preparavam-se para passar o rio Jordão. Para Moisés, porém, a peregrinação chegara ao fim. Ele foi um varão mui manso. Seus dias foram cheios de enfado e lutas. Devido a sua desobediência, num momento de irritação por causa da incredulidade do seu povo (Nm 20.12), Moisés não deveria passar o Jordão. Chegara a hora da despedida. Deus lhe disse que deveria subir ao monte Nebo, lá ele morreria. O monte Nebo distava 15 km ao oriente do ponto onde o rio Jordão desemboca no mar Morto. O monte tem uma altura de 806 metros. Do seu topo, pode-se avistar grande parte da terra prometida: o mar morto, a terra de Judá, o monte Carmelo, sim até o monte Hermon. 
    Antes de subir ao monte Nebo, chamado também de Pisga, Moisés repetiu ao povo a lei de Deus e os advertiu para que permanecessem fiéis. Neste discurso proferiu estas palavras messiânicas: O Senhor teu Deus te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim: a ele ouvirás (v.15).
     Um profeta semelhante a mim. Isto se referiu a Jesus. Por isso Felipe, ao anunciar a Natanael sobre Jesus, disse: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José (João 1.45). Moisés tem todo o cuidado para dizer: Semelhante a mim, não igual a mim. Jesus era muito superior a Moisés, em muitas coisas, porém, semelhante. Vejamos: a) Moisés era filho da nação judaica, Jesus também. b) Moisés, por amor ao seu povo, abandonou a corte real; Jesus, por amor à humanidade, saiu do lar celestial. c) Moisés teve grande compaixão de seu povo; Jesus, como nosso sumo-sacerdote se compadeceu da humanidade e orou por ela. Ele é o nosso advogado diante do Pai (1 João 2.1). d) Moisés queria morrer por seu povo, porém isto de nada adiantaria, pois ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate (Salmos 49.7); Jesus deu sua vida e por ser verdadeiro Filho de Deus, salvou a humanidade. Agora Jesus nos diz: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei (Mateus 11.28).
     Jesus foi semelhante a Moisés, mas em tudo superior a ele. Jesus foi ministro da nova aliança, não da letra, mas do espírito (2 Coríntios 3.6). O apóstolo Paulo escreveu: Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça.  Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste respeito, já não resplandece, diante da atual sobre-excelente glória (2 Coríntios 3.9-10).
     Moisés subiu ao monte Nebo. Grande alegria inundou sua alma. Em breve estaria com o seu Salvador, de cuja vinda falou ao povo. Apesar de Deus ainda lhe mostrar a terra prometida, o que sem dúvida o alegrou, mas seus pensamentos já não estavam mais nas coisas dessa terra. Poderia cantar com o poeta sacro: Cidade altiva és tu, Jerusalém. / Ó Deus, vivesse eu lá! / De ti saudades a minha alma tem, / enquanto aqui está. / Nem campo, vale, serra a podem refrear; / fugindo desta terra, / procuro o eterno lar. (HL 540.1)
     Assim ainda hoje canta todo aquele que segue o conselho de Moisés e ouve a voz de Jesus. A este valem as palavras: Bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam! (Lucas 11.28) Estes dizem com o apóstolo Paulo: Tenho o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Filipenses 1.23).



12 Advento

     Dar-te-ei, porém, descanso de todos os teus inimigos; também o SENHOR te faz saber que ele, o SENHOR, te fará casa.  Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino.  Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino.  Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens.  Mas a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.  Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre (2 Samuel 7.11-16 RA).

     Corria aproximadamente o ano 1000 antes do nascimento de Cristo. Deus dera ao rei Davi descanso de seus inimigos. Certo dia, Davi estava sentado em seu palácio, olhando pela janela para o norte, o lugar onde estava a tenda da congregação, o tabernáculo, feito de panos e peles. Veio-lhe, então, a idéia de construir um templo para Deus. Davi falou de seus planos ao profeta Natã, que lhe respondeu: Faze tudo quanto está no teu coração. Mas, na mesma noite, o Senhor Deus apareceu a Natã e lhe disse: Vai, dize a meu servo Davi: Assim diz o Senhor: Edificar-me-ás tu casa para minha habitação?... o Senhor te faz saber que ele mesmo te fará casa... Farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei por Pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens, e com açoites de filhos dos homens (v.5,11-14).
     Uma profecia maravilhosa. Davi não deveria construir casa a Deus. O verdadeiro tempo Deus mesmo o construirá por seu Filho, Jesus Cristo. E Deus fez uma revelação muito misericordiosa a Davi. O Salvador, prometido a Adão e Eva, a Abraão e a Judá, que construirá a verdadeira casa de Deus, a igreja cristã, nascerá da descendência de Daví e, por isso, será chamado, segundo a carne, filho de Davi; mas ele será ao mesmo tempo o Filho de Deus. Nela Deus habitará, e habitará nos corações todos os fiéis, que formam a Santa Igreja Cristã, a comunhão dos santos. Os cristãos são pedras bem ajustadas, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito (Efésios 2.20-22 RA). Este descendente de Davi, verdadeiro Deus e homem, se vier a pecar, castigá-lo-ei com varas de homens, e com açoites de filhos de homens (v. 14). Isto se refere em primeiro lugar a Salomão, sucessor de Davi, mas também a Jesus. Jesus tomará sobre si os pecados de toda a humanidade. Será contado entre os transgressores. Deus, porém, não se retirará dele. Pois Jesus mesmo é Deus e vencerá morte e Satanás. Será vitorioso e Rei para sempre.
     Felizes os que pela fé pertencem a este rei e são pedras vivas neste santuário. Jesus habita em seus corações. Ele nos diz: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo (Apocalipse 3.20 RA). Este Jesus também nos receberá nos tabernáculos eternos ser permanecermos fiéis até ao fim, para com ele viverem por toda a eternidade. Oh, estivesse eu lá. – A pedra preciosa, / que Deus predestinou, / sustenta pedras vivas / que a graça trabalhou. / E quando o monumento / surgir na excelsa luz, / a glória do edifício / será do Rei Jesus (HL 306.4).

13 Advento

Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs?  Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas.  Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles.  Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá.  Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião.  Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei.  Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão.  Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro.  Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra.  Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor.  Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam (Salmos 2.1-12).

     Quanto júbilo deve ter vibrado na alma de Davi, depois que o profeta Natã lhe anunciou todas estas palavras que o Senhor lhe falou, a respeito do descendente de Davi, conforme ouvimos na devoção anterior. Davi agradeceu a Deus em oração. E fez mais do que uma oração de agradecimento. Para mostrar que entendeu bem as palavras de Deus, compôs o Salmo 2.
     Deus deu seu Filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Deus estava em Cristo reconciliando consigo e mundo, não imputando aos homens as suas transgressões (2 Co 5.19). Que imenso amor Deus tem demonstrado à humanidade. O que faz, no entanto, a grande maioria das pessoas? Eles se enfurecem contra o Senhor e seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas (v.2,3). Não querem a reconciliação. Não querem o amor de Deus. O Destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se preocupam com as coisas terrenas (Cl 3.19).
     O que faz Deus Pai diante de tudo isso? Lemos: Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo lhes há de falar, e no seu furor os confundirá (v.4,5).  
    Que diz o Filho a tudo isso: Proclamarei o decreto do Senhor: Tu és meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de fere as regerás, e as despedaçarás como um vaso de oleiro (v.7-9). O Filho de Deus proclamará o decreto de Deus. Quem não se arrepender e crer, será despedaçado.
    O que diz o Espírito Santo? Ele diz: Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos nele com tremor. Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentre em pouco se lhe inflamará a ira (v.10-12). O Espírito chama todos ao arrependimento e convida a confiarem na graça de Cristo. Da fé brota o amor a Deus e ao próximo. Os fiéis o honrarão eternamente. Eles devem zelar com temor e tremor por sua salvação.  Mas os incrédulos serão consumidos pela ira do Filho.
    O salmista termina com um louvor: Bem-aventurados todos os que nele se refugiam (v.12)

13 – Advento

Que é o homem, que dele te lembras? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco sem Deus, e de glória e do glória e honra o coroaste, deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão, e sob seus pés tudo lhe puseste. (Salmo 8, 4-6)

     O Salmo 8 é um Salmo messiânico. Ele profetiza a respeito de Cristo. Infelizmente, na maioria das traduções, já o título (que não é inspirado, mas colocado pelos tradutores) sugere interpretação errada. Vejamos. A Bíblia católica CNBB: O ser humano na criação. Nova Tradução Linguagem de Hoje, SBB: A grandeza de Deus e o valor do ser humano. Numa simples leitura deste Salmo, parece que os títulos são apropriados. Uma exaltação ao Criador e mantenedor do universo; e uma exaltação e honra ao ser humano, a quem Deus entregou o universo para administrá-lo.
     Se dermos atenção como o Novo Testamento aplica o Salmo, como o Espírito Santo o interpreta, veremos algo diferente.
v.1-4. Na segunda feira da Semana Santa, Jesus estava no templo em Jerusalém pregando e curando muitas pessoas. As crianças no templo, em volta de Jesus cantaram: Hosana ao Filho de Davi...  Os principais sacerdotes e escribas ouviram isso e disseram indignados a Jesus: Ouves o que estas crianças estão cantando? Jesus respondeu: Sim! Nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor? (Mateus 21.15-17) Quem é portanto o “Senhor nosso, magnífico em toda a terra? do qual fala o Salmo 8? Quem é aquele que da boca de crianças de peito suscita louvores? Este é Jesus Cristo. Ele aplica esta Salmo a si mesmo, o que incomodou os sacerdotes e escribas. Até hoje os incrédulos zombam de Cristo e muitos desinterpretam este belíssimo salmo messiânico. O nome de Cristo, no entanto, é louvado e exaltado até hoje em toda a terra e no céu. Seu nome é exaltado em muitos corações de nenês e crianças que receberam o Espírito Santo pelo batismo João Batista louvou a Jesus já no ventre materno (Lucas 1.44). Jesus é o onipotente Senhor. O cristão sabe que tudo é obra das mãos de Jesus (Jo 1.1-3,14; 1 Jo 1.1,2; Cl 1.16-17; Hb 1.2,3; Cl 2.9; 1 Jo 5.20)
     “Que é o homem, que dele te lembra? (v.4) Que é o homem? Muitos julga que o salmista está pensando no ser humano que Deus criou de forma maravilhosa, com inteligência e lhe confiou a administração da natureza. Ouçamos, no entanto, o que diz a carta ao Hebreus: “Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual estamos falando; antes, alguém, em certo lugar, deu pleno testemunho, dizendo: Que é o homem, que dele te lembres? Ou o filho do homem, que o visites?  Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras das tuas mãos.  Todas as coisas sujeitaste debaixo dos seus pés. Ora, desde que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou fora do seu domínio. Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas; vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem.  Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles (Hebreus 2.5-10). Por um pouco de tempo Deus abandonou Jesus. (Mateus 26.3; 27.46) Jesus foi abandona na cruz. “Deus meu, Deus meu porque me abandonaste”. Isto é o sofrer e morrer de Jesus. “Então o coroaste de glória e honra e o constituíste sobre as obras de tuas mãos”. Isto se refere à ressurreição, ascensão de Jesus e o seu assentar-se à direita de Deus Pai. (Lucas 24.26,46; Mt 28.28; Fp 2.9-11) Este Salmo é profecia messiânica. Dizemos com o poeta sacro:
Jesus, venceste o mundo, / a morte e Satanás; / em teu amor profundo / encontro santa paz. / Na terra tão perdida / combato com valor, / olhando sempre a vida; no celestial fulgor. (HL 405.1)


14 Advento

Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória.  Quem é o Rei da Glória? O SENHOR, forte e poderoso, o SENHOR, poderoso nas batalhas.  Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória.  Quem é esse Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória (Salmos 24.7-10).

     Jesus afirmou: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; (Lucas 24.44-45 RA) No presente Salmo temos uma clara referência a Cristo: 1) A universalidade do seu reino. 2) A santidade e felicidade dos cidadãos deste reino. 3) O apelo para receber este Rei dignamente. O rei Davi, guiado pelo Espírito Santo,
escreveu este Salmo, como Salmo de Advento. Vale apena ler este Salmo de forma responsivamente em família, ou num programa de Natal.
- Todos: Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.  Fundou-a ele sobre os mares e sobre as correntes a estabeleceu (Salmos 24.1-2). – Este Senhor é Jesus Cristo. Por meio dele todas as coisas foram criadas (João 1.1-3). O reino do Salvador Jesus não se limita a uma tribo, raça ou nação, mas se estende por todo o mundo, a todos os povos, línguas e nações. Por isso Jesus deu a ordem: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mateus 28.19). Ele é o teu Senhor, teu Criador. Tudo o que possuis é dele. Ele o confiou a ti. Tu deves usar tudo para sua glória e terás de prestar contas a Deus no dia do juízo.
- Primeiro leitor: Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? (Salmos 24.3) – Deus tem usado muitos montes para ali falar aos homens. Lembramos o monte Sinai, o monte Gólgota e outros. O salmista diz: Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? (Salmos 121.1) Monte aponta para o alto, onde Deus habita, para onde se elevam seus olhos e dirigem as orações dos fiéis. Por isso as igrejas cristãs gostam de ter uma torre em suas igrejas, que aponta para o alto. Nossa confiança está em Deus que habita em luz inacessível e que, ao mesmo tempo, está entre os seus, que vem a nós por sua Palavra e seus sacramentos.
- Segundo leitor: O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente (Salmos 24.4) - O profeta Isaías diz aos incrédulos: As vossas mãos estão cheias de sangue (Isaías 1.15). Os incrédulos praticam a injustiça, são falsos e juram mentindo. Os puros de coração e de mãos limpas são os que lavaram suas vestiduras no sangue do Cordeiro, a saber, os que verdadeiramente crêem em Jesus. Como diz o apóstolo Pedro: Purificando-lhes pela fé o coração (Atos 15.9).
Terceiro leitor: Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação.  Tal é a geração dos que o buscam, dos que buscam a face do Deus de Jacó (Salmos 24.5-6). – O pecador, quer rico ou pobre, letrado ou iletrado, seja de que raça for, que arrependido crê em Cristo, é purificado por Cristo. Recebe de Jesus o perdão, a justiça que vale diante de Deus. Estes são os que buscam a face do Senhor Jesus. Face do Senhor é coisa que se pode ver e apalpar. São os meios da graça: Palavra e sacramento. Quem são os que buscam estas coisas? São os fiéis.
Todos: Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória (Salmos 24.7). – Os cristãos não somente buscam os meios da graça, mas, visto que por meio deles Jesus vem fazer habitação em nós, eles lhe abrem bem a porta. Eles o recebem como ao pai ou à mãe que vêm da cidade, carregados com presentes, abrindo-se ambos os flancos da porta. Assim os cristãos recebem, nesse tempo de Advento, o Salvador, pedindo que habite ricamente em seu meio. Por sincero arrependimento eles removem tudo o que possa impedir a entrada do Rei da Glória. Sim, tempo de Advento é tempo de abrir as portas e receber em fé a Cristo com sua graça, pois ele nos quer levar à glória eterna.
    Abri as portas e aclamai / o Deus da glória e festejai / o Rei dos reis, o bom Jesus, / que ao mundo inteiro, pela cruz, / traz vida e eterna salvação. / Exulte o vosso coração / Hosana ao meu Senhor, /  meu sábio Criador! (HL 14                

 15 Advento

    Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete (Números 24.17).

      Parecia que as promessas dadas Abraão e Jacó demoraram em cumprir-se. O povo de Israel, que descera para o Egito, fora escravizado e isto por aproximadamente 400 anos. Finalmente Deus os libertou pela mão de Moisés. Agora estavam prontos para tomarem posse da terra prometida. Os povos cananitas estremeceram. O rei dos moabitas enviou mensageiros para buscarem o profeta Balaão, a fim de que amaldiçoasse o povo de Israel. Balaão não pertencia ao povo de Israel. Morava perto do reio Eufrates, na Babilônia. Os moabitas tiveram que viajar mais de vinte dias para chegar a sua casa. Balaão conhecia o Senhor Deus. Era profeta de Deus. Consultava Deus. Deus lhe falava. Deus advertiu a Balaão, dizendo que Israel era seu povo escolhido. Movido, infelizmente pela cobiça ao dinheiro, que o rei moabita lhe prometera, Balão foi com os mensageiros. No caminho, Deus advertiu o profeta através do burro que montava, Balaão, porém, continuou viagem (2 Pedro 2.14-16).
     Chegado ao lugar, o rei dos moabitas prometeu a Balaão uma boa recompensa se amaldiçoasse Israel. Foram a um monte, de onde poderiam avistar o acampamento do povo de Israel. Balaão, porém, em vez de amaldiçoar, proferiu bênção e profetizou a respeito do futuro de Israel, lembrando novamente a promessa de um Salvador. Ele disse: Eu o vejo, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe, e destruirá todos os filhos de sete... De Jacó sairá o dominador e exterminará os que restam das cidades (Nm 24.17,19). Balaão viu em visão o que iria acontecer mais tarde. Via como do povo que Deus, formado dos descendentes de Jacó, cujo acampamento eles podiam contemplar do monte, sairá uma estrela, um cetro, um dominador. Esta estrela é Jesus, que afirmou: Eu sou a luz do mundo (Jo 8.12), o Rei dos reis (Jo 1.49), o dominador, diante de quem todos se prostrarão no dia do juízo final.   
     Ao mesmo tempo Balaão vê que os quenitas têm habitação segura. Eles, como os primeiros gentios, terão parte no reino de Deus e na graça de Cristo. Enquanto que os inimigos de Israel, também os que vêm do ocidente, que são os romanos, serão destruídos.
     Bem-aventurados os que nele crêem e o louvam, maldito todos os que não lhe obedecem e o amaldiçoam. Infelizmente, devido sua ganância, sua maldade, o próprio Balaão que conhecia a verdade, após a advertência e as visões que Deus lhe dera, ele se voltou contra o povo de Israel, e, rejeitando as promessas, dá um conselho perverso a Balaque de como poderia tentar Israel, para que Deus os castigasse. Balaão tornou-se uma séria advertência para todos profetas, pastores e cristãos, até hoje, que por amor ao mundo se volta contra Deus.
     De ti, Senhor, careço, / em mim vem habitar. / De tudo que é pecado / me queiras preservar. / Teu sangue purifica / o impuro coração. / Tu mesmo, tu somente, / és minha salvação (HL 346.3).  

16 Advento

Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.  O SENHOR enviará de Sião o cetro do seu poder, dizendo: Domina entre os teus inimigos.  Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder; com santos ornamentos, como o orvalho emergindo da aurora, serão os teus jovens.  O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.  O Senhor, à tua direita, no dia da sua ira, esmagará os reis.  Ele julga entre as nações; enche-as de cadáveres; esmagará cabeças por toda a terra.  De caminho, bebe na torrente e passa de cabeça erguida (Salmos 110.1-7 RA).

     Este Salmo, afirma Lutero, é um dos principais Salmos que falam de Jesus. O rei Davi vê o Messias no seu trono real.
     Neste Salmo temos uma maravilhosa visão de Cristo como rei e profeta, assentado à direita de Deus Pai, no trono de sua glória, dirigindo a igreja cristã, para depois julgar vivos e mortos.
     O que rei Davi pensou quando Deus lhe revelou este Salmo pelo Espírito Santo? O que era o trono de Davi, ornamentado com ouro e prata, em comparação ao trono glorioso de Cristo no céu.
     O rei Davi não só escreveu o Salmo, ele também o compreendeu corretamente. Vemos isso pelas palavras de Jesus: Disse o Senhor ao meu Senhor: Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Responderam-lhe eles: De Davi. Os fariseus responderam corretamente, mas não queriam admitir que Jesus é verdadeiro Deus, conforme a profecia de Isaías (9.6). Por isso Jesus lhes disse: Como, pois, Davi, pelo Espírito, chama-lhe Senhor, dizendo: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés? (Mateus 22.42-44 RA)
     Pelo Espírito Santo, o rei Davi ouviu uma palavra que Deus Pai diz ao Senhor de Davi, que é o Filho de Deus, o Salvador prometido, Jesus Cristo, que ao mesmo tempo é verdadeiro homem da descendência de Davi. E o que ele ouviu: Assenta-te à minha direita. O assentar-se a direita significa receber o poder, para agir em nome e com a autoridade do Rei. O evangelista Marcos nos relata sobre o cumprimento desta profecia: De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus (Marcos 16.19 RA). Jesus está sentado à direita do Pai até que todos os inimigos serão subjugados debaixo de seus pés (Hebreus 10.12,13). No dia do juízo final não termina o seu poder, mas será o dia da grande mudança. Cristo então entregará seu ofício ao Pai, a quem serviu. Então Cristo, dominará com o Pai no reino da glória eternamente (2 Timóteo 4.18; Apocalipse 21.1-8).
     O rei Davi, guiado pelo Espírito Santo, diz, o Senhor enviará de Sião o cetro do seu poder, dizendo: Domina entre os teus inimigos (v.2). De Sião, isto é, de Jerusalém, dalí o reino de Cristo se estenderá por todo o mundo. Ele dominará, não com a espada ou poder terreno, mas com a palavra de Deus, o Evangelho, poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Romanos 1.16). Domina entre teus inimigos. Por natureza todos são inimigos de Cristo. Pela fé na graça de Cristo nos tornamos filhos de Deus. Cristo se movimenta entre os inimigos pelo evangelho, a fim de levá-los ao arrependimento e à fé na graça.
     Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder; com santos ornamentos, como o orvalho emergindo da aurora, serão os teus jovens. (v.3) No dia do seu poder, após a ressurreição, Jesus pôde dizer a seus discípulos: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. (Mateus 28.18 RA) Pela pregação e a administração dos sacramentos, Jesus reúne sua igreja, os eleitos. Estes o servem voluntariamente, ornamentados com a justiça de Cristo, renascidos para serem, como o apóstolo Pedro o afirma: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. (1 Pedro 2.9 RA)
     O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. (Salmos 110.4 RA) Jesus é nosso Rei e Sumo sacerdote que se coloca entre Deus e nós. Ele nos ensina, ele se sacrificou por nós, ele intercede por nós. Ele nos conduz à vitória final.

16 Advento

E continuou o SENHOR a falar com Acaz, dizendo: Pede ao SENHOR, teu Deus, um sinal, quer seja embaixo, nas profundezas, ou em cima, nas alturas.  Acaz, porém, disse: Não o pedirei, nem tentarei ao SENHOR. Então, disse o profeta: Ouvi, agora, ó casa de Davi: acaso, não vos basta fatigardes os homens, mas ainda fatigais também ao meu Deus? Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel. Ele comerá manteiga e mel quando souber desprezar o mal e escolher o bem.  Na verdade, antes que este menino saiba desprezar o mal e escolher o bem, será desamparada a terra ante cujos dois reis tu tremes de medo (Isaías 7.10-16 RA).

    Quem seria capaz de descrever a profundidade, a altura, a largura do amor de Deus? Vamos meditar num episódio que revela em parte a profundidade do amor divino. Acaz foi rei de Judá. Seu pai, o rei Jotão, foi homem piedoso e fez o que era reto diante do Senhor. Mas seu filho Acaz, abandonou a Deus e fez o que era mau. Chegou ao ponto de queimar seu próprio filho a ídolos. Entrando o rei Acaz em apuros, por causa de seus inimigos, Deus lhe enviou o profeta Isaías, para lhe dizer: O Senhor teu Deus – impressionante. Deus ainda não se envergonha dele, mas o ama e lhe revela sua misericórdia. – O profeta lhe prometeu o amparo de Deus e lhe disse: Pede ao SENHOR, teu Deus, um sinal, quer seja embaixo, nas profundezas, ou em cima, nas alturas (v.11). Acaz recebe uma ordem e uma promessa, em sua incredulidade, no entanto, o rejeita a oferta de Deus. Prefere confiar em homens, no rei da Síria, com o qual já fez um contrato. Ele rejeitou a oferta de Deus com palavras piedosas.  Não o pedirei, nem tentarei ao SENHOR (v.12). Tentar ao Senhor seria se não tivesse nem ordem nem promessa e insistisse em querer um sinal. O rei Acaz rejeitou o auxílio de Deus. Com isso encheu sua medida de pecados. Deus o rejeitou. De agora em diante haveria ruína para Judá. O profeta Isaias diz: Ouvi, agora, ó casa de Davi: acaso, não vos basta fatigardes os homens, mas ainda fatigais também ao meu Deus? (v. 13) Com sua persistente incredulidade não cansaram somente homens, os profetas e piedosos em Israel, mas a Deus. Deus estava cansado de carregar este povo rebelde. Somente um sinal ainda lhes seria dado. Um sinal que revelaria o profundo amor de Deus à humanidade. Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel (v.14).
     Eis que! Todos devem dar atenção especial a esta grande manifestação do amor de Deus. A virgem conceberá e dará à luz um filho. Em vão os estudiosos tentam desinterpretar essas palavras. Elas são inabaláveis. Uma virgem conceberá. Eis o grande mistério do amor de Deus. O próprio Filho de Deus, o Verbo eterno, virá à humanidade, nascendo de uma virgem. Quando se cumpriu o tempo, o anjo explicou à virgem Maria:  Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus (Lucas 1.35). O Filho de Deus virá ao mundo e se humilhará a nascer de uma criatura humana pecadora (Romanos 7.18). Isto era profunda humilhação. Que grande amor e misericórdia da parte de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai (João 1.14).
      E lhe chamará Emanuel. (v.14) Emanuel quer dizer Deus conosco. Este nome não visa especificar a obra de Cristo, mas sua pessoa. Ele, Jesus, verdadeiro homem nascido da virgem Maria e também verdadeiro Deus, gerado do Pai desde a eternidade. Neste sentido, Deus e homem, ele está conosco, ele habitou nesta terra. Ele cumpriu a lei em nosso lugar, padeceu, sofreu, morreu e ressuscitou no terceiro dia, triunfando sobre nossos inimigos: pecado, morte e Satanás. Assim ele tornou possível a volta das pessoas a Deus, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16).
     Ninguém nos amou / como o Filho de Deus, / que a glória deixou / nas venturas dos céus, / fazendo-se igual / ao homem mortal.
     Se Cristo, o Senhor, / como nunca ninguém, / nos deu tanto amor, / vamos todos também / com fé o adorar / e o amar sem cessar.  (HL 269.1,4)

16 Advento

O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz (Isaías 9.2).

     O grande presente de Deus. O povo que andava em trevas viu grande luz. O profeta não se refere somente ao povo de Israel, que andava em grandes dificuldades, ele se refere a toda a humanidade que vivia e ainda vive em trevas, na região da sombra da morte. Nas trevas do pecado, da escravidão de Satanás. Apesar de existir tanta luz no mundo e o homem ser tão inteligente, podendo dominar as forças da natureza, capaz de fabricar aviões e máquinas poderosas, ele anda nas trevas. Seu íntimo desejar e pensar, sua força motriz está escravizada pelo pecado, do qual gosta, ao qual serve, ao qual considera fonte de sua alegria e de prazer, ao qual não quer abandonar. Na escuridão dessas trevas não vê que está correndo para a ruína eterna. Não vê que está sob a ira de Deus (Salmo 51.5; Romanos 7.24).
     A este povo, resplandeceu a luz. Que luz é esta? A luz é descrita no versículo seis: Um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o governo está sobre os seus ombros.Um menino nos nasceu. É importante notar que ele é verdadeiramente um menino, verdadeira pessoa humana, e nasceu para nós. Nós precisamos muito dele. E ele é mais do que um menino. Ele é um filho que nos foi dado, a saber, o próprio filho de Deus. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16 RA). Quanto júbilo o profeta deve ter sentido quando isto lhe foi revelado por Deus?
     Reconhecer esta verdade é a suprema sabedoria nesta terra. Porém isto só pela iluminação do Espírito Santo, porque o homem natural é cego em coisas espirituais. É necessário que a própria Luz que veio ao mundo, Jesus, nos ilumine. Ele quer fazê-lo, e o faz por sua Palavra. Por isso Jesus afirmou: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (João 8.31-32 RA). Esta palavra nos mostra nosso maravilhoso Salvador.
     O governo está sobre os seus ombros. Já desde pequeno, desde a manjedoura, o governo está sobre seus ombros. O governo de todas as coisas, sobre tudo, porém, o governo de sua igreja. O trabalho de salvar a humanidade. Sua árdua luta contra o pecado, a morte e Satanás. E ele diz: Tu me deste trabalho com os teus pecados (Isaias 43.24). Estamos contentes e jubilosos por termos um Salvador tão maravilhoso. Os nomes que lhe são atribuídos descrevem sua pessoa.
1. Maravilhoso - A pessoa de Jesus e o plano da salvação são maravilhosos. Quem jamais poderia imaginar tão maravilhoso plano de salvação. Maravilhoso é o amor de Deus Pai. Maravilhoso é Jesus. Maravilhoso é a obra da salvação.
2. Conselheiro - Onde ninguém sabia solução, ele soube. Jesus também continua ao lado de todos os fiéis como Conselheiro. Quantos já se dirigiram em oração a ele e foram atendidos. E bem-aventurados são os que aceitam seus conselhos e se deixam dirigir por sua Palavra.
3. Deus forte - Não só ajudou com bons e sábios conselhos, mas ajuda com poder. O povo de Israel gostava de lembrar o poder de Deus: Ele nos libertou da escravidão egípcia. Ele nos alimentou no deserto, nos conduziu à terra prometida. Tudo isso, em escala ainda mais sublime, Jesus fez a nós.  É bom lembrar esses fatos. Ele nos libertou do pecado, da morte e do poder do diabo. Ele nos iluminou. Ele nos conserva na fé. Ele nos guia para o lar celestial. E Quantas vezes experimentamos seu poderoso auxílio.
4. Pai da eternidade - Seus conselhos, seu poder excede a tudo, porque ele é verdadeiro Deus, Pai da eternidade. Que maravilhoso Pai, temos nós. E ele mesmo nos ordenou que assim o chamássemos: Pai nosso que estás nos céus.
5. Príncipe da paz - Para isso ele veio ao mundo e nasceu em Belém da Judéia. Nasceu como príncipe para nos conquistar e dar a paz. Ele lutou, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação (2 Coríntios 5.19). Todo aquele que confia em sua Palavra, tem o que elas dizem e prometem: a paz com Deus e a vida eterna. Seu reino é maravilhoso. Em gratidão queremos fazer tudo para que o reino deste príncipe seja cada vez mais conhecido.
     Cantamos-te, ó Emanuel, / da vida Príncipe fiel, / Estrela d´alva, excelsa Luz, /             da Virgem Filho, és tu, Jesus. / Aleluia!” (HL 23,1). 

19 Advento

Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo (Apocalipse 3.20 RA).

     Na carta à congregação de Laodicéia, Jesus diz: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente... arrepende-te (v. 15,19).
     Jesus veio salvar a humanidade. Por mais que Satanás tentou impedir isso, desde a primeira promessa dada por Deus, ele não o conseguiu. Jesus venceu o pecado, a morte e a Satanás e reconciliou toda a humanidade com Deus (1 Co 5.19). Ele ordenou que esta boa nova, o evangelho, fosse pregada em todo o mundo (Mc 16.16). Jesus quer habitar em todos os corações. Esta graça, no entanto, é resistível. Alguém pode resistir à ação do Espírito Santo, rejeitar o amor de Cristo, permanecer escravo de Satanás. E mais, mesmo pessoas que chegaram à fé, em cujos corações Cristo habita, Satanás tenta reconquistá-los. Visa prostrá-los no pecado, para que entristecem o Espírito Santo, e venham a cair da fé, para voltarem à escravidão do pecado. Este era o caso de muitos membros da congregação em Laodicéu, e, sem dúvida, o caso de muitos membros da cristandade hoje.
     Mesmo assim, Jesus continua a amar a congregação de Laodicéia. Ele não desiste dela.  Ele diz: Eis que estou à porta e bato. Impressionante.  
     Ele está diante da porta. Que vergonha para uma congregação ou um cristão. Jesus que deveria estar lá dentro está do lado de fora diante da porta fechada. Mesmo assim, ele não vai embora, mas bate. Ele bate com o martelo da lei, para quebrar os ferrolhos do pecado, que trancam a porta. Muitas vezes ele usa também o martelo da dor, do sofrimento para nos acordar de nossos pecados, para que demos atenção ao seu chamamento.
    Quando a lei quebrou os ferrolhos e conduziu a pessoa ao reconhecimento de seus pecados, Jesus o chama pelo seu evangelho, que gera a fé. Acessa a fé, a pessoa diz a Jesus: Entra bendito do Senhor, por que estás aí fora? (Gn 24.31) E Jesus entra novamente para cear com os seus. No Oriente o jantae serve sempre como uma oportunidade de reconciliação. Alguns usam o costume de se darem as mãos na hora da janta e, começando pelo filho menor, dizerem uns aos outros até os pais aos filhos: “Perdoa-me se ofendi ou agi erradamente.” Jesus vem a nós com o seu perdão e reconciliação. Ele diz: Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci, e me sentei com meu Pai no seu trono (v.21). O vencedor é aquele que permanece fiel até ao fim. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz à Igreja (v.22).

20 Advento

Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo.  Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR. (Isaías 11.1-2 RA)

     O profeta Isaías (740 a.C.) é o profeta do evangelho no Antigo Testamento. Mesmo assim também anuncia a lei de Deus. Anuncia a lei para preparar o caminho ao evangelho. Assim o profeta teve a árdua missão de anunciar a destruição do povo de Israel por causa de sua incredulidade. Ao mesmo tempo foi lhe dado ver para muito além da destruição e do cativeiro babilônico (606 – 586 a.C.). Foi lhe dado ver o tempo do nascimento do Messias, o salvador Jesus Cristo. E ele o descreveu assim: Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo. (v.1) Do tronco de Jessé. Jessé foi o pai do grande rei Davi. Jessé vivia na cidade de Belém, de Judá. Era um simples camponês desconhecido. Deus veio à casa de Jessé para chamar seu filho Davi, a quem Deus havia escolhido para ser rei sobre Israel. Sob o reinado de Davi, o povo de Israel prosperou como árvore frondosa em cuja sombra até os gentios procuraram abrigo. – Mas os sucessores de Davi, infelizmente, não seguiram os passos de seu pai. Eles se rebelaram contra Deus e fizeram o povo pecar. Adoraram outros deuses. A ira de Deus se ascendeu contra eles. Deus usou os gentios como vara de açoites e castigou severamente a Israel. A glória passou. A descendência de Davi foi reduzida à pobreza e era tão desconhecida como Jessé, o pai do rei Davi. Quem jamais imaginara que a pobre jovem Maria, da descendência de Davi, fosse escolhida por Deus para ser a mãe do Salvador e o pobre moço José para assumir  a responsabilidade de pai adotivo, para cuidar de Maria e do menino Jesus. Ao profeta Isaías foi dado ver o cumprimento desta promessa: Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes um renovo. A árvore frondosa do reinado e da glória do rei Davi caiu e desapareceu. Não havia mais vestígios de sua glória. Restou apenas uma pequena raiz, oculta, a quem ninguém atribuía mais esperanças. Esta raiz Deus escolheu para dali fazer brotar um renovo. Este renovo era o descendente da mulher, o filho da virgem, o Emanuel. Como renovo, ele crescerá. A saber, será desprezado, em quem os homens não terão prazer. Por isso diz o próprio profeta Isaías: Ele foi subindo como renovo perante ele, e como raiz duma terra seca: não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens (Is 53.2,3). Assim foi a vida de Jesus, um nazareno desprezado. Ele mesmo assim ele afirma: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo (Jo 12.32). Porque sobre ele repousa o Espírito do Senhor.
     O Espírito de sabedoria e de entendimento. A sabedoria de conhecer a profundeza de Deus e entendê-la.
     Conselho e fortaleza. Ele sabe conselho e tem força para executá-lo. Lembramos que Jesus é Conselheiro e Deus forte.
     Conhecimento e temor do Senhor. Este conhecimento é a fé, a comunhão com Deus que resulta em adoração e temor. 
     Este renovo fundará um reino de paz. Conforme os anjos o anunciaram nos campos de Belém: Paz na terra aos homens a quem ele quer bem (Lc 2.14). E quem desfrutar esta paz pela fé na graça de Cristo, recebe a adoção de filho de Deus, herdeiro do céu. Este será um filho da paz que proclamará a paz aos demais, amando mesmo os inimigos. Até passar da igreja militante, que constantemente luta contra os perturbadores da paz, para o reino eterno da glória. Cantamos: Oh estivesse eu lá.

21 Advento

Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge (Isaías 28.16 RA).

     Quando a construção de uma igreja envelheceu e reformas não resolvem mais, é preciso pensar na construção de uma igreja nova. Para isso, muitas coisas são necessárias.
     Um momento impressionante e festivo, numa nova construção, é a colocação da pedra fundamental, ou chamada também de pedra angular. É a pedra pela qual toda a construção, todos seus ângulos serão orientados. Do bom assentamento dessa pedra, bem como da boa qualidade dela, dependerá todo o fundamento e toda a construção.
     A Bíblia afirma que a Igreja Cristã tem um fundamento inabalável. Este fundamento e Jesus Cristo (1 Co 3.11; 2 Tm 2.19).
    Este fundamento já foi anunciado no Antigo Testamento. Quando o povo de Israel, tanto Judá como as outras dez tribos se corromperam, deram as costas a Deus e se voltaram para ídolos, o profeta Isaías lhes anunciou que Deus, após o castigo que viria sobre eles devido sua incredulidade, faria um novo início.
     Corria o ano 725 antes de Cristo. Deus já havia preparado os planos para castigar a incredulidade, os açoites para tanto já estavam prontos. As dez tribos do norte foram destruídas por Salmanassar, que no ano 724 sitiou Samaria, que foi conquistada no ano 722 pelo rei Sargão, sucessor de Salmanassar. As dez tribos foram levadas ao cativeiro, espalhadas entre as nações e nunca mais se recompuseram. Judá recebeu mais um prazo de 137 anos para arrependimento. Como não deram ouvidos a Deus, veio o castigo. Eles foram levados ao cativeiro babilônico, onde permaneceram por 80 anos (606 – 586 a.C.).
     Tudo isso Deus mostrou com antecedência ao profeta Isaías que o proclamou a Judá. E em meio a esta proclamação do juízo de Deus, o profeta Isaías pode dar novas esperanças a Judá e proclamar que Deus, em sua misericórdia, construirá um novo templo, fará um Novo Testamento com a humanidade, bem diferente do primeiro. Será um reino eterno, cujo fundamento será lançado em Sião, Jerusalém. O profeta fala como se o assunto já estivesse em andamento, em construção: assentei, desde a eternidade. Não somente a pedra angular, mas cada pedra dessa construção (Ef 1.4). Uma pedra já provada na luta, na aflição, no sofrimento. Esta pedra é Jesus, que lutou contra os poderosos e infernais inimigos da humanidade. Que carregou os pecados da humanidade sobre si, suportou a ira de Deus. Pedra preciosa e única de salvação para toda a humanidade. Por esta pedra os fiéis do Antigo Testamento esperaram. Eles aguardavam a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador (Hb 11.10). É pedra angular, porque orienta toda a construção. Solidamente assentada, que durará para toda a eternidade. 
     Aquele que crer não foge (v.16 RA). Muitos se escandalizarão nesta pedra. Ela será uma pedra de tropeço para muitos, que nela se arruínam por causa de sua incredulidade. Mas todos os que crêem em Cristo, serão edificados sobre ela. O apóstolo Pedro afirma: Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo (1 Pedro 2.4-5 RA). O que crê e está edificado sobre esta pedra, diz o profeta: Não foge! A luta é árdua. Como o vento açoita um edifício, como as ondas do mar lutam contra o farol, assim o diabo , como leão que ruge, luta contra os cristãos, procurando destruir-lhes a fé. Eles não fogem, mas luta valorosamente, crucificando sua própria “carne” e resistindo ao diabo. As portas do inferno não prevalecerão contra a igreja de Cristo. Os fiéis dizem com o apóstolo Paulo: Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?...  Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 8.35,38,39 RA). Cantamos com o reformador, Martinho Lutero: Se vierem roubar os bens, vida e o lar – que tudo se vá! Proveito não lhes dá. O céu é nossa herança (HL 165.4).

22 Advento

Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios.  Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça.  Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito (Isaías 42.1-3 RA).

    Até aqui, as profecias apresentaram o Salvador como um rei, um príncipe, um libertador. De repente o quadro muda. O Salvador é apresentado como um servo, ou melhor, escravo. Isto deve ter sido um choque tanto para o próprio profeta como para muitos que ouviram esta pregação. Assim o foi também quando o próprio Cristo veio ao mundo. Ele não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos (Mt 20.28). Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve (Lc 22.27). Esta verdade, em si, não era nova. Já estava contida na primeira promessa de salvação dada a Adão e Eva. Ali Deus disse: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn 3.15). Mas, nossa natureza carnal interpreta as melhores passagens com a razão e as distorce, buscando somente dias aprazíveis aqui na terra. Assim os judeus interpretaram mal muitas preciosas promessas divinas. Sonharam com grandeza material. Deus os levou ao cativeiro babilônico. Mesmo escravizados, não reconheceram seus pecados, nem se arrependeram, mas sonhavam com um libertador material. Igualmente no tempo de Jesus, quando Israel estava sob o domínio romano, só pensavam num libertador material. E quando Jesus não lhes satisfez esse desejo, eles o rejeitaram. Eles esqueceram que a pior de todas as escravidões é a escravidão espiritual. Por isso o profeta mostra com clareza esta face do Salvador Jesus. Ele é servo sofredor.
     Naquele tempo, a palavra servo tinha bem outro significado do que hoje para nós. Ser servo era algo vil, era ser escravo que poderia ser tratado comum um animal. O grande filósofo Aristóteles (400 a. C.) ensinou ao seu aluno Alexandre, que mais tarde foi o grande rei da Grécia, Alexandre o Grande: que servir é contra a dignidade humana, isto é, próprio de um animal. Mas os pensamentos de Deus não são nossos pensamentos (Is 55.8).
     Jesus veio ao mundo em profunda pobreza. Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana (Filipenses 2.6-7 RA). Como servo ele não gritou nas praças (v. 1). E advertiu seus discípulos que não o expusessem à publicidade (Mt 12.16).
    Como servo, fará algo maravilhoso: Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito (v.3). Que imenso amor. Todos os evangelhos testemunham desse amor. Com que amor Jesus aceitou a Maria Madalena e lhe curou as feridas da alma com sua palavra do perdão (Lc 8.2). Com que amor disse à mulher adúltera: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais (João 8.11 RA). Come com os pecadores, a fim de chamá-los ao arrependimento e à fé. Gravemos estas verdades fundo em nosso coração para consolo e edificação de nossa fé.
    Ele promulgará o direito e a justiça. Por sua obediência ao Pai até a morte e morte de cruz, Jesus conquistou justiça, isto é, perdão, vida e salvação para toda a humanidade. Para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Fomos agraciados pelo Servo, e neste espírito queremos servir aos que nos cercam.

23 Advento

Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime.  Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens), assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a sua boca por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram entenderão (Isaías 52.13-15 RA).

     Ao lermos estas palavras, parece que alguém nos toma pela mão e nos tira do maravilhoso tempo de advento para nos levar ao tempo quaresmal, da paixão de Cristo. Parece que alguém nos leva ao palácio de Pôncio Pilatos, depois pela via dolorosa à cruz do Gólgota para contemplarmos a fronte ensangüentada. Estas palavras, no entanto, que são muito mais do que uma simples profecia, são sobre tudo, conforme já dizia santo Agostinho, puro evangelho e pertencem também à mensagem do advento.
    Ontem contemplamos o servo de Deus. Hoje queremos ouvir mais um pouco sobre ele. O profeta Isaías descreve, no final do capítulo 52 e no capítulo 53, a humilhação, paixão e morte do servo de Deus. Mas já coloca no início e no fim da descrição a vitória do servo e sua exaltação.
     Eis que o meu Servo procederá com prudência (v.13). Com prudência para alcançar seu objetivo, a salvação da humanidade. Assim que, apesar do árduo trabalho, apesar de serem colocados sobre seus ombros todos os pecados da humanidade, apesar de toda a astúcia de Satanás para arruinar este plano da salvação, apesar da profunda humilhação a que se submeterá, apesar do árduo sofrimento, ele sairá vencedor.
    A sua prudência levará a três resultados maravilhosos. Com muita sabedoria o profeta Isaías, inspirado pelo Espírito Santo, coloca três verbos, para explicar o resultado da prudência: a) Será exaltado. Não ficará na humilhação, mas sairá e se erguerá dela vitorioso, indicando sua ressurreição; b) será elevado, indica o processo de sua exaltação, indicando sua ascensão ao céu; c) será mui sublime, o seu estado de exaltação, a saber, o estar assentado à direita de Deus.
     No versículo 11, o profeta volta a falar dos resultados de seu penoso trabalho e de sua exaltação. Verá o fruto do penoso trabalho de sua alma. Não só do seu corpo que trabalhou e sofreu, mas de sua alma também. O resultado é que ficará satisfeito. Sua alma se alegrará nos salvos. Esta é a grande alegria de Deus e seu verdadeiro lugar de descanso, na alma dos cristãos, dos que foram salvos pelo perfeito trabalho de Jesus. Ter comunhão e poder habitar nos corações é a sua grande alegria.
    O meu servo, o Justo. Não no sentido de alguém que exige justiça ou é simplesmente justo, mas de alguém que distribui justiça. O meu Servo, o Salvador. Aquele que, após seu penoso trabalho, confere justiça. Ele, que cobre o pecador arrependido, com seu próprio manto de justiça. Este Servo não só executou a salvação, nossa salvação, como também a traz e a aplica ao nosso coração. Quem crê, tem o que estas palavras dizem, prometem, e selam, a saber, perdão, vida e eterna salvação. O apóstolo Paulo afirma: Somos transformados em servos de Deus (Rm 6.22).      

24 Advento

Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre ti.  Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o SENHOR, e a sua glória se vê sobre ti.  As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu (Isaías 60.1-3 RA). – Epifania

     Advento, como já vimos, é tempo de preparo. O profeta Isaías diz: Dispõe-te! Isto quer dizer: Prepara-te! Levanta-te! Apronta-te! Porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre ti. Esta luz é Cristo. O profeta já o anuncia, em forma de profecia, das coisas futuras. Esta vinda é certa e já era para eles, no Antigo Testamento, consolo e força para se reerguerem e jubilarem.
     Eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos. São as trevas do pecado. Nestas trevas também nós nascemos. Nossa natureza carnal, por nascimento está em trevas e é cega, não vê a luz do amor de Deus, antes a detesta. Mesmo assim, Deus amou e ama a humanidade e fez nascer e resplandecer sobre ela a luz. Enviou o Salvador e ordenou pregar a palavra de Deus a todas as nações, a palavra daquele que é a luz do mundo. Por meio dessa palavra, o Espírito Santo ilumina, chama e congrega.
     A primeira vez que a luz resplandeceu em nossos corações foi por ocasião do batismo. Fomos batizados em nome do Deus triúno. Ali o Espírito Santo operou a fé. Renascemos pela água e o Espírito. O Espírito manteve esta fé. Por sua palavra ele continua a nos iluminar, fortalecer e guiar neste mundo em trevas, rumo ao lar celestial.
     Resplandece! Quem poderia deixar de resplandecer. Recebemos vida nova. Queremos andar em novidade de vida (Romanos 6.8), a saber, lutar contra o pecado e servir a Deus, amando nosso próximo como a nós mansos.  No servir, por nosso culto diário e o culto com os irmãos, confessamos o nome de Deus para sua glória. Dizemos com o apóstolo Paulo: O que temos visto e ouvido, anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo (1 João 1.3 RA). Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos (Atos 4.20 RA). Assim nós também resplandecemos, refletimos a luz que está em nós, que nos fortalece, que nos guia em nosso falar e agir, irradiando a esperança que está em nós. Esta sua glória se vê sobre ti, sobre todos os fiéis. Assim encaminhamos muitos a Jesus.
    Que também este tempo de Advento, Natal e Epifania seja um tempo em que deixamos resplandecer bem alto a mensagem do Salvador Jesus.

25 Advento

Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre ti.  Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o SENHOR, e a sua glória se vê sobre ti.  As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu (Isaías 60.1-3 RA). – Epifania

          O povo de Israel caiu em ruína espiritual. Abandonaram a Deus e se voltaram para ídolos. Em seu meio grassavam todos os tipos de pecados e aberrações - assim como em nossos dias. Em breve desabaria sobre eles o juízo, a ira de Deus. Deus já preparou as varas. Os povos gentílicos seriam o açoite nas mãos de Deus para castigar a obstinada e incrédula Judá. O profeta Isaías, como outros, teve a difícil missão de chamar o povo ao arrependimento e anunciar-lhe o castigo, caso não dessem ouvidos à voz de Deus. Ao mesmo tempo Deus lhe revelou, por sua misericórdia, a salvação que estava preparando, não somente para Judá, mas para toda a humanidade. O profeta vê resplandecer a luz, vê chegar o momento do nascimento do Salvador. Vê também a expansão missionária. Por isso, ele conclama o povo de Judá em trevas: Dispõe-te, resplandece. Levanta-te do chão. Porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre ti. O Salvador está por vir. Deus te é misericordioso. A glória do Senhor, isto é, sua infinda misericórdia, resplandece sobre ti.
     As trevas sobre Judá eram enormes, bem como sobre toda a terra, todas as nações. Devido à incredulidade de Judá, Deus castigou os judeus com o cativeiro babilônico. Mas, para que não eles desesperassem, Deus anunciou pelo profeta Isaías, a salvação, por Jesus Cristo. Esta mensagem deveria dar-lhes consolo, força e ânimo no sofrimento e esperança da libertação.
     E no auge dessa escuridão, dessas trevas, Deus fez Jesus nascer, numa humilde estrebaria em Belém da Judéia. Naquela noite, o céu se iluminou para os pastores nos campos de Belém e a mensagem da salvação lhes resplandeceu: O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.  E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura.  E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem (Lucas 2.10-14 RA). Os pastores foram adorar. E, alguns meses depois, guiados por uma estrela, vieram os Magos do oriente adorar também. A notícia se espalhou. O círculo dos adoradores aumentou. Mas Satanás despertou inimigos de todos os lados para sufocar a salvação, porém em vão. Jesus venceu. Ainda hoje sua vitória é proclamada no mundo e será assim enquanto durar o tempo da graça.
    A luz que nasceu, traz consigo paz, esperança e a vida eterna. Sim, sua luz é a paz eterna. Há louvor e alegria entre os que se achegam à luz. Esta alegria dura por toda a eternidade. Todo o sofrimento terá um fim. Todas as lágrimas serão enxugadas. Nunca mais se ouvirá de violência na tua terra (v.18). Aqui na terra os fiéis deixam sua luz brilhar, isto é, sua alegria pelo perdão. Nesta alegria adoram e confessam seu Deus e sua esperança da vida eterna, mesmo em meio a muitas fraquezas e imperfeições.
    Jesus é a luz do mundo. Todos os que foram iluminados por esta luz, resplandecerão. Agora se levantam para resplandecer e chamar os que ainda andam nas trevas da sombra da morte. Que também este tempo de Advento, Natal e Epifania seja um tempo em que deixemos resplandecer bem alto a mensagem do Salvador Jesus.

26 Advento

Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.  Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniqüidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do SENHOR por todos os seus pecados.  Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.  Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados.  A glória do SENHOR se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do SENHOR o disse (Isaías 40.1-5 RA).

     Apesar de toda a advertência, Israel não deu ouvidos à voz de Deus. Agora o castigo era inevitável. Ao profeta Isaías foi dado ver o que Deus faria a Israel e a Judá. Ambos os povos foram para o cativeiro. Israel para o cativeiro da Síria e (721 a.C.) Judá para o cativeiro babilônico (606 – 586 a. C.). Para que nesse momento de grande tristeza e sofrimento, não caíssem em desespero, Deus concedeu ao profeta Isaías, já com antecedência, palavras de consolo.
     Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. No momento em que o profeta Isaías proclamou essas palavras ao povo, elas talvez significassem pouco ou nada para um povo que vivia em esplendor material, se alegravam em festas pecaminosas, e seus cultos cheios de idolatria. Como ainda hoje, o evangelho só faz sentido para aquele que reconhece seus pecados e estão desesperados diante da ira de Deus. Para estes a mensagem do evangelho é a boa notícia da salvação, fonte de consolo e esperança.
     Quão precioso consolo é o evangelho para uma pessoa que sofre. Pois é no sofrimento que nossa consciência desperta e passa a nos acusar com veemência. A consciência nos diz: É o castigo de Deus. Você pecou e abandonou a Deus. Agora não adiante mais suplicar a Deus. Tu está perdido. Em tais momentos, palavras humanas não podem consolar. Nessa situação só Deus pode consolar como diz ao profeta: Consolai, consolai o meu povo. Ele diz: Eu ainda não me envergonho de você, apesar de todos os vossos pecados. Sou vosso Deus e amo vocês, perdôo todos os vossos pecados. É isto que Deus disse ao povo de Judá, que esta no cativeiro babilônico. Dentro dos sofrimentos, longe da pátria, de Jerusalém e do templo destruídos, eles só tinham um pensamento: Deus nos abandonou. Estamos sofrendo seu castigo merecido. Quão consolador foi lhes a palavra do profeta: Falei ao coração do meu povo (v. 1).
     Para preparar o caminho ao Salvador, Deus enviou seu servo João Batista, o pregador do deserto para clamar: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados.(v.4) Um maravilhoso chamamento para o arrependimento. Demos atenção a essas palavras, para que nosso coração esteja bem preparado. Tudo o que possa impedir a entrada de Jesus em nossos corações seja afastado por verdadeiro arrependimento. Em primeiro lugar, montes devem ser aplanados. Montes representam o orgulho, a altivez, a justiça própria. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz (Romanos 8:6 RA). Aquilo que a pessoa considera para si, em sua vida, a coisa mais preciosa e querida, a saber, seu próprio egoísmo, é inimizade contra Deus, tudo isso precisa ser nivelado, por sincero arrependimento. Os vales aterrados. O ser humano é desesperadamente corrupto. Ele bamboleia de uma extremidade para a outra. Ou se exalta em seu orgulho ou cai em desespero e quer morrer. Esta depressão são os vales, que precisam ser aterrados por sincero arrependimento, bem como os caminhos escabrosos endireitados. E para que? Para que Jesus, com sua boa nova do evangelho possa entrar, operar e firmar a fé e iniciar assim a vida nova em Cristo.
     A glória do SENHOR se manifestará (v.5). Em primeiro lugar para libertar o povo de Israel da escravidão, do cativeiro babilônico, mas principalmente da escravidão do pecado, da morte e do poder de Satanás. Esta salvação é para toda a carne. O cativeiro babilônico é também uma figura da igreja cristã aqui na terra, neste mundo em trevas, mas em breve Jesus virá em glória para o dia do Juízo final, a fim de conduzir sua noiva, a igreja, ao lar celestial.

27 Advento

Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.  Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído (Daniel 7.13-14 RA).

     O profeta Daniel, levado ao cativeiro como jovem, na primeira leva em 606 a.C., foi escolhido por Deus para ser profeta, estadista e conselheiro de reis. Ele trabalhou ali 72 anos, durante o reinado de cinco reis. Ele ocupou postos de grande destaque, tanto junto aos reis da babilônica, sendo amigo do rei Nabucodonozor, como dos reis medo-persas. Foi o grande profeta do exílio. Desde jovem foi temente a Deus e dedicado servo dos reis aos quais serviu.
    Teve diversas visões com respeito ao futuro das nações e do surgimento do reino de Deus. Nos primeiros dois capítulos, ele descreve as figuras que viu em suas visões. Ele viu uma figura de ouro, prata, cobre, ferro e barro (Dn 2.31-34). No capítulo sete, viu animais: Leão, urso, leopardo e um monstro com dez chifres (Dn 7). Ambas as visões indicam a mesma coisa: os reinos que antecedem e a Cristo e o precedem.  Como Daniel profetizou, assim aconteceu. A estátua de ouro e o leão é o império babilônico (606 – 536 a. C.). A estátua de prata e o urso, o império medo-persa (536 – 332 a. C.). A estátua de cobre e o leopardo, o império grego (331 – 146 a. C.). A estátua de ferro e o monstro com dez chifres, o império romano (146 – 400 AD). O pequeno chifre com olhos é o papado, o anticristo. Esses impérios são impérios mundiais. Então o Ancião de dias, que é Deus Pai, entregou a um, que vinha com as nuvens do céu, um como o filho do homem, que é Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e lhe foi entregue o domínio e a glória, e o reino para que povos, nações e homens de todas as línguas o servissem. O seu domínio é eterno, que não passará. E seu reino jamais será destruído. É o grande reino de Deus, a igreja cristã, militante aqui, mas gloriosa no céu, que não será destruída. Os povos lutarão contra a igreja, mas as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18).
     Esta profecia se cumpriu fielmente. Após estes grandes impérios mundiais, do qual o último foi o império romano, do qual ainda saiu um chifre, o papado. Depois disto não haverá mais impérios mundiais. Napoleão, Hitler e Stalin o tentaram, mas em vão. O único império mundial é a Igreja Cristã, a comunhão dos santos, que se estende por todos os povos, línguas, tribos e nações. Mas no final dos tempos – e nós já estamos neles - Gogue e Magogue, os príncipes do mal se ajuntam contra a igreja. Gogue e Magogue são forças do mal, até opostas entre si, que se unem no fim dos tempos para combater a Igreja Cristã, mas em vão. Quando querem exterminar a Igreja, vem o fim. Jesus virá para julgar vivos e mortos. Neste grande dia do Juízo final, da ressurreição dos mortos, será criado o novo céu e a nova terra, nos quais habitará justiça.

28 Advento

Assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu estou contra os pastores e deles demandarei as minhas ovelhas; porei termo no seu pastoreio, e não se apascentarão mais a si mesmos; livrarei as minhas ovelhas da sua boca, para que já não lhes sirvam de pasto... Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor.  Eu, o SENHOR, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o SENHOR, o disse (Ezequiel 34.10,23-24 RA).

     O terrível castigo de Deus desabou sobre Judá, por causa de sua obstinada incredulidade. Foi algo terrível. Ao rei de Judá, Zedequias, foi preso.  Vazaram lhe os olhos e o levaram cativo, acorrentado para Babilônia. O povo sofreu muito. O desespero foi grande. Eles sentiram na carne o que os profetas anunciaram ao longo de mais de 100 anos como advertência, mas eles e não deram ouvidos.
    No cativeiro, no entanto, quando o povo estava sofrendo, Deus lhes suscitou profetas. O primeiro deles foi Ezequiel. Ele era sacerdote (v.3). Começou a exercer seu ministério no ano 593 e atuou 22 anos no cativeiro. Mostrou ao povo como a palavra anunciada pelos profetas do Senhor se cumpriu. Ele chamou o povo a sincero arrependimento. Visto que o cativeiro não terminaria logo, eles deveriam procurar o bem da cidade e do país no qual estavam e obedecer às autoridades. O cativeiro duraria 70 anos, como fora anunciado pelos profetas Isaías e Jeremias. No tempo apropriado, Deus reuniria seu povo como um pastor e lhe daria um novo pastor, a saber, Jesus Cristo.
     Este bom e maravilhoso pastor fará coisas importantes:
a)      Ele reunirá suas ovelhas e buscará as perdidas.
b)      Ele fará suas ovelhas habitarem seguro.
c)      Ele se compadecerá, especialmente, das fracas.
d)      Ele separará os bodes (incrédulos e hipócritas) das ovelhas.
     Isto se cumpriu quando Jesus disse: Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas (João 10.11 RA). Com que insistência Jesus procurou as ovelhas perdidas da casa de Israel. Com grande Jesus amor procura ainda hoje, pela pregação do evangelho, as pessoas, para levá-las ao arrependimento e a confiarem nele para serem salvas.
     Ele faz suas ovelhas habitarem seguro. Ninguém as arrancará de suas mãos. Ele mesmo disse: Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino. (Lucas 12.32 RA)
    Com que amor Jesus cuida especialmente dos fracos. Ele mesmo se diz pai dos órfãos, das viúvas e dos abandonados. (Ele) não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito (Isaías 42.3 RA).
     No dia do juízo final, ele há de julgar vivos e mortos. Muitos dos que aqui na terra por serem membros de uma comunidade cristã, pareciam ser ovelhas de Jesus, mas não o eram, serão afastados e condenados ao fogo eterno.
    Ele disse: As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.  Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. (João 10.27-28 RA)


29 Advento

Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra.  Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa (Jeremias 23.5-6 RA).

     O profeta Jeremias viveu no tempo em que o juízo de Deus começou a desabar sobre Judá. Ele atuou nos anos 626 – 586 a.C. As dez tribos do norte de Israel já haviam sido levadas ao cativeiro da Síria e nunca mais se reorganizaram. Judá recebeu mais um tempo da graça, mas não se deixaram mover ao arrependimento, mas continuaram na idolatria. Então Deus enviou o rei da Babilônia que subjugou a tribo de Judá e a levou ao cativeiro da babilônia. Terrível.
     Antes desse acontecimento, o profeta Jeremias pregou a palavra de Deus com todo empenho. Chamou o povo, os sacerdotes e os reis ao arrependimento. Pregou durante o tempo dos últimos cinco reis de Judá, dos quais somente Josias, que morreu cedo, foi temente a Deus. Os outros reis continuaram fazendo o que era mau diante de Deus e foram inimigos do profeta. Lutero diz com razão, o profeta Jeremias teve um dos ministérios mais difíceis e sofridos. Vemos isto no seu livro: Lamentações de Jeremias. Só Baraque, seu fiel escrivão, permaneceu com ele. Na oração Jeremias buscava forças para sua árdua missão.
     Jeremias pregou arrependimento, mas também o sublime evangelho, anunciando a vinda do Salvador, como nosso texto o mostra.
     Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo. Vêm dias.  Ele não fixa a data. Mas a vinda é certa, em que Deus levantará um renovo a Davi. Ele será, conforme prometido, filho de Davi, isto é, de sua descendência. Renovo é um broto que sai de uma raiz, de um tronco cortado ou queimado, do qual não se esperava mais que brotasse. Que quadro triste. Esta árvore deveria ser frondosa em todos os tempos. Mas o povo de Israel, e especialmente a tribo de Judá, a descendência de Davi desviou-se de Deus. Foram incrédulos. Voltaram-se para a idolatria. O juízo sobre eles era inevitável. Judá será destruída. Porém, após a destruição, quando parecia que tudo estava perdido e não havia mais esperança, Deus fará surgir um Renovo. Isto se cumpriu fielmente. Quando a casa do rei Davi estava reduzida à miséria, a uns pobres remanescentes sem expressão, eis que então Deus faz brotar um Renovo da pobre virgem Maria, que não encontrou nem sequer abrigo em Belém. Um Renovo justo. Ele será justo desde o nascimento, a saber, será santo, sem pecado. Jesus se humanou na virgem Maria, porém, como ente divino era santo e justo, sem pecado.
    Ele será rei e reinará sabiamente. Ele executará juízo e justiça na terra. Sim, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (2 Co 5.19). Ele mesmo trabalhará a justiça para nós. Por seu sofrer, padecer e morte de cruz ele reconciliou a humanidade com Deus Pai. Ele cumpriu a lei por nós. Ele venceu nossos inimigos, pecado, morte e Satanás. Podemos cantar: Agora temos salvação, de graça e por bondade. (HL 373.1) Quem, porém, o rejeitar será rejeitado eternamente.
    Naqueles dias, Judá será salvo e Israel habitará seguro. Judá e Israel representam aqui todo o povo de Deus, a igreja cristã, a comunhão dos santos. A Igreja cristã será amparada por Deus e habitará segura. Pois Cristo traz salvação, paz e a vida eterna. Por isso ele é chamado: Senhor, justiça nossa.   
     Conserva o teu ensino, / nos tempos já do fim, / e em teu poder divino / estende a igreja assim / que muitos, com firmeza, / esperem redenção. / Ó Deus, lhes dá certeza / da eterna salvação. (HL 305.1)

30 Advento

Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.  Destruirei os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém, e o arco de guerra será destruído. Ele anunciará paz às nações; o seu domínio se estenderá de mar a mar e desde o Eufrates até às extremidades da terra.  Quanto a ti, Sião, por causa do sangue da tua aliança, tirei os teus cativos da cova em que não havia água (Zacarias 9.9-11 RA).

    Zacarias foi o profeta que trabalhou depois do cativeiro babilônico (520 – 516 a. C.). Sua primeira missão foi admoestar os remanescentes a não caírem novamente nos pecados dos seus pais, antes deveriam dar ouvidos à voz de Deus. Em suas pregações, ele recorda as profecias dadas pelos profetas que atuaram antes do cativeiro e lembra que Deus não esqueceu suas promessas. Ele as cumpriu e cumprirá fielmente. Seu cumprimento parecia demorado para alguns, mas não falharão. Os caminhos de Deus são inescrutáveis  
     Então, lembrando o que os profetas como Isaías e Jeremias afirmaram e reafirmaram: Jesus, o rei virá, para libertar o seu povo cativo. Virá para estender o seu Reino de paz a todo o mundo.
     Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta (v. 9). A vinda do Rei, o advento do Rei é anunciado como motivo de grande alegria e júbilo. O rei que já fora prometido muitas vezes a Israel. Em quem muitos esperavam e confiavam. Por cuja vinda muitos oravam e ansiavam vê-lo, o descendente da mulher, a estrela de Jacó, o filho do rei Davi, o grande Rei, o Renovo, o príncipe da paz. – Muitos, devido à longa espera desacreditaram de sua vinda. O profeta Zacarias renova a promessa: Ele virá e virá em Breve. Um rei santo e justo. Ele não terá defeito nenhum. Será o Santo de Deus.
     Será que sua santidade não assustará a muitos? Quando Deus apareceu ao povo de Israel no monte Sinai, o povo fugiu da presença de Deus e disseram a Moisés:  Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos (Êxodo 20.19). Não, este Rei justo vorá como salvador, humilde. É verdade que os pecadores, os impuros, os idólatras não permanecerão diante do seu trono. O brilho santo e celestial os prostrará ao chão. Mas este Rei, mesmo sendo santo e justo, vem humilde, vem com a luz do evangelho, para chamar ao arrependimento e à fé. Pois o seu cetro é misericórdia. Por isso ele não vem com poder e majestade, mas humilde, montado num jumento.
Ele vem para salvar o seu povo escravizado por Satanás. Para isso ele desceu até as profundezas da morte, lutou contra Satanás e venceu. Ele conquistou perdão e libertação para toda a humanidade, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Quem nele crer de coração é libertado do pecado, da morte e do poder de Satanás. Os fiéis jubilam com o apóstolo Paulo: Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?  O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.  Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. (1 Coríntios 15.55-57)
     O mundo procura a paz. O Imperador romano César Augusto (27 a.C. – 14 d.C.) tentou instalar, pela força da espada, a grande Pax Romana, mas só semeou opressão e morte. No seu império nasceu Jesus, o Rei que trouxe verdadeira paz ao mundo. Ele reconciliou o mundo, a humanidade, com Deus, e ordenou a seus discípulos que esta boa nova, o evangelho fosse proclamado ao mundo: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.  Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado (Marcos 16.15-16).
     Vem, Jesus, suprema fonte / do mais santo e puro amor, / levantar a minha fronte / para um hino de louvor. / Recordando os teus tormentos, / graças quero te render, /        quero em todos os momentos / tua bênção receber. (HL 379.1).

31 Advento

    E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.  Portanto, o SENHOR os entregará até ao tempo em que a que está em dores tiver dado à luz; então, o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel.  Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do SENHOR, na majestade do nome do SENHOR, seu Deus; e eles habitarão seguros, porque, agora, será ele engrandecido até aos confins da terra.  Este será a nossa paz. Quando a Assíria vier à nossa terra e quando passar sobre os nossos palácios, levantaremos contra ela sete pastores e oito príncipes dentre os homens (Miquéias 5.2-5).
     Natal. Votos de paz e amor são, sem dúvida, o que mais se destaca, nos festejos natalinos. Desejamos muito amor e paz. As lojas estão enfeitadas com estas palavras: Muito amor, paz e felicidade. A palavra paz, paz, paz, é vista em todos os lugares. Mesmo assim, não há paz no mundo.
     Quantas pessoas passam horas e horas reunidas em gabinetes planejando e buscando caminhos para a paz. Quanto dinheiro é gasto na busca em favor da paz. Procuram a paz em coisas terrenas, enquanto continuam escravos do pecado. Paz é algo que não encontramos na terra, ela deve ser dada a nós do céu. É preciso que Deus Espírito Santo a coloque em nosso coração. E ele o faz por meios, por sua Palavra e sacramentos.  Jesus disse: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize (João 14.27 RA).
     Ainda no jardim do Édem, logo após a queda dos homens em pecado, Deus prometeu paz aos homens, isto é, salvação, perdão dos pecados e a volta à comunhão com Deus pela fé na graça do Salvador, que venceria a serpente. Deus cumpriu sua promessa enviando, na plenitude do tempo (Gl 4.4), seu Filho à terra, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam debaixo da lei.
     Jesus nasceu em Belém da Judéia. Naquela noite anjos apareceram aos pastores nas campinas e cantaram: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem (Lucas 2.14 RA).
     Por que então há tanta falta de paz na terra? Simplesmente por causa da incredulidade. As pessoas rejeitam a palavra de Deus e permanecem na escravidão de Satanás. Também pela própria fraqueza de fé nos cristãos, há muita falta de paz nos corações e muitas intrigas inúteis nas próprias congregações cristãs; sim, em toda a cristandade, tão dividida.
     Para reconhecermos a bênção do Natal, precisamos deixar-nos guiar pela Palavra de Deus, pela qual o Espírito Santo nos ilumina, para reconhecer nossos pecados, nossa necessidade de salvação de Cristo. Importa que nós nos humilhemos em verdadeiro arrependimento e confiemos inteiramente na graça de Cristo, no seu perdão e na sua promessa de salvação e da vida eterna.
      Corria, aproximadamente, o ano 700 a. C. quando o profeta Miquéias, para surpresa de seus ouvintes, anunciou a mensagem de Natal. E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel (v. 2). O profeta Isaías havia dito que Deus colocaria uma pedra angular em Sião, Jerusalém, sobre a qual seria construída sua santa Igreja, o reino de Deus. Muitos em Israel esperavam o cumprimento dessas profecias. Outros tantos interpretaram mal essas profecias, pensando num reino material, por isso, quando Jesus não lhes prometeu nem providenciou tal, desacreditaram de Jesus. Ainda hoje muitos pregadores pregam: Deus não quer ver ninguém triste, doente, pobre, em infortúnio, mas alegre, com saúde, próspero e feliz. (teologia da glória)  É isto que Jesus prometeu? Não! Pelo contrário, ele disse: Por muitas tribulações vos importa entrar no reino de Deus (Jo 16.33; At 14.22), sereis odiados e perseguidos como eu (Jo 15.17-19), o amor ao mundo é inimizade contra Deus (Tg 4.4) (teologia da cruz). Assim Maria e José tiveram uma vida difícil, bem como todos os apóstolos que, com exceção de João, morreram martirizados.
    Certos, no entanto, do perdão de Cristo, da paz com Deus, usamos os bens do mundo, mas não estamos apegados a eles. Por isso podemos cantar:
     O Verbo eterna ficará, / sabemos com certeza, / e nada nos perturbará / com Cristo por defesa. / Se vierem roubar / os bens, vida e o lar – / que tudo se vá! / Proveito não lhes dá. / O céu é nossa herança (Hl 165.4).    


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Dia 1º de Janeiro
E ao se completarem oito dias, quando o menino foi circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus. Esse nome tinha sido dado pelo anjo, antes de o menino ser concebido Lucas 2.21).
     Uma semana após o nascimento os meninos judeus deveriam ser circuncidados. Isto cai para nós no dia 1º de janeiro. Neste dia o menino recebeu seu nome, conforme a ordem do anjo dada a José. “E lhe darás o nome de Jesus”, que significa: O Senhor é Salvador”, pois, ele salvará o seu povo dos pecados deles.
     Jesus – é mais do que um nome. Pois nele, no seu corpo natural habita o ser de Deus. Ele é destinado a salvar a humanidade dos seus pecados. Sem nome encera sua obra salvífica. Seu nome é consolador. Muitos o balbuciam na hora da ansiedade, da aflição e da morte e desfrutam do seu consolo e de sua salvação. Outros, os incrédulos o temem e odeiam. Com o seu nome acontece a mesma coisa que com a cruz. Para os fiéis é consolo, para os incrédulos, escândalo.
    Sob este nome e sua bênção queremos iniciar o Ano Novo. Pedimos que Jesus esteja ao nosso lado com sua graça, seu perdão. Que nos guie por seu Espírito santo e nós queremos permanecer apegados à sua Palavra e seus sacramentos, pois são os meios da graça para consolar, instruir e guiar. Por isso queremos participa fielmente dos cultos com os irmãos na fé. Ali somos fortalecidos. Ali cantamos e oramos com os irmãos. Ali ouvimos as leituras da Palavra de Deus. Ali o ministro nos instrui pela Palavra. O culto sofre hoje muitas críticas. Alguns até o transformam em shows, mas o culto é lugar de meditação, de concentração, de em silêncio ouvir a Palavra de Deus. No culto, só a Palavra de Deus e os sacramentos devem imperar. Esta palavra queremos lembrar em amor aos irmãos e também ao pregador.
     O apóstolo Paulo ainda nos diz: “E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. (Cl 3.17). Isto nos leva a ser fiel em tudo. Nesta força poderemos suportar também as dificuldades, as falhas dos irmãos na fé, as ofensas do mundo e as injustiças. Na força da graça de Cristo nos é dado suportar as grandes angústias e sofrimentos. 
     Neste dia de sua circuncisão, foi derramado o primeiro sangue de Jesus, para nosso consolo. O proveito de todo o seu sofrer, Jesus no-lo aplicou pleo batismo. O qual é um consolo diário em nossa vida cristã. Fomos batizados em seu nome. No batismo fomos entregues a Jesus e enquanto na fé, desfrutamos diariamente a bênção de sua graça, proteção e amparo. Deus no-lo concede diariamente pelas bênçãos. A graça de nosso Senhor Jesus, Cristo, r o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todo vocês. Amém. (1 Co 13.13). 
02 de janeiro 2017
Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração. Antes que os montes nascessem e se formasse a erra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus. Salmo 90.1
Ano Novo
    Agradecimentos, votos de paz, prosperidade e saúde se espalha por todos os lados, nesta passagem de ano.                                                                         
     Ao mesmo tempo olhamos para frente. O futuro assusta e angustia. Milhões de desempregados, salários defasados e atrasados. Hospitais sem recursos, escolas depravadas, crianças e jovens a mercê da mídia, sem educação. Não conhecem temas como: Retidão, honestidade, respeito aos superiores, nem os mandamentos, não mentir, não furtar, não adulterar, etc. De todos os lados ouvimos a respeito de assaltos, roubos, assassinatos. Há insegurança.  As guerras no mundo se multiplicam e são cada vez mais cruéis.
     A natureza sofre e os resultados são secas, enchentes, vendavais destrutivos, más colheitas. O que nos aguarda no futuro?
     O salmista diz: Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração. Estes dias, no trem, uma pessoa, revoltada com o seu infortúnio, me disse: Não acredito mais em nada. Dá vontade de quebrar tudo.
     Infelizmente está é situação de muitos e isto num país que se denomina cristão.
    O que podemos esperar de Deus? O que Deus prometeu ao povo de Israel? O que significa: “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração?
     Este Salmo, Moisés orou, provavelmente, no final de sua peregrinação pelo deserto. Deus havia prometido ao povo de Israel libertá-lo do cativeiro egípcio. Guiá-lo para uma terra que mana leite e mel e abençoá-lo. O povo, no entanto, foi infiel a Deus e desobediente, não confiaram nele, rebelaram-se contra Deus. Deus teve que castigá-lo de muitas formas, para  chama-lo ao arrependimento. Um dos castigos foi: Tiveram que peregrinas 40 anos do deserto. Moisés olha para trás. Quase todos os que saíram do Egito, morreram na peregrinação, a saber, 603.550 homens. Moisés exclama: Senhor, tu tens sido o nosso refúgio.  Em toda essas aflições e angústias, todos os que se voltaram arrependidos a Deus e suplicam por misericórdia, foram ouvidos. Deus os amparou. Assim Deus ampara e houve os clamores de seus filhos ainda hoje. Estes encontram refúgio e amparo em Jesus Cristo.
     As muitas perguntas que o ser humano levanta em suas exclamações: Por que meu Deus? Onde estava Deus nesses momentos de horror? Deus respondeu ao enviar sua Filho unigênito ao mundo, que trilhou o caminho do sofrimento até a morte de cruz, para reconciliar a humanidade com Deus, “para que todo o que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna.”.
    Nesta confiança entramos no novo ano, para uma vida com Cristo, sob a cruz. A respeito da qual Jesus diz: No mundo, vocês passam por aflições; mas animem-se eu venci o mundo (João 16.33). E, se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me (Marcos 8.34). Alegremo-nos nesta esperança. Sejamos pacientes na tribulação. Na oração sejamos perseverantes. Ajudem a suprir as necessidades dos santos Pratiquem a hospitalidade (Romanos 12.12).
     Deus conhece nossas aflições. Por meio delas, ele nos educa na fé pela graça de Cristo e na esperança da vida eterna. Ele nos diz: Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas (João 12.46).
     Também no Novo Ano queremos ser fiéis a ele, quer ele nos conceda dias bons ou dia difíceis. Sabemos, que ele está ao lado dos seus fiéis.  Para amparar, guiar ao lar celestial.
     Guia-nos, Jesus, teu caminho é luz. Vacilar nós não queremos, sempre a ti fiéis seremos. Toma a mão dos teus, leva-os para os céus (HL 322.1).

29 - 2º Dia de Natal
Vocês pensam que vim para dar paz à terra? Eu afirmo a vocês que não, pelo contrário, vim para trazer divisão (Lc 12.51).
    Este segundo dia de Natal do ano litúrgico, nossos pais dedicaram ao mártir Estevão. Por que escolheram exatamente esse dia após a grande festa da paz? Jesus já havia dito a seus discípulos: Vocês pensam que vim para dar paz à terra? Eu afirmo a vocês que não, pelo contrário, vim para trazer divisão. A história de dois mil anos da Igreja Cristã o confirma amplamente. Nossos pais também sabiam que a morte, seja lá qual for a causa, mesmo o martírio, é para o cristão, o verdadeiro o passo do crer para o ver, o passo para junto de Jesus no seu reino celestial. Jesus deu a Estevão o testemunho disso. Quando seus inimigos rangeram seus dentes contra Estevão e esbravejavam, condenando o ao apedrejamento, Estevão, cheio do Espírito Santo fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava á sua direita e disse: Eis que vejo os céus aberto e o Filho do homem em pé à destra de Deus (Atos 7.55,56,58). Seus inimigos enfureceram, o lançaram fora da cidade e o apedrejaram. Seu dia de apedrejamento foi o dia do seu verdadeira Natal, de ver Jesus e desfrutar sua paz.
     Os discípulos de Jesus sabiam que a fé em Cristo traria sobre eles inquietações, desprezo e sofrimento. Mas, eles não duvidaram de ser Jesus o príncipe da paz. Jesus havia dito a seus discípulos: “Deixo com vocês a minha paz, a mina paz lhes dou”. E Jesus logo acrescentou: Não lhes dou a paz como o mundo a dá. Que o coração de vocês não fique angustiado, nem com medo. (Jo 14.27,28).
      Sob paz, o mundo compreende: dias felizes e bons. Dias que eles podem aproveitar com regalias, festas e muita alegria. A paz de Cristo significa paz de consciência, pelo perdão dos pecados. Paz com Deus, que se projeta através dos fiéis ao nosso próximo, suportando eventuais fraquezas. Sim, também o amor aos inimigos.
     Paz com Deus, significa ao mesmo tempo suportar o conflito com as forças e poderes dos inimigos de Deus, que repudiam as Palavra de Deus.
     Jesus veio ao mundo para reconduzir a humanidade a Deus. Isto significa uma luta de vida e morte contra o poder das trevas. Jesus teve que sofrer até a morte de cruz. Ao ordenar a seus discípulos pregar o evangelho até os confins da terra, ele avisou: “Sereis odiados por todos” (Mt 24.9). Esta inimizade por parte dos incrédulos durará até o fim do mundo, até quando Jesus voltar para julgar vivos e mortos. Jesus consolou seus discípulos dizendo: Eis que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos” (Mt 28.20). Por isso podemos cantar:
    O Verbo eterno ficará, / sabemos com certeza, / e nada nos perturbará / com Cristo por defesa. / Se vierem roubar / os bens, vida e o lar - / que tudo se vá! / Proveito não lhes dá. / O céu é nossa herança. (HL 165.4)

3 de janeiro
Deixo-vos a terra em que não trabalhastes, e cidades que não edificastes e habitais nelas, comeis das vinhas e dos olivais que não plantastes (Josué 24.13).
     Estamos no novo Ano de 2017. – Quando o povo de Israel estava para entrar na terra prometida por Deus, Josué, o sucessor de Moisés, reuniu o povo e lhes disse as palavras do nosso texto bíblico. Estas palavras nos dão o que pensar, nesses primeiros dias de 2017. Sim, elas valem para nós também.
     Deus nos deu a vida e a mantém. Ele concede as mais diversas bênçãos: dons, oportunidades, bênção materiais, conforme lhe apraz e nos faz residir num pais que, apesar de seus problemas, é um pais muito abençoado. Vejam os produtos que se encontram num supermercado. Quantos países podem desfrutar de tal mercado? Muitos países vivem em guerra e fome, jamais viram tal abundância.
     Sobretudo, Deus nos mandou seu unigênito Filho, Jesus Cristo, “que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desdeu ao inferno, no terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu ao céu”. Esta, a mais sublime verdade, está sendo, livremente, proclamada em nosso pais. [Os países hoje em guerra ou ameaças de guerras: Israel, Líbano, Turquia, Irã, Iraque, Arábia Saudita, Jordânia, tiveram essa verdade, mas eles a desprezaram.] Deus fez tudo pela salvação da humanidade. Só podemos agradecer e louvar.
     Será que todos os cristãos - assim eu me perguntava e pergunto ainda hoje, no meio de todo o barulho da passagem de ano, especialmente, também com relação aos membros de nossa comunidade (IELB) - estão cientes dessa verdade e agradecidos a Deus?
     E mais, será que nós cristãos damos testemunho dessa verdade ao nosso próximo, cada qual em sua área de influência. Muitos não sabem que Deus decidiu salvar também todos os brasileiros e guia-los à terra prometida. Todos devem ouvir a boa nova do evangelho. Ao ouvirem o evangelho, Deus está batendo na porta e convidando para a festa no reino de Deus. Ele preparou tudo e espera que as pessoas creiam nele e recebam tudo com agradecimento.  E para que o evangelho posso chegar a todos, Deus está abençoando as profissões honestas entre nós e dá sua bênção à sementeira e as colheitas, para que possamos desfrutar delas.     Em agradecimento e confiança na providência divina, cantamos e oramos:
    Entrega o teu caminho / e toda a tua dor / ao mais file carinho / do altíssimo Senhor. / Se as nuvens, mesmo o vento, / faz ele caminhar, / decerto a teu contente / teu pé fará andar. (HKL 424.1)

4 de janeiro
Então aspergirei água pura sobre vós, ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo, e porei dentro em vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne (Ezequiel 36.26).
     No período de Advento e Natal falamos muito do Salvador que Deus prometeu e enviou, que nasceu da virgem Maria em Belém da Judéia. O Salvador da humanidade, que nos reconciliou com Deus Pai e venceu nossos inimigos. Hoje queremos ver o que Deus opera por esta salvação, pelo evangelho em nosso coração.
     Já vimos que Deus quer que esta boa nova da salvação seja pregada em todo o mundo, a todas as nações, pois Cristo não salvou somente algumas pessoas, mas toda a humanidade (Jo 3.16). Ele quer que todos cheguem ao conhecimento da verdade e sejam salvos (1 Tm 2.4).
     Vejamos agora, como o Espírito Santo aplica esta salvação à pessoa.  Ele vem a nós pela Palavra de Deus, especialmente, pelo evangelho. Ele nos chama e ilumina. Nos conduz ao arrependimento e ao reconhecimento de ser Jesus nosso Salvador. Vemos isso no dia de Pentecostes. O apóstolo Pedro com os demais, anunciaram ao povo suas transgressões e a salvação de Jesus. Quando o povo reconheceu seus pecados e pediram: Que faremos irmãos? O apóstolo Pedro respondeu: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão de vossos pecados, e recebereis o dom o Espírito Santo (At 2.37,38). Exatamente isto o profeta Ezequiel havia profetizado.
    A livre graça de Deus providenciou a salvação para a humanidade, a justificação, o perdão dos pecados em nome de Jesus Cristo, que o profeta espelha pela purificação. “Aspergirei água pura sobre vós, ficareis purificados”. Isto o apóstolo fez no dia de Pentecostes, convidando os que creem (isto engloba arrependimento e fé) em Cristo para o batismo. O apóstolo acentua: Nosso batismo é o lavar regenerador e renovado do Espírito Santo (Tt 3.5). Pelo batismo Deus nos aceita como seus filhos e nos cobre com sua graça.
     O profeta acrescenta ainda: Dar-vos-ei coração novo, e porei dentro em vós espírito novo. O apóstolo Pedro lhes disse: E recebereis o dom do Espírito Santo (At 2.38). Quando o Espírito Santo cria em nós a fé, somos novas criaturas em Cristo. Temos o novo homem. Nosso Catecismo diz: O novo homem é o novo ser, a nova vida espiritual, criada em nós pelo lavar regenerador. Pois se alguém está em Cristo, é nova criatura (2 Co 5.17). Esta fé se apega à palavra de Deus, é dirigida pelo espírito de Cristo. Não esquecendo que temos esta fé, este novo homem em nossa carne pecaminosa, daí a constante luta entre a fé e a nossa natureza pecaminosa. Desta natureza pecaminosa seremos libertados só no dia de nossa morte ou se Cristo vier antes de nossa morte. Enquanto aqui na terra persiste, até o último momento da vida, a luta entre o novo homem e nossa natureza carnal, sendo nosso consolo a graça, aplicada a nós pelo batismo e pelo ouvir e relembrar a sua palavra, sendo a graça de Cristo o fundamento de nossa fé. Diariamente voltamos em arrependimento e fé ao consolo do batismo.
    Consolado agora estou: / por mais rubro o meu pecado, / o teu sangue me lavou; / e, de todo perdoado, / cantarei o teu louvor. Cristo aceita o pecador (HL 355.6).

5 de janeiro 2017
     Escutem, agora, vocês que dizem: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal,...  Vocês não sabem o que acontecerá amanhã. O que é a vida de vocês? Vocês não passam de neblina que aparece por um instante e logo se dissipa. Em vez disso, deveriam dizer: “Se Deus quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo” (Tiago 4.13-15).
     Nesta primeira semana de 2017, muitos estão analisando dados, fazendo cálculos e forjando planos. Como cristãos também o fazemos, mas o fazemos com oração. Pedimos que Deus nos mostre nossas responsabilidades, possibilidades e tarefas. Pedimos que Deus abençoe o trabalho e conceda os resultados desejados. Também que Deus abra nossos olhos para as necessidades do próximo e nos dirija no fazer o bem.
    Também apresentamos a Deus nossas preocupações com o futuro de nossa família, de nossos governos e das nações no mundo, para podermos viver em paz.
     Em tudo isso, no entanto, queremos lembrar e ter diante de nós de que não somos senhores de nossa vida, mas Deus, nosso Senhor, Jesus Cristo. Se ele não disser o sim ao nosso fazer, trabalhamos em vão. Por isso examinamos todos nossos planos, mesmo os menores, à luz da Palavra de Deus. Fazemos isso, preferencialmente, conforme a Tábua dos Deveres que Lutero elaborou em março de 1529 e os acrescentou em 1542 ou 43 ao Catecismo Menor. Essas Tábuas brotaram do profundo estudo da Bíblia. Elas são o evangelho prático para o lar, a igreja a vida profissional. À luz delas fazemos nosso planejamento e o colocamos em oração diante de Deus para sua aprovação e bênção.
     No meio das pressões e angústias de nossos dias, não queremos permitir que sejamos desviados de nosso objetivo principal de vida, tornando-nos escravos do trabalho e do amor ao dinheiro, raiz de todos os males (1 Tm 6.10).
     Lutaremos para termos tempo para nossa devoção particular e familiar, bem como o culto e nossa Comunidade.
     Que Deus em sua graça nos guie passa a passo nesse ano, sabendo que:
     Do poder de Deus depende / tudo que o homem empreende, / e não de outro bem qualquer. / Quem puser sua esperança / no Senhor, de certo alcança / tudo quando lhe couber. (HL 478.1) 

5º Dia de Natal

Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra.  Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa (Jeremias 23.5-6 RA).

     O profeta Jeremias viveu no tempo em que o juízo de Deus começou a desabar sobre Judá. Ele atuou nos anos 626 – 586 a.C. As dez tribos do norte de Israel já haviam sido levadas ao cativeiro da Síria e nunca mais se reorganizaram. Judá recebeu mais um tempo da graça, mas não se deixaram mover ao arrependimento, mas continuaram na idolatria. Então Deus enviou o rei da Babilônia que subjugou a tribo de Judá e a levou ao cativeiro da babilônia. Terrível.
     Antes desse acontecimento, o profeta Jeremias pregou a palavra de Deus com todo empenho. Chamou o povo, os sacerdotes e os reis ao arrependimento. Pregou durante o tempo dos últimos cinco reis de Judá, dos quais somente Josias, que morreu cedo, foi temente a Deus. Os outros reis continuaram fazendo o que era mau diante de Deus e foram inimigos do profeta. Lutero diz com razão, o profeta Jeremias teve um dos ministérios mais difíceis e sofridos. Vemos isto no seu livro: Lamentações de Jeremias. Só Baraque, seu fiel escrivão, permaneceu com ele. Na oração Jeremias buscava forças para sua árdua missão.
     Jeremias pregou arrependimento, mas também o sublime evangelho, anunciando a vinda do Salvador, como nosso texto o mostra.
     Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo. Vêm dias.  Ele não fixa a data. Mas a vinda é certa, em que Deus levantará um renovo a Davi. Ele será, conforme prometido, filho de Davi, isto é, de sua descendência. Renovo é um broto que sai de uma raiz, de um tronco cortado ou queimado, do qual não se esperava mais que brotasse. Que quadro triste. Esta árvore deveria ser frondosa em todos os tempos. Mas o povo de Israel, e especialmente a tribo de Judá, a descendência de Davi desviou-se de Deus. Foram incrédulos. Voltaram-se para a idolatria. O juízo sobre eles era inevitável. Judá será destruída. Porém, após a destruição, quando parecia que tudo estava perdido e não havia mais esperança, Deus fará surgir um Renovo. Isto se cumpriu fielmente. Quando a casa do rei Davi estava reduzida à miséria, a uns pobres remanescentes sem expressão, eis que então Deus faz brotar um Renovo da pobre virgem Maria, que não encontrou nem sequer abrigo em Belém. Um Renovo justo. Ele será justo desde o nascimento, a saber, será santo, sem pecado. Jesus se humanou na virgem Maria, porém, como ente divino era santo e justo, sem pecado.
    Ele será rei e reinará sabiamente. Ele executará juízo e justiça na terra. Sim, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (2 Co 5.19). Ele mesmo trabalhará a justiça para nós. Por seu sofrer, padecer e morte de cruz ele reconciliou a humanidade com Deus Pai. Ele cumpriu a lei por nós. Ele venceu nossos inimigos, pecado, morte e Satanás. Podemos cantar: Agora temos salvação, de graça e por bondade. (HL 373.1) Quem, porém, o rejeitar será rejeitado eternamente.
    Naqueles dias, Judá será salvo e Israel habitará seguro. Judá e Israel representam aqui todo o povo de Deus, a igreja cristã, a comunhão dos santos. A Igreja cristã será amparada por Deus e habitará segura. Pois Cristo traz salvação, paz e a vida eterna. Por isso ele é chamado: Senhor, justiça nossa.  
     Conserva o teu ensino, / nos tempos já do fim, / e em teu poder divino / estende a igreja assim / que muitos, com firmeza, / esperem redenção. / Ó Deus, lhes dá certeza / da eterna salvação. (HL 305.1)

6º Dia de Natal

Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.  Destruirei os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém, e o arco de guerra será destruído. Ele anunciará paz às nações; o seu domínio se estenderá de mar a mar e desde o Eufrates até às extremidades da terra.  Quanto a ti, Sião, por causa do sangue da tua aliança, tirei os teus cativos da cova em que não havia água (Zacarias 9.9-11).

    Zacarias foi o profeta que trabalhou depois do cativeiro babilônico (520 – 516 a. C.). Sua primeira missão foi admoestar os remanescentes a não caírem novamente nos pecados dos seus pais, antes deveriam dar ouvidos à voz de Deus. Em suas pregações, ele recorda as profecias dadas pelos profetas que atuaram antes do cativeiro e lembra que Deus não esqueceu suas promessas. Ele as cumpriu e cumprirá fielmente. Seu cumprimento parecia demorado para alguns, mas não falharão. Os caminhos de Deus são inescrutáveis 
     Então, lembrando o que os profetas como Isaías e Jeremias afirmaram e reafirmaram: Jesus, o rei virá, para libertar o seu povo cativo. Virá para estender o seu Reino de paz a todo o mundo.
     Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta (v. 9). A vinda do Rei, o advento do Rei é anunciado como motivo de grande alegria e júbilo. O rei que já fora prometido muitas vezes a Israel. Em quem muitos esperavam e confiavam. Por cuja vinda muitos oravam e ansiavam vê-lo, o descendente da mulher, a estrela de Jacó, o filho do rei Davi, o grande Rei, o Renovo, o príncipe da paz. – Muitos, devido à longa espera desacreditaram de sua vinda. O profeta Zacarias renova a promessa: Ele virá e virá em Breve. Um rei santo e justo. Ele não terá defeito nenhum. Será o Santo de Deus.
     Será que sua santidade não assustará a muitos? Quando Deus apareceu ao povo de Israel no monte Sinai, o povo fugiu da presença de Deus e disseram a Moisés:  Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos (Êxodo 20.19). Não, este Rei justo vorá como salvador, humilde. É verdade que os pecadores, os impuros, os idólatras não permanecerão diante do seu trono. O brilho santo e celestial os prostrará ao chão. Mas este Rei, mesmo sendo santo e justo, vem humilde, vem com a luz do evangelho, para chamar ao arrependimento e à fé. Pois o seu cetro é misericórdia. Por isso ele não vem com poder e majestade, mas humilde, montado num jumento.
Ele vem para salvar o seu povo escravizado por Satanás. Para isso ele desceu até as profundezas da morte, lutou contra Satanás e venceu. Ele conquistou perdão e libertação para toda a humanidade, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Quem nele crer de coração é libertado do pecado, da morte e do poder de Satanás. Os fiéis jubilam com o apóstolo Paulo: Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?  O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.  Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. (1 Coríntios 15.55-57)
     O mundo procura a paz. O Imperador romano César Augusto (27 a.C. – 14 d.C.) tentou instalar, pela força da espada, a grande Pax Romana, mas só semeou opressão e morte. No seu império nasceu Jesus, o Rei que trouxe verdadeira paz ao mundo. Ele reconciliou o mundo, a humanidade, com Deus, e ordenou a seus discípulos que esta boa nova, o evangelho fosse proclamado ao mundo: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.  Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado (Marcos 16.15-16).
     Vem, Jesus, suprema fonte / do mais santo e puro amor, / levantar a minha fronte / para um hino de louvor. / Recordando os teus tormentos, / graças quero te render, /        quero em todos os momentos / tua bênção receber. (HL 379.1).

27 Véspera de Natal
     Foram apressadamente e acharam Maria e José, e a criança deitada na manjedoura. E, vendo-o, divulgaram o que se lhes havia dito a respeito do menino... Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração” (Lc 2.16,17,19).
   Os pastores foram apressadamente e acharam Maria e José, e acriança deitada na manjedoura.
     Na pequena cidade de Belém da Judéia, rica em história do povo de Israel. Ali, numa estrebaria, Maria e José se abrigaram, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Ali nasceu Jesus, o Rei dos reis, Senhor dos senhores. Que humilhação.
     O apóstolo Paulo escreve: “Aquele que foi manifestado na carne”, Jesus, o eterno Filho de Deus vem ao mundo em profunda pobreza. Não há lutar para ele. O Criador e Mantenedor de céu e terra, “vem para os seus, mas os seus não o receberam”. Ele é deitado numa manjedoura. E hoje? Será que está encontrando melhor recepção? Ele quer habitar em todos os corações, no teu e no meu.
     Sua pessoa, Deus e homem, é um mistério. A razão humana jamais o compreenderá. Só é possível, recebe-lo em fé.
     Também sua obra redentora é um profundo mistério. A razão humana não o compreende. Jesus, o eterno Filho de Deu se humilha tão profundamente, a nascer da pobre virgem Maria. Uma moça temente a Deus, mas ela tem sua natureza pecadora como nós. Mesmo assim, abriga em seu seio o eterno e santo Filho de Deus. Ele nasceu sob a lei. Ele nasceu sem pecado. Cumpriu, como substituto de toda a humanidade, a lei de Deus. Ele foi feito pecado por nós. Isto é, ele tomou sobre si os pecados de toda a humanidade. E Deus Pai derramou sobre ele o juízo que nós merecemos. “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, e nos confiou a palavra da reconciliação” ( 2 Co 5.19). O mistério de sua obra: Deus morreu em Cristo por nós, é incompreensível. A razão humana não o consegue captá-lo, nem o aceita. Muitos dizem: Na cruz só morreu Jesus, como homem. Lutero afirma: “Se na cruz só morreu um homem, não temos salvação e ainda permanecemos em nossos pecados; mas se na cruz morreu Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, então “seu sangue nos purifica de odos os pecados”. A partir da manjedoura, a história progrediu. Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, como nosso substituto, cumpriu perfeitamente a lei, pagou o preço pelos pecados de toda a humanidade, os teus e os meus. Morreu na cruz. Ressuscitou no terceiro dia. Subiu aos céus. Está assentado à mão direita de Deus Pai. Ele disse a seus discípulos: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28.20). Quando o último dos eleito se convertera Cristo, Jesus voltará em glória, para julgar vivos e mortos.
     Este mistério, os pastores contemplaram na manjedoura. Seus olhos só viram a criança deitada na manjedoura. Em seus ouvidos soava a mensagem dos anjos:” Hoje vos nasceu o Salvador, que é Cristo o Senhor”.
    Sim, o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Vimos a sua gloria como glória do unigênito do Pai. “Todos quando o receberam (individualmente em fé), deu-lhes o poder de serem filos de Deus; a saber: aos que creem no seu nome” (Jo 1.11-14). O apóstolo Pedro escreve: “Depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinado anjos, e potestades, e poderes” (1 Pe 3.22). E o apóstolo Paulo escreve: “Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” ( 1Co 1.18). Nesta certeza desejamos a todos um abençoado Natal, no menino que nasceu, no Filho de Deus a quem tudo está subordinado.
     Cante o povo resgatado / glória a Deus, Senhor da paz, / pois, em Cristo revelado, / vida e luz ao mundo traz. Nasce, a fim de renascermos, / vive, para revivermos, / Rei, Profeta e Salvador! / Louvem todos o Senhor! / Toda a terra e os altos céus / cantem sempre glória a Deus. (HL 25.3). Horst K.







[1] Almeida Revista e Atualizada, Soc. Bíblica do Brasil, 2008.