sexta-feira, 22 de julho de 2011

200 Anos de C.F.W. Walther - 25/10/1811

Walther Aniv.200




Biografia de Carl Ferdinand Wilhelm Walther

     O pastor Carl. F. W. Walhter nasceu no dia 25 de outubro de 1811, em Langenchursdorf, Saxônia, Alemanha. É filho de Gottlob Heinrich Wilhelm Walther e Johanna Wilhelmine, nascida Schenderlein de Zwickau. Dos 12 filhos ele é o oitavo. Seu pai, de uma longa linha de pastores, cresceu no racionalismo. Ele ensinou a seus filhos que a Bíblia é a palavra de Deus. Walther escreve em sua biografia: “Até aos 18 anos nunca tive uma Bíblia na mão, muito menos um Catecismo, só uma folha com algumas linhas sobre moral pagã. Eu queria ser músico, mas meu pai me disse: Se tu queres ser músico, trabalhe. Se estudares teologia, eu te darei a mesada de um “Taler” por semana”. Com isso seria possível subsistir como estudante. Walther se decidiu pela teologia, não tanto por causa da promessa de subsistência, mas porque ele leu a biografia de John. Fr. Oberlino[1], escrita por G. H. Schubert, e começou a interessar-se pela teologia.   
     Em outubro de 1829, ele se matriculou na Universidade de Leipzig, onde seu irmão Hermann já estudava. Com poucas exceções, os professores eram todos racionalistas. Um dia, Walther tomou a decisão de comprar uma Bíblia. Mas com que dinheiro? Se eu gastar meu “Taler”, como subsistirei durante a semana? A vontade de ter uma Bíblia venceu. Ele pensou consigo: Estou dando o dinheiro para uma causa de Deus, ele há de me sustentar. E vejam, após uns dias, um colono de sua cidade natal o procurou e lhe disse: “Eu viria para cá, por isso passei na casa de seu pai e lhe perguntei se ele não tinha nada a mandar para ti. – Ele respondeu: Não! Mas, depois disse, espera. Buscou um envelope e disse: Entrega isso para meu filho”. Após o colono ter-se despedido, Walther abriu o envelope. Lá estava um “Taler”. Foi a única vez em que seu pai, lhe deu uma mesada extra.
    Certo dia, alguns estudantes o convidaram para participar de suas reuniões durante a semana. Eram reuniões para o estudo da Bíblia e oração. Liam também os sermões de August Hermann Franke (Teólogo luterano pietista, que se empenhou pelo estudo da teologia, pela missão e um reavivamento, 1663-1727). O grupo era desprezado pelos demais universitários e chamados de pessimistas, visionários, pietistas, etc. Entre eles estavam muitos que, mais tarde, seriam os fundadores de Missouri como Bunger, Fürbringer, Brohm e outros.
     Walther começou ter muitas dúvidas e conflitos de consciência. Nos sermões do pastor Martin Stephan, ele encontrou orientação e consolo. Páscoa de 1833, Walther deixou a Universidade. Ele estava debilitado e precisou se recuperar. Foi para a casa do pai. Na biblioteca do seu pai, ele encontrou as obras de Lutero, e se aprofundou nas mesmas. Nelas encontrou orientação e consolo. Em setembro de 1933 prestou seu primeiro exame (pro licentia condicionandi) em Leipzig, e no ano de 1836 prestou seu segundo exame, em Dresden (pro condidatura). Em 15/01/1837 foi ordenado pastor em Braunsdorf, Saxônia. Uma comunidade destroçada pelo racionalismo. Walther se esforçou ao máximo para ensinar o povo e enfrentou oposição por parte do seu Superintendente racionalista, que lhe proibiu batizar em nome do Deus triúno e lhe ordenou que batizasse em nome da liberdade, fraternidade e igualdade. Walther encontrou amparo em Martin Stephan de Dresden. Em fins de 1838 renunciou ao seu chamado, uniu-se ao grupo de Martin Stephan e deixou, com seu irmão Otto Hermann a Saxônia com 800 emigrantes, buscando uma nova pátria na qual poderiam exercer e confessar sua fé livremente.
     Em 05/01/1839 chegaram a New Orleans. Dali seguiram para St. Louis, onde chegaram no dia 19 de fevereiro de 1829. Os que ficaram ali chamaram como seu pastor o irmão de Walther, Otto Hermann Walther. Os outros seguiram para Perry Country, onde se dividiram em várias comunidades. C. F. W. Walther ficou com as comunidades: “Dresden” e “Johannesberg”.
     A luta inicial foi muito dura. Pobreza e doenças dizimaram o grupo. Além disso, as lutas no campo espiritual. Martin Stephan caiu em grandes pecados e não deu ouvidos às repreensões, para arrependimento. No dia 30/05/1839, Martin Stephan foi deposto do cargo de bispo e expulso da colônia, sob as acusações de: malversação do dinheiro, volúpia, adultério, e obstinada impenitência[2]. O escândalo foi grande. Após o que surgiram outras lutas espirituais, nas quais Walther prestou grande auxílio, por seus conhecimentos de Lutero. Dúvidas foram esclarecidas e em maio de 1841, Walther aceitou o chamado da congregação Trindade de St. Louis, na qual permaneceu até sua morte. Neste mesmo ano, em St. Louis, casou com Emilia Buenger, com quem teve seis filhos. 
     Em 26/04/1847 foi fundado a Lutheran Church – Missouri Synod. Walther foi seu primeiro presidente. Posição que reteve de 1847 a 1850, e novamente de 1864 a 1878.
     Nos 40 anos envolvido nos trabalho da igreja, Walther ocupou vários cargos, inclusive de presidente do Seminário Concórdia de St. Louis (fundado em Perry Couty, Missouri em 1839, fundador da St. Louis Lutheran Bible Society (1853), e fundador e editor de vários periódicos: Ser Lutheraner, Lehre u. Wehre. Ele escreveu vários e importantes livros sobre teologia, como Lei e Evangelho, Pastorale, Die rechte Gestalt, Kirche und Amt.
     Walther foi um vigoroso opositor à influência do maior movimento secular de seus dias, o humanismo, que ele definiu da seguinte forma:
É um fato irrefutável que o humanismo não só suplantou a cristianismo numa grande parte da população, mas ele também infeccionou a teologia cristã no seu núcleo central, o envenenou e enfraqueceu. Definimos o humanismo como crença em um ideal humano, que o homem tem, dentro de si, a capacidade de desenvolver e evoluir para um estado de perfeição e realizar a felicidade (Slavary, humanissm and the Bible).
     Walther faleceu em 07 de maio de 1887 e foi sepultado no Cemitério Concórdia, de St. Louis, onde mais tarde foi lhe construído um mausoléu.
     O objetivo de Walther foi lutar para ser fiel à Escritura e às Confissões luteranas. Ele estava constantemente atento para estar sempre nos ombros dos pais que vieram antes dele. Aqueles que se opuseram à Igreja Luterana e rejeitavam seu ensino, ou eram meramente curiosos e interessados em fazer perguntas zombeteiras, como por exemplo: Onde estava a Igreja Luterana antes de Martinho Lutero?  Por que na época, já havia nos U.S.A. muitos imigrantes luteranos da Suécia e da Dinamarca, as mais diferentes correntes, organizando igrejas e tentando formar Sínodos. Walter respondeu a eles num artigo publicado no Der Lutheraner, intitulado: Com respeito ao uso do nome Luterano. Lemos ali num parágrafo:
Onde quer que haja uma igreja ortodoxa no mundo, ali está a Igreja Luterana. Ela (por estranho que soe o seu nome) é tão velha quanto o mundo. Pois ela não tem outra doutrina do que a doutrina dos patriarcas, profetas e apóstolos. O nome luterano, na verdade, só surgiu há quase 300 anos atrás, mas o nome não é significativo. Por isso, toda a vez que a pergunta é feita a nós: Onde estava a igreja luterana antes de Lutero? É fácil de responder: Ela estava em todo o lugar onde havia cristãos que creram de todo o coração em Jesus e em sua santa Palavra, a única que salva, que traz conforto e é refúgio certo para os aflitos.
O ponto é simples. Usamos o nome luterano para distinguir a fé e a confissão da única católica, apostólica igreja de todas as doutras igreja errôneas. De certa forma, não há uma coisa como “Igreja Luterana”, mas por sermos pressionados a dizer com clareza qual é a palavra de Deus ensinada e proclamada em nosso meio, então nós nos distinguimos dos outros e nos referimos a ela. Em si, ela não é outra coisa do que a boa, velha fé confessada pelos santos em todos os tempos. (Der Lutheraner. Com respeito ao nome luterano. 23/09/1844. Vol I, n° 2, p. 6).
     Walther foi um homem com uma memória fantástica, extraordinário dinamismo e fervorosa devoção. Sua influência não se estendeu somente sobre a América, mas também sobre a Europa.
     Na dedicação e ampliação do Seminário Concórdia em St. Louis em 1883 (fundado em 1839, removido para St. Louis em 1847) compareceram 22 mil pessoas, 160 pastores. Quando Walther faleceu em 1887 e o Dr. Schwan assumiu a presidenta a LC-MS contavam com 1.424 congregações, 459.353 membros, 71.504 escolas paroquiais, 60 missionários itinerantes e 70 pastores em congregações missionárias. Impressionante. Que bênção. Queira Deus em sua graça nos conservar estas bênção. 
  
                                                                             São Leopoldo, 22/06/2010
                                                                                Horst R. Kuchenbecker   



[1] Pastor em Steintal (1740-1826). Dedicou-se à missão entre vagabundos e viciados e conseguiu recuperar muitas pessoas.
[2] Walter escreveu mais tarde: Não acredito que ele tenha sido um hipócrita desde o início. Penso que ele foi sincero e dedicado servo de Deus. Mas os elogios, sua triste vida matrimonial (a família não o acompanhou), inflamara seu orgulho carnal e o fizeram cair.

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