Festa da Santíssima Trindade
Chegamos ao fim do primeiro semestre no
Ano Eclesiástico, com as grandes festas da cristandade: Natal, no qual
celebramos o amor de Deus Pai; Sexta feira Santa, Páscoa e Ascensão, nos
quais celebramos o amor do Filho e Pentecostes, no qual celebramos o
amor do Espírito Santo.
|
No segundo semestre do Ano Eclesiástico,
que começa com a Festa da SS. Trindade, não temos festividades especiais, mas
meditamos sobre o amor do Deus Triúno,
por isso chamamos este período de o “Período da Trindade”. Muitos
denominam os domingos como Domingos após Pentecostes.
O primeiro domingo do segundo semestre é
dedicado, de forma especial, à Santíssima Trindade. Esta doutrina é ensinada
com muita clareza em toda a Bíblia, e não é uma evolução neotestamentária. As
principais passagens do Antigo Testamento são: Gn 1.1-3, 26 (Jo 1.1-3), Elohim
no plural; Nm 6.24; 2 Sm 23.2; Sl 33.6; 45.6,7 (Hb 1.8,9); Is 42.1; Is
48.16,17; Is 61.1. As passagens do Novo Testamento são: Mt 3.16-17; Mt 17.5; Mt
28.19; Jo 14.6; Jo 17.5,24; Rm 8.26,27; 2 Co 13.13; 1 Pe 1.2. Estas verdades
foram magistralmente resumidas, após muitas lutas, estudos, e orações nos três
Credos Ecumênicos, o que se reflete em nossa liturgia e em nossos hinos.
Vamos, pois, meditar na doutrina da
Santíssima Trindade, analisando os Credos Ecumênicos e os principais cânticos
litúrgicos.
Credos e Confissões
Credos e Confissões são nossa
resposta à leitura da Bíblia, o testemunho fiel da fé, da doutrina, a bandeira
que unifica os fiéis e uma barreira contra erros doutrinários. Santo Agostinho
(a.D. 354-430) definiu os símbolos assim: “Símbolo é uma regra de fé breve e
grande: breve, pelo número de palavras; grande, quanto ao peso das sentenças.”
Deus
O assunto Deus está novamente em debate.
Perguntas e mais perguntas são levantadas, tais como: Quem é Deus? Quantos
deuses há? Como posso conhecer a
Deus? É possível ter-se absoluta certeza sobre isso? Os meios de comunicação
trazem para dentro de nossos lares as mais diferentes opiniões sobre Deus,
religião, doutrina e cultos. Não é de admirar que a idéias da globalização
desperta cada vez mais o espírito ecumênico no qual se afirma: Deus é um só.
Todas as religiões são boas, elas só diferem na forma.
O mais importante na religião é o amor.
Será tão simples assim? Vamos tomar o versículo: Deus amou o mundo... (Jo 3.16) No árabe se lê: Alá amou o mundo. A palavra hebraica é Elohim (pural), singular Eloha,
tem como raiz: Alá.A questão, no
entanto, não é de nomes, mas está na compreensão da divindade. Islâmicos adoram
Alá, judeus, Elohim ou Jeová, espíritas o Espírito
superior, filosofias orientais as forças da natureza, budistas, um deus
impessoal, hindus: somos parte de Deus. Todas essas religiões negam a Trindade.
O Islã, aceita os cinco livros de Moisés, mas afirma: Quem dá honras divinas a Jesus é Shirk, isto é, idolatria, tal
pessoa é réu de apedrejamento.
Quem é Deus? Como posso
conhecê-lo? A natureza dá testemunho da excelência de Deus. Os céus proclamam a glória de Deus. (Sl
91.1) A consciência de cada pessoa dá testemunho da existência de Deus. Porque os atributos invisíveis de Deus,
assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se
reconhecem desde o principio do mundo. (Rm 1.10) Mas a natureza e nossa
consciência não nos revelam quem é esse Deus.
Homens não podem descobri-lo. Nem pela
ciência, nem pela filosofia. É preciso que Deus se revele. E Deus, em grande
amor para com a humanidade, se revelou. Havendo
Deus, outrora falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro
de todas as coisas. (Hb 1.1,2) Deus se revela à humanidade na Bíblia e
somente na Bíblia.
Cremos que a Bíblia é a inspirada e
infalível palavra de Deus, não só no sentido, mas palavra por palavra. Mesmo
assim, Deus permanece um Deus abscondito
(escondido). Nenhum pecador poderá
ver a face de Deus. (Ex 33.20) Ele só revelou o que precisamos saber para
nossa salvação. À base da Bíblia, nosso Catecismo
Menor afirma: Deus é
espírito; eterno, onipresente, onisciente, onipotente, santo, justo,
verdadeiro, bondoso, misericordioso e gracioso (Cat. Menor, perg. 111). Jesus nos
revela o Pai. “Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens
conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João
14.9) E: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai senão por mim.” (João 14.6) Jesus nos revela o Pai. No seu
batismo resplandece a Trindade. Jesus disse: “Eu e o Pai somos um.” (João
10.30) A respeito dele o apóstolo Paulo afirmou: “E não há salvação em nenhum
outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens,
pelo qual importa que sejamos salvos.” (Atos 4.12) Cremos no Deus
Triúno: Pai, Filho e Espírito Santo, três pessoas distintas num único ente
divino.
Vamos, com oração, meditar o que Deus nos revela em sua palavra sobre
sua pessoa e obra. Nossos pais resumiram isto, após lutas e orações, com muita
clareza e precisão em Credos e Confissões.
Credos e Confissões
O Credo Apostólico
Quando uma pessoa vinha de outras cidades
para uma comunidade cristã, dizendo ser cristão, ela era perguntada sobre sua
fé. A pessoa respondia, normalmente, com frases tomadas das cartas dos
apóstolos. Assim surgiu o Credo Apostólico. Já no ano a.D. 150 o bispo Ignatius
de Antioquia, aprisionado em Roma entre os anos a.D. 110-117 e condenado à
morte pelo imperador Trajano, menciona em suas cartas, fórmulas confessionais.
Existiam várias em lugares diferentes. No segundo século já encontramos o Credo Apostólico mais ou menos na forma
atual.
O Credo
Apostólico prima pela exposição positiva das principais e essenciais
verdades bíblicas sobre o Deus triúno e seu amor revelado em Cristo, o Filho de
Deus. O Pai, criador e mantenedor de todas as coisas; Jesus Cristo, salvador da
humanidade; o Espírito Santo, doador da vida.
Credo Niceno
Quando em Roma o rei Constantino (a.D. 312-337)
Assumiu o trono do império romano, o império estava dividido. Ele foi
simpatizando do cristianismo. Deixou-se batizar pouco antes de sua morte.
Procurou unir o império. Para sua tristeza notou a divisão no cristianismo. Convocou
então o primeiro Concílio Ecumênico para Nicéia, Turquia, onde ele tinha um
palácio. Ali hospedou os 300 bispos do seu vasto império. O bispo Arius (a. D. 256-336)
de Alexandria, África, defendeu que Jesus, o Verbo (Jo 1.1) é chamado de filho
de Deus só figurativamente. O pastor Atanásius (a.D. 296-373) se opôs. Os
debates foram longos. A discussão girou em torno dos termos gregos semelhante ao Pai (homoi-ousios) e da mesma
essência do Pai (momo-ousios). Termos sugeridos pelo próprio imperador. No
dia 19/06/325) o Credo Niceno foi aceito e Arius condenado. Destacamos as
palavras: E um só Senhor Jesus Cristo,
Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os mundos, Deus de Deus,
Luz de Luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só
substância com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas.
A falsa doutrina de Arius, no entanto,
voltou a brotar. Surgiram novos debates e estudos. E o segundo Concílio geral,
no a.D 381, em Constantinópola (hoje, Istambul), rejeitou estes erros novamente,
fazendo o acréscimo: “que procede do
Pai”. A mesma matéria foi reafirmada no Concílio de Toleno, na Espanha, em a.D. 589, recebendo o seguinte acréscimo: “o qual procede do Pai e do Filho (latim:
filioque).”
Após isto, surgiram outros debates em
torno da pessoa de Cristo, que levaram à formulação do Credo Atanasiano, cuja
autoria foi, por um engano histórico, atribuído a Atanásio de Alexandria (a.D 296-
373). Mais tarde notou-se que Atanásio só escrevia em grego, mas o Credo foi
elaborado em latim.
O Credo
Niceno clarificou a pergunta sobre o Logos
(Verbo, Jesus), a palavra que emana do Pai, afirmando que Jesus é realmente
Deus, da substância do Pai. Mas a
pergunta sobre a “pessoa” de Jesus e o relacionamento entre as duas pessoas, a
divina e a humana entre si, permaneceram abertas e geraram muitas outras
perguntas e discussões. As perguntas que mais absorveram os debates foram:
Quanto à pessoa de Cristo, a encarnação e a união das duas naturezas em Cristo.
As confissões respondem: A união existe desde a concepção. Maria deu à luz ao
Filho de Deus, (theotokos = mãe de
Deus), não só à natureza humana de Cristo, mas ao “Logos”. As Confissões
afirmam que Maria deu à luz ao “Logos” (Jo 1.14), ao Filho de Deus (Gl 4.4; Rm 9.5), ao “ente santo (Lc 1.35), ao qual Isabel
chama de “o meu Senhor”(Lc 1.43).
Outros diziam que a divindade perpassava a natureza humana, como por exemplo o
fogo perpassa o ferro incandescente. Também este erro foi rejeitado.
Cristo não é um ser duplo, com duas pessoas,
como os nestorianos (Nestorius, bispo em Constantinópola (a.D. 428) e Êfeso (a.D.
431) afirmava, nem um ser composto de meio termo, que seria nem só divino, nem
só humano. Mas Cristo é uma pessoa, divino-humana. Cristo é uma só pessoa, que
tem uma completa natureza divina e uma completa natureza humana. As duas
natureza estão unidas de modo a constituírem uma pessoa, uma individualidade.
De sorte que há um Cristo, que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
“Cremos,
ensinamos e confessamos que o Filho de Deus, ainda que desde a eternidade é
pessoa particular, distinta e integra, e, por conseguinte, verdadeiro,
essencial e perfeito Deus com o Pai e o Espírito Santo, contudo, quando se
cumpriu o tempo, assumiu também a natureza humana na unidade de sua pessoa, não
de modo que agora haja duas pessoas ou dois cristos, mas por forma que Cristo
Jesus é agora, em uma só pessoa, simultaneamente verdadeiro e eterno Deus,
nascido do Pai desde a eternidade, e verdadeiro homem, nascido da laudatíssima
Virgem Maria, conforme está escrito Rm 9.5: Também deles descendo o Cristo,
segundo a carne, o qual é Deus sobre tudo, bendito para sempre. (FC DS, Art.
VIII.6).
Essa união pessoal das duas naturezas em
Cristo é um profundo mistério (1 Tm 3.16). Todavia, para dar-nos uma pálida
idéia, a Escritura a compara com a união que existe entre corpo e alma. “Nele,
habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2.9 RA). As duas naturezas não estão misturadas, de modo a
formarem um novo composto. Nem uma se transformou na outra, perdendo sua
própria identidade.
À semelhança de corpo e alma, as duas
naturezas permanecem distintas. Também não existem lado a lado, como duas
tábuas coladas, sem comunhão e inter relação. A semelhança de corpo e alma, a
natureza divina de tal maneira permeia e penetra a natureza humana, e a
natureza humana é de tal maneira penetrada pela natureza divina, que ambas as
naturezas formam uma só pessoa. “A união
das duas naturezas é tão estreita e inseparável, que uma já não pode ser
concebida como existindo sem a outra ou separada dela, senão que ambas devem
ser consideradas em todos os sentidos unidas, todavia de modo tal, que cada uma
retêm seu caráter essencial e suas peculiaridades como antes, e permanece
impermista com a outra ... De sorte que onde está o Filho de Deus, a natureza
divina, aí está igualmente o Filho do homem, a natureza humana. Desde o momento
em que o Verbo se fez carne (João 1.14), a carne não está sem o Verbo, e o
Verbo não está sem a carne. As duas naturezas são inseparáveis, embora
distintas.” (Sumário, p. 90)
Isto precisa ser mantido, pois é
importante para nossa salvação. Perguntamos: Quem morreu na cruz? Nossas
confissões respondem corretamente:
Portanto, a divindade e humanidade em Cristo é uma só pessoa, a Escritura, por
causa dessa união pessoal atribui também à divindade tudo o que sucede à
humanidade e vice-versa. (DS VIII.42) Com isso quero dizer: se não é o caso de
Deus haver morrido por nós, mas apenas um homem, então estamos perdidos. Se,
porém, a morte de Deus e Deus morto estão na balança, ele desce e nós subimos como prato leve e vazio... (nós,
perdoados e absolvidos, justificados, pela morte de Cristo). Em sua natureza
Deus não pode morrer; como, porém, Deus e homem estão unidos em uma pessoa, é
correto dizer: morte de Deus, quando morre aquele homem que é uma só coisa ou pessoa
com Deus... Por isso Lutero afirmou:
Dizer Deus sofreu, Deus morreu... não são
meras palavras, e que não é assim de fato. Pois nossa singela fé cristã mostra que o Filho de Deus, o qual
se fez homem, por nós sofreu e morreu, e nos redimiu com seu sangue. (DS
VIII,44,45)
Assim distinguimos entre obras interna
(opera ad intra) e obras externas (opera ad extra) na Trindade. As obras
internas são: O Filho foi gerado pelo Pai... O Espírito Santo procede do Pai e
do Filho... As obras externas são a criação e manutenção do universo, a
salvação, o gerar a fé e conservá-la e governar a Igreja, ou seja, obras
atribuídas especialmente: ao Pai, a criação, ao Filho, a redenção, ao Espírito
Santo, a santificação. Mas isto não exclui a participação de toda a Trindade em
todas as obras, pois a essência divina é uma.
Credo Atanasiano (Hinário
Luterano, pág. 88)
O Credo
Atanasiano, aprovado, provavelmente no Concílio de Calcedônia (a.D. 451 e
reafirmado no Concílio II e II de Constantinópola, a.D. 553 e 681/690) trata
deste mistério como todo o respeito, firmado na Bíblia. Não procura resolver
pela razão o mistério, mas vai somente até onde a Bíblia o revelou, sem
diminuir nem acrescentar, nem tentar harmonizar... O Credo Atanasiano é o mais teológico dos três Credos. É chamado de o
Creio Musical ou o Salmo didático, assemelha-se à Fórmula de Concórdia entre as
Confissões.
O que dizer das cláusulas condenatórias
do Credo Atanasiano?Um dos aspectos que destaca o Credo Atanasiano dos dois anteriores são suas frase condenatórias
no começo, meio e fim. Vejamos: - Aquele
que quiser ser salvo, antes de tudo deverá ter a verdadeira fé cristã. Aquele
que não a conservar em sua totalidade e pureza, sem dúvida perecerá
eternamente. - Aquele, portanto, que quiser ser salvo, deverá pensar assim da
Trindade. Entretanto é necessário para a salvação eterna crer também fielmente
na humanação de nosso Senhor Jesus Cristo. - Esta é a verdadeira fé cristã.
Aquele que não o crer com firmeza e fidelidade, não poderá ser salvo.
A base bíblica para tal afirmação são as
palavras: - Quem
é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo,
o que nega o Pai e o Filho. Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai;
aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai. (1 João 2.22-23) - E todo espírito que não confessa a Jesus não
procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do
qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo. (1 João 4.3).- Aquele
que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida.
Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós
outros que credes em o nome do Filho de Deus. (1 João 5.12-13)
As verdades do Credo Atanasiano
são doutrinas fundamentais. Isto precisa ser ressaltado em nossos dias, nos
quais, num falso espírito ecumênico, muitos dizem: Há um só Deus. Pouco importa
como alguém o chama e invoca. Cada um tem a liberdade de invocá-lo a seu modo.
E mesmo entre cristãos há pessoas que dizem: Invocar o Deus triúno como Pai,
Filho e Espírito Santo, ou chamá-lo de Deus Pai e mãe, etc, pouco faz, desde
que feito com sinceridade e amor. Não! Não podemos pensar assim. Deus se
revelou em sua palavra e quer ser adorado assim como ele se revelou. Adorar a
Deus “em
espírito e verdade” (Jo 4.24), significa adorá-lo assim como ele se
revelou, no correto espírito bíblico, distinguindo também lei e evangelho,
adorando em verdadeira arrependimento e fé. Por isso queremos permanecer
firmemente apegados às nossas Confissões, conhecer e apreciá-las. Pois, quem
não o crê assim, não tem a fé cristã, e não poderá ser salvo.
É importante notar ainda, que as Confissões Luteranas, como a Confissão
de Augsburgo e a Fórmula de Concórdia, também contém condenações, como por
exemplo ao afirmarem: “Ensinamos,
confessamos e condenamos...” Elas
condenam o erro, mas não afirmam que quem estiver neste ou naquele erro, não
poderá ser salvo. Pelo contrário, admitem que mesmo ali onde erros são
ensinados ao lado da verdade bíblica principal, pessoas podem chegar à
verdadeira fé e alcançarem a salvação. Mas no Credo Atanasiano trata-se de algo essencial, sem o que ninguém
poderá ser salvo.
Não foi intenção dos confessores pronunciar a sentença condenatório
sobre pessoas que devido a certa simplicidade da mente ou por desconhecerem as
verdades bíblicas fundamentais. Mas o Credo
Atanasiano pronuncia a sentença condenatória sobre aqueles que
propositadamente e por obstinação rejeitam estas verdades reveladas.
O que o Credo Atanasiano nos
coloca com muita clareza, não pode ser descuidado. Não pode ser matéria de
indiferença para uma pessoa ou um corpo de igreja. O pastor Johann Gerhard
afirmou com razão: “Aqueles que ignoram o mistério da Trindade não conhecem a
Deus.”
O
uso do Credo Atanasiano nas igrejas
da cristandade
A Igreja Católica Ortodoxa (do Oriente) aceita o Credo Atanasiano, porém
sem o “e do Filho” (latim: filioque),
mas não o usam em seus cultos. A Igreja Católica Romana o aceita e usa em sua
liturgia. A Igreja Luterana o incluiu no Livro de Concórdia, mas o usa pouco em
seus cultos. As igrejas reformadas, o aceitam, mas não o usam, provavelmente
devido a sua aversão a credos e confissões.
Os cânticos litúrgicos que testificam da Trindade
Glória Patri (Glória ao Pai) -
O Glória Patri um canto angelical, tem um valor doutrinal e devocional. Ele é
usado logo após a leitura do Salmo, texto do Antigo Testamento, para mostrar a
unidade entre os dois Testamentos. É uma clara confissão da Trindade. A base
escriturística para ele é: Rm 16.27; Ef 3.21; Fp 4.10; Ap 1.6. Encontramos este
canto incluído nos cantos litúrgicos, na igreja oriental, já desde A.D. 530.
Gloria in Excelsis (Glórias
a Deus nas alturas!) - O Glória a Deus nas alturas menciona as três
pessoas. É um hino de louvor ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Um hino de
louvor ao amor salvador do Deus triúno. É uma confissão da encarnação de
Cristo, de sua satisfação vicária e de sua contínua intercessão por nós. Ele
fala da glória eterna de Cristo. Este canto é uma luz consoladora. Data do
século quarto. Encontra-se na Constituição Apostólica (vii.47), como citado por
Atanásio (em 373).
Te Deum Laudamus (A ti, ó Deus,
louvamos) - Este canto é considerado o hino mais nobre da Igreja Cristã.
Ele combina o louvor e a oração em estrofes de exaltação em ritmo e prosa. A
base do hino é o credo e ao mesmo tempo reúne pedidos de significado universal.
A primeira referência a este canto temos no ano A.D. 500. Não se conhece
ao certo o seu autor. Tudo indica que o compositor tenha sido Niceta, bispo
missionário de Romesiana em Dacia (A.D. 335-444), contemporâneo de São Jerônimo
e Ambrósio (+ 397).
Festa da SS. Trindade, 2015
Horst R. Kuchenbecker