segunda-feira, 15 de junho de 2015

Credo Niceno

Credo Niceno – Histórico
     No dia 19 de junho é o aniversário do Credo Niceno. No dia 19 de junho de 325 (Ano Domini, AD) se realizou em Nicéia (hoje Iznik, na Turquia) o primeiro Concílio Ecumênico que reuniu 318(?) bispos da Igreja, além de muitos diáconos e leigos, talvez um número de aproximadamente 2000 pessoas. Neste concílio foi formulado e aceito o CREDO NICENO.
     O imperador romano Diocleciano (284 – 305 AD) queria extinguir o cristianismo. Houve sangrentas perseguições em todo o Império Romano. Quando Constantino (306-337) se tornou imperador, decretou em 311 AD a lei da tolerância dos cristãos e já em 313 AD, pelo Edito de Milão, a liberdade religiosa geral. Isto terminou com as perseguições. Pouco depois, o imperador decretou a religião cristã como oficial do Império.
     Constantino foi um dos grandes imperadores do Império Romano. Ele procurou unir o império e venceu diversas batalhas. Tendo unido o império, viu com tristeza a divisão da Igreja Cristã. Convocou, então, os bispos, podemos dizer: o primeiro Concílio Ecumênico para a cidade de Nicéia na Ásia Menor, onde ele tinha seu palácio de verão. A Igreja, após tantos anos de perseguição não tinha força material para tal. O próprio Imperador hospedou os 318 bispos, além dos muitos diáconos e leigos, que compareceram.
     O Concílio foi aberto no dia 20 de maio de 325, pelo próprio Imperador com uma mensagem na qual ele pedia a união da Igreja. Ele participou também de algumas reuniões e se manteve bem informado, dando sugestões.
A doutrina de Ário
     No concílio havia dois grupos: Os adeptos do bispo Alexandre de Alexandria e os adeptos do teólogo Ário (270 – 336), também de Alexandria. Ário negou a divindade de Cristo e por isso foi excomungado pelo bispo Alexandre. Mas as discussões continuaram. Agora os dois grupos se enfrentaram no Concílio.
      No Concílio foram tratados também outros assuntos, mas o ponto principal foi a controvérsia de Ário. Ele afirmou que o “Logos”, isto é Jesus, é chamado de Deus, mas não o era. Mesmo existindo Jesus antes da criação, ele era criatura subordinada a Deus Pai. Com isto Ário negou a Trindade e ao mesmo tempo a obra da salvação. Pois se na cruz morreu somente um homem e não Deus, não temos salvação. No dia 19 de junho a formulação do Credo Niceno foi aceita e a doutrina de Ário condenada. Como ele insistiu em sua doutrina, ele teve que ir ao exílio.   
     Infelizmente, não era o fim do problema. A discussão brotou novamente sob o Imperador Constantino II e foi assunto de debates ainda em dois Concílios posteriores. Por fim dividiu a Igreja Cristã em Igreja do Ocidente, hoje a Igreja Católica Romana, que aceita o Credo Niceno, e a Igreja Católica do Oriente que em parte, até hoje, não aceita o Credo Niceno e segue a teoria de Ário, negando ser Jesus igual ao Pai, da mesma essência divina.
Afirmações da Bíblia
   Se olharmos a Bíblia, até parece que ela se contradiz. Por um lado, Jesus afirma: “Eu e o Pai somos um. Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 10.30; 14.10); ao mesmo tempo afirma:  “O Pai é maior do que eu” (Jo 14.28). Quanto ao dia do juízo final afirma: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai” (Mt 24.36). Além disso, a Bíblia afirma: Jesus é “gerado do Pai desde a eternidade (Salmo 2.7), e é chamado “Filho unigênito” (Jo 3.16). Como vamos entendê-lo?
      Os bispos o formularam assim: “gerado, não criado, de uma só substância com o Pai”. No sentido de que Cristo tem sua essência do Pai. Ele não foi criado por um ato da vontade do Pai, por um caminho, um ato material. Ele é de uma só substância eterna do Pai. Como a discussão continuou mais tarde, o Credo Atanasiano o formulou assim: “O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incriado... O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.”
     Com respeito à primeira pergunta: “O Pai maior do que eu”, precisamos lembrar o que a Escritura ensina sobre a humilhação e exaltação de Cristo. Vamos resumi-lo aqui: “A humilhação de Cristo consistiu em não ter ele usado sempre e inteiramente a majestade divina, comunicada à sua natureza humana.” (Cf.: Fp 2.5-8). “A exaltação de Cristo consiste em que ele usa sempre e inteiramente a majestade divina comunicada (transmitida) à sua natureza humana.” (Cf.: Fp 2.9-11) Na humilhação Jesus não deixou de ser Deus. Ele só não usou sempre e inteiramente suas qualidades divinas, comunicadas a sua natureza humana.  Na exaltação, Jesus não deixou de ser homem, mas agora usa, também como homem, todas suas qualidades divinas, comunicadas à sua natureza humana. De modo que Jesus como homem é onipotente, onisciente, onipresente.  
     Em nosso meio temos os Testemunhas de Jeová, que vão de porta em porta, abrem a Bíblia e querem provar que a Trindade é uma doutrina cristã errada, que Jesus não é Deus, igual a Deus Pai, antes ele foi criado pelo Pai (mesmo antes da criação do universo) o qual lhe deu certos poderes. Ou ensinam que Deus adotou Jesus como filho e no decorrer da vida lhe conferiu certos poderes.  
     O Credo Niceno afirma a divindade de Cristo com as seguintes palavras: “E (cremos)  em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os mundos, Deus de Deus, Luz de Luz,  verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai (consubstancial  ao Pai), por quem todas as coisas foram feitas.“
Por que uma Confissão, um Credo?
     Algumas igrejas cristãs rejeitam os credos. Eles dizem: Isto é palavra humana, é um radicalismo que só causa e cria divisões.
     No tempo de Jesus, muitos se perguntavam: Quem é Jesus? Um profeta, um revolucionário? etc. Jesus perguntou a seus discípulos: “Quem diz o povo que eu sou”? E depois perguntou diretamente aos discípulos: “Quem dizeis que eu sou?” Ao que Pedro respondeu (sem dúvida todos os outros endossaram a confissão): “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (Mt 16.13-17)
     Assim, já nos primeiros tempos, até hoje, as pessoas que vem ao batismo (quer adultos ou a pais que trazem suas crianças) são perguntadas: Que crês a respeito de Jesus? (At 8.36-40) Respondiam e respondem ainda hoje com o Credo Apostólico, formulado de frases das cartas dos apóstolos.
     Ao longo da história da Igreja Cristã surgiram diversas perguntas e interpretações erradas da Escritura e a Igreja teve que reunir seus melhores homens (teólogos, pastores e leigos) para examinar a Escritura (a Bíblia) e confessar a verdadeira interpretação e doutrina da Bíblia. Hoje temos três Credos Ecumênicos: o Apostólico, o Niceno e o Atanasiano, bem como as respostas no tempo da Reforma Luterana: As confissões reunidas no Livro de Concórdia de 1580, no qual a Confissão de Augsburgo de 1530 e a Fórmula de Concórdia de 1580 são as principais. Que devem ser constantemente lidas e estudadas nas congregações.
    Em nossa época se detesta a “verdade absoluta”. Dizem, ninguém sabe o que é verdade. Cada um tem a sua verdade. Ninguém é dono da verdade. Por isso “Credos” são detestados com as mais variadas afirmações como, por exemplo: Afirmar um credo é radicalismo, ser reacionário. Jesus afirmou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” (Jo 14.6) Jesus orou por seus discípulos: Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade. (Jo 17.17) A respeito dos discípulos lemos: “E permaneceram na doutrina dos apóstolos.” (At 2.42)
    Em contraposição às Confissões luteranas a Igreja Católica formulou sua posição doutrinária no Concílio de Trento (1545 – 1583) e os resumiu no seu Catecismo da Igreja Católico, atualizado em 1992. As Igrejas Reformadas expressam sua posição no Catecismo de Heidelberg (1858) e de Westminister.
                                                                                       São Leopoldo, 13/06/2015
                                                                                        Horst R. Kuchenbecker


Credo Niceno – Hinário Luterano
     Creio em um só Deus, Pai
todo-poderoso, Criador do céu e da terra, tanto das coisas visíveis como das invisíveis.
     E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os mundos, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas; o qual por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e se encarnou pelo Espírito Santo na virgem Maria e foi feito homem; foi também crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado; e ao terceiro dia ressuscitou segundo as Escrituras, e subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai, e virá novamente em glória a julgar os vivos e os mortos, cujo Reino não terá fim.
    E no Espírito Santo, Senhor e Doador da vida, o qual procede do Pai e do Filho, que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; que falou pelos profetas. E numa única santa Igreja Cristã e Apostólica, confesso um só Batismo para remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo vindouro. Amém. 

Credo Apostólico
     Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criado do céu e da terra.
     E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso senhor,  
o qual foi  concebido  pelo (do) Espírito Santo,
nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao inferno,
no terceiro dia ressuscitou dos mortos,
subiu ao céu e está à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
     Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja cristã –
A comunhão dos santos, na remissão dos pecados,
Na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém