domingo, 11 de dezembro de 2011

Devoções de Advento: Profecias e orações





A D V E N T O     E     N A T A L











Devoções sobre as profecias do Antigo Testamento
Devoções sobre textos do Novo Testamento
Orações da manhã para o mês de Dezembro









São Leopoldo, dezembro de 2009
Rev. Horst Kuchenbecker


























Advento.2009
1° Advento. Profecias do Antigo Testamento
Dizei à filha de Sião: Eis ai te vem o teu Rei humilde (Mateus 21.5).

     Advento é tempo de espera, no qual aguardamos a chegada de alguém. Desde muito cedo, a Igreja Cristã destacou, no seu calendário eclesiástico, os quatro domingos antes de Natal como um período para reflexão e preparo para o Natal.
     O tempo de advento se divide em dois períodos distintos, o primeiro e o segundo advento. O primeiro advento iniciou quando Deus prometeu um salvador aos primeiros homens, Adão e Eva. Desde lá, os fiéis aguardaram a vinda do Salvador. Muitos profetas anunciaram detalhes sobre sua vinda. Por outro, muitos, infelizmente, se cansaram de esperar e caíram da fé. Este primeiro advento se cumpriu quatro mil anos após, quando vindo a plenitude do tempo determinado, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei (Gálatas 4.4).
     Todas as profecias com respeito à vinda do Salvador se cumpriram nos mínimos detalhes. O Salvador veio conforme prometido. Nasceu da virgem Maria, na cidade de Belém da Judéia, padeceu, sofreu e ressuscitou dos mortos e subiu aos céus. Por sua paixão e morte reconciliou a humanidade com Deus. Toda a pessoa que se arrepende de seus pecados e confia no perdão de Cristo, tem perdão dos pecados, comunhão com Deus e a vida eterna.
     Após a ascensão de Jesus, quando os discípulos ainda estavam com os olhos fitos no céu, eis que um anjo lhes disse: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Este Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do como o viestes subir (Atos 1.11). Aqui começa o segundo advento. Os cristãos esperam a segunda vinda de Cristo ao mundo, quando Jesus virá em glória para julgar vivos e mortos. A Bíblia tem muito a dizer sobre esta segunda vinda de Jesus. Ele virá como ladrão de noite (1 Tessalonicenses 5.2). Todos os mortos ressuscitarão (2 Coríntios 4.14). Céus e terra se desfarão (2 Pedro 3.10). Todos serão julgados. Os que confiaram em Jesus como seu Salvador, estarão à direita de Jesus, os que o rejeitaram à sua esquerda. Após o julgamento, Deus criará novos céus e nova terra, nos quais habitará justiça (2 Pedro 3.13).   
     Ao celebrar advento, lembramos o primeiro advento, os quatro mil anos de espera. Lembramos como os pais se apegavam à palavra de Deus. Queremos seguir o seu exemplo. Alegramo-nos no cumprimento das promessas. Lembramos também a segunda vinda de Cristo, para o juízo final e nos preparamos para o mesmo. Enquanto aguardamos a segunda vinda, Cristo vem a nós em sua Palavra. Por esta Palavra ele bate à porta de nosso coração, nos conduz ao arrependimento diário e nos fortalece na confiança em Cristo. Faz-nos crescermos na comunhão com Deus e na vida santificada. Até sai vinda repentina para nos levar ao lar celestial. Oh! Vem Senhor Jesus. Amém.

2 Advento

Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta (Zacarias 9.9 RA).

     Eis aí! Atenção, muita atenção! Deixe uma vez tudo de lado. Suas preocupações, seus afazeres, seus planos e dê atenção àquilo que Deus tem a dizer, por seu profeta.
     Eis aí te vem o teu Rei. O que é um rei? Rei é alguém que tem direito e poder. Poder absoluta, sobre vida e morte. Tal idéia, hoje, onde é algo estranho num mundo que sonha com liberdade plena, e é contra qualquer absolutismo. Sou livre. Ninguém tem direito de me impor mandamentos ou ordens. Mas, eis aí te vem o teu Rei. O teu Rei. Se o aceitas ou não, o amas ou não, acreditas ou não, ele vem a ti. Deus é teu Rei. Ele tem direito e poder sobre ti. Ele deu suas leis e disse: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las. (Gálatas 3.10 RA). Sim, ele é teu Rei. Ele te julgará no fim de tua vida.
     Eis aí te vem o teu Rei. Quando esta notícia ecoava naquele tempo, os moradores de um povoado entravam em pânico. O que será que o rei quer de nós? É de paz a tua vinda? (2 Reis 2.13 RA) perguntavam as autoridades. Esta pergunta é muito importante, pois sabemos que somos pecadores e Deus já pronunciou a maldição sobre nós. Diante desse Rei somos servos indignos. Não temos cumprido seus mandamentos. Por isso clamamos: Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente (Salmos 143.2 RA). É de paz a tua vinda?
     Nosso texto responde: Eis aí te vem o teu Rei humilde. Sim, sua vinda é de paz. Ele veio a Jerusalém e ao mundo não para julgar, mas para salvar o que estava perdido (Lucas 19.19). Veio para sofrer em Jerusalém a morte e morte de cruz. Assim nos preparou maravilhosa salvação.
     Muitos de Jerusalém foram ao seu encontro e cantaram: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas! (Mateus 21.9 RA) Hosana quer dizer: Senhor ajuda! Mas Jesus, mesmo cercado de grande multidão que o aclamava cantando Hosana, estava triste. Sabia que muitos só o acompanhavam pela novidade ou curiosidade, mas seus corações estavam longe dele.
     Hoje muitos festejam Natal, mas não conhecem mais a Jesus. Seus corações estão longe de Jesus.
     Jesus entrou em Jerusalém e foi direto ao templo onde passou a ensinar fervorosamente até quinta-feira santa (ou em doenças) (Cf.: Mateus 21 – 26). Naquela oportunidade também purificou o templo (Mateus 21.12-17).
    Ainda é tempo de graça para nós. A Palavra de Deus ainda está sendo ensinada. Por sua Palavra, Jesus ainda hoje vem aos corações, convida ao arrependimento e consola com sua graça. Ele diz: Bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam! (Lucas 11.28 RA) Mas quem rejeita a graça de Cristo, será eternamente rejeitado.
    Eis que em breve Jesus virá para julgar vivos e mortos. Estarás tu entre os que o receberão com júbilo? Jesus ainda está chamando: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo (Apocalipse 3.20 RA).

3 Advento

Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? (Gênesis 3.1 RA)

     Adão e Eva receberam com alegria o mandamento de Deus para não comerem da árvore do conhecimento do bem e do mal. Aquela árvore, sem dúvida, tornou se um lugar de culto.
     Esta felicidade, no entanto, não durou muito. Talvez já no primeiro dia da semana, eis que um dos principais anjos, com muitos outros, se revoltou contra Deus. Eles foram expulsos da presença de Deus e condenados ao inferno (Judas 6; João 8.44). Este anjo que caiu, nos o conhecemos como o anjo mau, o diabo ou Satanás (Mateus 25.41). Estes anjos odeiam a Deus e toda a criatura que serve a Deus. Para desgraças a criação de Deus, eles tomaram como alvo o homem, a principal das criaturas de Deus.
     Satanás usou como máscara a serpente, a mais sábia de todos os animais, aproximou-se de Eva e lhe disse: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? (Gn 3.1) Uma cobra falante. Será que Eva não estranhou? Ainda mais por alguém distorcer a palavra de Deus? Não a deveria ter imediatamente repudiado esta voz? Satanás lançou uma simples pergunta. Não era, porém, tão simples assim. Era uma pergunta que visava semear confusão. Eva deu ouvidos à pergunta. Por quê? Por que ela continuou conversando com a serpente? Sem dúvida porque a serpente já conseguira semear em sua alma a centelha do mal. A resposta de Eva o confirma. Ela deixou a palavra “livremente” fora, fazendo de Deus um simples legislador. Vendo Satanás que conseguira ouvidos, tornou-se mais agressivo. Ele disse à Eva: É certo que não morrereis!Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu (v.4-6). Satanás conseguiu lançar na mulher a semente do pecado, a cobiça, que levou a ação de desobedecer a Deus. Adão e Eva desobedeceram a Deus, voluntaria e propositadamente. A desobediência os separou de Deus. O apóstolo Paulo afirma: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Romanos 5.12 RA).
     A imagem divina, esta santidade inata foi destruída em Adão e Eva. Eles se envergonharam por estarem nus. Perderam a inocência e pureza do coração. Seus corações estavam corrompidos pelo pecado. Agora inclinados para todo o mal e sujeitos à condenação.
     Esta concupiscência, esta inclinação para todo o mal e a incapacidade de fazer o bem, nós sentimos todos os dias. Exclamamos com o apóstolo Paulo: Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado (Romanos 7.24-25 RA). Com que alegria nós podemos hoje celebrar Advento e Natal: Temos um Salvador.


4 Advento

De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gênesis 2.16-17 RA).

         O primeiro advento começou no jardim do Édem, no qual Adão e Eva viviam em perfeita felicidade e comunhão com Deus. Tudo era santo e perfeito. Então se deu a tragédia. A maior tragédia da raça humana. Adão e Eva desobedeceram a Deus. Isto os separou de Deus. Eles foram expulsos do paraíso, mas Deus, em seu eterno e infindo amor, prometeu aos homens um Salvador. Com esta promessa começou o advento. Vejamos a história mais de perto.  
     Deus havia colocou o primeiro casal, Adão e Eva, no jardim do Édem e lhes tinha disse: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gênesis 2.16-17 RA). Note a palavra “livremente”. Os homens eram livres. Eles tinham o livre arbítrio. Podiam comer livremente de todas as árvores, com uma restrição: da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás. Isto era o mandamento de Deus. Deus, como Criador, tem o direito de dar mandamentos. Aos homens, suas criaturas, cabe obedecer. Isto é sua alegria e culto. Na obediência revelam seu culto a Deus. Salomão afirma: De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem (Eclesiastes 12.13 RA). A árvore do bem e do mal, provavelmente, não era uma árvores especial, mas uma árvore como todas as outras. Ela simplesmente daria ocasião para revelar se o homem, que tinha liberdade, escolheria ser fiel a Deus. O adorar a Deus não era forçado, mas da livre escolha do ser humano. Que mandamento era fácil. Podeis comer de todas as árvores menos de uma. Adão e Eva devem ter recebido este mandamento com alegria, certos de que jamais seriam desobedientes. Pois mesmo se não existissem leis, nem castigos, nem inferno, seu prazer consistia em amar a Deus.
     Deus disse ainda: Porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Isso era uma ameaça? Não no sentido como conhecemos hoje as ameaças. Deus disse ao homem simplesmente o que acontecerá se desobedecerem. Eles perderiam sua vida feliz e alegre. Pois Deus não deseja obediência por medo. Ele só se agrada da obediência por amor.
     Assim ainda é hoje. Pela fé em Cristo somos filhos amados de Deus. Se agora um filho de Deus se opõe obstinadamente à palavra de Deus ou aos mandamentos de Deus, ele cai da graça e perde a vida eterna. Não importa se desobedeceu a um ou a mais mandamentos, em nossa opinião, considerados muitas vezes pequenos e de pouco valor. O pecado é desobediência a Deus e ofensa a sua majestade.
     Por isso, ao notarmos que fraquejamos e desobedecemos, cumpre-nos arrependidos suplicar ao Salvador por perdão, para que nos reerga, a fim de servirmos com maior fervor. 

5 Advento

Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gênesis 3.15 RA).

     Pela viração do dia, Deus chegou ao jardim. Adão e Eva, que normalmente corriam ao seu encontro, não vieram. Não deveriam ter corrido a Deus, mesmo tendo pecado? Adão e Eva, porém, fugiram de Deus e se esconderam. Como se fosse possível fugir e esconder-se de Deus. Deus chamou por Adão: Onde estás?  Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi (Gênesis 3.9-10 RA). Deus indagou sobre a causa e perguntou: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? (Gênesis 3.11 RA) Adão não foi capaz de reconhecer sua culpa e confessar: Pequei! Ele respondeu: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi (Gênesis 3.12 RA). Adão coloca a culpa na mulher e indiretamente em Deus ao disser: Que tu me deste. Eis o quadro da corrupção do homem até hoje. Corrompido pelo pecado, foge de Deus. Não é capaz de reconhecer sua culpa, mas culpa outros e indireta ou diretamente a Deus.
     Deus julgou Adão e Eva e os responsabilizou pelo pecado. Eles estavam diante de Deus e ouviram, apavorados, a sentença final. Ao Deus se dirigir a Satanás, ele disse: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (v. 15).
     Que palavras! Palavras que terminaram com o júbilo de Satanás, que se julgava vencedor. Palavras que proporcionaram a Adão e Eva esperança e alegria.
     Porei inimizade entre ti e a mulher. Estas palavras não se referem ao medo e ódio que os homens sentem agora ao verem uma serpente. Seu significado é mais profundo. Deus dirigiu estas palavras a Satanás. Porei inimizade, isto é, a guerra na qual você, diabo, se julga vencedor, não terminou, pois eu, Deus, me coloco ao lado dos homens e vou lutar por eles, a fim de libertá-los de tua escravidão. Entre a sua descendência e o seu descendente, a saber, a descendência de Satanás, que são todos os anjos que se revoltaram contra Deus. Nós os chamamos de “anjos maus”, bem como todas as pessoas  que rejeitam a graça de Cristo e resistem a Deus, preferindo continuar no poder de Satanás. O descendente da mulher - note o singular - é Jesus, verdadeiro Deus gerado do Pai desde a eternidade e verdadeiro homem, nascido da virgem Maria. Haverá guerra entre a descendência de Satanás e Jesus, o descendente da mulher. Desde este momento, Satanás procurou destruir o plano da salvação. Ele perseguiu o descendente da mulher desde o início. Onde viu uma possibilidade de o descendente da mulher surgir, ali ele procurou matá-lo. Daí a morte de Abel, e toda a aflição que Satanás causou aos fiéis do Antigo Testamento, bem como todo o ódio que causou a Jesus, desde o seu nascimento. Mas tudo em vão. A cabeça da serpente, diz Deus, será esmagada. Nós conhecemos o cumprimento desta promessa. Jesus morreu na cruz e ressuscitou ao terceiro dia, desceu ao inferno para ali proclamar sua vitória. Tirou todo o poder de Satanás. Não precisamos mais temê-lo, com uma palavra podemos derrotá-lo.
    Será que Adão e Eva compreenderam essas palavras? Será que compreenderam o profundo significado desta promessa que contém toda a doutrina a respeito da pessoa e obra de Cristo? Sim, eles a compreenderam. Eles se apegaram a esta verdade em fé, para consolo e ânimo.  

6 Advento

Eva, sua mulher...  concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri um varão, o SENHOR (Gênesis 4.1).

     Quanta alegria deve ter invadido a alma de Adão e Eva com a promessa de um salvador. Muitas vozes incrédulas interpretam a promessa de forma diferente. Dizem que Adão e Eva não a compreenderam. Isto não é verdade. Adão e Eva compreenderam muito bem esta promessa e apegaram-se a ela com firmeza, como uma criança se apega à sua mãe.
     Deus, na verdade, lhe impôs árduo sofrimento, bem como a toda a humanidade. Ele disse: E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.  E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás (Gênesis 3.16-19 RA). Não demorou, e eles experimentaram essa realidade. Pois nos mais diversos sofrimentos, a graça de Deus foi-lhes sólido consolo.
    Nasceu lhes o primeiro filho. Deram-lhe o nome Caim. Eva disse: Adquiri um varão, o Senhor. (Pode-se traduzir também: com o auxílio do Senhor). Acredito que Eva queria expressar sua esperança na vinda do Salvador. Ela se enganou quanto à pessoa e ao tempo, mas expressou sua firme esperança do Salvador.
     A primeira promessa de que Deus salvaria a humanidade contém todos os principais elementos da salvação: O Salvador nasceria da virgem, seria Deus e homem, seria ferido e morreria, mas triunfaria. Adão e Eva se apegaram confiantes a esta promessa, mesmo não conhecendo ainda os diversos detalhes. Eles compreenderam o essencial: Que Deus lhes prometeu um Salvador. Na medida em que passavam os anos, Deus foi lançando cada vez mais luz sobre esta primeira promessa.
    Adão e Eva haviam experimentado a felicidade no paraíso. Mas, por causa do seu pecado, eles foram expulsos do paraíso. Agora vêem a conseqüência disso. O resultado do maldito é a terra por tua causa (v.17), podia ser visto em toda a parte. Cada vez em que um animal devorava outro, em que uma cobra devorava os filhotes de passarinho  num ninho, deixando os pais desses filhotes piarem desesperados. Além de terem que lutar contra doenças, mais tarde assistirem a intriga entre Caim e Abel, que terminou na morte de Abel. Em tudo isso Adão e Eva sabiam: É nossa culpa. Em tudo isso havia também um único consolo: Deus providenciará um Salvador. Agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Romanos 8.1). 

7 Advento

E deu o homem o nome de Eva a sua mulher, por ser a mãe de todos os seres humanos (Gênesis 3.20 RA).

    Adão viveu 930 anos. Durante esses anos contemplou a progressiva corrupção da geração humana e a destruição da terra em geral. Como eram pesadas as palavras de Deus: Maldita é a terra por tua causa (v. 17). Para onde quer que olhasse, via corrupção. E toda a corrupção clamava: Por tua culpa. Por tua culpa. Humanamente Adão e Eva deveriam ter enlouquecido diante dessa catástrofe, da qual eram culpados. Porém, a promessa de Deus lhes fornecia consolo e equilíbrio para a vida. Como devem ter-se apegado a esta promessa.
     O primeiro eco de fé nesta promessa encontrou nas palavras: E deu o homem o nome de Eva a sua mulher, por ser a mãe de todos os seres humanos (v. 20). Esse dar o nome e chamá-la a mãe de todos os seres humanos é confissão de fé. Confiavam na promessa divina, apesar da morte dos indivíduos. A humanidade continuaria e por ela viria o descendente da mulher para esmagar a cabeça da serpente.
    O secundo eco, de fé na promessa encontramos por ocasião do nascimento de Caim. Ao dar à luz, Eva disse: Adquiri um varão, o Senhor (Gn 4.1). Eva julgou que já seria o Salvador. Como já vimos, ela se enganou na pessoa e no tempo do cumprimento da promessa, mas foi expressão de sua fé. Adão e Eva ansiavam pela vinda do Salvador. Esta promessa era seu verdadeiro tesouro, sua esperança, sua fonte de consolo e razão de sua vida.
     A primeira promessa, apesar de bastante resumida, era compreensível em seu conteúdo principal. Deus salvará a humanidade. A promessa continha todos os elementos da história da salvação. O Salvador nasceria de uma virgem, seria verdadeiro Deus e verdadeiro homem, lutaria para salvar a humanidade, sofreria a morte, ressuscitaria e obteria a vitória. Com o passar do tempo, Deus lançou cada vez mais luz sobre esta primeira promessa.
     Hoje, nós temos a promessa cumprida em todos seus pormenores e esperamos o segundo advento em glória, a revelação do Filho de Deus que virá julgar vivos e mortos e criar novo céu e a nova terra, na qual habitará justiça (2 Pedro 3.13). Dizemos com o apóstolo João: Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é (1 João 3.2 RA).


8 Advento

Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós, e entre todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações. Porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra (Gênesis 9.12,13).

     O dilúvio é, exceto a vinda de Cristo, o evento mais importante da história da humanidade. O mundo está cheio de sinais do dilúvio, mas parece que os cientistas não querem vê-los. Da história do dilúvio temos muito a aprender.
     Noé nasceu no ano 959 da existência do mundo e faleceu quando mundo contava com 2006 anos, ou seja, dois mil anos antes do nascimento de Jesus.
    A causa do dilúvio foi a grande degeneração espiritual e moral da raça humana. Reinava grande corrupção, violência, casamentos mistos, (filhos de Deus, que são os crentes, casavam com filhos dos homens, incrédulos) que mostravam com isso sua indiferença para com a religião e para com Deus. Isto levou a um abandono do temos de Deus. O mundo estava maduro para o juízo.
     Então Deus falou ao piedoso Noé exterminarei a raça humana e farei um novo começo com tua família. Deus disse a Noé que concederia ainda um tempo de misericórdia de 120 anos. Nesse período Noé deveria pregar ao mundo, chamando ao arrependimento e anunciando a destruição da raça humana, caso as pessoas não se arrependessem. Noé pregou 120 anos e, incrível, ninguém lhe deu ouvidos, ninguém se arrependeu e se voltou a Deus. Como nos dias de hoje, conforme a profecia de Jesus a respeito dos tempos finais, nos quais haverá grande decadência moral, violência, guerras e revoluções, catástrofes na natureza e grande incredulidade. Mesmo assim a palavra de Deus é pregada em todo o mundo (Mt 24.6-14). Também nós estamos maduros para o juízo de Deus.
     Deus cumpriu sua ameaça. O dilúvio veio. Choveu quarenta dias e quarenta noites. Toda a terra foi coberta de água. A água subiu sete metros acima do monte mais alto. A humanidade e todos os animais pereceram somente os que estavam na arca foram preservados.
     Noé esteve um ano e 27 dias na arca. Então saiu. A primeira coisa que fez foi construir um altar. Ali adorou com seus familiares e agradeceu a Deus. Deus lhe disse: Estabelecerei minha aliança convosco (9.9), e com a vossa descendência.... Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós.... Porei nas nuvens o meu arco. Será por sinal da aliança entre mim e a terra (v. 9,12,13).
    Deus fez uma nova aliança com o ser humano. Ele conhecia bem este ser, cujo desígnio íntimo do homem é mau desde a sua meninice (v. 21). Mesmo assim Deus promete preservar a terra e não destruí-la novamente por um dilúvio. Ele zelará pela continuidade da nova vida e nós o experimentamos dia após dia. Mesmo assim, não falarão catástrofes, tsurinames, guerras, mas Deus está no comando e preservará a terra, até que Jesus venha em glória para juízo e criar novo céu e neva terra(Apocalipse 21.5; Fp 3.21). Com a ressurreição de Cristo, este cumprimento já está em andamento. Cada vez que vemos um arco-íris, olhamos nos olhos de Deus e lembramos sua promessa. Ali seus fiéis habitarão seguros eternamente seguros. Mas enquanto aqui queremos vigiar e orar, andar em arrependimento e fé, louvando e confessando seu nome, lembrando a advertência de Jesus: Assim como foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do homem: Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos... Assim será no dia em que o Filho do homem se manifestar (Lucas 17.28-30).   
    
9 Advento

Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!  Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.  Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o SENHOR, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã (Gênesis 12.1-4 RA).

     Parece inacreditável. A décima geração após Noé, após a grande catástrofe, sim 350 anos após o dilúvio, o mundo estava novamente mergulhado em grande idolatria. Desprezo a Deus e grande corrupção moral da humanidade por toda a parte. Durante nove gerações após o dilúvio, Deus fez ouvir sua voz. O filho de Noé, Sem, e os poucos fiéis proclamaram continuamente a palavra de Deus, mas a grande maioria a rejeitou. Para manter a promessa da salvação e a chama da esperança acessa, Deus fez um novo princípio. Ele chamou Abrão.
     Não havia nada de elogiável em Abrão. Em sua casa paterna, também já reinava a idolatria. Mesmo assim, Deus, em seu infindo amor à humanidade, chamou Abrão. Revelou-se a ele, o iluminou e santificou, assim continua a chamar, iluminar e santificar por meio de sua Palavra e seus sacramentos as pessoas, enquanto durar o tempo da graça. (Romanos 9.16; Êxodo 33.19).
     Disse Deus a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra (v.1-3).
     Que promessa maravilhosa. Sê tu uma bênção!... em ti serão benditas todas as famílias da terra. Abrão foi escolhido por Deus para ser o primeiro patriarca da grande nação judaica. Dessa nação viria o descendente da mulher, que é Cristo (Gálatas 3.16).
    Humildemente Abrão confiou nessa palavra e obedeceu a Deus. Saiu de sua terra natal, de Ur da Caldéia, da casa de seus pais. Por um bom tempo ele vagou errante pela terra da promessa, Canaã. Em todo o lugar onde levantou sua tenda, Síquem, Betel e outros lugares, ali levantou também um altar ao Senhor e pregou o nome do Senhor. Pregou o evangelho, a boa notícia da salvação por Cristo. Em suas peregrinações Abrão se consolava com a promessa, como o lemos em Hebreus: Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador (Hebreus 11.9-10 RA).
    Este belo exemplo de Abrão nós queremos seguir. Lembrar que somos peregrinos na terra. Não temos aqui morada permanente. Nossa pátria está nos céus, de onde aguardamos a vinda de Cristo. Por isso suplicamos: Venha o teu reino. As tentações são muitas. Tentações para amarmos o mundo, para buscarmos os divertimentos pecaminosos do mundo, para pensarmos: Cristo não virá tão logo. Estas tentações visam desviar-nos de Cristo e fazer-nos cair da fé. Apeguemo-nos à sua Palavra, lutemos corajosamente por vida santificada. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Apocalipse 2.10 RA).

10 Advento

O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos (Gênesis 49.10 RA).

     Corria, aproximadamente, o ano mil oitocentos antes do nascimento de Jesus. Numa tenda, na terra do Gozem do Egito, longe da terra prometida de Canaã, está deitado numa cama um velho ancião, era Jacó. Ele tinha 147 anos. Sabia que o dia de sua morte chegara, por isso chamou seus filhos para lhes conceder a bênção. Neste momento solene, o Espírito Santo iluminou Jacó e lhe mostrou o futuro de seus filhos e filhos dos filhos. Conforme o Espírito Santo lhe concedia, ele o revelava, pelo proferir as bênçãos. Sabe que seus filhos são carne nascida de carne. Que muitos pecados ocorrerão. Lembra seus próprios pecados. Saudades da salvação lhe invadem a alma.
    Chegando Judá, seu quarto filho, Jacó diz: Judá, teus irmãos te louvarão; a tua mão estará sobre a cerviz de teus inimigos; os filhos de teu pai se inclinarão a ti (v.8). Estas palavras devem ter alegrado profundamente sua própria alma. A salvação virá de Judá. De Judá nascerá o prometido descendente da mulher, o Salvador, que vencerá os inimigos da humanidade, pecado, morte e Satanás. Sua vitória será completa. Seus irmãos louvarão Judá por isso. Diante do Salvador, todos os filhos de Deus se inclinarão.
      Judá é leãozinho; da presa subiste, filho meu. Encurva-se e deita-se como leão e como leoa; quem o despertará? (v. 9) Aqui Jacó relata sobre a futura glória de Judá. Judá assumiu esta posição com a ascensão de Davi ao trono real. Alcançou sua grande glória com Salomão. Quem ousaria provocar a ira de Salomão? Porém, o verdadeiro leão da tribo de Judá é Jesus, que trouxe a paz eterna. Durante esse tempo de espera, o cetro não se arredará de Judá, até que venha Siló. A correta interpretação desta palavra Siló não é conhecida. Lutero vê nela a indicação para Jesus, o nascido da virgem Maria. Outros interpretes a vêem como alguém que traz paz e calma. Outros ainda como um sinal para o nascimento de Jesus. O Salvador nasceria quando Judá perderia o centro, a saber, o comando real. Isto aconteceu 37 anos antes do nascimento de Jesus, quando Herodes, o Grande, um edomita, descendente de Esaú, subiu ao trono e governou Judá. Uma coisa é certa, a palavra aponta para a vinda de Jesus, o Rei dos reis, que governará eternamente.
     A ele obedecerão os povos(v.10). Todos afluirão a ele. Bem-aventurados os que ouvem sua palavra e a guardam (Lc 21.28). Mesmo os rebeldes terão que lhe obedecer no dia do juízo final. 
      Ele amarrará o seu jumentinho à vide e o filho da sua jumenta, à videira mais excelente; lavará as suas vestes no vinho e a sua capa, em sangue de uvas. Os seus olhos serão cintilantes de vinho, e os dentes, brancos de leite (v. 11-12). Seu governo será de grande felicidade. Jamais se deu de comer a um jumento as preciosas uvas de Israel. Nesses dias isso acontecerá. Os mais desprezados poderão desfrutar com abundância a graça e o perdão de Jesus. Vede! Jamais um fariseu anunciaria perdão dos pecados a um publicano. Jesus come com eles e diz ao contrito malfeitor na cruz: Hoje estarás comigo no paraíso. Jesus governa em seu reino da graça com o perdão dos pecados. Jubilosos nós cantamos: Agora temos salvação por graça e por bondade. As obras não nos salvarão, são vãs na adversidade. Na fé confiamos em Jesus, que tudo fez por nós na cruz, sofrendo em humildade (Hinário Luterano 373.1. Romanos 3.28).
     Ao proferir esta bênção, Jacó exclamou: A tua salvação espero, ó Senhor! (v. 18)

11 Advento

O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás (Deuteronômio 18.15 RA).

     O povo de Israel, povo de Deus, portador da promessa de um Salvador, chegara à terra prometida. Sob a liderança de Moisés foram libertados da escravidão egípcia, peregrinaram 40 anos pelo deserto e tinham conquistado parte da terra prometida. Preparavam-se para passar o rio Jordão. Para Moisés, porém, a peregrinação chegara ao fim. Ele foi um varão mui manso, mas seus dias foram cheios de enfado e lutas. Devido a sua desobediência, num momento de irritação por causa da incredulidade do povo (Nm 20.12), não deveria passar o Jordão. Chegara a hora da despedida. Deus lhe disse que deveria subir ao monte Nebo, lá ele morreria. O monte Nebo distava 15 km ao oriente do ponto onde o rio Jordão desemboca no mar Morto. O monte tem uma altura de 806 metros. Do seu topo pode-se avistar grande parte da terra prometida: o mar morto, a terra de Judá, o monte Carmelo, sim até o monte Hermon. 
    Antes de subir ao monte Nebo, chamado também de Pisga, Moisés repetiu ao povo a lei de Deus e os advertiu para que permanecessem fiéis. Neste discurso proferiu estas palavras messiânicas: O Senhor teu Deus te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim: a ele ouvirás (v.15).
     Um profeta semelhante a mim. Isto se referiu a Jesus. Por isso Felipe, ao anunciar a Natanael sobre Jesus, disse: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José (João 1.45 RA). Moisés tem todo o cuidado para dizer: Semelhante a mim, não igual a mim. Jesus era muito superior a Moisés, mas em muitas coisas semelhante. Vejamos: a) Moisés era filho da nação judaica, Jesus também. b) Moisés, por amor ao seu povo, abandonou a corte real; Jesus, por amor à humanidade, saiu do lar celestial. c) Moisés teve grande compaixão de seu povo; Jesus, como nosso sumo-sacerdote se compadeceu da humanidade e orou e orou por ela. Ele é o nosso advogado diante do Pai (1 João 2.1). d) Moisés queria morrer por seu povo, porém isto de nada adiantaria,  pois ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate (Salmos 49.7 RA); Jesus deu sua vida e por ser verdadeiro Filho de Deus, salvou a humanidade. Agora Jesus nos diz: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei (Mateus 11.28 RA).
     Jesus foi semelhante a Moisés, mas em tudo superior a ele. Jesus foi ministro da nova aliança, não da letra, mas do espírito (2 Coríntios 3.6). O apóstolo Paulo escreveu: Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça.  Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste respeito, já não resplandece, diante da atual sobreexcelente glória (2 Coríntios 3.9-10 RA).
     Moisés subiu ao monte Nebo. Grande alegria inundou sua alma. Em breve estaria junto ao seu Salvador, de cuja vinda falou ao povo. Apesar de Deus ainda lhe mostrar a terra prometida, o que sem dúvida o alegrou, mas seus pensamentos já não estavam mais nas coisas dessa terra. Poderia cantar com o poeta sacro: Cidade altiva és tu, Jerusalém. / Ó Deus, vivesse eu lá! / De ti saudades a minha alma tem, / enquanto aqui está. / Nem campo, vale, serra a podem refrear; / fugindo desta terra, / procuro o eterno lar. (HL 540.1)
     Assim ainda hoje canta todo aquele que segue o conselho de Moisés e ouve a voz de Jesus. A este vale: Bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam! (Lucas 11.28 RA) Estes dizem com o apóstolo Paulo: Tenho o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Filipenses 1.23 RA).


12 Advento

     Dar-te-ei, porém, descanso de todos os teus inimigos; também o SENHOR te faz saber que ele, o SENHOR, te fará casa.  Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino.  Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino.  Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens.  Mas a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.  Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre (2 Samuel 7.11-16 RA).

     Corria aproximadamente o ano 1000 antes do nascimento de Cristo. Deus dera ao rei Davi descanso de seus inimigos. Certo dia, Davi estava sentado em seu palácio, olhando pela janela para o norte, o lugar onde estava a tenda da congregação, o tabernáculo, feito de panos e peles. Veio-lhe, então, a idéia de construir um templo para Deus. Davi falou de seus planos ao profeta Natã, que lhe respondeu: Faze tudo quanto está no teu coração. Mas, na mesma noite, o Senhor Deus apareceu a Natã e lhe disse: Vai, dize a meu servo Davi: Assim diz o Senhor: Edificar-me-ás tu casa para minha habitação?... o Senhor te faz saber que ele mesmo te fará casa... Farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei por Pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens, e com açoites de filhos dos homens (v.5,11-14).
     Uma profecia maravilhosa. Davi não deveria construir casa a Deus. O verdadeiro tempo Deus mesmo o construirá por seu Filho, Jesus Cristo. E Deus fez uma revelação muito misericordiosa a Davi. O Salvador, prometido a Adão e Eva, a Abraão e a Judá, que construirá a verdadeira casa de Deus, a igreja cristã, nascerá da descendência de Daví e, por isso, será chamado, segundo a carne, filho de Davi; mas ele será ao mesmo tempo o Filho de Deus. Nela Deus habitará, e habitará nos corações todos os fiéis, que formam a Santa Igreja Cristã, a comunhão dos santos. Os cristãos são pedras bem ajustadas, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito (Efésios 2.20-22 RA). Este descendente de Davi, verdadeiro Deus e homem, se vier a pecar, castigá-lo-ei com varas de homens, e com açoites de filhos de homens (v. 14). Isto se refere em primeiro lugar a Salomão, sucessor de Davi, mas também a Jesus. Jesus tomará sobre si os pecados de toda a humanidade. Será contado entre os transgressores. Deus, porém, não se retirará dele. Pois Jesus mesmo é Deus e vencerá morte e Satanás. Será vitorioso e Rei para sempre.
     Felizes os que pela fé pertencem a este rei e são pedras vivas neste santuário. Jesus habita em seus corações. Ele nos diz: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo (Apocalipse 3.20 RA). Este Jesus também nos receberá nos tabernáculo eternos ser permanecermos fiéis até ao fim, para com ele viverem por toda a eternidade. Oh, estivesse eu lá.

13 Advento

Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs?  Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo:  Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas.  Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles.  Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá.  Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião.  Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei.  Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão.  Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro.  Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra.  Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor.  Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam (Salmos 2.1-12 RA).

     Quanto júbilo deve ter vibrado na alma de Davi, depois que o profeta Natã lhe anunciou todas estas palavras que o Senhor lhe falou, a respeito do descendente de Davi, conforme ouvimos na devoção anterior. Davi agradeceu a Deus em oração. E fez mais do que uma oração, de agradecimento. Para mostrar que entendeu bem as palavras de Deus, compôs o Salmo 2.
     Deus deu o seu Filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Deus estava em Cristo reconciliando consigo e mundo, não imputando aos homens as suas transgressões (2 Co 5.19). Que imenso amor Deus tem demonstrado à humanidade e o oferece a todos. O que faz, no entanto, a grande maioria das pessoas? Eles se enfurecem contra o Senhor e seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas (v.2,3). Não querem a reconciliação. Não querem o amor de Deus. O Deus deles é o ventre, o mamon, a cobiça dos olhos e da carne (1 Jo 2.16)
     O que faz Deus Pai diante de tudo isso? Lemos: Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo lhes há de falar, e no seu furor os confundirá (v.4,5).  
    Que diz o Filho a tudo isso: Proclamarei o decreto do Senhor: Tu és meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de fere as regerás, e as despedaçarás como um vaso de oleiro (v.7-9). O Filho de Deus proclamará o decreto de Deus. Quem não se arrepender e crer, será despedaçado.
    O que diz o Espírito Santo? Ele diz: Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos nele com tremor. Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentre em pouco se lhe inflamará a ira (v.10-12). O Espírito chama todos ao arrependimento e convida a confiarem no Filho. Da fé brota o amor a Jesus. Os fiéis o honrarão eternamente. Eles devem zelar com temor e tremor por sua salvação.  Mas os incrédulos serão consumidos pela ira do Filho.
    O salmista termina com um louvor: Bem-aventurados todos os que nele se refugiam (v.12)


14 Advento

Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória.  Quem é o Rei da Glória? O SENHOR, forte e poderoso, o SENHOR, poderoso nas batalhas.  Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória.  Quem é esse Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória (Salmos 24.7-10 RA).

     Jesus afirmou: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; (Lucas 24.44-45 RA) No presente Salmo temos uma clara referência a Cristo: 1) A universalidade do seu reino. 2) A santidade e felicidade dos cidadãos deste reino. 3) O apelo para receber este Rei dignamente. O rei Davi, guiado pelo Espírito Santo,
escreveu este Salmo, como Salmo de Advento. Vale apena ler este Salmo de forma responsivamente em família, ou num programa de Natal.
- Todos: Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.  Fundou-a ele sobre os mares e sobre as correntes a estabeleceu. (Salmos 24.1-2 RA) – Este Senhor é Jesus Cristo. Por meio dele todas as coisas foram criadas. (João 1.1-3) O reino do Salvador Jesus não se limita a uma tribo, raça ou nação, mas se estende por todo o mundo, a todos os povos e línguas. Por isso Jesus deu a ordem: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mateus 28.19 RA). Ele é o teu Senhor, teu Criador. Tudo o que possuis é dele. Ele o confiou a ti. Tu deves usar tudo para sua glória e terás de prestar contas a Deus no dia do juízo.
- Primeiro leitor: Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? (Salmos 24.3 RA) – Deus tem usado muitos montes para ali falar aos homens. Lembramos o monte Sinai, o monte Gólgota e outros. O salmista diz: Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? (Salmos 121.1 RA) Monte aponta para o alto, onde Deus habita, para onde se elevam seus olhos e dirigem as orações dos fiéis. Por isso as igrejas cristãs gostam de ter uma torre em suas igrejas, que aponta para o alto. Nossa confiança está em Deus que habita em luz inacessível, mas que ao mesmo tempo está entre os seus, que vem a nós por sua Palavra e seus sacramentos.
- Segundo leitor: O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente (Salmos 24.4 RA.) - O profeta Isaías diz aos incrédulos: As vossas mãos estão cheias de sangue (Isaías 1.15 RA). Os incrédulos praticam a injustiça, são falsos e juram com mentira. Os puros de coração e de mãos limpas são os que lavaram suas vestiduras no sangue do Cordeiro, a saber, os que verdadeiramente crêem em Jesus. Como diz o apóstolo Pedro: Purificando-lhes pela fé o coração (Atos 15.9 RA).
Terceiro leitor: Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação.  Tal é a geração dos que o buscam, dos que buscam a face do Deus de Jacó (Salmos 24.5-6 RA). – O pecador, quer rico ou pobre, letrado ou iletrado, seja de que raça for, que arrependido crê em Cristo, é purificado por Cristo. Recebe de Jesus o perdão, a justiça que vale diante de Deus. Estes são os que buscam a face do Senhor Jesus. Face do Senhor é coisa que se pode ver e apalpar. São os meios da graça: Palavra e sacramento. Quem são os que buscam estas coisas? São os fiéis.
Todos: Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória (Salmos 24.7 RA). – Os cristãos não somente buscam os meios da graça, mas, visto que por meio deles Jesus vem fazer habitação em nós, eles lhe abrem bem a porta. Eles o recebem como o pai ou a mãe que vêm da cidade, carregados com presentes, abrindo-se ambos os flancos da porta. Assim os cristãos recebem, nesse tempo de Advento, o Salvador, pedindo que habite ricamente em seu meio. Por sincero arrependimento eles removem tudo o que possa impedir a entrada do Rei da Glória. Sim, tempo de Advento é tempo de abrir as portas e receber em fé a Cristo com sua graça, pois ele nos quer levar à glória eterna.                 

 15 Advento

    Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete (Números 24.17 RA).

      Parecia que as promessas dadas Abraão e Jacó demoraram em cumprir-se. O povo de Israel, que descera para o Egito, fora escravizado e isto por aproximadamente 400 anos. Finalmente Deus os libertou pela mão de Moisés. Agora estavam prontos para tomarem posse da terra prometida. Os povos cananitas estremeceram. O rei dos moabitas enviou mensageiros para buscarem o profeta Balaão, a fim de que amaldiçoasse o povo de Israel. Balaão não pertencia ao povo de Israel. Morava perto do reio Eufrates. Os moabitas tiveram que viajar mais de vinte dias para chegar a sua casa. Balaão conhecia o Senhor Deus. Era profeta de Deus. Consultava Deus. Deus lhe falava. Deus advertiu a Balaão, dizendo que Israel era seu povo escolhido, mas movido pela cobiça do dinheiro que o rei moabita lhe prometera, Balão foi com os mensageiros. No caminho, Deus advertiu o profeta através do burro que montava, mas Balaão continuou (2 Pedro 2.14-16).
     Chegado ao lugar, o rei dos moabitas prometeu a Balaão uma boa recompensa se amaldiçoasse Israel. Foram a um monte, de onde poderiam avistar o acampamento do povo de Israel. Mas Balaão, em vez de amaldiçoar, proferiu bênção e profetizou a respeito do futuro de Israel, lembrando novamente a promessa de um salvador. Ele disse: Eu o vejo, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe, e destruirá todos os filhos de sete... De Jacó sairá o dominador e exterminará os que restam das cidades (Nm 24.17,19). Balaão viu em visão o que iria acontecer mais tarde. Via como do povo que Deus formou dos descendentes de Jacó, cujo acampamento eles podiam contemplar do monte, sairá uma estrela, um cetro, um dominador. Esta estrela é Jesus, que afirmou: Eu sou a luz do mundo (Jo 8.12), o Rei dos reis (Jo 1.49), o dominador, diante de quem todos se prostrarão no dia do juízo final.  
     Ao mesmo tempo Balaão vê que os quenitas têm habitação segura. Eles, como os primeiros gentios, terão parte no reino de Deus e na graça de Cristo. Enquanto que os inimigos de Israel, também os que vêm do ocidente, que são os romanos, serão destruídos.
     Bem-aventurados os que nele crêem e o louvam, maldito todos os que não lhe obedecem e o amaldiçoam. Infelizmente, devido sua ganância, sua maldade, o próprio Balaão que conhecia a verdade, mas após as visões que Deus lhe dera, ele se volta contra o povo de Israel, e, rejeitando as promessas, dá um conselho perverso a Balaque de como poderia tentar Israel, para que Deus os castigasse. Balaão tornou-se uma séria advertência para todos os profetas e pastores.

16 Advento

Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.  O SENHOR enviará de Sião o cetro do seu poder, dizendo: Domina entre os teus inimigos.  Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder; com santos ornamentos, como o orvalho emergindo da aurora, serão os teus jovens.  O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.  O Senhor, à tua direita, no dia da sua ira, esmagará os reis.  Ele julga entre as nações; enche-as de cadáveres; esmagará cabeças por toda a terra.  De caminho, bebe na torrente e passa de cabeça erguida (Salmos 110.1-7 RA).

     Este Salmo, afirma Lutero, é um dos principais Salmos que falam de Jesus. O rei Davi vê o Messias no seu trono real.
     Neste Salmo temos uma maravilhosa visão de Cristo como rei e profeta, assentado à direita de Deus Pai, no trono de sua glória, dirigindo a igreja cristã, para depois julgar vivos e mortos.
     O que rei Davi pensou quando Deus lhe revelou este Salmo pelo Espírito Santo? O que era o trono de Davi, ornamentado com ouro e prata, em comparação ao trono glorioso de Cristo no céu.
     O rei Davi não só escreveu o Salmo, ele também o compreendeu corretamente. Vemos isso pelas palavras de Jesus: Disse o Senhor ao meu Senhor: Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Responderam-lhe eles: De Davi. Os fariseus responderam corretamente, mas não queriam admitir que Jesus é verdadeiro Deus, conforme a profecia de Isaías (9.6). Por isso Jesus lhes disse: Como, pois, Davi, pelo Espírito, chama-lhe Senhor, dizendo: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés? (Mateus 22.42-44 RA)
     Pelo Espírito Santo, o rei Davi ouviu uma palavra que Deus Pai diz ao Senhor de Davi, que é o Filho de Deus, o Salvador prometido, Jesus Cristo, que ao mesmo tempo é verdadeiro homem da descendência de Davi. E o que ele ouviu: Assenta-te à minha direita. O assentar-se a direita significa receber o poder, para agir em nome e com a autoridade do Rei. O evangelista Marcos nos relata sobre o cumprimento desta profecia: De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus (Marcos 16.19 RA). Jesus está sentado à direita do Pai até que todos os inimigos serão subjugados debaixo de seus pés (Hebreus 10.12,13). No dia do juízo final não termina o seu poder, mas será o dia da grande mudança. Cristo então entregará seu ofício ao Pai, a quem serviu. Então Cristo, dominará com o Pai no reino da glória eternamente (2 Timóteo 4.18; Apocalipse 21.1-8).
     O rei Davi, guiado pelo Espírito Santo, diz, o Senhor enviará de Sião o cetro do seu poder, dizendo: Domina entre os teus inimigos (v.2). De Sião, isto é, de Jerusalém, dalí o reino de Cristo se estenderá por todo o mundo. Ele dominará, não com a espada ou poder terreno, mas com a palavra de Deus, o Evangelho, poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Romanos 1.16). Domina entre teus inimigos. Por natureza todos são inimigos de Cristo. Pela fé na graça de Cristo nos tornamos filhos de Deus. Cristo se movimenta entre os inimigos pelo evangelho, a fim de levá-los ao arrependimento e à fé na graça.
     Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder; com santos ornamentos, como o orvalho emergindo da aurora, serão os teus jovens. (v.3) No dia do seu poder, após a ressurreição, Jesus pôde dizer a seus discípulos: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. (Mateus 28.18 RA) Pela pregação e a administração dos sacramentos, Jesus reúne sua igreja, os eleitos. Estes o servem voluntariamente, ornamentados com a justiça de Cristo, renascidos para serem, como o apóstolo Pedro o afirma: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. (1 Pedro 2.9 RA)
     O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. (Salmos 110.4 RA) Jesus é nosso Rei e Sumo sacerdote que se coloca entre Deus e nós. Ele nos ensina, ele se sacrificou por nós, ele intercede por nós. Ele nos conduz à vitória final.

17 Advento

E continuou o SENHOR a falar com Acaz, dizendo: Pede ao SENHOR, teu Deus, um sinal, quer seja embaixo, nas profundezas, ou em cima, nas alturas.  Acaz, porém, disse: Não o pedirei, nem tentarei ao SENHOR. Então, disse o profeta: Ouvi, agora, ó casa de Davi: acaso, não vos basta fatigardes os homens, mas ainda fatigais também ao meu Deus? Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel. Ele comerá manteiga e mel quando souber desprezar o mal e escolher o bem.  Na verdade, antes que este menino saiba desprezar o mal e escolher o bem, será desamparada a terra ante cujos dois reis tu tremes de medo (Isaías 7.10-16 RA).

    Quem seria capaz de descrever a profundidade, a altura, a largura do amor de Deus? Vamos meditar num episódio que revela em parte a profundidade do amor divino. Acaz foi rei sobre Judá. Seu pai, o rei Jotão, foi homem piedoso e fez o que era reto diante do Senhor. Mas seu filho Acaz, abandonou a Deus e fez o que era mau. Chegou ao ponto de queimar seu próprio filho a ídolos. Entrando o rei Acaz em apuros, por causa de seus inimigos, Deus lhe enviou o profeta Isaías, para lhe dizer: O Senhor teu Deus – impressionante. Deus ainda não se envergonha dele, mas o ama e lhe revela sua misericórdia. – O profeta lhe prometeu o amparo de Deus e lhe disse: Pede ao SENHOR, teu Deus, um sinal, quer seja embaixo, nas profundezas, ou em cima, nas alturas (v.11). Acaz recebe uma ordem e uma promessa, em sua incredulidade, no entanto, o rejeita a oferta de Deus. Prefere confiar em homens, no rei da Síria, com o qual já fez um contrato. Ele rejeitou a oferta de Deus com palavras piedosas.  Não o pedirei, nem tentarei ao SENHOR (v.12). Tentar ao Senhor seria se não tivesse nem ordem nem promessa e insistisse em querer um sinal. O rei Acaz rejeitou o auxílio de Deus. Com isso encheu sua medida de pecados. Deus o rejeitou. De agora em diante haveria ruína para Judá. O profeta Isaias diz: Ouvi, agora, ó casa de Davi: acaso, não vos basta fatigardes os homens, mas ainda fatigais também ao meu Deus?(v. 13) Com sua persistente incredulidade não cansaram somente homens, os profetas e piedosos em Israel, mas a Deus. Deus estava cansado de carregar este povo rebelde. Somente um sinal ainda lhes seria dado. Um sinal que revelaria o profundo amor de Deus à humanidade. Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel (v.14).
     Eis que! Todos devem dar atenção especial a esta grande manifestação do amor de Deus. A virgem conceberá e dará à luz um filho. Em vão os estudiosos tentam desinterpretar essas palavras. Elas são inabaláveis. Uma virgem conceberá. Eis o grande mistério do amor de Deus. O próprio Filho de Deus, o Verbo eterno, virá à humanidade, nascendo de uma virgem. Quando se cumpriu o tempo, o anjo explicou à virgem Maria:  Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus (Lucas 1.35 RA). O Filho de Deus virá ao mundo e se humilhará a nascer de uma criatura humana pecadora (Romanos 7.18). Isto era profunda humilhação. Que grande amor e misericórdia da parte de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai (João 1.14 RA).
      E lhe chamará Emanuel. (v.14) Emanuel quer dizer Deus conosco. Este nome não visa especificar a obra de Cristo, mas sua pessoa. Ele, Jesus, verdadeiro homem nascido da virgem Maria e também verdadeiro Deus, gerado do Pai desde a eternidade. Neste sentido, Deus e homem, ele está conosco, ele habitou nesta terra. Ele cumpriu a lei em nosso lugar, padeceu, sofreu, morreu e ressuscitou no terceiro dia, triunfando sobre nossos inimigos: pecado, morte e Satanás. Assim ele tornou possível a volta das pessoas a Deus, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16).

18 Advento

O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz (Isaías 9.2 RA).

     O grande presente de Deus. O povo que andava em trevas viu grande luz. O profeta não se refere somente ao povo de Israel, que andava em grandes dificuldades, ele se refere a toda a humanidade que vivia em trevas, na região da sombra da morte. Nas trevas do pecado, da escravidão de Satanás. Apesar de existir tanta luz no mundo e o homem ser tão inteligente, podendo dominar as forças da natureza, capaz de fabricar aviões e máquinas poderosas, ele anda nas trevas. Seu íntimo desejar e pensar, sua força motriz está escravizada pelo pecado, do qual gosta, ao qual serve, ao qual considera fonte de sua alegria e de prazer, ao qual não quer abandonar. Na escuridão dessas trevas não vê que está correndo para a ruína eterna, o inferno. Não vê que está sob a ira de Deus (Salmo 51.5; Romanos 7.24).
     A este povo, resplandeceu a luz. Que luz é esta? A luz é descrita no versículo seis: Um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o governo está sobre os seus ombros.Um menino nos nasceu. É importante notar que ele é verdadeiramente um menino, verdadeira pessoa humana, e nasceu para nós. Nós precisamos muito dele. Ele é mais do que um menino. Ele é um filho que nos foi dado, a saber, o próprio filho de Deus. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16 RA). Quanto júbilo o profeta deve ter sentido quando isto lhe foi revelado por Deus?
     Reconhecer esta verdade é a suprema sabedoria nesta terra. Porém isto só pela iluminação do Espírito Santo, porque o homem natural é cego em coisas espirituais. É necessário que a própria Luz que veio ao mundo, Jesus, nos ilumine. Ele quer fazê-lo, e o faz por sua palavra. Por isso Jesus afirmou: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (João 8.31-32 RA). Esta palavra nos mostra nosso maravilhoso Salvador.
     O governo está sobre os seus ombros. Já desde pequeno, desde a manjedoura, o governo está sobre seus ombros. O governo de todas as coisas, sobre tudo, porém, o governo de sua igreja. O trabalho de salvar a humanidade. Sua árdua luta contra o pecado, a morte e Satanás. E ele diz: Tu me deste trabalho com os teus pecados. (Isaias 43.24) Estamos contentes e jubilosos por termos um Salvador tão maravilhoso. Os nomes que lhe são atribuídos descrevem bem a sua pessoa.
1. Maravilhoso - A pessoa de Jesus e o plano da salvação são maravilhosos. Quem jamais poderia imaginar tão maravilhoso plano de salvação. Maravilhoso é o amor de Deus Pai. Maravilhoso é Jesus. Maravilhoso é a obra da salvação.
2. Conselheiro - Onde ninguém sabia solução, ele soube. Jesus também continua ao lado de todos os fiéis como Conselheiro. Quantos já se dirigiram em oração a ele e foram atendidos. E bem-aventurados são os que aceitam os seus conselhos e se deixam dirigir por sua Palavra.
3. Deus forte - Não só ajudou com bons e sábios conselhos, mas ajuda com poder. O povo de Israel gostava de lembrar o poder de Deus: Ele nos libertou da escravidão egípcia. Ele nos alimentou no deserto, nos conduziu à terra prometida. Tudo isso em escala muito mais sublime, Jesus fez a nós.  É bom lembrar esses fatos. Ele nos libertou do pecado, da morte e do poder do diabo. Ele nos iluminou. Ele nos conserva na fé. Ele nos guia para o lar celestial.
4. Pai da eternidade - Seus conselhos, seu poder excedem a tudo, porque ele é verdadeiro Deus, Pai da eternidade. Que maravilhoso Pai, temos nós. E ele mesmo nos ordenou que assim o chamássemos: Pai nosso que estás nos céus.
5. Príncipe da paz - Para isso ele veio ao mundo e nasceu em Belém. Nasceu como príncipe para nos conquistar e dar a paz. Ele lutou, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação (2 Coríntios 5.19 RA). Todo aquele que confia em sua Palavra, tem o que elas dizem e prometem: a paz e a vida eterna. Seu reino é maravilhoso. Em gratidão queremos fazer tudo para que o reino deste príncipe seja cada vez mais estendido. 

19 Advento

Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo (Apocalipse 3.20 RA).

     Na carta à congregação de Laodicéia, Jesus diz: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente... arrepende-te (v. 15,19).
     Jesus veio salvar a humanidade. Por mais que Satanás tentou impedir isso, desde a primeira promessa dada por Deus, ele não o conseguiu. Jesus venceu o pecado, a morte e a Satanás e reconciliou toda a humanidade com Deus (1 Co 5.19). Ele ordenou que esta boa nova, o evangelho, fosse pregada em todo o mundo (Mc 16.16). Jesus quer habitar em todos os corações. Esta graça, no entanto, é resistível. Alguém pode resistir à ação do Espírito Santo, rejeitar o amor de Cristo, permanecer escravo de Satanás. E mais, mesmo pessoas que chegaram à fé, em cujos corações Cristo habita, Satanás tenta reconquistá-los. Visa prostrá-los no pecado, para que entristecem o Espírito Santo, e venham a cair da fé, para voltarem à escravidão do pecado. Este era o caso de muitos membros da congregação em Laodicéu, e, sem dúvida, o caso de muitos membros da cristandade hoje.
     Mesmo assim, Jesus continua a amar a congregação de Laodicéia. Ele não desiste dela.  Ele diz: Eis que estou à porta e bato. Impressionante.  
     Ele está diante da porta. Que vergonha para uma congregação ou um cristão. Jesus que deveria estar lá dentro está do lado de fora diante da porta fechada. Mesmo assim, ele não vai embora, mas bate. Ele bate com o martelo da lei, para quebrar os ferrolhos do pecado, que trancam a porta. Muitas vezes ele usa também o martelo da dor, do sofrimento para nos acordar de nossos pecados, para que demos atenção ao seu chamamento.
    Quando a lei quebrou os ferrolhos e conduziu a pessoa ao reconhecimento de seus pecados, Jesus o chama pelo seu evangelho, que gera a fé. Acessa a fé, a pessoa diz a Jesus: Entra bendito do Senhor, por que estás aí fora? (Gn 24.31) E Jesus entra novamente para cear com os seus. No Oriente o jantae serve sempre como uma oportunidade de reconciliação. Alguns usam o costume de se darem as mãos na hora da janta e, começando pelo filho menor, dizerem uns aos outros até os pais aos filhos: “Perdoa-me se ofendi ou agi erradamente.” Jesus vem a nós com o seu perdão e reconciliação. Ele diz: Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci, e me sentei com meu Pai no seu trono (v.21). O vencedor é aquele que permanece fiel até ao fim. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz à Igreja (v.22).

20 Advento

Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo.  Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR. (Isaías 11.1-2 RA)

     O profeta Isaías (740 a.C.) é o profeta do evangelho no Antigo Testamento. Mesmo assim também anuncia a lei de Deus. Anuncia a lei para preparar o caminho ao evangelho. Assim o profeta teve a árdua missão de anunciar a destruição do povo de Israel por causa de sua incredulidade. Ao mesmo tempo foi lhe dado ver para muito além da destruição e do cativeiro babilônico (606 – 586 a.C.). Foi lhe dado ver o tempo do nascimento do Messias, o salvador Jesus Cristo. E ele o descreveu assim: Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo. (v.1) Do tronco de Jessé. Jessé foi o pai do grande rei Davi. Jessé vivia na cidade de Belém, de Judá. Era um simples camponês desconhecido. Deus veio à casa de Jessé para chamar seu filho Davi, a quem Deus havia escolhido para ser rei sobre Israel. Sob o reinado de Davi, o povo de Israel prosperou como árvore frondosa em cuja sombra até os gentios procuraram abrigo. – Mas os sucessores de Davi, infelizmente, não seguiram os passos de seu pai. Eles se rebelaram contra Deus e fizeram o povo pecar. Adoraram outros deuses. A ira de Deus se ascendeu contra eles. Deus usou os gentios como vara de açoites e castigou severamente a Israel. A glória passou. A descendência de Davi foi reduzida à pobreza e era tão desconhecida como Jessé, o pai do rei Davi. Quem jamais imaginara que a pobre jovem Maria, da descendência de Davi, fosse escolhida por Deus para ser a mãe do Salvador e o pobre moço José para assumir  a responsabilidade de pai adotivo, para cuidar de Maria e do menino Jesus. Ao profeta Isaías foi dado ver o cumprimento desta promessa: Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes um renovo. A árvore frondosa do reinado e da glória do rei Davi caiu e desapareceu. Não havia mais vestígios de sua glória. Restou apenas uma pequena raiz, oculta, a quem ninguém atribuía mais esperanças. Esta raiz Deus escolheu para dali fazer brotar um renovo. Este renovo era o descendente da mulher, o filho da virgem, o Emanuel. Como renovo, ele crescerá. A saber, será desprezado, em quem os homens não terão prazer. Por isso diz o próprio profeta Isaías: Ele foi subindo como renovo perante ele, e como raiz duma terra seca: não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens (Is 53.2,3). Assim foi a vida de Jesus, um nazareno desprezado. Ele mesmo assim ele afirma: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo (Jo 12.32). Porque sobre ele repousa o Espírito do Senhor.
     O Espírito de sabedoria e de entendimento. A sabedoria de conhecer a profundeza de Deus e entendê-la.
     Conselho e fortaleza. Ele sabe conselho e tem força para executá-lo. Lembramos que Jesus é Conselheiro e Deus forte.
     Conhecimento e temor do Senhor. Este conhecimento é a fé, a comunhão com Deus que resulta em adoração e temor. 
     Este renovo fundará um reino de paz. Conforme os anjos o anunciaram nos campos de Belém: Paz na terra aos homens a quem ele quer bem (Lc 2.14). E quem desfrutar esta paz pela fé na graça de Cristo, recebe a adoção de filho de Deus, herdeiro do céu. Este será um filho da paz que proclamará a paz aos demais, amando mesmo os inimigos. Até passar da igreja militante, que constantemente luta contra os perturbadores da paz, para o reino eterno da glória. Cantamos: Oh estivesse eu lá.

21 Advento

Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge (Isaías 28.16 RA).

     Quando a construção de uma igreja envelheceu e reformas não resolvem mais, é preciso pensar na construção de uma igreja nova. Para isso, muitas coisas são necessárias.
     Um momento impressionante e festivo, numa nova construção, é a colocação da pedra fundamental, ou chamada também de pedra angular. É a pedra pela qual toda a construção, todos seus ângulos serão orientados. Do bom assentamento dessa pedra, bem como da boa qualidade dela, dependerá todo o fundamento e toda a construção.
     A Bíblia afirma que a Igreja Cristã tem um fundamento inabalável. Este fundamento e Jesus Cristo (1 Co 3.11; 2 Tm 2.19).
    Este fundamento já foi anunciado no Antigo Testamento. Quando o povo de Israel, tanto Judá como as outras dez tribos se corromperam, deram as costas a Deus e se voltaram para ídolos, o profeta Isaías lhes anunciou que Deus, após o castigo que viria sobre eles devido sua incredulidade, faria um novo início.
     Corria o ano 725 antes de Cristo. Deus já havia preparado os planos para castigar a incredulidade, os açoites para tanto já estavam prontos. As dez tribos do norte foram destruídas por Salmanassar, que no ano 724 sitiou Samaria, que foi conquistada no ano 722 pelo rei Sargão, sucessor de Salmanassar. As dez tribos foram levadas ao cativeiro, espalhadas entre as nações e nunca mais se recompuseram. Judá recebeu mais um prazo de 137 anos para arrependimento. Como não deram ouvidos a Deus, veio o castigo. Eles foram levados ao cativeiro babilônico, onde permaneceram por 80 anos (606 – 586 a.C.).
     Tudo isso Deus mostrou com antecedência ao profeta Isaías que o proclamou a Judá. E em meio a esta proclamação do juízo de Deus, o profeta Isaías pode dar novas esperanças a Judá e proclamar que Deus, em sua misericórdia, construirá um novo templo, fará um Novo Testamento com a humanidade, bem diferente do primeiro. Será um reino eterno, cujo fundamento será lançado em Sião, Jerusalém. O profeta fala como se o assunto já estivesse em andamento, em construção: assentei, desde a eternidade. Não somente a pedra angular, mas cada pedra dessa construção (Ef 1.4). Uma pedra já provada na luta, na aflição, no sofrimento. Esta pedra é Jesus, que lutou contra os poderosos e infernais inimigos da humanidade. Que carregou os pecados da humanidade sobre si, suportou a ira de Deus. Pedra preciosa e única de salvação para toda a humanidade. Por esta pedra os fiéis do Antigo Testamento esperaram. Eles aguardavam a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador (Hb 11.10). É pedra angular, porque orienta toda a construção. Solidamente assentada, que durará para toda a eternidade. 
     Aquele que crer não foge (v.16 RA). Muitos se escandalizarão nesta pedra. Ela será uma pedra de tropeço para muitos, que nela se arruínam por causa de sua incredulidade. Mas todos os que crêem em Cristo, serão edificados sobre ela. O apóstolo Pedro afirma: Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo (1 Pedro 2.4-5 RA). O que crê e está edificado sobre esta pedra, diz o profeta: Não foge! A luta é árdua. Como o vento açoita um edifício, como as ondas do mar lutam contra o farol, assim o diabo , como leão que ruge, luta contra os cristãos, procurando destruir-lhes a fé. Eles não fogem, mas luta valorosamente, crucificando sua própria “carne” e resistindo ao diabo. As portas do inferno não prevalecerão contra a igreja de Cristo. Os fiéis dizem com o apóstolo Paulo: Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?...  Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 8.35,38,39 RA). Cantamos com o reformador, Martinho Lutero: Se vierem roubar os bens, vida e o lar – que tudo se vá! Proveito não lhes dá. O céu é nossa herança (HL 165.4).

22 Advento

Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios.  Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça.  Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito (Isaías 42.1-3 RA).

    Até aqui, as profecias apresentaram o Salvador como um rei, um príncipe, um libertador. De repente o quadro muda. O Salvador é apresentado como um servo, ou melhor, escravo. Isto deve ter sido um choque tanto para o próprio profeta como para muitos que ouviram esta pregação. Assim o foi também quando o próprio Cristo veio ao mundo. Ele não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos (Mt 20.28). Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve (Lc 22.27). Esta verdade, em si, não era nova. Já estava contida na primeira promessa de salvação dada a Adão e Eva. Ali Deus disse: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn 3.15). Mas, nossa natureza carnal interpreta as melhores passagens com a razão e as distorce, buscando somente dias aprazíveis aqui na terra. Assim os judeus interpretaram mal muitas preciosas promessas divinas. Sonharam com grandeza material. Deus os levou ao cativeiro babilônico. Mesmo escravizados, não reconheceram seus pecados, nem se arrependeram, mas sonhavam com um libertador material. Igualmente no tempo de Jesus, quando Israel estava sob o domínio romano, só pensavam num libertador material. E quando Jesus não lhes satisfez esse desejo, eles o rejeitaram. Eles esqueceram que a pior de todas as escravidões é a escravidão espiritual. Por isso o profeta mostra com clareza esta face do Salvador Jesus. Ele é servo sofredor.
     Naquele tempo, a palavra servo tinha bem outro significado do que hoje para nós. Ser servo era algo vil, era ser escravo que poderia ser tratado comum um animal. O grande filósofo Aristóteles (400 a. C.) ensinou ao seu aluno Alexandre, que mais tarde foi o grande rei da Grécia, Alexandre o Grande: que servir é contra a dignidade humana, isto é, próprio de um animal. Mas os pensamentos de Deus não são nossos pensamentos (Is 55.8).
     Jesus veio ao mundo em profunda pobreza. Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana (Filipenses 2.6-7 RA). Como servo ele não gritou nas praças (v. 1). E advertiu seus discípulos que não o expusessem à publicidade (Mt 12.16).
    Como servo, fará algo maravilhoso: Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito (v.3). Que imenso amor. Todos os evangelhos testemunham desse amor. Com que amor Jesus aceitou a Maria Madalena e lhe curou as feridas da alma com sua palavra do perdão (Lc 8.2). Com que amor disse à mulher adúltera: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais (João 8.11 RA). Come com os pecadores, a fim de chamá-los ao arrependimento e à fé. Gravemos estas verdades fundo em nosso coração para consolo e edificação de nossa fé.
    Ele promulgará o direito e a justiça. Por sua obediência ao Pai até a morte e morte de cruz, Jesus conquistou justiça, isto é, perdão, vida e salvação para toda a humanidade. Para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Fomos agraciados pelo Servo, e neste espírito queremos servir aos que nos cercam.

23 Advento

Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime.  Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens), assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a sua boca por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram entenderão (Isaías 52.13-15 RA).

     Ao lermos estas palavras, parece que alguém nos toma pela mão e nos tira do maravilhoso tempo de advento para nos levar ao tempo quaresmal, da paixão de Cristo. Parece que alguém nos leva ao palácio de Pôncio Pilatos, depois pela via dolorosa à cruz do Gólgota para contemplarmos a fronte ensangüentada. Estas palavras, no entanto, que são muito mais do que uma simples profecia, são sobre tudo, conforme já dizia santo Agostinho, puro evangelho e pertencem também à mensagem do advento.
    Ontem contemplamos o servo de Deus. Hoje queremos ouvir mais um pouco sobre ele. O profeta Isaías descreve, no final do capítulo 52 e no capítulo 53, a humilhação, paixão e morte do servo de Deus. Mas já coloca no início e no fim da descrição a vitória do servo e sua exaltação.
     Eis que o meu Servo procederá com prudência (v.13). Com prudência para alcançar seu objetivo, a salvação da humanidade. Assim que, apesar do árduo trabalho, apesar de serem colocados sobre seus ombros todos os pecados da humanidade, apesar de toda a astúcia de Satanás para arruinar este plano da salvação, apesar da profunda humilhação a que se submeterá, apesar do árduo sofrimento, ele sairá vencedor.
    A sua prudência levará a três resultados maravilhosos. Com muita sabedoria o profeta Isaías, inspirado pelo Espírito Santo, coloca três verbos, para explicar o resultado da prudência: a) Será exaltado. Não ficará na humilhação, mas sairá e se erguerá dela vitorioso, indicando sua ressurreição; b) será elevado, indica o processo de sua exaltação, indicando sua ascensão ao céu; c) será mui sublime, o seu estado de exaltação, a saber, o estar assentado à direita de Deus.
     No versículo 11, o profeta volta a falar dos resultados de seu penoso trabalho e de sua exaltação. Verá o fruto do penoso trabalho de sua alma. Não só do seu corpo que trabalhou e sofreu, mas de sua alma também. O resultado é que ficará satisfeito. Sua alma se alegrará nos salvos. Esta é a grande alegria de Deus e seu verdadeiro lugar de descanso, na alma dos cristãos, dos que foram salvos pelo perfeito trabalho de Jesus. Ter comunhão e poder habitar nos corações é a sua grande alegria.
    O meu servo, o Justo. Não no sentido de alguém que exige justiça ou é simplesmente justo, mas de alguém que distribui justiça. O meu Servo, o Salvador. Aquele que, após seu penoso trabalho, confere justiça. Ele, que cobre o pecador arrependido, com seu próprio manto de justiça. Este Servo não só executou a salvação, nossa salvação, como também a traz e a aplica ao nosso coração. Quem crê, tem o que estas palavras dizem, prometem, e selam, a saber, perdão, vida e eterna salvação. O apóstolo Paulo afirma: Somos transformados em servos de Deus (Rm 6.22).      

24 Advento

Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre ti.  Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o SENHOR, e a sua glória se vê sobre ti.  As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu (Isaías 60.1-3 RA). – Epifania

     Advento, como já vimos, é tempo de preparo. O profeta Isaías diz: Dispõe-te! Isto quer dizer: Prepara-te! Levanta-te! Apronta-te! Porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre ti. Esta luz é Cristo. O profeta já o anuncia, em forma de profecia, das coisas futuras. Esta vinda é certa e já era para eles, no Antigo Testamento, consolo e força para se reerguerem e jubilarem.
     Eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos. São as trevas do pecado. Nestas trevas também nós nascemos. Nossa natureza carnal, por nascimento está em trevas e é cega, não vê a luz do amor de Deus, antes a detesta. Mesmo assim, Deus amou e ama a humanidade e fez nascer e resplandecer sobre ela a luz. Enviou o Salvador e ordenou pregar a palavra de Deus a todas as nações, a palavra daquele que é a luz do mundo. Por meio dessa palavra, o Espírito Santo ilumina, chama e congrega.
     A primeira vez que a luz resplandeceu em nossos corações foi por ocasião do batismo. Fomos batizados em nome do Deus triúno. Ali o Espírito Santo operou a fé. Renascemos pela água e o Espírito. O Espírito manteve esta fé. Por sua palavra ele continua a nos iluminar, fortalecer e guiar neste mundo em trevas, rumo ao lar celestial.
     Resplandece! Quem poderia deixar de resplandecer. Recebemos vida nova. Queremos andar em novidade de vida (Romanos 6.8), a saber, lutar contra o pecado e servir a Deus, amando nosso próximo como a nós mansos.  No servir, por nosso culto diário e o culto com os irmãos, confessamos o nome de Deus para sua glória. Dizemos com o apóstolo Paulo: O que temos visto e ouvido, anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo (1 João 1.3 RA). Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos (Atos 4.20 RA). Assim nós também resplandecemos, refletimos a luz que está em nós, que nos fortalece, que nos guia em nosso falar e agir, irradiando a esperança que está em nós. Esta sua glória se vê sobre ti, sobre todos os fiéis. Assim encaminhamos muitos a Jesus.
    Que também este tempo de Advento, Natal e Epifania seja um tempo em que deixamos resplandecer bem alto a mensagem do Salvador Jesus.

25 Advento

Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre ti.  Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o SENHOR, e a sua glória se vê sobre ti.  As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu (Isaías 60.1-3 RA). – Epifania

          O povo de Israel caiu em ruína espiritual. Abandonaram a Deus e se voltaram para ídolos. Em seu meio grassavam todos os tipos de pecados e aberrações - assim como em nossos dias. Em breve desabaria sobre eles o juízo, a ira de Deus. Deus já preparou as varas. Os povos gentílicos seriam o açoite nas mãos de Deus para castigar a obstinada e incrédula Judá. O profeta Isaías, como outros, teve a difícil missão de chamar o povo ao arrependimento e anunciar-lhe o castigo, caso não dessem ouvidos à voz de Deus. Ao mesmo tempo Deus lhe revelou, por sua misericórdia, a salvação que estava preparando, não somente para Judá, mas para toda a humanidade. O profeta vê resplandecer a luz, vê chegar o momento do nascimento do Salvador. Vê também a expansão missionária. Por isso, ele conclama o povo de Judá em trevas: Dispõe-te, resplandece. Levanta-te do chão. Porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre ti. O Salvador está por vir. Deus te é misericordioso. A glória do Senhor, isto é, sua infinda misericórdia, resplandece sobre ti.
     As trevas sobre Judá eram enormes, bem como sobre toda a terra, todas as nações. Devido à incredulidade de Judá, Deus castigou os judeus com o cativeiro babilônico. Mas, para que não eles desesperassem, Deus anunciou pelo profeta Isaías, a salvação, por Jesus Cristo. Esta mensagem deveria dar-lhes consolo, força e ânimo no sofrimento e esperança da libertação.
     E no auge dessa escuridão, dessas trevas, Deus fez Jesus nascer, numa humilde estrebaria em Belém da Judéia. Naquela noite, o céu se iluminou para os pastores nos campos de Belém e a mensagem da salvação lhes resplandeceu: O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.  E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura.  E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem (Lucas 2.10-14 RA). Os pastores foram adorar. E, alguns meses depois, guiados por uma estrela, vieram os Magos do oriente adorar também. A notícia se espalhou. O círculo dos adoradores aumentou. Mas Satanás despertou inimigos de todos os lados para sufocar a salvação, porém em vão. Jesus venceu. Ainda hoje sua vitória é proclamada no mundo e será assim enquanto durar o tempo da graça.
    A luz que nasceu, traz consigo paz, esperança e a vida eterna. Sim, sua luz é a paz eterna. Há louvor e alegria entre os que se achegam à luz. Esta alegria dura por toda a eternidade. Todo o sofrimento terá um fim. Todas as lágrimas serão enxugadas. Nunca mais se ouvirá de violência na tua terra (v.18). Aqui na terra os fiéis deixam sua luz brilhar, isto é, sua alegria pelo perdão. Nesta alegria adoram e confessam seu Deus e sua esperança da vida eterna, mesmo em meio a muitas fraquezas e imperfeições.
    Jesus é a luz do mundo. Todos os que foram iluminados por esta luz, resplandecerão. Agora se levantam para resplandecer e chamar os que ainda andam nas trevas da sombra da morte. Que também este tempo de Advento, Natal e Epifania seja um tempo em que deixemos resplandecer bem alto a mensagem do Salvador Jesus.

26 Advento

Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.  Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniqüidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do SENHOR por todos os seus pecados.  Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.  Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados.  A glória do SENHOR se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do SENHOR o disse (Isaías 40.1-5 RA).

     Apesar de toda a advertência, Israel não deu ouvidos à voz de Deus. Agora o castigo era inevitável. Ao profeta Isaías foi dado ver o que Deus faria a Israel e a Judá. Ambos os povos foram para o cativeiro. Israel para o cativeiro da Síria e (721 a.C.) Judá para o cativeiro babilônico (606 – 586 a. C.). Para que nesse momento de grande tristeza e sofrimento, não caíssem em desespero, Deus concedeu ao profeta Isaías, já com antecedência, palavras de consolo.
     Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. No momento em que o profeta Isaías proclamou essas palavras ao povo, elas talvez significassem pouco ou nada para um povo que vivia em esplendor material, se alegravam em festas pecaminosas, e seus cultos cheios de idolatria. Como ainda hoje, o evangelho só faz sentido para aquele que reconhece seus pecados e estão desesperados diante da ira de Deus. Para estes a mensagem do evangelho é a boa notícia da salvação, fonte de consolo e esperança.
     Quão precioso consolo é o evangelho para uma pessoa que sofre. Pois é no sofrimento que nossa consciência desperta e passa a nos acusar com veemência. A consciência nos diz: É o castigo de Deus. Você pecou e abandonou a Deus. Agora não adiante mais suplicar a Deus. Tu está perdido. Em tais momentos, palavras humanas não podem consolar. Nessa situação só Deus pode consolar como diz ao profeta: Consolai, consolai o meu povo. Ele diz: Eu ainda não me envergonho de você, apesar de todos os vossos pecados. Sou vosso Deus e amo vocês, perdôo todos os vossos pecados. É isto que Deus disse ao povo de Judá, que esta no cativeiro babilônico. Dentro dos sofrimentos, longe da pátria, de Jerusalém e do templo destruídos, eles só tinham um pensamento: Deus nos abandonou. Estamos sofrendo seu castigo merecido. Quão consolador foi lhes a palavra do profeta: Falei ao coração do meu povo (v. 1).
     Para preparar o caminho ao Salvador, Deus enviou seu servo João Batista, o pregador do deserto para clamar: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados.(v.4) Um maravilhoso chamamento para o arrependimento. Demos atenção a essas palavras, para que nosso coração esteja bem preparado. Tudo o que possa impedir a entrada de Jesus em nossos corações seja afastado por verdadeiro arrependimento. Em primeiro lugar, montes devem ser aplanados. Montes representam o orgulho, a altivez, a justiça própria. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz (Romanos 8:6 RA). Aquilo que a pessoa considera para si, em sua vida, a coisa mais preciosa e querida, a saber, seu próprio egoísmo, é inimizade contra Deus, tudo isso precisa ser nivelado, por sincero arrependimento. Os vales aterrados. O ser humano é desesperadamente corrupto. Ele bamboleia de uma extremidade para a outra. Ou se exalta em seu orgulho ou cai em desespero e quer morrer. Esta depressão são os vales, que precisam ser aterrados por sincero arrependimento, bem como os caminhos escabrosos endireitados. E para que? Para que Jesus, com sua boa nova do evangelho possa entrar, operar e firmar a fé e iniciar assim a vida nova em Cristo.
     A glória do SENHOR se manifestará (v.5). Em primeiro lugar para libertar o povo de Israel da escravidão, do cativeiro babilônico, mas principalmente da escravidão do pecado, da morte e do poder de Satanás. Esta salvação é para toda a carne. O cativeiro babilônico é também uma figura da igreja cristã aqui na terra, neste mundo em trevas, mas em breve Jesus virá em glória para o dia do Juízo final, a fim de conduzir sua noiva, a igreja, ao lar celestial.

27 Advento

Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.  Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído (Daniel 7.13-14 RA).

     O profeta Daniel, levado ao cativeiro como jovem, na primeira leva em 606 a.C., foi escolhido por Deus para ser profeta, estadista e conselheiro de reis. Ele trabalhou ali 72 anos, durante o reinado de cinco reis. Ele ocupou postos de grande destaque, tanto junto aos reis da babilônica, sendo amigo do rei Nabucodonozor, como dos reis medo-persas. Foi o grande profeta do exílio. Desde jovem foi temente a Deus e dedicado servo dos reis aos quais serviu.
    Teve diversas visões com respeito ao futuro das nações e do surgimento do reino de Deus. Nos primeiros dois capítulos, ele descreve as figuras que viu em suas visões. Ele viu uma figura de ouro, prata, cobre, ferro e barro (Dn 2.31-34). No capítulo sete, viu animais: Leão, urso, leopardo e um monstro com dez chifres (Dn 7). Ambas as visões indicam a mesma coisa: os reinos que antecedem e a Cristo e o precedem.  Como Daniel profetizou, assim aconteceu. A estátua de ouro e o leão é o império babilônico (606 – 536 a. C.). A estátua de prata e o urso, o império medo-persa (536 – 332 a. C.). A estátua de cobre e o leopardo, o império grego (331 – 146 a. C.). A estátua de ferro e o monstro com dez chifres, o império romano (146 – 400 AD). O pequeno chifre com olhos é o papado, o anticristo. Esses impérios são impérios mundiais. Então o Ancião de dias, que é Deus Pai, entregou a um, que vinha com as nuvens do céu, um como o filho do homem, que é Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e lhe foi entregue o domínio e a glória, e o reino para que povos, nações e homens de todas as línguas o servissem. O seu domínio é eterno, que não passará. E seu reino jamais será destruído. É o grande reino de Deus, a igreja cristã, militante aqui, mas gloriosa no céu, que não será destruída. Os povos lutarão contra a igreja, mas as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18).
     Esta profecia se cumpriu fielmente. Após estes grandes impérios mundiais, do qual o último foi o império romano, do qual ainda saiu um chifre, o papado. Depois disto não haverá mais impérios mundiais. Napoleão, Hitler e Stalin o tentaram, mas em vão. O único império mundial é a Igreja Cristã, a comunhão dos santos, que se estende por todos os povos, línguas, tribos e nações. Mas no final dos tempos – e nós já estamos neles - Gogue e Magogue, os príncipes do mal se ajuntam contra a igreja. Gogue e Magogue são forças do mal, até opostas entre si, que se unem no fim dos tempos para combater a Igreja Cristã, mas em vão. Quando querem exterminar a Igreja, vem o fim. Jesus virá para julgar vivos e mortos. Neste grande dia do Juízo final, da ressurreição dos mortos, será criado o novo céu e a nova terra, nos quais habitará justiça.

28 Advento

Assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu estou contra os pastores e deles demandarei as minhas ovelhas; porei termo no seu pastoreio, e não se apascentarão mais a si mesmos; livrarei as minhas ovelhas da sua boca, para que já não lhes sirvam de pasto... Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor.  Eu, o SENHOR, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o SENHOR, o disse (Ezequiel 34.10,23-24 RA).

     O terrível castigo de Deus desabou sobre Judá, por causa de sua obstinada incredulidade. Foi algo terrível. Ao rei de Judá, Zedequias, foi preso.  Vazaram lhe os olhos e o levaram cativo, acorrentado para Babilônia. O povo sofreu muito. O desespero foi grande. Eles sentiram na carne o que os profetas anunciaram ao longo de mais de 100 anos como advertência, mas eles e não deram ouvidos.
    No cativeiro, no entanto, quando o povo estava sofrendo, Deus lhes suscitou profetas. O primeiro deles foi Ezequiel. Ele era sacerdote (v.3). Começou a exercer seu ministério no ano 593 e atuou 22 anos no cativeiro. Mostrou ao povo como a palavra anunciada pelos profetas do Senhor se cumpriu. Ele chamou o povo a sincero arrependimento. Visto que o cativeiro não terminaria logo, eles deveriam procurar o bem da cidade e do país no qual estavam e obedecer às autoridades. O cativeiro duraria 70 anos, como fora anunciado pelos profetas Isaías e Jeremias. No tempo apropriado, Deus reuniria seu povo como um pastor e lhe daria um novo pastor, a saber, Jesus Cristo.
     Este bom e maravilhoso pastor fará coisas importantes:
a)      Ele reunirá suas ovelhas e buscará as perdidas.
b)      Ele fará suas ovelhas habitarem seguro.
c)      Ele se compadecerá, especialmente, das fracas.
d)     Ele separará os bodes (incrédulos e hipócritas) das ovelhas.
     Isto se cumpriu quando Jesus disse: Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas (João 10.11 RA). Com que insistência Jesus procurou as ovelhas perdidas da casa de Israel. Com grande Jesus amor procura ainda hoje, pela pregação do evangelho, as pessoas, para levá-las ao arrependimento e a confiarem nele para serem salvas.
     Ele faz suas ovelhas habitarem seguro. Ninguém as arrancará de suas mãos. Ele mesmo disse: Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino. (Lucas 12.32 RA)
    Com que amor Jesus cuida especialmente dos fracos. Ele mesmo se diz pai dos órfãos, das viúvas e dos abandonados. (Ele) não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito (Isaías 42.3 RA).
     No dia do juízo final, ele há de julgar vivos e mortos. Muitos dos que aqui na terra por serem membros de uma comunidade cristã, pareciam ser ovelhas de Jesus, mas não o eram, serão afastados e condenados ao fogo eterno.
    Ele disse: As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.  Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. (João 10.27-28 RA)


29 Advento

Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra.  Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa (Jeremias 23.5-6 RA).

     O profeta Jeremias viveu no tempo em que o juízo de Deus começou a desabar sobre Judá. Ele atuou nos anos 626 – 586 a.C. As dez tribos do norte de Israel já haviam sido levadas ao cativeiro da Síria e destroçadas. Judá tinha recebido mais um tempo da graça, mas não se deixaram mover ao arrependimento, mas continuaram na idolatria. Deus enviou o rei da Babilônia que subjugou a tribo de Judá e a levou ao cativeiro da babilônia. Terrível.
     Antes desse acontecimento, o profeta Jeremias pregou a palavra de Deus com todo empenho. Chamou o povo, os sacerdotes e os reis ao arrependimento. Pregou durante o tempo dos últimos cinco reis de Judá, dos quais somente Josias, que morreu cedo, foi temente a Deus. Os outros reis continuaram fazendo o que era mau diante de Deus e foram inimigos do profeta. Lutero diz com razão, que o profeta Jeremias teve um dos ministérios mais difíceis e sofridos. Vemos isto no seu livro: Lamentações de Jeremias. Só Baruque, seu fiel escrivão, permaneceu com ele. Na oração Jeremias buscava forças para sua árdua missão.
     Jeremias pregou arrependimento, mas também o sublime evangelho, anunciando a vinda do Salvador, como nosso texto o mostra.
     Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo. Vêm dias.  Ele não fixa a data. Mas a vinda é certa, em que Deus levantará um renovo a Davi. Ele será, conforme prometido, filho de Davi, isto é, de sua descendência. Renovo é um broto que sai de uma raiz, de um tronco cortado ou queimado, do qual não se esperava mais que brotasse. Que quadro triste. Esta árvore deveria ser frondosa em todos os tempos. Mas o povo de Israel, e especialmente a tribo de Judá, a descendência de Davi desviou-se de Deus. Foram incrédulos. Voltaram-se para a idolatria. O juízo sobre eles era inevitável. Judá será destruída. Porém, após a destruição, quando parecia que tudo estava perdido e não havia mais esperança, Deus fará surgir um Renovo. Isto se cumpriu fielmente. Quando a casa do rei Davi estava reduzida à miséria, a uns pobres remanescentes sem expressão, eis que então Deus faz brotar um Renovo da pobre virgem Maria, que não encontrou nem sequer abrigo em Belém. Um Renovo justo. Ele será justo desde o nascimento, a saber, será santo, sem pecado. Jesus se humanou na virgem Maria, porém, como ente divino era santo e justo, sem pecado.
    Ele será rei e reinará sabiamente. Ele executará juízo e justiça na terra. Sim, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (2 Co 5.19). Ele mesmo trabalhará a justiça para nós. Por seu sofrer, padecer e morte de cruz ele reconciliou a humanidade com Deus Pai. Ele cumpriu a lei por nós. Ele venceu nossos inimigos, pecado, morte e Satanás. Podemos cantar: Agora temos salvação, de graça e por bondade. (HL 373.1) Quem, porém, o rejeitar será rejeitado eternamente.
    Naqueles dias, Judá será salvo e Israel habitará seguro. Judá e Israel representam aqui todo o povo de Deus, a igreja cristã, a comunhão dos santos. A Igreja cristã será amparada por Deus e habitará segura. Pois Cristo traz salvação, paz e a vida eterna. Por isso ele é chamado: Senhor justiça nossa.   

30 Advento

Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.  Destruirei os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém, e o arco de guerra será destruído. Ele anunciará paz às nações; o seu domínio se estenderá de mar a mar e desde o Eufrates até às extremidades da terra.  Quanto a ti, Sião, por causa do sangue da tua aliança, tirei os teus cativos da cova em que não havia água (Zacarias 9.9-11 RA).

    Zacarias foi um profeta que trabalhou depois do cativeiro babilônico (520 – 516 a. C.). Sua primeira missão foi admoestar os remanescentes a não caírem novamente nos pecados dos seus pais, antes deveriam dar ouvidos à voz de Deus. Em suas pregações, ele recorda as profecias dadas pelos profetas que atuaram antes do cativeiro e lembra que Deus não esqueceu suas promessas. Ele as cumpriu e cumprirá fielmente. Seu cumprimento parecia demorado para alguns, mas não falharão. Os caminhos de Deus são inescrutáveis 
     Então, lembrando o que os profetas como Isaías e Jeremias afirmaram e reafirmaram: Jesus, o rei virá, para libertar o seu povo cativo. Virá para estender o seu Reino de paz a todo o mundo.
     Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta (v. 9). A vinda do Rei, o advento do Rei é anunciado como motivo de grande alegria e júbilo. O rei que já fora prometido muitas vezes a Israel. Em quem muitos esperavam e confiavam. Por cuja vinda muitos oravam e ansiavam vê-lo, o descendente da mulher, a estrela de Jacó, o filho do rei Davi, o grande Rei, o Renovo, o príncipe da paz. – Muitos, devido à longa espera desacreditaram de sua vinda. O profeta Zacarias renova a promessa: Ele virá e virá em Breve. Um rei santo e justo. Ele não terá defeito nenhum. Será o Santo de Deus.
     Mas, sua santidade não assustará a muitos? Quando Deus apareceu ao povo de Israel no monte Sinai, o povo fugiu da presença de Deus e disseram a Moisés:  Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos (Êxodo 20.19 RA). Não, este Rei justo será sobre tudo salvador. É verdade que os pecadores, os impuros, os idólatras não permanecerão diante do seu trono. O brilho santo e celestial os prostrará ao chão. Mas este Rei, mesmo sendo santo e justo, vem humilde, vem com a luz do evangelho, para chamar ao arrependimento e à fé. Pois o seu cetro é misericórdia. Por isso ele não vem com poder e majestade, mas humilde, montado num jumento.
Ele vem para salvar o seu povo escravizado por Satanás. Para isso ele desceu até as profundezas da morte, lutou contra Satanás e venceu. Ele conquistou perdão e libertação para toda a humanidade, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Quem nele crer de coração é libertado do pecado, da morte e do poder de Satanás. Os fiéis jubilam com o apóstolo Paulo: Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?  O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.  Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. (1 Coríntios 15.55-57 RA)
     O mundo procura a paz. O Imperador romano César Augusto (27 a.C. – 14 d.C.) tentou instalar, pela força da espada, a grande Pax Romana, mas só semeou opressão e morte. No seu império nasceu Jesus, o Rei que trouxe verdadeira paz ao mundo. Ele reconciliou o mundo, a humanidade, com Deus, e ordenou a seus discípulos que esta boa nova, o evangelho fosse proclamado ao mundo: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.  Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado (Marcos 16.15-16 RA).

31 Advento

    E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.  Portanto, o SENHOR os entregará até ao tempo em que a que está em dores tiver dado à luz; então, o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel.  Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do SENHOR, na majestade do nome do SENHOR, seu Deus; e eles habitarão seguros, porque, agora, será ele engrandecido até aos confins da terra.  Este será a nossa paz. Quando a Assíria vier à nossa terra e quando passar sobre os nossos palácios, levantaremos contra ela sete pastores e oito príncipes dentre os homens (Miquéias 5.2-5 RA).
     Natal. Votos de paz e amor são, sem dúvida, o que mais se destaca, nos festejos natalinos. Desejamos muito amor e paz. As lojas estão enfeitadas com estas palavras: Muito amor, paz e felicidade. A palavra paz, paz, paz, é vista em todos os lugares. Mesmo assim, não há paz no mundo.
     Quantas pessoas passam horas e horas reunidas em gabinetes planejando e buscando caminhos para a paz. Quanto dinheiro é gasto na busca em favor da paz. Procuram a paz em coisas terrenas, enquanto continuam escravos do pecado. Paz é algo que não encontramos na terra, ela deve ser dada a nós do céu. É preciso que Deus Espírito Santo a coloque em nosso coração. E ele o faz por meios, por sua Palavra e sacramentos.  Jesus disse: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize (João 14.27 RA).
     Ainda no jardim do Édem, logo após a queda dos homens em pecado, Deus havia prometido paz aos homens, isto é, salvação, perdão dos pecados e a volta à comunhão pela fé na graça do Salvador, que venceria a serpente. Deus cumpriu sua promessa enviando, na plenitude do tempo (Gl 4.4), seu Filho à terra, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam debaixo da lei.
     Jesus nasceu em Belém da Judéia. Naquela noite anjos apareceram aos pastores nas campinas e cantaram: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem (Lucas 2.14 RA).
     Por que então há tanta falta de paz na terra? Simplesmente por causa da incredulidade. As pessoas rejeitam a palavra de Deus e permanecem na escravidão de Satanás. Também pela própria fraqueza de fé nos cristãos, há muita falta de paz nos corações e muitas intrigas inúteis nas próprias congregações cristãs; sim, em toda a cristandade, tão dividida.
     Para reconhecermos a bênção do Natal, precisamos ser iluminados pela palavra de Deus, reconhecer nossos pecados, nossa necessidade de salvação, de Cristo. Importa que nós nos humilhemos em verdadeiro arrependimento e confiemos inteiramente na graça de Cristo, no seu perdão e na sua promessa de salvação e da vida eterna.
      Corria, aproximadamente, o ano 700 a. C. quando o profeta Miquéias, para surpresa de seus ouvintes, anunciou a mensagem de Natal. E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel (v. 2). O profeta Isaías havia dito que Deus colocaria uma pedra angular em Sião, Jerusalém, sobre a qual seria construída sua santa Igreja, o reino de Deus. Muitos em Israel esperavam o cumprimento dessas profecias. Outros tantos interpretaram mal essas profecias, pensando num reino material, por isso, quando Jesus não lhes prometeu nem providenciou tal, desacreditaram de Jesus. Ainda hoje muitos pregadores pregam: Deus não quer ver ninguém triste, doente, pobre, em infortúnio, mas alegre, com saúde, próspero e feliz.  É isto que Jesus prometeu? Não! Pelo contrário, ele disse: Por muitas tribulações vos importa entrar no reino de Deus (Jo 16.33; At 14.22), sereis odiados e perseguidos como eu (Jo 15.17-19), o amor ao mundo é inimizade contra Deus (Tg 4.4). Assim Maria e José tiveram uma vida difícil, bem como todos os apóstolos que, com exceção de João, morreram martirizados.
    Certos, no entanto, do perdão de Cristo, da paz com Deus, usamos os bens do mundo, mas não estamos apegados a eles. Por isso podemos cantar: O Verbo eterno ficará, sabemos com certeza, e nada nos perturbará com Cristo por defesa. Se vierem roubar os bens, vida e o lar – que tudo se vá! Proveito não lhes dá. O céu é nossa herança (Hl 165.4)     
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1 Advento. Textos do Novo Testamento
Dizei à filha de Sião? Eis ai te vem o teu reino humilde (Mt 25.5).
     Advento é tempo de espera, no qual aguardamos a chegada de alguém. Um tempo de preparo para recebermos o esperado, o Salvador prometido, Jesus. O tempo de advento se divide em dois períodos distintos de espera. O primeiro advento iniciou quando Deus prometeu um Salvador a Adão e Eva, após a queda em pecado. Desde lá, muitos aguardavam a vinda do Salvador. Ao nascer o primeiro filho, Eva pensou que já fosse o Salvador. Ela exclamou: Adquiri um varão, o Senhor! (Gn 4.4) (ou: adquiri um varão com o auxílio do Senhor). Ela expressou sua fé, mesmo tendo-se enganado quando ao tempo e a pessoa. Profetas anunciaram detalhes sobre a vinda do Salvador. Infelizmente, durante o longo tempo de espera, muitas pessoas cansadas de esperar, tentadas por Satanás, atraídas pelo mundo, e devido sua fraqueza carnal, não perseveraram, caíram da fé, voltando à incredulidade.
     A promessa se cumpriu quatro mil anos após, quando o anjo Gabriel anunciou a Zacarias e depois a Maria, a respeito do nascimento de João Batista e de Jesus. O apóstolo Paulo o descreveu assim: Vindo a plenitude do tempo, Deus enviou o seu filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei (Gl 4.4).
     Todas as profecias com respeito ao nascimento do Salvador se cumpriram nos mínimos detalhes. O Salvador veio conforme prometido. Padeceu, sofreu, morreu e ressuscitou dos mortos no terceiro dia. Assim reconciliou a humanidade com Deus. E quem confia nesta graça de Cristo, tem perdão dos pecados, comunhão com Deus e a vida eterna.
     Após a ascensão de Jesus, quando os discípulos ainda estavam com os olhos fitos no céu, eis que um anjo se colocou ao lado deles e lhes disse: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Este Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá de modo como o vistes subir (At 1.11). Aqui começa o segundo advento. Os cristãos esperam a segunda vinda de Cristo ao mundo. Quando Jesus virá, não mais em humilhação, mas em glória para julgar vivos e mortos. A Bíblia tem muito a dizer sobre esta segunda vinda. Virá como ladrão de noite (1 Ts 5.2). Todos os mortos ressuscitarão (2 Co 4.14). Céus e terra se desfarão em fogo (2 Pe 3.12). Todos serão julgados conforme o bem ou o mal que fizeram (Mt 24.31; At 17.31). Os que confiaram em Jesus como seu Salvador, estarão à direita de Jesus e serão convidados por ele para entrarem no novo céu e na nova terra, onde habitará justiça eternamente; os que o rejeitaram, estarão à sua esquerda, e serão condenados ao fogo eterna. Após o julgamento, Jesus criará o novo céu e a nova terra, onde habitará justiça (2 Pe 3.13).
2 Advento
Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou o se Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgata os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos (Gl 4.4,5).
     Quando veio o tempo determinado, preparado por Deus, Deus enviou seu filho unigênito ao mundo. Este tempo certo foi cuidadosamente preparado por Deus. Passaram-se quatro mil anos desde a primeira promessa feita a Adão e Eva. Durante esse tempo, Deus enviou muitos profetas para anunciarem o nascimento do Salvador.
     Aproximadamente dois mil anos após a criação, ou hum mil e setecentos e cinco anos antes de Cristo (a.C.), Deus escolheu Abraão para, de sua descendência, formar o povo de Israel. Este povo, chamado povo de Deus, do qual viria o Salvador da humanidade, deveria proclamar ao mundo continuamente a palavra de Deus, chamando ao arrependimento e à fé no Salvador prometido.
    Os judeus foram muitas vezes desobedientes a Deus e não cumpriram fielmente sua missão. Deus teve que castigar o povo muitas vezes, para acordá-lo do seu sono no pecado. Eles foram levados ao cativeiro e dispersos entre as nações. Na dispersão fundaram sinagogas e tornaram o único e verdadeiro Deus e sua promessa de salvação conhecida no mundo. Pelos impérios que Deus ergueu como o persa, o grego e o romano, Deus preparou o mundo para a vinda do Salvador. Os gregos uniram as civilizações da Ásia, Europa e África e estabeleceram uma língua universal. Roma fez do mundo um só império e abriu estradas, tornando todos os pontos do império facilmente acessível (Halley).
     Naquele tempo, conforme a profecia, reinava grande escuridão espiritual em Israel. O último profeta enviado a Israel foi Malaquias, 440 anos antes de Cristo. Passaram quatrocentos anos sem que Deus se manifestasse a Israel por profetas. O povo só podia se apegar à palavra escrita. Assim surgiram as sinagogas. Os escribas eram encarregados de copiar o Antigo Testamento e explicá-lo ao povo. Os fariseus, uma classe que surgiu durante o tempo dos Macabeus. Eles se dedicavam à tarefa de zelar pela pureza do ensino e o cumprimento da lei. Eles eram bem intencionados, mas com o tempo eles deram demasiada ênfase à lei, obscurecendo o verdadeiro ponto da Escritura, a boa nova da salvação. Eles foram repreendidos por Jesus. Nesse tempo, em oposição aos fariseus, surgiram também os saduceus, uma seita bem liberal que não acreditavam na imortalidade da alma, nem em anjos, nem na ressurreição. Assim, apesar de todo o esplendor do culto cerimonial, reinava grande cegueira espiritual em Israel. A palavra de Deus era lida e memorizada, mas interpretada erradamente.
     Nessa época, a Judéia era governada pelo rei Herodes, um edomita, descendentes de Esaú (39 a.C. – 4 AD). Ele conquistou o favor do imperador romano, que o nomeou rei da Judéia. Herodes era homem bruto e cruel. Mandara matar sua própria esposa Mariane, que era piedosa, e alguns de seus filhos. Para conquistar o favor dos judeus, mandou reformar, ampliar e embelezar o templo em Jerusalém.
    Apesar de todas essas trevas espirituais que reinavam em Israel e mesmo entre os judeus dispersos no mundo, havia ainda um pequeno rebanho de fiéis que confiava nas promessas, esperava e orava pela vinda do Salvador.
     Hoje vivemos tempos semelhantes. A palavra de Deus é proclamada no mundo inteiro. Todos têm acesso a ela pelos meios de comunicação. Infelizmente, as muitas interpretações errôneas da Escritura, geram confusão. Mas há um pequeno rebanho de fiéis que aguarda a gloriosa vinda de Cristo. Ele virá como ladrão de noite, inesperadamente para julgar vivos e mortos. Por isso é hora de despertarmos do sono. Vai alta à noite e vem chegando o dia (Rm 13.11-14). 

3 Advento
Houve um sacerdote chamado Zacarias, do trono de Abias. Sua mulher era das filhas de Arão, e se chamava Isabel (Lc 1.5).
     Apesar da grande incredulidade que reinava em Judá, mesmo assim, havia em Israel os que confiavam na palavra de Deus e esperavam ansiosamente pela vinda do Salvador.
    Houve um sacerdote chamado Zacarias, do turno de Abias. Zacarias era sacerdote descendente de Arão. Ele pertencia à oitava turma das 24 turmas sacerdotais (2 Cr 24.10). Eles se revisavam semanalmente nos serviços do templo, servindo cada turno duas semanas por ano. Zacarias não pertencia à alta classe dos sacerdotes, que residiam em Jerusalém. Ele morava numa cidade de Judá. O evangelista não achou importante mencionar com exatidão o lugar. Ele fazia os diversos trabalhos no templo. Uma das tarefas mais nobres era a de queimar o incenso. Isto acontecia duas vezes ao dia, de manhã cedo e ao anoitecer (Ex 30.7,8; Sal 141,2).
     Zacarias, o nome significa: Jeová se lembrou. Isabel era o nome de sua mulher, e significa: pacto, Deus é fiel. Eles eram justos diante de Deus, isto é, confiavam na esperança de Israel, a vinda do Salvador. Sua justiça não consistia em obras próprias, mas na confiança na graça do Salvador. Portanto, Zacarias e sua mulher eram pessoas de fé. Punham sua esperança no Salvador prometido. Dali brotava a vida piedosa, pois viviam irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor.
        A fé deste casal foi arduamente provada por Deus, que lhes impôs uma pesada cruz. Não tinham filhos. Não ter filhos em Israel era considerado uma desgraça, por isso eles suplicavam a Deus dia e noite, pela bênção de terem filhos. Deus atendeu a oração de Zacarias e Isabel, mas à sua maneira. Eles já eram avançados em idade, então Deus lhes revelou o seu plano. Ele os escolhera para serem os pais do grande precursor de Jesus, João Batista.
     Naquele tempo havia grande expectativa de que as profecias a respeito da vinda do Messias estavam por se cumprir.
     Historiadores daquela época como Joséfus, Tácito e Suetônio relatam que havia uma expectativa geral pela vinda do Messias. Alguns se baseavam nas profecias de Daniel das “70 semanas”. (Dn 9.24-27) O povo interpretava as semanas como anos, isto é, 490 anos a partir da data da reconstrução do tempo, que se deu em 457 antes de Cristo.
    O que será que passava na alma de Zacarias quando estava orando diante do altar de incenso? Sem dúvida, o ardente desejo: Oh! se viesse já de Sião o Salvador (Sl 14.7).
     Provavelmente o anjo lhe apareceu de tarde, pois havia muito povo reunido no pátio do templo e as trombetas anunciavam a hora da oração.    

4 Advento
Não temas, porque a tua oração foi ouvida (Lc 1.13).
     Zacarias se encontrava no interior do templo, diante do altar para queimar o incenso. Ele colocou as folhas aromáticas sobre o incenso para encher o Santo do templo de bom aroma. Este incenso representava as orações. Assim diz o salmista: Suba à tua presença a minha oração, como incenso (Sl 141.2). Lá fora o povo orava e Zacarias, ao queimar o incenso orava também. O que o povo e Zacarias estavam pedindo a Deus? Sem dúvida, estavam pedindo pela vinda do Salvador. Era este o anseio e pedido de todos os fiéis. Zacarias o expressa em seu canto: Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo (Lc 1.68,69). Em resposta a essas orações o anjo anuncia a Zacarias: Tua oração foi ouvida. E com isso também foi ouvida sua oração pedindo um filho. Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho a quem darás o nome de João. João significa “o Senhor é misericordioso”. E em que consistia esta misericórdia, o anjo passa a explicar.
      Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento. Não simplesmente por Zacarias ter um filho, mas especialmente pelo ofício desse seu filho. Ele será o precursor do Messias, preparará o caminho para o Salvador. Esta alegria se estenderá a muitos, a tua esposa, teu vizinhos, todos os que com ansiedade esperavam pelo Salvador, a todos os convertidos.
     Pois ele será grande diante do Senhor... será cheio do Espírito Santo, já no ventre materno. Esse filho, João Batista, foi considerado por Jesus o maior dos profetas (Mt 11.11). Ele será Nazireu, consagrado ao Senhor (Nm 6.1ss.). Deus em sua misericórdia o escolheu, o formou e o preparou para esta tarefa, concedendo-lhe seu Espírito já desde o ventre materno, dando-lhe os dons necessários para esta tarefa. Tudo em seu reino é milagre e graça. Mas cuidado, para não idolatrarmos os instrumentos de Deus. Antes queremos suplicar a Deus para que conceda à sua igreja homens cheios do Espírito Santo e estejamos prontos para ouvi-los e servir.
     Ele irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado. João será um grande profeta. Sua vinda foi profetizada 450 anos antes do seu nascimento. Único profeta cujo nascimento e obra foi profetizada. Pela pregação de arrependimento converterá a muitos. O coração dos pais que se desviaram da verdade aos filhos, à fé dos filhos que aceitam a pregação de João. E muitos perversos se tornarão sábios para a salvação. Estás tu entre estes?

5 Advento
Como saberei isto? (Lc 1.18)
    Zacarias estava atônito com a presença do anjo e ainda muito mais por sua promessa. Seria possível? O tempo do Messias chagara? E eles foram eleitos para serem os pais de João Batista, o precursor do Messias? Tudo isso veio tão repentinamente que Zacarias nem podia acreditá-lo. Ele pediu um sinal. Como saberei isto? pois eu sou homem velho e minha mulher avançada em idade.
     Tudo isso parecia incrível. Mas, por que um sinal? Ele não estava diante de um grande sinal, a presença do anjo Gabriel. As coisas do reino de Deus sempre parecem incríveis. Nossa razão não pode captá-los, nossa carne resiste ao reino de Deus. Quanta fraqueza e incredulidade? Carne e sangue, mesmo nos cristãos, lutam contra as coisas do reino de Deus. Quantas vezes nos encontramos no mesmo caminho da incredulidade.
    O anjo respondeu a Zacarias: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para trazer-te estas boas novas. - Eu sou Gabriel. Gabriel significa: O homem de Deus, ou o poderoso herói (Dn 8.16; 9.21). O nome Gabriel era conhecido a Zacarias. Foi ele quem anunciara a Daniel que depois de passarem os reinos, virá o “reino de Deus”.
     Cada vez que Deus vem a nós, por sua Palavra e sacramentos, quando o reino de Deus vem a nós, para nos admoestar, guiar à fé, mostrar-nos trabalhos a serem feitos, ou convidar-nos à ofertar nosso tempo, dons, nossa carne imediatamente se levanta em protesto, dizendo: Não dá! Espera um pouco! Como poderia ser. Que garantias nós teremos, etc. Como somos semelhantes a Zacarias.
     Eu sou Gabriel, assisto diante de Deus. Os anjos vêem incessantemente a face de Deus. Gabriel é um dos principais anjos, dos imediatos, dos mais graduados servos de Deus. Fui enviado para falar-te, e trazer-te esta boa nova. Fui enviado especialmente a ti. Veja que misericórdia da parte de Deus. Esta misericórdia deveria encher-te de grande alegria e júbilo, como o privilégio de trabalhar no reino de Deus deveria nos encher de alegria e júbilo. E tu o recebes com incredulidade? Incredulidade é o maior pecado. Único pecado que leva à condenação. Ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas venham a realizar-se. Castigo, sinal e misericórdia numa só frase. A incredulidade precisa ser castigada. A fé fraca fortalecida, pois Deus não despreza a cana trilhada, nem apaga o pavio que fumega. Assim, em meio ao castigo, a graça, a misericórdia. Zacarias saiu e fez sinal ao povo, pois não podia falar. O povo ficou admirado. O que aconteceu a Zacarias? Prece ter tido uma visão. Apesar de mudo, a fé começa a resplandecer na vida de Zacarias.   

6 Advento
Ficarás mudo (Lc 1.20).
     Ficarás mudo! Que tremendo castigo para um sacerdote, ficar mudo. O sacerdote tem a incumbência de anunciar a boa nova de Deus. Zacarias recebeu uma grande notícia: O tempo se cumpriu. (Gl 4.4) O Salvador está vindo. Ele, porém, não creu. Por isso foi castigado. Ficarás mudo! Por que um castigo tão severo. Não houve patriarcas e profetas que pediram um sinal e não foram castigados? Exemplos são: Abraão, Sara, Gideão, etc. Quem somos nós para inquirir a Deus? Parece que de Zacarias se exigiu mais, porque recebeu mais. Zacarias foi sacerdote de Deus. Conhecia a história do Antigo Testamento, os grandes feitos de Deus, as muitas promessas de Deus. Ele sabia da proximidade do tempo. O mesmo vale para todos nós. Recebemos muito mais do que Zacarias. Temos diante de nós todo o plano da salvação executado por Deus. A vida de Cristo, sua morte, ressurreição, ascensão, a vinda do Espírito Santo. A história da Igreja Cristã. E a promessa do retorno de Cristo em glória para julgar vivos e mortos. Temos a Bíblia em nossas mãos. Temos devocionários, revistas, bons livros que nos expõe a doutrina. De nós se exigirá muito. Infelizmente somos muitas vezes mudos. Muitas vezes, em diversas situações e lugares pensamos: que bom que ninguém sabe que sou cristão. Ou, desafiados por ateus ou pessoas de religiões errôneas, não sabemos o que responder. O exemplo está aqui: Os que se fazem de mudos, Deus os torna mudos. Deus lhes tira a bênção. Vejam o que é feito das grandes cidades que tiveram o evangelho: Éfeso, Corinto, Alexandria, a terra da Reforma luterana. Hoje, a verdade ali está sepultada e o número de cristãos é pequeníssimo. O apóstolo nos recomenda: É tempo de vos despertardes do sono (Rm 13.11).
    Zacarias aceitou o castigo em profundo arrependimento. Sua fé cresceu. Sua vida deixou transparecer que creu na visão que recebeu.
     Sua esposa Isabel recebeu a notícia com alegria (Cl 1.24-25). Alegrou-se em Deus que tirou dela o vexame. Pois, não ter filhos em Israel, era considerado um vexame e vergonha, ter filhos, motivo de honra para a família e uma grande bênção de Deus. Hoje, infelizmente, mesmo na igreja cristã, muitos pensam de modo diferente. Isabel se alegrou diante de Deus por este presente, de Deus lhe conceder um filho, mesmo na velhice. Mas, se houve tanta alegria por este fato, porque ela se ocultou? Não deveria ela contar isso jubilosa a todas às pessoas. Sem dúvida que ela o gostaria tê-lo feito. Como depois compartilhou esse fato com aqueles que eram tementes a Deus, mas diante de outros se ocultou, pois quem lhe daria crédito. Antes iriam rir dela e de sua esperança com esta idade. Por isso ocultou-se os cinco primeiros meses.

7 Advento
Salve! Agraciada; o Senhor é contigo (Lc 1.28).
     Passaram-se seis meses, desde a visita do anjo Gabriel a Zacarias.
     Nessa época, numa pequena cidade chamada Nazaré, vivia uma jovem, de nome Maria, noiva de um rapaz chamado José, ambos eram da linhagem de Davi.
     Nazaré era uma pequena cidade na Galiléia. Seu nome não aparece no Antigo Testamento. Parece ser um lugarejo de pouca importância, que dista 25 km do lago da Galiléia. De dia o monte Tábor, com seu pico, freqüentemente coberto de neve, é bem visível. A pergunta de Natanael: De Nazaré pode sair algo de bom? (Jo 1.36) parece indicar que a fama de Nazaré não era boa. O pequeno vilarejo ainda existe hoje. Lá residia a jovem Maria, piedosa e temente a Deus. Uma jovem, que fora fiel no mínimo, foi escolhida por Deus para uma missão mui sublime e ao mesmo tempo dolorosa. Sim, a missão mais alta e sublime com a qual uma mulher pudesse ser agraciada, a de ser mãe do Filho de Deus, dar a luz ao ente divino (Lc 1.35).
    Não sabemos a que hora do dia o anjo lhe apareceu. Nem sabemos o que ela estava fazendo. Para um filho de Deus todo o trabalho, por mais simples e humilde, é para a glória de Deus e o bem do próximo. Se um anjo te procurasse, ele te encontraria fazendo o quê?
     Quando o anjo lhe apareceu, ela se espantou muito. Mas o anjo lhe disse: Salve! Agraciada; o Senhor é contigo. Que palavras confortadoras. Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus (v.31). Aqui estava a virgem, conforme falou Isaías, que conceberá e dará a luz um filho. (Is 7.14) Maria disse ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com homem algum? (v.34) Ela era noiva. O início do noivado era considerado o início do casamento. Preparavam-se para o casamento. Quando tudo estava pronto, o noivo buscava a noiva para sua casa. O ente santo que há de nascer, o verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ele será chamado Filho de Deus. Ele reinará para sempre, e o seu reino não terá fim (v.33). E bem-aventurados todos os que têm parte neste reino de Deus.
    Maria aceitou estas palavras. E sem pedir, o anjo ainda lhe deu um sinal: Isabel tua parenta, na sua velhice concebeu um filho, porque para Deus não há impossíveis em todas as suas promessas (v.36).
    Maria respondeu: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. E o anjo se ausentou dela (v.38). Que fé! Quanta humildade! Quanta disposição!        

8 Advento
Naqueles dias dispondo-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá (Lc 1.39).
     Como Maria se sentiu depois da boa nova do anjo? Ela estava radiante de alegria. Mas compartilhar sua alegria com quem? Será que seus pais ainda viviam? Teriam eles, ou suas amigas, compreensão para o que o anjo lhe havia dito? Teria seu noivo compreensão para isso? Sabemos que ela não falou com seu noivo sobre o que acontecera. Inicialmente, talvez ela devido seu pudor. E se ela falasse, eles compreenderiam e iriam crer? Maria, por enquanto, guardou silêncio. O anjo havia mencionado sua parenta Isabel. Ela fora escolhida para ser mãe do precursor do Salvador. Ela teria compreensão para esta notícia. Maria se dispôs e foi apressadamente visitá-la.
     De Nazaré até Jerusalém eram três dias de caminho a pé. Será que ela foi sozinha ou juntou-se a algum grupo? É bem possível.
     Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu em seu ventre. A criança manifestou, desta maneira, seu culto ao Salvador. João Batista já estava cheio do Espírito Santo, desde o ventre materno. Se o Espírito Santo pode atuar tão maravilhosamente nas crianças, ainda não nascidas, então também pode trabalhar a fé naquelas crianças que são levadas à pia batismal.
      Isabel ficou possuída do Espírito Santo, e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? (v.42) Que revelações o Espírito Santo faz aqui. Que alegria envolve estas duas senhoras. O Espírito Santo revelou a Isabel que Maria, sua parenta, fora escolhida por Deus, para ser mãe do Messias, do Salvador Jesus. Bendita és tu entre as mulheres! (v.42) Você é abençoada por Deus. Maria está bem consciente disso. Por isso, ao entoar seu Magnificat (Lc 1.46-55), ela dá todo o louvor a Deus, que contemplou na humildade da sua serva, isto é, que olhou para mim, uma pobre moça, desprezada e insignificante. Em seu louvor, ecoam os salmos que foram cantados ao Messias. Seu magnificat é o canto do Novo Testamento. Ela louva o poder e a misericórdia do gracioso Deus.
     Então Isabel louva a Maria que creu. Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor (v.45).
     Maria permaneceu três meses com Isabel. Provavelmente até o nascimento de João Batista, prestando, assim, grande auxílio de amor cristão à sua parenta, já idosa, nos últimos meses da gravidez. Então voltou para Nazaré, grandemente fortalecida em sua fé, para sua difícil missão.     

9 Advento
José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo (Mt 1.18-25).
    Maria, pelo que parece, ainda não havia falado nada a seu noivo a respeito de sua gravidez, provavelmente, por medo de não ser compreendida. Agora volta de sua visita a Isabel. Com que saudade José aguardou sua volta? Ao ouvir de sua voltou, foi cumprimentá-la, com grande alegria. Mas que surpresa. Maria estava grávida. Sem dúvida, Maria tentou explicar-lhe. Falou da visão do anjo, de ter sido escolhida por Deus para ser a mãe do Messias. Contou-lhe o que acontecera a Isabel, sua parenta, que em sua idade avançada deu à luz a João Batista, o precursor de Jesus. Acho que José, de tão surpreendido, nem conseguiu dar atenção, muito menos compreender o que Maria estava dizendo. Ele se retirou triste. Maria colocou tudo nas mãos de seu Pai celestial. Quanta preocupação, dúvidas e angústias devem ter agitado estes dois corações que se amam. À noite, José fez planos para abandonar sua noiva.
    Gravidez fora do casamento era um pecado grave em Israel que, conforme a lei (Lc 20.10; Dt 22.20,21), deveria ser punido com apedrejamento. José amava sua noiva, Maria, e não quis denunciá-la. Por isso, preferiu sair de Nazaré e entregar Maria a sua sorte. José era homem justo, isto é, temente a Deus. Ele esperava o Messias e por amor a Deus levava vida santificada. Deus o escolheu para ser o pai adotivo do Filho de Deus. Enquanto planejava, com profunda angústia sobre o que fazer, adormeceu. O anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Ora, tudo isto aconteceu, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel que quer dizer: Deus conosco. Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher (Mt 1.20-24). José despertou alegre. Dúvidas, que não devem ter sido poucas, e que o martirizaram se esvaneceram diante da palavra do anjo. De manhã, José se levantou e foi falar com sua noiva, Maria. Que dia alegre. As preocupações de Maria e de José se desfizeram como névoa sob forte sol. Agora estavam desembaraçados para falarem da grande e maravilhosa missão que Deus lhes concedera e revelara. O servir a Cristo, no entanto, traz consigo também a cruz.
     Sem dúvida anunciaram seu casamento e casaram. Pais e parentes e o chefe da sinagoga ao ouvirem a história, talvez franzissem a testa. Não podiam acreditar. Enquanto isso, pessoas humildes ou ouvi-lo, ficaram maravilhados e louvavam a Deus.
     Maria e José começaram a compreender, com cada dia que passava, como era difícil num mundo incrédulo e pecador, viver como filhos de Deus, na missão de Deus e confessar sua fé. 

10 Advento  
Naqueles dias foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se. Este, o primeiro recenseamento, foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa que estava grávida (Lc 2.1-5).
     Os nove meses passaram rápido. No final do nono mês é proclamado nas ruas de Nazaré, como em toda a Palestina, o recenseamento ordenado pelo imperador romano, César Augusto. Quanta preocupação isso deve ter trazido para Maria e José. Eles teriam que se deslocar 160 km e no final da caminhada, morro acima, pois Belém ficava numa planície de 777mt de altura do nível do mar. Assim eles enfrentaram uma caminha de quatro a cinco dias, talvez Maria montada num burrico. Podemos bem imaginar o que significa isso para uma mulher em sua última semana de gravidez.
     A respeito desse texto surgiram muitas lendas e histórias fictícias. O que aqui é decisivo é sabermos que o decreto foi promulgado por César Augusto, quando Quirino era governador da Síria e Herodes o Grande, rei do território da Judéia, como vassalo do César romano. Há provavelmente um erro no cálculo que ocorreu ao se determinar o ano zero, ano do nascimento de Jesus. Jesus nasceu provavelmente no ano 6 ou 4 antes de Cristo, isto é, da data fixada em nosso calendário, para o nascimento de Jesus. Isto, no entanto, pouco importa.
     Sendo Maria e José, respectivamente mãe e padrasto de Jesus, portanto queridos filhos de Deus, nos quais Deus depositou essa confiança, mesmo assim, eles passam por dias muito difíceis. Como nós, eles se perguntavam em meio às dificuldades, sofrimentos e aflições: Por que isso agora? Por que a vida é tão difícil? Se Deus nos confiou o seu Filho amado, o rei do Universo. Eles tiveram que lutar como nós ainda hoje contra os argumentos da razão humana. Sufocar tudo e apegar-se unicamente à palavra de Deus. Com eles, nós o queremos aprender. O seu exemplo nos ensina a carregar nossa cruz com paciência e resignação.
     Assim chegaram a Belém, à noitinha. Procuraram um lugar para descansar. Mas nada. A cidade estava lotada de peregrinos dos mais diferentes lugares. Nem longínquos parentes, nem hospedarias. Era hora de fazer dinheiro, por isso não havia espaço para pobres ou uma ação social. Finalmente, um senhor os mandou para a estrebaria nos fundos do seu quintal. Já era inverno, porém não no seu rigor. Por isso os pastores poderiam permanecer mais uns dias nos campos com suas ovelhas.   

11 Advento 
      Havia naquela mesma região pastores que viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante a vigília da noite. E um ano do Senhor desceu aonde eles estavam e a glória do Senhor brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor Lc 2.8,9).
     Era noite. Um vento frio varria os campos. O inverno chegara, porém ainda não muito rigoroso. Os pastores ainda podiam permanecer mais alguns dias nos campos. Em torno de uma fogueira, alguns pastores vigiavam seus rebanhos. Ao longo do horizonte, viajantes ainda estavam chegando à cidade de Belém, para o recenseamento.
     O que será que significa toda essa movimentação de pessoas? perguntou um dos pastores. Tentando interpretar os tempos, um deles respondeu: Pelo visto, algo de importante deve estar acontecendo. Seria o nascimento do Messias? indagou o outro. Acho que sim, pois o profeta Daniel disse que seria no tempo da quarta monarquia (Dn 2.44-47). Está aí o rei Herodes, o idomita, e a grande decadência. O templo na verdade está cheio de pessoas, mas os verdadeiros israelitas, os que crêem nas promessas, são poucos. Ó se de Sião viesse já a salvação. (Sl 14), suspirou um deles.
    De repente o céu se iluminou. Uma luz muito forte apareceu no céu. Os pastores levaram um grande susto. Sim, eles estremeceram de pavor. Quem não estremeceria diante da luz celestial, da manifestação de Deus, sendo pecadores. Em meio à luz, os pastores vislumbraram um anjo. Este lhes anunciou: Não temais; eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo o Senhor. E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura (v.10-12).
     Não temais! Por que não? Porque vos trago uma boa nova de grande alegria – isto é, uma boa notícia, que será motivo de grande alegria para vocês e para todo o povo. Uma notícia que Deus está dando. Hoje vos nasceu o Salvador, que é Cristo o Senhor. Um Salvador! Cristo, o prometido, o verdadeiro Deus, gerado do Pai desde a eternidade, e verdadeiro homem, nascido da virgem Maria. Único e suficiente Salvador da humanidade. Salvador de quê? Haverá paz agora? Não haverá mais guerras, nem doenças, só felicidade? Não, não. Ele nos salvará de nossos pecados, da morte e da eterna condenação. Para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).
     Pasmados os pastores olharam para o anjo, que continuou: Encontrareis a criança envolta em faixas e deitado em manjedoura (v. 12). Como iriam compreender este mistério: Salvador, Filho de Deus, verdadeira pessoa humana, pobre, numa estrebaria?

12 Advento
       E subitamente apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial louvando a Deus e dizendo: Glórias a Deus nas maiores alturas, e paz na terra aos homens, a quem ele quer bem (v.13,14).
    Uma multidão da milícia celestial louva a Deus e lhe cantam glórias. Os anjos não conseguem conter sua alegria. Descem à terra e louvam a Deus. Bem disse o apóstolo Pedro: Coisas essas que os anjos anelam perscrutar (1 Pe 1.12). Os anjos, que não precisam da salvação, participam atentamente. Observam o que Deus está fazendo e como o faz. E eles têm desejo de conhecer os mínimos detalhes do amor de Deus. Agora vêem como as profecias estão se cumprido, vendo o imenso e incompreensível amor de Deus. Eles o louvam: Glórias a Deus, nas maiores alturas. A glória de Deus, sua santidade, sua majestade, sua sabedoria, seu poder já eram conhecidos, mas o amor revelado à humanidade em Cristo supera a tudo. Agora a glória de Deus é ainda muito maior. Glórias a Deus. Tributai ao Senhor a glória  devida ao seu nome   ....toda a honra, toda a glória, todo o louvor a Deus, por seu infindo amor. (Sl  ) Ele vos deu um Salvador, seu próprio e unigênito Filho que se humanou numa pobre virgem. O próprio Criador assume a natureza humana numa jovem mulher, temente a Deus, mas de natureza pecaminosa como nós. Que humilhação. Que imenso amor de Deus à toda a humanidade. Ele tomou sobre si toda nossa indignidade. Por isso Glórias a Deus nas maiores alturas. Os anjos estão impressionados com tal manifestação do amor de Deus. Louvemo-lo, por isso, dia e noite, com infinitos cânticos. O cântico novo e o anunciemos a todas as criaturas.
     Os anjos ainda acrescentaram: Paz na terra aos homens a quem ele quer bem. Deus enviou seu Filho unigênito para conquistar a paz entre Deus e os homens. O apóstolo Paulo diz: Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões (2 Co 5.19). Jesus veio para nos reconciliar com Deus Pai pelo seu sangue (Cl 1.20). Muitos infelizmente se distanciam desta paz, cavando para si cisternas rotas que não retém água (Jr 2.13), isto é, fontes que não oferecem paz. Somente Jesus é a fonte da água viva que oferece vida e paz. E quando falarem: paz, paz e mesmo assim não há paz, isto é um sinal dos tempos finais. Em breve Jesus virá em glória para julgar vivos e mortos.

13 Advento
Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer. E foram apressadamente e acharam Maria e José, e a criança deitada na manjedoura (Lc 2.15,16).
     Eles creram na mensagem dos anjos e foram apressadamente a Belém. Se não tivessem crido, não iriam. Hoje ouvimos pessoas dizer: Eu acreditaria se esta mensagem me fosse trazida por um anjo. Tais pessoas enganam-se a si mesmas. Quem não aceita a mensagem, não a aceitará, mesmo se um anjo lha trouxesse.
     Quem crê na Palavra, dá atenção à Palavra, o pregador é secundário. Quem aceita a mensagem em vista do pregador, pela simpatia ao pregador, crê no pregador. Neste caso, sua fé tem como base o pregador e não resistirá por muito tempo. Não honramos a Palavra por causa do pregador, mas o inverso. Honramos o pregador por causa da palavra que anuncia fielmente. Não elevamos o pregador acima da Palavra. Mesmo se um anjo nos trouxesse uma mensagem que vai contra a palavra de Deus, pronunciaríamos um anátema contra ele, como o apóstolo Paulo o recomenda aos gálatas (Gl 1.8).    
     Esta é a diferença entre fé verdadeira e fé humana. Fé humana se apega à pessoa humana, ao pregador; fé verdadeira se apega à palavra de Deus e honra o pregador fiel, que lhe trouxe a Palavra.
     Dizemos aos pregadores como os samaritanos: Já agora não é pelo que disseste que nos cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo (Jo 4.42). A Palavra santifica e dá a verdadeira paz. Esta fé persiste na vida e na morte e nada a poderá derrotá-la.
     Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos. Os anjos foram esquecidos. O que o Senhor nos deu a conhecer, isto importava. Também Maria guardava a Palavra em seu coração.  
      Não sabemos ao certo em que lugar os anjos apareceram aos pastores. Nem conhecemos com exatidão o lugar preciso onde Jesus nasceu. No ano 330 a mãe do imperador romano Constantino, o primeiro imperador romano que abraçou o cristianismo, construiu em Belém, o primeiro templo cristão, chamado de a Igreja da Natividade. Provavelmente Maria e José, após o nascimento, tenham se hospedado numa casa, da qual se diz ter pertencida a Boaz, ancestral do rei Davi. E ali foi construído o templo. Mas certeza sobre este lugar não temos. Também não importa, o importante é termos a mensagem. Esta é certa e fiel. Por isso, bem-aventurado o que crê, pois terá o que o Evangelho lhe anuncia, dá e sela: perdão, vida e eterna salvação.       
            ................................................................
    
Guia-me – Orações da Manhã

Führe mich... Morgengebete
Herr lehre uns beten von Heinrich Riedel.
   Neu bearbeitet von Christa und Hans-Lutz Poetsch.
  Verlag der Luthe. Buchhandlung, Heinrich Harms. Gross Oesingen, 2003.
           Tradução: Ursula R. Kuchenbecker. 2009.


1º DOMINGO NO ADVENTO.
Tema da Semana: Eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador. Zc 9.9.
Mateus 21.1-9.
Eis aí te vem o teu Rei, humilde (v.5).

    Santo e gracioso Deus! Iniciamos, hoje, em teu nome, mais um novo ano da Igreja. Pedimos guia-nos através desse ano. Permita fazermos uso abundante dos bens espirituais que nos ofereces em tua Palavra e teus sacramentos. E que, pelo perdão dos pecados, sejamos fortalecidos na fé e possamos crescer na vida santificada.
     Carecemos de tua ajuda, pois somos fracos e facilmente influenciados por aqueles que nos querem afastar de ti. Ilumina-nos pelo teu Espírito para não sermos dominados pelo espírito do mundo. Ampara e mantém-nos em tua comunhão.
     Santo e gracioso Deus! O tempo de advento nos lembra que teu filho Jesus Cristo veio ao mundo e nos trouxe salvação. Ele deixou-se crucificar e ser levado à morte, por nós, para reconciliar-nos com Deus Pai, para que todo que nele confia, não pereça, mas tenha a vida eterna.
     Agradecemos-te por tua grande compaixão. Fortalece-nos para que nossa vida seja um fervoroso testemunho do teu amor. Abençoa tua Igreja, e chama pelo evangelho muitos das trevas para tua maravilhosa luz.
    Por Jesus Cristo, nosso Senhor, concede-nos a tua Paz.  
      Virá julgar o mundo: / ao ímpio condenar, / mas com amor profundo / ao crente resgatar. / Oh! vem, Jesus bondoso / , a todos nós buscar / e faze ao céu glorioso / os teus fiéis entrar. (HL 13.5)


SEGUNDA-FEIRA, após o 1° Domingo de Advento.
2 Coríntios 1.18-22.
Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio (v.20).

    Fiel Senhor e Deus! Tua Palavra é a verdade. Dela sabemos que tua fidelidade e compaixão não têm fim. Tuas promessas se cumprem. Agradecemos-te, de coração pelo descanso e pela salvação que nos trabalhaste.
     Em fé queremos responder com um vigoroso Sim ao teu amor, que nos revelaste em Cristo. Não podemos confiar em nosso coração, mas a tua Palavra é a verdade, nela podemos confiar.
     Ampara-nos quando estrememos em nosso íntimo e estamos tristes. Permita que  encontremos sossego em ti.
     Fiel Senhor e Deus! Ajuda-nos a permanecer fiéis ao teu Evangelho, cujas principais verdades temos resumidas, no Catecismo Menor de Lutero. Falsos mestres querem nos enganar com meias verdades e promessas vazias. Guarda-nos, para não sermos jogados de um lado para outro, por qualquer vento de doutrina. Seja tua Palavra luz para nosso caminho.
    Concede-nos consolo por teu perdão, prazer em teus Mandamentos e força para vivermos conforme os mesmos, para podermos proclamar o teu santo nome. Amém
  Se bem-vindo, ó Salvador! / Canto glórias com fervor. / Grava no meu coração / teu  caminho justo e bom! (HL 18.3)


TERÇA-FEIRA, após o 1º Domingo de Advento.
Miquéias 2.1-2, 9,12-13.
Pô-los-ei todos juntos, como ovelhas no aprisco, como rebanho no meio do seu pastor, farão grande ruído por causa da multidão dos homens (v.12).

     Santo e justo Deus! Viemos a tua presença para pedir: Tem compaixão de nós pobres pecadores e do mundo decaído. A maioria das pessoas vive sem ti e desprezam teus Mandamentos. Eles estão em busca de auto-afirmação, para isso subjugam seus irmãos, aumentam a violência e a brutalidade. Por não darem ouvidos a ti, o matrimônio e a família, que tu constituíste, são dissolvidos e trazem muitas desgraças sobre a humanidade.
     Mas tu és Senhor e o permaneces para sempre. Tudo está subordinado a ti. Tu colocas limites aos tiranos, quando não reconhecem seus deveres e rejeitando a tua lei.
     Santo e justo Deus! Não permitas sermos contagiados pelo espírito deste mundo. E onde nós fracassamos, dá-nos contrição e disposição para voltarmos a ti.
     Quando caímos em falsa segurança, acorda-nos. Reúne os dispersos de tua Comunidade. Ampara os que se debatem com dúvidas e ansiedades. Reergue-os solitários e desesperados.
     Guarda teus fiéis nesses tempos do fim. Conserva-nos tua Paz, par que se sejamos fiéis até ao fim.    
      Oh! preparai a vida / ao Príncipe da Paz! / Só ele é nosso guia: / Auxílio e graça traz. /A estrada endireitai! / De corações aflitos /  por causa dos delitos, / ao Rei vos entregai! (HL 8.2)                       


QUARTA-FEIRA, após o 1º Domingo de Advento.
2 Samuel 7.8-16
O Altíssimo não mora em templos feitos por mãos humanas. E eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino (v.13). 

      Querido Pai celestial! Agradecemos e louvamos-te pela proteção da noite. Permanece conosco também neste dia em todos nossos caminhos.
     Planejamos nosso dia, mas sabemos que nem sempre permitirás as realizações. Muitas vezes não compreendemos teus caminhos para conosco. Guarda-nos na firme convicção de que a tua vontade é melhor do que nosso planejar.
     Tu não permitiste ao rei Davi construir o templo em Jerusalém. Reservaste esta tarefa para seu filho, Salomão. Muito além dessa tarefa, porém, cumpriste tua promessa enviando à humanidade teu Filho unigênito, Jesus Cristo, Salvador, o descendente segundo a carne do rei Davi, e edificaste o templo eterno, tua santa Igreja, que permanece além de todos os tempos, por toda a eternidade.
     Querido Pai celestial! Pelo batismo nos enxertas como pedra viva neste teu Templo. Firma-nos na fé para que te sejamos fiéis até ao fim. Teu unigênito Filho, Jesus Cristo, por sua morte expiatória na cruz, nos trouxe perdão, vida e eterna salvação. Por este teu amor, queremos te servir.
     Tu queres que confessemos teu nome. Sim, seja teu nome santificado e teu reino estendido por toda a terra. Dá-nos teu Espírito Santo para que o mesmo nos guie no confessar o teu nome. 
  
     Cristo acorda minha mente; / seja todo o meu falar / para o nome teu honrar. / Quero em gratidão ardente / dedicar-te, ó bom Senhor, / minha vida em teu louvor. (HL 4.4) 


QUINTA-FEIRA, após o 1º Domingo de Advento.
Isaías 64.1-3.
Oh! Se fendesses os céus, e descesses! (v.1)

     Senhor Jesus Cristo! Tu governas com poder céus e terra. Muitas vezes não compreendemos os caminhos pelos quais nos diriges. A ti seja toda a honra e glória.
     Quando estamos em dificuldades e com medo, nós te invocamos. Perguntamos por que te ocultas diante de nós? Pensamos que não nos queres ajudar mais. Suplicamos para que venhas a nós, e sabemos que vens a nós por Palavra e sacramentos. Nós, na verdade, gostaríamos sentir tua presença, mas importa que nos apeguemos à tua Palavra, quer o sintamos ou não.
     Senhor Jesus Cristo! Perdoa nossa pequenez de fé. Tu sempre estás conosco, mesmo quando não sentimos nada. Tu não nos abandonas, mas estás sempre ao nosso lado. Por tua Palavra e teu sacramento, queres nos fortalecer a confiança em ti. Permita que façamos abundante uso desses meios da graça.
     No tempo do Advento nós nos preparamos para celebrar teu nascimento em Belém. Tu te humilhaste e te tornaste servo, para pagar nossas culpas e salvar a humanidade.
     Nós nos humilhamos diante de ti confessando nossos pecados. Confiamos em tua misericórdia. Dá-nos força para tanto por teu Santo Espírito.
    Sou hospede no mundo, / não tenho aqui lugar; / anseio o meu profundo, / e a pátria eterna achar. / Não tenho aqui descanso, / vou repousar no céu; / ali do Pai alcança / os bens que prometeu. (HL 432.1 )


SEXTA-FEIRA, após o 1º Domingo de Advento
Hebreus 10.19-25.
Aproximemo-nos com sincero coração, em plena certeza de fé (v.22).

    Senhor e Salvador, Jesus Cristo! Nós te buscamos nesta manhã. Em tua Palavra nos mostras que já abriste e preparaste o caminho a nós. Derramaste o teu santo sangue na cruz, para nos purificar de todos os pecados. Tu és o caminho, a verdade e a vida. Por meio de ti temos acesso ao coração do Pai celestial e ao reino de Deus.
      Tu nos trouxeste paz. Guarda-nos de descaminhos. Faze-nos reconhecer que só o que recebemos de ti tem valor.
     Senhor e Salvador nosso! Pedimos-te dá-nos força para permanecermos fiéis a ti, em verdadeira fé, para que nada nos engane.
     Guarda-nos das tentações do mundo, dá-nos forças para não silenciarmos onde devemos confessar corajosamente teu santo nome.
     Dá-nos teu amor para não buscarmos a satisfação do nosso próprio egoísmo em falsa segurança. Tu queres que encontremos a realização de nossa vida em ti e no servir a nosso próximo. Fortalece-nos a fé.
     Louvor e glória ao grande Deus! / de graça e por bondade. / Do mal liberta os crentes seus / por toda a eternidade. / Em nós o Pai dos céus se apraz, / agora reina santa paz; / cessou a adversidade. (HL 231.1)


SÁBADO, após o 1º Domingo de Advento
Apocalipse 22.12-14, 16-17, 20-21.
Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente venho sem demora. Amém. Vem, Senhor Jesus (v.20).

     Amado Salvador e Senhor Jesus! Gostaríamos muito de conhecer o sentido e a razão de todos os acontecimentos no céu e na terra, mas estes mistérios nos permanecem ocultos.     
     Nossa própria vida tem muitos enigmas que não podemos desvendar. Mas tu tens todo o poder e governas de eternidade a eternidade. Permita que estejamos voltados inteiramente a ti. Tu és o Criador e o fim de todas as coisas. Em ti encontramos segurança e ajuda em todas as situações.
     Perdoa, quando em nosso pensar começamos a duvidar de tua providência.
     Amado Salvador e Senhor Jesus! Prometestes voltar em breve para buscar teus fiéis para junto de ti. Aguardamos teu último advento, que nos trará libertação de todos os males.
     Mantém-nos na fé. Não permitas cairmos da mesma. Suplicamos em favor de todos os fiéis. Amém, sim, vem Senhor Jesus!                            
      A porta da minha alma / aberta deve estar; / por graça sendo salva, / quer nela o Rei entrar. / As virgens mui prudentes, / o Noivo aguardarão / pois vem o Rei das gentes, / à filha de Sião (5.4).


2º DOMINGO DE ADVENTO
Lucas 21.25-33.
Assim também quando virdes acontecer estas coisas, sabei que está próximo o reino de Deus (v.31).

      Ó eterno Senhor! Nós te agradecemos pela pregação do teu Evangelho neste domingo. Abençoa tua Palavra onde quer que ela esteja sendo lida, ouvida e, especialmente em todos os cultos. Pedimos: Abre nossos corações ao teu Evangelho, que nos anuncia teu amor em Cristo, para que o aceitemos e nos apeguemos em fé ao mesmo. Fortalece em todos nós a certeza de seres tu o Senhor dos senhores e acima de todos os poderes.
     Estende tua mensagem da salvação a todos os confins da terra e permita que muitos cheguem ao conhecimento da verdade salvadora. Tu disseste que o Evangelho será pregado em todo o mundo e isto será um dos sinais dos tempos do fim. Concede-nos força para cumprirmos esta incumbência com fervor.
    Eterno Senhor! Notamos que em nossos dias tuas ordens recebem cada vez menos atenção. O respeito diante de tuas instituições: matrimônio, família e Estado são cada vez menor. Cada um quer mandar, ninguém quer se submeter. Mesmo na cristandade se procura agora adaptar teu Evangelho ao espírito do mundo. A confusão aumenta e muitos são desorientados em sua fé.
     Tu anunciaste os sinais dos tempos do fim. Suplicamos: Protege e guarda-nos para não cairmos da fé por infidelidade. Conserva-nos, teus eleitos, para o teu reino eterno.                                                                
     Cristo volta; não sabemos / em que dia possa ser, / mas total certeza temos / que seu rosto iremos ver. / Ele fez promessa certa / que não poderá falhar. / Nossa fé esteja alerta. / Cristo não irá tardar. (HL 537.2)

SEGNDA-FEIRA, após o 2º Domingo no Advento
Lucas 12.35-40.
Sede vós semelhantes a homens que esperam pelo seu Senhor (v.36).

     Eterno Deus! Nós te agradecemos pela proteção na noite que passou e podermos ver a luz deste novo dia. Abençoa nosso trabalho para que possamos fazê-lo com alegria e não gemendo.
     Esteja com nosso Governo e com todos os que têm responsabilidade em nossa pátria. Permita que reconheçam que no fim dos dias precisam prestar contas de sua administração. Abençoa nossa pátria. Impede a incredulidade e liberta, pela pregação do Evangelho, aqueles que estão nas trevas da incredulidade, de idolatrias e superstições.
     Eterno Deus! Enche nossos corações com saudade pelo grande dia no qual revelarás tua glória. Nós te aguardamos.
     Tu disseste que um dia teremos que comparecer diante do teu trono para juízo. Somos pecadores e culpadas, não podemos agradar-te com nossas obras. Nossa esperança está em teu unigênito Filho, Jesus Cristo, que nos remiu.
     Guarda todos membros de tua Igreja de hipocrisia e de falsa segurança. Concede-nos pessoas que sejam modelos de fé. Acorda-nos, para aguardarmos esperançoso o dia, no qual teu unigênito Filho, Jesus Cristo, virá para recolher-nos ao teu reino.
   Apressa o dia alegre, / congrega os teus fiéis, / e então nas nuvens desce, / ó santo Rei dos reis. / Por ti nos esperamos, / bendito Salvador, / sim, vem, com majestade, / Jesus, ó bom Senhor! (HL 528.3)

TERÇA-FEIRA, após o 2º Domingo no Advento
2 Tessalonicenses 3.1-5.
Todavia o Senhor é fiel; ele vos confirmará e guardará do maligno (v.3).

     Fiel Senhor e Deus! Agradecemos-te pela proteção que nos deste por teus santos anjos e pela paz que desfrutamos na noite que passou. Com todos os que te invocam nesta manhã te suplicamos: Abençoa o dia de hoje. Guia-nos em nossos afazeres, esteja conosco nos momentos de descanso. Guarda-nos de perigos e desastres.
     Ao nos impores dificuldades, não permitas que sejamos impacientes e desanimados. Ajuda-nos a carregar e suportar as provações.
    Fiel Senhor e Deus! Tua Comunidade é constantemente afrontada pelo Diabo. Ele quer nos separar de ti e impedir que te sigamos, fazendo a obra da qual nos incumbiste.
     Guarda-nos para não cairmos da fé. Firma-nos na fé. Dá-nos sabedoria para utilizarmos as armas que nos deste para a luta contra Satanás. Fortalece-nos nas tentações para permanecermos fiéis e herdarmos a vida eterna.
     Tem compaixão daqueles que caíram em depressão e desespero por causa de seus fracassos. Tu podes ampará-los mesmo quando a medicina não sabe mais o que fazer.      Confiamos em ti. Guia-nos, por Jesus Cristo, ao lar celestial.
    Teu Verbo permaneça; / o mundo há de passar! / Ninguém, jamais perece / que em ti, ó Deus confiar! / A tua poderosa mão / me guie em segurança / por trevas e aflição. (HL 314.4)


QUARTA-FEIRA, após o 2º Domingo no Advento.
Apocalipse 2.1-5.
Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor (v. 4).

    Amado Salvador Jesus! Por amor vieste ao mundo e te entregaste à morte para nos salvar e dar-nos a vida eterna. Tu nos enviaste o Espírito Santo para operar em nós fé e os frutos da fé, o amor. Agradecemos-te por isso.
     Tu procuras, agora, em nós os frutos do primeiro amor. Pois teu amor nos move a servir-te conforme o teu querer. Infelizmente, nosso cristianismo é muitas vezes simples hábito. De forma que pouco pode se visto da grande alegria e do júbilo pela salvação. Em vez disso seguimos nossos interesses e estruturas da Comunidade, à qual amarramos nossa piedade. E não suportamos quando alguém, movido pelo primeiro amor, questiona nossas concepções. Sentimo-nos ameaçados e procuramos afastá-lo.
    Quantas vezes houve divisões na tua Igreja, porque pessoas não suportaram os que, guiados por teu amor, levantaram a voz. Pedimos-te guarda-nos de tal hipocrisia e de doutrina falsa. Firma-nos na verdadeira fé, mesmo quando precisamos romper com tradições e costumes que amamos. Não queremos permanecer na cegueira espiritual, mas ser guiados por ti.
    Amado Salvador, Jesus! Ajuda-nos a reconhecer que nossa fé é alimentada por Palavra e teus sacramentos. Fortalece-nos. Guarda-nos de leviandade e de frieza espiritual.
    Protege-nos da impiedade de nosso mundo. Como mensageiros da paz ensina-nos a semear a paz ali onde imperam brigas e ódios. Conserva-nos em tua graça.    
      Extingue em mim cobiça vil, / me expurga de pecados mil. / De forças vem me aparelhar, / a fim de a carne eu subjugar. (HL 396.2)           


QUINTA-FEIRA, após o 2º Domingo no Advento
Marcos 13.5-13.
Aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo (v.13).

    Amado Pai celestial! Em teu nome iniciamos este dia. Agradecemos-te pelo mesmo. Pedimos tua bênção.
       Concede que realizemos nosso trabalho com fidelidade. Concede-nos força e sabedoria para enfrentar e suportar as adversidades, alicerçados em tua palavra, para não sucumbirmos com o mundo.
     Tu nos buscaste por teu Filho Jesus e nos enxertaste na comunhão de tua Igreja. Concede que nos sinta bem em tua casa. Ela nos é uma proteção contra as tentações do mundo. Pois ali vens a nós por Palavra e sacramentos.
     Amado Pai celestial! Os tempos finais, como anunciaste, serão difíceis. Haverá catástrofes e as pessoas não se entenderão. Também os fiéis serão postos arduamente à prova. Não nos deixes cair em descrença, desespero, grande vergonha ou vícios. Concede-nos, conforme tua promessa, sobriedade e paciência, força e alegria para resistirmos na fé até ao fim, e herdarmos a vida eterna.
     Pedimos em favor de todos os que sofrem e estão sobrecarregados. Ampara, especialmente, mulheres e crianças de lares desfeitos, os acidentados e os que foram vítimas de assaltantes. Compadece-te dos desterrados e dos que buscam refúgio, dos que estão nas garras das drogas e de outros laços de Satanás, como de doutrinas falsas.
    Somente tu podes ajudar e dar-nos forças para sermos fiéis até ao fim. Tem compaixão de nós por amor a Jesus.
     Oh! vigiai! O príncipe do mal, / o espírito infernal, / leão que ruge, /  andando em derredor, / cruel perseguidor, / a devorar alguém procura, / privando-o eternal ventura. / Oh! vigiai! Sim, vigiai! (HL 533.3)


SEXTA-FEIRA, após o 2º Domingo no Advento
Lucas 17.20-25.
Porque o reino de Deus está dentro em vós (v.21).

     Amado Salvador Jesus! Agradecemos-te, por teres nos despertado para mais este dia. Em tuas graciosas mãos depositamos tudo o que o dia trará e requer de nós. 
     Por tua santa Palavra e teus sacramentos, teu Reino de veio a nós. Freqüentemente, buscamos ostentação, poder e glória, como as pessoas do mundo. Tu, porém, vieste em humilhação e pobreza para servir, e estendes o teu reino pelos insignificantes meios da pregação de tua Palavra e dos sacramentos.
     Não permitas que por causa do medo ou de nossa cegueira natural, demos ouvidos às tentações de teus inimigos. Abre nossos olhos para os sinais do teu poder e de tua graça. Toca nossos corações e faze habitação nos mesmos. Só assim poderemos permanecer fiéis a ti. Fortalece-nos para que te louvemos, testemunhando do teu amor.
     Amado Salvador Jesus! Tem paciência conosco, como tiveste com os teus discípulos. Tua glória e teu poder são invisíveis. Jamais compreenderemos o mistério do teu governo. Infelizmente, queremos sempre ver sinais e sentir tuas manifestações, mas teu Reino da graça se encontra somente ali onde tua Palavra é anunciada e naqueles que confiam na graça de Cristo. Nós buscamos igrejas imponentes e estamos em perigos de olhar mais o exterior do que ouvir e meditar em tua Palavra.
    Tu olhas os corações. Por tua graça, enche nossos corações com teu Espírito e teu amor.
     Eia! Hosana! Grande Deus, / Filho de Davi, clemente! / Que a coroa e o cetro teus /  manem bênção ricamente! / Cantaremos teu louvor: / Eia! Hosana, ó Salvador! (HL 7.4)


SÁBADO, após o 2º Domingo no Advento
Apocalipse 3.14-22.
Eis que estou à porta e bato (v.20).

     Jesus Cristo, Filho de Deus! Nesta manhã viemos novamente a ti para agradecer pela proteção e paz na noite que passou. Neste último dia da semana guarda-nos e protege-nos com tua graça.
     Tu és nosso Sol e escudo. Não queremos esquecer que somos forasteiros e peregrinos nesta terra e de que a vida tem um objetivo. Temos medo da morte e do juízo final. Como poderemos subsistir, quando tudo o que pensamos, desejamos, falamos e fazemos será revelado?
     Jesus Cristo, Filho de Deus! Fortalece-nos a fé por tua Palavra. Guarda-nos de falsa segurança e hipocrisia. Alerta nossa consciência por tua Palavra.
     Tu estás diante da porta de nossos corações e bates. Permita que não a fechemos a porta, mas te recebamos sempre com alegria. Pois onde estás, ali está o perdão e o amor de Deus. Agradeço-te de todo o coração por nos teres chamado, iluminado, congregado, santificado e integrado em teu rebanho. Conserva-nos fiéis em tua graça, por teu Espírito. 
    Livra-nos de todos os laços do maligno que sempre quer nos dominar e permita que encontremos refúgio em ti. Fortalece-nos para que vivamos conforme tua vontade e executemos nossos bons propósitos para te honrar.
     Permaneça ao nosso lado na vida e na morte e recebe-nós na glória eterna.   
     Desta graça, ó Cristo amado, / sou contínuo devedor. / Fui de todo penhorado / pelo teu divino amor. / Sei que ingrato tenho sido, / mas suplico o teu perdão. / Por teu sangue fui remido – / enche-me de gratidão (HL 379.3).


3º DOMINGO NO ADVENTO
Tema: Preparai o caminho do Senhor! Eis que o Senhor Deus virá com poder. (Isaías 40.3,10)
Mateus 11.2-10.
E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço (v.6).

     Senhor e Salvador, Jesus Cristo! Quando em tua humilhação peregrinaste pelas terras da Galiléia, muitos se escandalizaram em ti. Eles haviam-se imaginado a vinda do enviado de Deus de forma diferente. Mesmo teu antecessor, João Batista, enviou seus discípulos com a pergunta: És tu aquele que estava para vir, ou havemos de esperar outro? (v.3) Na hora da provação no Getsêmani, teus discípulos te abandonaram.
     Nós não somos melhores. Confessamos que somos fracos na fé. Muitas vezes, quando deveríamos estar firmes, temos fraquejado. E nos revoltamos quando nos guias por caminhos que não nos agradam.
     Confessamos que temos pecado gravemente contra ti. Perdoa! Não temos nada a trazer, confiamos única e inteiramente em tua misericórdia.
     Senhor e Salvador, Jesus Cristo! Concede-nos viver diariamente do teu Evangelho. Queremos permanecer em íntima comunhão contigo, apegando-nos com zelo à tua Palavra, vindo com freqüência à tua mesa. Só assim seremos guardados na fé, para não cairmos. Teu Santo Espírito nos fortaleça.

     Prepara em tua graça / meu coração, Senhor, / que eu nada queira e faça / contrário ao teu amor! / Oh! vem em nós morar, / pois tu baixaste ao mundo, / em teu amor profundo, / a fim de nos salvar!”(HL 8.3)

SEGUNDA-FEIRA, no 3º Domingo no Avento
Mateus 11.11-15.
Em verdade vos digo: Entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista. Mas o menor no Reino de Céus e maior do que ele (v.11).

 Senhor Jesus! Tu vieste ao nosso mundo, para nos trazer livramento e salvação. Somos pecadores e ninguém de nós está em condições de, por sua própria força, alcançar a glória. Mesmo João Batista, que te preparou o caminho, dependeu, exclusivamente, de tua graça.
     Agradecemos-te por nos teres salvado. Olhamos envergonhados para os caminhos que trilhaste por nós até à cruz. Perdoa nossa culpa e concede-nos crescimento na fé em tua graça.
     Senhor Jesus! Ilumina nossa vida por teu amor, para que possa transluzir através de nosso pensar, falar e agir. Abre a porta das nações à tua Palavra, para que muitos dêem atenção ao teu Evangelho e possam ser consolados e erguidos pelo mesmo.
     Tu vieste à humanidade para que possamos ser filhos de Deus. Conserva-nos nesta esperança.       
     Vem, ó Rei da glória, / vem, eu sou teu, de mais ninguém. / Aniquila em mim o mal / por tua força divinal. (HL 18.4)


TERÇA-FEIRA, no 3º Domingo no Advento
Mateus 3.1-11.
Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? (v.7)

      Amado Senhor e Deus!  Nós gostaríamos de estar inteiramente voltado para a vinda em glória do teu Filho, Jesus Cristo, mas sentimos como nosso querer e bons propósitos encalham e não conseguem realizá-lo. Gostaríamos de servir-te de todo o coração, infelizmente, realizamos tão pouco.
    Não entres em juízo com teus servos, perdoa os nossos pecados! Combate e destrua em nós tudo que não seja correto. Concede que nos preparemos sinceramente para o Advento do Senhor Jesus. Não permitas que façamos parte daqueles aos quais João Batista chamou de raça de víboras quem vos induziu a fugir da ira vindoura (v.7).
     Senhor Jesus! Teu Espírito Santo nos fez renascer e quer-nos renovar diariamente. Renova-nos por tua força. Concede sermos testemunhas fiéis do teu amor.
     Tu prometeste que a cada semeadura, seguirá a ceifa. Pedimos que tua Palavra produza em nós muitos frutos, conforme a tua vontade. Derrota todo o inço de nossos corações.
     Tem compaixão de todas as pessoas que nos são próximas. Concede que todos alcancem o alvo que nos propuseste, a vida eterna.
     Mesmo cheios de pecado, / em sua graça confiai; / revestidos de humildade,/  em seu reino assim entrai. / Pois a glória do Senhor / revelada é por amor, / e há de vê-la o mundo inteiro – eis a voz do mensageiro. (HL 11.3)

QUARTA-FEIRA, no 3º Domingo no Advento
Lucas 3.10-20.
Mas Herodes o tetrarca, sendo repreendido por ele... por todas as maldades que o mesmo Herodes havia feito, acrescentou ainda sobre todas a de lançar João no cárcere (v.19,20).

     Amado Senhor Deus! Através de João Batista, orientaste teu povo Israel de outrora, sobre como agir em todas as situações da vida: odiar o pecado, abandonar a injustiça e servir um ao outro em amor e justiça. Também a nós tens concedido conhecer tua santa vontade, revelada nos teus Mandamentos. Nós te agradecemos por isso, amado Pai celestial. Infelizmente, cabe-nos confessar que apesar de tua instrução e orientação, não temos dado muita atenção à tua santa vontade, mas seguido nossos próprios caminhos. Precisamos confessar que temos desprezado teus testemunhos e conselhos. Faze-nos amar tua Palavra e teus mensageiros, pois através deles tu mesmo nos falas. Tu és reto Juiz e julgarás a todos os que desprezam tua Palavra, mas és o ajudador de todos os que se deixam disciplinar por tua Palavra e se orientam por ela. Não retires de nós a tua ajuda, amado Pai Celestial. Ampara poderosamente a todos os que sofrem por amor a tua Palavra, a qual eles proclamam.
     Alerta, atormentados, / o Rei Jesus chegou. / De nós, seus bem amados, / há muito se lembrou. / A morte e seu horror / jamais nos ameaça, / pois somos já, por graça, / o povo do Senhor. (HL 9.4)

QUINTA-FEIRA, após o 3º Domingo no Advento
João 1.6-9, 15-16.
Porque todos nós temos recebido da sua plenitude, e graça sobre graça (v.16).

     Senhor Jesus! Tu és a Luz que veio ao mundo. Trouxeste riqueza à nossa pobreza, e a presença de tua graça ao nosso abandono. Tu nos tornes filhos do Pai celestial e nos concedes vida nova.
     O evangelista João tomou da riqueza de tuas bênçãos e nos guia a ela para termos parte desta salvação. Agradecemos-te por teu amor, que nos traz salvação e livramento.         
     Senhor Jesus! Faze com que tua obra avance no mundo por tua Palavra divina, pelo milagre do Batismo que instituíste, pelo divino mistério do teu corpo e sangue que nos ofereces como alimento. Ensina-nos e a muitos por teu Santo Espírito a usufruir diariamente deste tesouro.
    Queremos agradecer-te pela salvação, testemunhando e guiando muitos outros a tua graça salvadora. Prepara-nos para sermos portadores de tua luz, pela qual outros possam encontrar-te.
    Compadece-te dos doentes e solitários. Tem compaixão de todos que esperam por tua salvação.
     Do céu a Luz apareceu, / novo brilho ao mundo deu; / fulgura em nós e nos conduz / das trevas para a eterna luz. Kyrieleis! (HL 35.3)

SEXTA-FEIRA, após o 3º Domingo no Advento

João 1.29-34.
Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (v.29).

     Eterno Deus e Pai! Enviaste João Batista para preparar o caminho para Jesus. Ele mostrou aos homens, do seu tempo, os seus pecados, advertindo-os a respeito do juízo que pairava sobre eles. Suas palavras também valem a nós.
      João Batista apontou para Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo, que por seu sacrifício pagou completamente pelos pecados da humanidade e a reconciliou contigo, ó Pai. Permitiste que esta consoladora mensagem nos erguesse também. Somente pela fé em Cristo temos perdão dos pecados e nos tornamos cidadãos do reino celestial.   
     Faça com que demos sempre atenção a esta mensagem. Guarda-nos de darmos atenção a outros programas e propostas que querem nos desviar da única coisa necessária, tua graça.
     Eterno Deus e Pai! Teu Filho nos trouxe a paz que excede a todo o entendimento. Por causa dele estás conosco com teu amor. Queremos agradecer-te diariamente por isso. 
     Permita que, através de tua Palavra, possamos reconhecer sempre tua graciosa vontade e seguir a Cristo na força do Espírito Santo. Apesar de nossa fraqueza, queremos agradecer e louvar-te.
     Pedimos em favor de todos os que são levianos ou inimigos teus, que odeiam tua Igreja. Traze-os pelo poder da graça de Cristo ao conhecimento da verdade para que te adorem com todos os santos.       
 Ao sofrer na cruz maldita, / Cristo as culpas apagou; / a minha alma triste e aflita / com sua morte consolou. / Resgatou-me, gracioso, / do poder de Satanás / para eu sempre, venturoso,
ao Senhor servir em paz. (HL 29. 2)

SÁBADO, 3º Domingo no Advento
Lucas 7.29-35.
Todo o povo que o ouviu, e até os publicanos, justificaram a Deus, tendo sido batizados com o batismo de João; mas os fariseus e os intérpretes da lei rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus, não tendo sido batizados por ele (v. 29,30).

      Senhor Jesus! Deste-nos mais um dia. Por tua graça divina acordamos. Louvado sejas.
     Acorda também nossos corações e nossa consciência, para que compreenda a seriedade de tua Palavra. Muitas vezes achamos que já conheço e compreende tua Palavra e não nos importo com o teu sério chamado.  
     Em tua Palavra nos dizes que os que parecem estar longe de tua Palavra, estão perto e muitos que julgam estar perto de ti, estão longe.
     Senhor Jesus! Ilumina nosso pensar e fazer por tua Palavra. Se encontrares ali justiça própria e falta de confiança em ti, perdoa.        
      Faze com que confiemos inteiramente em tua graça. Concede-nos ânimo para confessar-te nossos pecados, mesmo que isso venha a prejudicar nosso nome junto a amigos e vizinhos.
     Cria em mim, ó Deus um coração novo,... Restitui-me a alegria da tua salvação (Sl 51.10-12).
     O tempo se cumpriu. / Por Deus eis-nos aceitos! / Pois Cristo satisfez / a Lei e seus preceitos, / e em todo o seu viver / humilde nos serviu; / Deus já proclama a paz: / O tempo se cumpriu. (HL 34. 4)


4º DOMINGO NO ADVENTO
Tema: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, eu Salvador. Lc 1.46,47
João 1.19-28.
Então ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías (v. 23).

     Misericordioso Deus e Pai! Através de todos os acontecimentos neste mundo, preparas o caminho para teu Filho, Jesus Cristo. Vemos isto, diariamente, em tua santa Palavra. Agradecemos-te por isso!
      Anunciaste a vinda do Salvador ao mundo através do teu servo João Batista. Ele chamou ao arrependimento e à conversão. Dá com que seu testemunho seja preservado em tua Igreja, preparando o caminho para o teu Filho em nossos corações.
     Vemos que a pregação de teus servos, da mensagem salvadora de Jesus Cristo, encontra pouca atenção. Nosso povo está espiritualmente endurecido e não se interessada pela salvação. Mas tu podes, por teu Espírito, gerar vida nova em terra seca. Pedimos-te por isso neste tempo de Advento.
     Misericordioso Deus e Pai! Prepara o caminho para teu Filho, Jesus Cristo, em nossos corações, a fim de sermos governados por ele, por sua vontade e sua misericórdia.
    Tu queres que renunciemos ao pecado e nos afastemos de tudo o que te desagrada. Afasta de nós tudo o que possa impedir a vinda do teu reino a nós. Quebra tu mesmo as trancas em nós que estão impedindo tua entrada. Venha, ó Senhor, com todo o teu poder e vence nossas trevas com a tua eterna luz.
  Vem, ó Rei da glória, vem, / eu sou teu, de mais ninguém. / Aniquila em mim o mal / por tua força divinal. (18.4)


SEGUNDA-FEIRA, após o 4º Domingo no Advento
Isaías 45.1-8.
Destilai, ó céus, dessas alturas e as nuvens chovam justiça; abra-se a terra e produza a salvação, e juntamente com ela brote a justiça; eu, o Senhor, as criei (v. 8).

      Senhor e Salvador! Tu governas o mundo de forma maravilhosa e com poder. Tudo está ao dispor de tua glória. Serviste-te de um rei ímpio para destruir o reino babilônico e libertar Jerusalém.
     Onde atuas, ali as portas se abrem e as trancas de ferro são quebradas. Os tesouros secretos e tuas jóias ocultas, tu as distribuis a quem queres. Todos os poderes, bons e maus, estão em tuas mãos. Tu os usas para os teus objetivos, e todos precisam te obedecer. 
     Senhor e Salvador!  Tu dás a paz e concedes ao mundo a salvação. Tu edificas tua comunidade e aplainas o caminho para o teu reino. Tu és a luz que brilhas em meio a nossas trevas.
      Clamamos com o profeta Isaías: Faze os céus destilar das alturas e as nuvens chover justiça. Abra-se a terra e produza a salvação. Traze-nos a tua salvação. Teu amor nos desperte para uma nova vida espiritual.
     Vem a nós e ergue em nosso meio teu reino de justiça que nos salva. 
 Tal como o orvalho sobre a flor, / vem hoje a nós, o Salvador. / Vós, nuvens, com frescor trazei / para Israel seu grande Rei. (HL 3.2)

TERÇA-FEIRA, após o 4º Domingo no Advento
1 Coríntios 2.6-10.
Mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outra oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória (v.7).

     Senhor Jesus! Agradecemos-te por nos teres levado à fé, que não está firmada em sabedoria humana, mas em tua misericórdia. Já antes da fundação do mundo, planejaste dar e conceder-nos participação em tua glória. Louvado sejas eternamente.
     Tua intenção estava oculta na humilde manjedoura e sob o escândalo da cruz. Nenhuma mente humana pode desvendar este mistério, caso contrário, não te teriam perseguido e crucificado.
     Senhor Jesus! Concede nos teu Santo Espírito para reconhecermos, teu maravilhoso desígnio de nossa salvação, aceitando a em fé e amando tua graciosa e oculta sabedoria. Tu és o todo poderoso Criador e mantenedor de todas as coisas, mesmo assim te humilhaste profundamente, ocultando tua majestade, vindo a nós em forma de servo, como nenê, deitado na manjedoura, a fim de nos salvar. Aquilo que nenhum olho viu e nenhum ouvido ouviu e jamais alguém pensou, tu preparaste para aqueles que te amam.
     Permite pertencermos ao grupo dos teus eleitos.
      Vê, minha alma, a maravilha! / Vem a ti, teu Salvador; / tão profundo é seu amor: / pelo pecador se humilha. / Eis na gruta a repousar / quem o mundo vai salvar. / Que alegria, oh! que alegria, / Cristo o mal de nós desvia. / Que ventura, oh! que ventura: Cristo é o Sol da graça pura. (HL 27.2)   
  
QUARTA-FEIRA, após o 4º Domingo no Advento
Marcos 3.31-35.
Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão e mãe (v.35).

     Senhor Jesus Cristo! Tu vieste para fazer de nós teus irmãos e tuas irmãs. Abriste-nos a porta para a casa do teu Pai celestial. Todos os que confiam em tua graça e te querem seguir são bem-vindos.  
     Agradecemos-te, por nos teres chamado a tua igreja, a comunhão dos santos. Sabemos que não foi o nosso querer e fazer, mas tua graça nos achou.
     Senhor Jesus Cristo! Ensina-nos reta obediência. Não permitas que nós nos escandalizarmos em ti quando nos dirigires por caminhos que não entendemos. Mesmo tua mãe teve que aprender a reconhecer-te melhor, como Filho do Pai celestial. Por isso pedimos-te, firma nos na fé e mantém nos até ao fim.
     Neste santo tempo de Advento no qual nós nos preparamos para tua vinda, abre-nos os olhos para teu grande amor.
     Ampara-nos, teus irmãos. Pois por amor a ti, teu onipotente Pai nos recebe como queridos filhos.
     Mas eu, teu servo bem menor, / suplico sempre com fervor: / Jesus, te quero muito bem, sou fraco, em meu socorro vem. Aleluia! (HL 23.5)

QUINTA-FEIRA, após o 4º Domingo no Advento
Romanos 1.1-7.
Paulo, servo de Jesus Cristo chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus, com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi, e foi
designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de Santidade (v.1,3-4).

     Senhor, nosso Salvador, nós te agradecemos por teres enviado teus apóstolo ao mundo.
Eles proclamaram teu evangelho, cheios do Espírito Santo. O que os profetas anunciaram, se cumpriu ao pé da letra. Tu és o verdadeiro Deus, vieste na força do Espírito como verdadeiro homem, da descendência de Davi. Tu morreste por nós e ressuscitaste dos mortos. Tu nos salvaste e nos tornaste propriedade tua, pela fé na graça de Cristo.
     Senhor, nosso Salvador, nós te agradecemos, por pertencermos à comunhão dos santos, que te louvam das diversas nações. Nós te agradecemos pela vida, que tu nos trouxeste. Nós nos alegramos pelos dons da graça, que concedeste à tua igreja na terra.
    Suplicamos te firma-nos como pedras vivas na construção de tua igreja. Concede que muitos ainda sejam convertidos a ti, Salvador de nossas almas.
     Vem e completa tua obra que iniciaste em nós.  
     Oh! dá teu Verbo por milhares / de evangelistas sob o teu poder. / É necessário os ajudares; / faze-os império de Satã vencer / e em todo o mundo / o Verbo propagar para o teu santo nome / assim honrar. (HL 333.3)

SEXTA-FEIRA, após o 4º Domingo no Advento
Jo 19.25-27.
Vendo Jesus sua mãe, e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis ao o teu Filho. Depois disse aos discípulos: Eis aí, tua mãe (v. 26,27).

     Misericordioso Senhor Jesus! Lembramos o momento em que tua mãe estava ao pé da cruz. Ela foi a serva escolhida e agraciada pela qual vieste ao mundo, nascendo em Belém, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ela é a mãe das dores, cuja alma foi traspassada pela espada.
     Nela tu ergueste uma imagem para tua santa Igreja. Ela se regozijou na graciosa visitação que lhe foi conferida. Ela sofreu contigo e te seguiu.
     Misericordioso Senhor Jesus! Confiaste tua mãe aos cuidados do discípulo João. Concede-nos amor e fidelidade à tua Igreja. Dá-nos força para que te sirvamos com alegria e obediência, e que tua santa e derradeira vontade esteja sempre diante de nossos olhos, para andarmos unânimes na fé e no amor diante do mundo, como uma nova e santa geração e sejamos encontrados como teus discípulos. Dá, ó Senhor, que tua santa igreja, adornada e preparada com os dons da tua graça, te receba como tua noiva. A ti invocamos em fé esperançosa e clamamos a ti com todos fiéis na terra: Venha logo, Senhor e ouça-nos.
     Cantemos glória ao Salvador, / ao Pai e ao Santo Ensinador. / Rendamos ao triúno Deus / louvor eterno lá nos céus. (HL 375.7)

24 DE DEZEMBRO
Romanos 5.12,15,17-21.
Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens, para justificação que dá vida (v. 18).

   Onipotente e misericordioso Pai celestial! Sobre nós, pobres pecadores, paira, desde a queda de Adão e Eva, a maldição do pecado e a morte. Estamos, por sermos pecadores, com toda a humanidade, diante da porta fechada do paraíso, desejosos de paz.
   Tu enviaste teu Filho unigênito, e revelaste nele tua profunda compaixão para com a humanidade. Por sua paixão e morte, Jesus extinguiu a velha maldição e nos abriu a porta do céu.
   Onipotente e misericordioso Pai celestial!  Fizeste Cristo nascer da virgem Maria, que foi obediente a ti até a morte de cruz. Pelo Filho podemos chegar novamente a ti. Tu convidas a todos, que andam na sombra da morte, a vir a teu Filho, que se tornou nosso irmão, para, por arrependimento e fé em sua graça, receberem a adoção de filhos. Governa-nos com tua graça pela qual temos perdão dos pecados e a vida eterna.  
     O paraíso aberto está, / e o querubim dos céus / a entrada não mais vedará. / Bendito seja Deus, / bendito seja Deus! (HL 31.6)

25 DE DEZEMBRO – NATAL
Lc 2.1-14.
O anjo, porém, lhe disse: Não temais: Eis que vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo; é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador (v.10-11).

     Onipotente Deus, Pai celestial! Nós te bendizemos, porque mandaste teu Filho como Salvador da humanidade. Ele veio para nos salvar e reconciliar contigo, ó Pai.
   Contemplamos este misterioso milagre que nossa razão não compreende. Cabe-nos somente agradecer e ajoelhar com os pastores em profunda adoração.
    Ó onipotente, santo e majestoso Deus, nesta criança tu te aproximaste de nós pecadores. Estremecemos como os pastores dos campos de Belém. Tu, porém, nos tiras o medo e nos consolas com a mensagem do anjo: Não temais!
   Onipotente Deus, Pai celestial! Teu Filho se humilhou tão profundamente, descendo para nossa miséria, para nos libertar de todas as necessidades e curar todas nossas enfermidades.
   Ele veio para a noite deste mundo, para trazer a brilhante luz celestial. Ele se tornou pobre, para nos enriquecer.
   Nossa razão é incapaz de captar este mistério do amor, que através de Jesus, o filho de Maria, nos tornas teus filhos. Por tua graça somos justificados e recebemos a vida eterna, que tua graça agora nos governe. Pela fé renascemos e temos parte na nova vida, por Cristo, nosso Senhor.   
     Mil aleluias cantarei / e alegremente exultarei; / nos céus melhor ressoarão e nunca mais silenciarão. Aleluia. (HL 23.8)


26 DE DEZEMBRO
Dia o mártir Estevão
Lucas 2.15-20.
Voltaram então os pastores glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora anunciado (v.20).

    Senhor Deus, Pai das luzes! Fizeste nascer um novo um dia após a escuridão da noite. Nós te adoramos. Louvamos-te porque também fizeste resplandecer, por teu Filho Jesus Cristo, a tua eterna luz neste mundo em trevas.
     Agradecidos nos ajoelhamos em fé diante da manjedoura em Belém, para meditar sobre o mistério da humanação do teu Filho, Jesus Cristo. Ele, o eterno Deus, veio ao mundo, tornando-se nosso irmão na carne, para que nós pudéssemos voltar a ti, ó Pai, ao celeste lar, pela fé na graça de Cristo.
   Senhor Deus, Pai das luzes! Ajuda-nos a dar ouvidos ao evangelho de Natal e confiar plenamente nesta verdade. Mostra-nos como as profecias, que testemunham do teu amor a nós, se cumpriram em Jesus.
   Concede que ouçamos com fé tua Palavra, meditando nela como Maria. Concede que, como os pastores, creiamos, adorando agradecidos a ti.
     Move-nos, para proclamarmos o que ouvimos e vimos nestes dias festivos.
    Triúno e santo Deus, / a ti pertencerei, / e com os atos meus / honrar-te deverei. / Por graça mui bendita, / em mim, ó Deus, habita; / e o teu amor clemente / refulge em minha mente. / Feliz eu sou / por seres meu, / sendo eu somente teu. (HL 160.4)

27 DE DEZEMBRO
dia do apóstolo João

João 21.19-24.
Vendo-o, pois, Pedro, perguntou a Jesus: E quando a este? Respondeu-lhe Jesus: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?quanto a ti, segue-me. (v.21,22)

     Amado Pai celestial! Tu nos protegeste graciosamente na noite que passou. Cada dia tua fidelidade se renova sobre nós. Tu nos preservas e amparas diariamente. Agradecemos-te de coração por isso.
      Esteja conosco também neste dia. Guia-nos graciosamente através dos tempos até o dia de nossa partida para o lar celestial. Mostra-nos que teus caminhos são graça, mesmo quando não os compreendemos. Quando a cruz nos pesa e começamos a nos queixar impacientes, sê nos gracioso. Sustenta-nos nas tribulações. Levanta nossos olhos para contemplarmos tua glória, que por Jesus nos preparaste.
       Pai celestial preserva-nos em tua palavra. Nos sofrimentos tu nos amparas, nos momentos de tribulação, nos fortaleces e nas tentações nos aconselhas e preservas. Quando nos encontramos em caminhos escusos, conduze-nos de volta aos teus caminhos.
       Pedimos-te em favor de todos os pais cujos filhos estão em perigos de se desviarem de ti. Ouve suas orações e concede graça para que voltem.
     Guarda-nos da tentação de querermos tomar nosso destino em nossas próprias mãos, escolhendo nossos próprios caminhos, comparando nossa vida com a dos irmãos, incorrendo assim na inveja, no ciúme, na vaidade e na falta de amor. Ensina-nos a levantar nossos olhos diariamente a Jesus, que nos chamou para segui-lo, no cumprimento de nossos deveres, no lugar em que nos colocaste.
     Dá-nos força e coragem para falarmos do teu amor às pessoas que nos cercam e que se afastaram de ti.
     Neste final de ano agradecemos-te por todas as bênçãos materiais e espirituais. 
         Prepara em tua graça / meu coração, Senhor, / que eu nada queira e faça / contrário ao teu amor! / Oh! vem em nós morar; / pois tu baixaste ao mundo, / em teu amor profundo, / a fim de nos salvar. (HL 8.3)

28 DE DEZEMBRO
Dia das crianças inocentes
Mateus 2.13-18.
Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José em sonho e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar (v.13).

     Eterno Pai celestial!  Estamos radiantes de alegria e cheios de gratidão pela boa nova que ouvimos nestes dias natalinos. Revelaste nos teu imenso amor na criança nascida em Belém da Judéia. Por meio dele a luz eterna veio ao nosso mundo.
     Como teu Filho correu risco de vida e Maria e José tiveram que fugir com ele para o Egito; ainda hoje muitos pais, com seus filhos, são ameaçados pelo terror, por guerras e pela fome.
     Eterno Pai celestial! Compadece-te das pessoas que são fugitivos e sem pátria. Mostra-lhes que Jesus teve a mesma sorte. Dá-nos força para sermos misericordiosos para com os que sofrem e pronto a ajudar com aquilo que graciosamente nos confiaste.
     Tu deste teu Filho a este mundo miserável, para que ele, como nosso irmão, participasse de tudo o que nos oprime e nos resgataste de tudo que nos causa dor. Fortalece a todos que sofrem perseguição por causa do nome de Jesus e mostra-lhes que fazem parte da comunhão de teu Filho, o qual desde sua meninice já teve que sofrer o ódio do mundo. A todos que precisam abandonar casa e lar, faze saber que teu Filho veio o mundo como estrangeiro por nossa causa. A todos os que sofrem injustiça, aos que perderam seus filhos neste mundo cheio de dor, abre-lhes os olhos para que vejam que tu enviaste o teu Filho para  que o amor vença o ódio e injustiça e que um dia toda lágrima dos nossos olhos dos teus fiéis será enxugada no teu reino.
      Ao sofrer na cruz maldita, / Cristo as culpas apagou; / a minha alma triste e aflita / com sua morte consolou. / Resgatou-me, gracioso, / do poder de Satanás / para eu sempre, venturoso,  / ao Senhor servir em paz. (HL 29.2)


29 de Dezembro
(ou 1º DOMINGO APÓS NATAL)
Tema da semana: Agora, Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua Palavra, porque o meus olhos já viram a tua salvação Lucas 2.29-30.

Lucas 2.33-40.
Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição (v.34).

     Amado Pai celestial! Após o nascimento do teu Filho, deste teu Espírito às pessoas como a Simeão, para que reconhecessem na criança de Belém, o Salvador do mundo. Permite que possamos ver e experimentar que tu iniciaste a bem-aventurada obra da salvação em nós.
   Ajuda-nos a reconhecer maravilhados e com gratidão que cumpriste tuas profecias em Cristo. Faze-nos jubilar, cantar e orar cheios de alegria pelo fato de o Salvador ter vindo ao mundo e nos preparado a eterna reconciliação contigo.
       Ajuda-nos para que, nestes dias de festas, não nos desviem da mensagem principal que é Cristo. Concede reconhecermos o que Jesus significa para a humanidade, de ser ele o prometido Salvador. Tua paz é para todos e os que confiam em tua Palavra a recebem pela fé na graça de Cristo.
     Tu cumpriste tuas promessas e preparaste para o mundo a salvação em Jesus Cristo. Ajuda-nos para que nos apeguemos com fé inabalável ao que tu nos ofereces e para que nos levantemos na força do nosso Salvador para uma nova vida.
     Vença por teu Espírito Santo toda oposição do nosso coração, para que não nos escandalizemos na humildade figura do teu Filho, caindo da fé e perdendo-nos para sempre. Coloque nossos pés sobre o eterno fundamento que é Jesus Cristo, para que alcancemos o alvo que tu colocaste para te louvar eternamente.

Veio a nós, no triste val, / simples, em pobreza; / no seu reino celestial / nos dará grandeza. / Para nos enriquecer, / Ele se fez pobre. / Quão profundo deve ser / seu amor tão nobre. (HL 30.2,3)

30 DE DEZEMBRO
João 12.44-50.
Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. (v.46).

     Amado Salvador e Senhor Jesus! Vieste a nós, malditos por causa de nossos pecados, como a luz do mundo. Agradecemos-te por nos teres iluminado para vermos tua santidade, teu amor e tua misericórdia.
   Agradecemos-te por nos teres anunciado e revelado pelo anjo a paz que excede a todo o entendimento. Como nosso substituto tu cumpriste a lei, pagaste nossa dívida junto ao Pai e nos libertaste do pecado, da morte e do poder de Satanás. Ordenaste que o evangelho da paz fosse proclamado no mundo, para que todo o que crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Por esta paz somos guardados, enquanto aguardamos o dia de tua vinda em glória para julgar vivos e mortos.  
     Amado Salvador e Senhor Jesus! Confessamos que nem sempre temo-nos apegado com sinceridade à tua Palavra, não permitindo que nos guiasses por tua luz. Temos preferido procurar nossos próprios caminhos em trevas. Perdoa e sê nos gracioso.
     Guarda-nos, para não perdermos, por nossa ingratidão, tua graciosa luz. Não permitas que sejamos ofuscados pelo brilho deste mundo passageiro e sermos condenados no dia do juízo final, o que por nossa ingratidão e incredulidade merecemos.
     Preserva-nos a luz de tua salvação. Dá-nos o teu Espírito. Fortalece-nos na fé para que renunciemos a todo o pecado e te sirvamos com tua propriedade.
     Assim como vivemos nestes dias entre o Natal e o Ano Novo, assim queremos viver entre tua vinda na carne em humilhação e tua vinda em glória no dia do juízo final; aqui estamos ainda sob a cruz, aguardando tua manifestação em glória.
     Ó Jesus, meu Redentor, / sou aqui atribulado / pelo rude malfeitor. / Que viver atormentado! / É tão bom andar na luz / de Jesus. Amém. (HL 401.1)

31 DE DEZEMBRO
Lucas 12.35-40.
Cingidos estejam os vossos corpos e acessas as vossas candeias. Sede vós semelhantes a homens que esperam pelo seu Senhor (v.35,36).

     Onipotente e eterno Deus! Nós te agradecemos por todas as bênçãos com as quais nos acompanhaste durante este ano que finda. Estiveste conosco nos dias de alegria e de tristes. Com grande fidelidade nos dirigiste, amparaste e atraindo-nos sempre a ti em dias bons e maus.
   Perdoa nossa ingratidão. Em Jesus Cristo nos colocaste o alvo eterno. Muitas vezes, no entanto, nas preocupações desta vida e pelo amor ao mundo, perdemos este alvo de vista.
   Onipotente e eterno Pai! Cabe-nos confessar que ali onde deveríamos ter vigiado, dormimos; onde deveríamos ter lutado, esmorecemos. Perdoa onde fomos infiéis a ti, na família, na comunidade e na sociedade.
   Não sabemos o que o futuro nos trará. Mas sabemos que tu estarás ao nosso lado para nos guardar e guiar. Se for de tua vontade, impeça a destruição da natureza e toda a brutalidade humana, bem como todo o poder de Satanás e de seus súditos. Em ti esperamos, às tuas mãos nós nos entregamos.  Seja feita a tua vontade.
   Fortalece a tua Igreja. Conserva-nos tua Palavra e dá-nos o teu Espírito. Permite que aguardemos com fé a volta do teu Filho, Jesus. Ajuda-nos a usarmos bem as tuas bênçãos, tempo, dons e bens no serviço a ti e ao próximo. Amém.
     Oh! faze-nos em ti viver, / na fé em ti adormecer, / naquele dia despertar / e a celestial mansão herdar. (HL 56.6)
                                                          São Leopoldo, Dezembro de 2009  
                                                              Horst Reinhold Kuchenbecker