quinta-feira, 8 de março de 2012

Comunicação ao proclamação?


A Proclamação Luterana: Proclamação, não comunicação
Robert W. Schaibly[1]

     1. A respeito da pregação luterana, já foi dito e escrito muita coisa. Escrevo isto na convicção de que nosso Sínodo, em particular e o luteranismo em geral, está enfrentando um grave problema nesta área. Minha convicção cresce pela noção de que, mais cedo ou mais tarde, vou precisar voltar-me a todos os meus paroquianos e todos os meus queridos colegas, que me empurram para, de tempos em tempos, fazer uma investigação sobre o que está acontecendo nos púlpitos luteranos, e o que esperam que aconteça. Ofereço aqui alguma coisa dessas investigações.
     2. Dito isso, desejo ser compreendido ao oferecer  a meus leitores uma perspectiva e uma atitude sobre a pregação luterana. Não posso fazer mais do que oferecer. Não tenho mecanismos pelo quais pudesse pesquisar. Na verdade, despertei para esse tema ao ler o sermão de Lutero sobre o cego de nascença em João 9, pregado na quarta-feira, após Laetare, dia 17 de março de 1518.

Vocês sabem, meus amigos em Cristo, que eu não entendo muito sobre pregação, e por isso prego um sermão louco; por ser um louco eu agradeço a Deus. Por isso, preciso ter ouvintes loucos.  Todo aquele que não deseja ser louco, pode fechar seus ouvidos. Este evangelho me impulsiona a tomar esta atitude. Como vocês ouviram, este evangelho de Cristo é lido somente por cegos. E Cristo conclui que todos os que vêem são cegos e todos os sábios e prudentes são tolos. Estas são suas palavras. Se eu tivesse dito isso, seria tido como um novo profeta. Mas Cristo não mente. Pois, todos nós somos cegos, nossa luz e iluminação vem somente de Cristo, nosso bom e gracioso Deus.[2]

I - O Conteúdo da Pregação Luterana

     3. A pregação luterana é uma atividade que não é feita num vácuo. Antes, ela acontece dentro de um contexto, sim de vários contextos. Como uma atividade da linguagem, a pregação luterana vive no contexto lingüístico, e se defronta com uma exigência da gramática local. Como uma atividade na Igreja, a pregação luterana vive no contexto litúrgico e suas implicações locais. E como uma atividade da proclamação da Palavra de Deus, a pregação luterana vive no contexto da teologia luterana. Estes contextos juntos formam o meio ambiente no qual a atividade da pregação luterana acontece. Vamos considerar cada contexto.

O contexto lingüístico da pregação luterana
     4. Pode parecer que a respeito do contexto lingüístico da pregação luterana há pouco a dizer, a não ser algo sobre a necessidade de um som claro e distinto, de frases claras e distintas. Mas tal simplicidade ilude quanto a tarefa. Primeiro, o mundo lingüístico não é monolítico (bloco único). Há nela diferenças consideráveis, por exemplo, entre a palavra escrita e falada.
     5. A primeira palavra no mundo foi falada: E disse Deus: Haja... A primeira palavra desenvolvida na sociedade foi falada. A primeira palavra pronunciada por vossos filhos são palavras faladas. Há algo básico com a palavra falada. A respeito disto, Richard Lischer escreve:

A voz viva com sua capacidade, variações e entonação, gritos e força, torna possível um nível de clareza não conhecida pela forma escrita da comunicação. A leitura e a televisão fazem de nós espectadores externos, mas o som é a chave para o interior. A classe pode examinar-me, o novo professo, quanto tempo quiserem, mas nada do que eu sou será revelado, exceto quando abro minha boca para falar. O que é  mais revelador do que a linguagem?

     6. Num nível mais profundo, a fala cria um tipo de comunicação que não somente transmite informações, mas requer respostas.[3]
     7. Ali está a palavra falada, e ela está intimamente unida à palavra de Deus. Como já indiquei, Richard Lischer, escreve: Ali está a palavra escrita! Nós ouvimos a palavra falada de Deus. Nós lemos a palavra escrita de Deus. A palavra escrita e a palavra falada têm uma dinâmica diferente. Eles são na verdade uma linguagem diferente, têm um impacto diferente sobre nós. É característica da palavra escrita, mover-nos a pensar e contemplar. A palavra escrita pode fazer isto, por causa de suas propriedades. A palavra escrita “permanece firme” onde ela está e permite a todos, mesmo ao mais grosseiro dos leitores a tomá-la ou deixá-la onde ela está, pensar ou não pensar algo. É uma característica da palavra falada de mover-nos a percepções e intenções. Obviamente estas características sobressaem. A palavra falada pode convidar à contemplação, mas, pela virtude de sua propriedade, quando ela o faz, ela leva o ouvinte além. A palavra falada não permanece quieta. Quando ela deixa de pensar, core seu próprio risco, e perde por cada pausinha que faz. E quando que, pela virtude de suas propriedades, a palavra escrita move alguém à ação, esta ação faz a pessoa abandonar a palavra escrita e ir além por si mesma. Enquanto a palavra escrita fica ali onde foi jogada.
     8. Pregar é palavra falada, com os benefícios e possibilidades que provém destas propriedades. Mas isto não é o fim da história. A pregação luterana nunca é um mero exercício da palavra escrita. A pregação luterana é normada pela Escritura, como veremos a seguir. Mas esta observação também tem significado aqui, pois a Bíblia é a palavra escrita, com todas as propriedades da palavra escrita. E novamente, esta não é toda a história, para estas palavras escritas. Primeiramente, por um fato especial: Esta palavra escrita deve ser falada e ouvida! Birger Gerhardson atesta: “a maior parte da literatura antiga é destinada mais para os ouvintes, e nem tanto para os olhos. Palavras eram entendidas como sons, os autores escreviam, trabalhavam o que pensavam para serem lidas em voz alto.”[4] Claramente, esta observação é verdadeira, com respeito à Escritura pela virtude de como nós achamos os textos sagrados devem ser manejados, na narrativa da Escritura, e por instrução explicita na leitura dos textos, como tais.
     9. O fato de a palavra escrita ser escrita para ser falada, nos faz esperar ainda mais do sermão como palavra falada, baseada na palavra escrito para prover isto que característica da palavra falada, a saber, criar vivas percepções e formar intenções nos ouvintes. O sermão é bem apropriado para a proclamação de ambos, da culpa e do perdão. Sermões são bons veículos para admoestações e exortações. Sobre tudo, podemos falar de ambos os benefícios e das variações destas propriedades da palavra falada relacionados à pregação luterana. Mas, neste ponto, é suficiente dizer que a pregação luterana necessita conscientemente ser conduzida como uma visão às propriedades de uma atividade lingüística oral.

O contexto litúrgico da pregação luterana
     10. Anos atrás, na era da televisão preto e branco, existia um herói pistoleiro, chamado Paladin. Ele tinha uma arma e queria viajar. Tal não é a natureza do pregador luterano. Nosso o assunto não é: Tu tens um sermão? Queres viajar? A pregação luterana usualmente ocorre num contexto litúrgico no meio de uma congregação subordinada ao artigo 14 da Confissão de Augsburgo: Da ordem eclesiástica se ensina que sem chamado regular ninguém deve publicamente ensinar ou pregar, ou administrar os sacramentos na Igreja. Aqui nós nos comprometemos a limitar a pregação luterana aos que possuem um chamado regular de uma congregação. Onde este chamado falta, tal como em convocações ou convenções, ali o pregador, normalmente, dispensa vestimentas e estolas litúrgicas para visualizar que esta não é a situação normal, mas um momento especial. Assim, a atividade da pregação luterana é contextualizada pela liturgia e a vida congregacional.
     11. Dizer que a pregação luterana é moldada pelo contexto litúrgico não deve ser
entendido como um convidar ara a etiqueta do sacerdotalismo, embora nestes dias cinzentos e posteriores aos epitáfios dos romanistas, chauvinistas e neo-donatistas. Eu de bom grado me conformo com o sacerdotalismo. Não obstante, até para neo-sacerdotalismo entre nós, é claro que para o luterano a adoração ocorre, para a maior parte de nós, no contexto do culto. Por isso estamos conformados que o sermão ocorre no contexto litúrgico histórico da igreja[5]. No entanto, coisas inapropriadas para um contexto geral de adoração não acontecem em um sermão regular sem graves conseqüências. Você pode ir ao púlpito uma vez vestido de anjos, ou com o telefone celular como auxílio, ou mesmo com um gráfico, mas nem todos os domingos. O ambiente de culto na igreja não permite esse tipo de pregação como algo regular.
     12. Além disso, dando ênfase à forma do “culto histórico”, (como nossa Comissão de Culto e liturgia o chama) a pregação luterana é formada pela expectativa de prover alimento para a fé. A liturgia coloca o sermão com o ofício da palavra de Deus, que a congregação escuta como a “voz de Cristo.” A pregação luterana é a expressão da Palavra de Deus, na qual o cristão fiel espera ouvir, na perspectiva de Lei e Evangelho tirados da palavra de Deus, o que seja dito a eles. O sermão luterano não é um estudo bíblico, nem é uma lição da história da igreja, dos quais os fiéis, sem dúvida alguma, podem ter proveito. A pregação luterana é a proclamação da Palavra, mais kerygmática  do que didática[6], assim é dado ao evangelho uma predominância maior, como o Dr Walther apropriadamente admoesta. Como o confessamos publicamente de que o principal culto a Deus é a pregação do Evangelho.[7]
     13. Este destaque congregacional, no entanto, não pode perturbar ou distorcer o próprio contexto da pregação. Não podemos desenvolvendo a doutrina do sacerdócio universal de todos os crentes de Walther, sem falar do contexto bíblico. Instruímos os pastores luteranos sobre o que deve ser pregado, dando à pregação o seu lugar na congregação. O sermão de certa forma é a voz dos fiéis, mas não de todos os fiéis. Não no sentido de que cada um dará sua opinião, dizendo o que gostaria de ouvir. Todas as diferenças próprias da pregação luterana fiel podem ser resumidas na frase do famoso G. K. Chesterton: “A Igreja é a única verdadeira democracia, a única organização que não tira o voto de seus membros simplesmente porque já faleceram”. A pregação luterana é a voz confessional de seus fiéis, na totalidade desta sua voz, a riqueza com a qual falamos na liturgia, por isso, “com anjos e arcanjos e toda a companhia celeste”. Na verdade, uma das muitas bênçãos da liturgia, um benefício notado pelas confissões[8], é este, de aqui somos lembrados desta ampla voz do coro do qual somos parte, aqui somos os membros mais jovens da família de Deus e ainda os mais novos e menos informados, os miúdos no bloco eclesiástico.

O contexto teológico na pregação luterana
     14. A teologia no cenário luterano norma a pregação que é feita no seu contexto. Não somos somente compromissados a dizer do púlpito luterano: Assim diz o Senhor, em vez de “me parece”. Somos compromissados também a não termos nossa própria opinião sobre o que o Senhor diz ao momento atual; antes estamos compromissados a proclamar Palavra de Deus como ela é expressa em nossas Confissões Luteranas. A pregação luterano é uma atividade normada pelo contexto das Escrituras e das Confissões Luteranas.
     15. Isto todos nós conhecemos bem. Mas as implicações desse conhecimento muitas vezes são esquecidas. Visto que a pregação luterana é normada pelas Confissões Luteranas, segue que a pregação luterana é teologia. Ela não pode ser normada condicionalmente e por outra coisa tal como a sociológica, o aconselhamento de grupos, ou advertência pastoral, etc. A pregação luterana é teologia, e, da mesma forma teologia num contexto luterano é pregação. Luteranos são, por último, aqueles sermões que permanecem no contexto luterano, que são teologia. Esta é a parte contextual da natureza do trabalho do pregador. Esta teologia é teologia evangélica luterana, não contemporânea protestante, esta teologia é ortodoxa no sentido luterano, esta teologia é católica, no sentido histórico, não no sentido do termo romano.
     16. Novamente, tudo isto pode parecer evidente em si mesmo, mas esta evidencia é contestada hoje por uma série de pensamentos a respeito da atividade da pregação. Dizem-nos que sermões devem satisfazer (suprir) as necessidades dos ouvintes. Somos encorajados a estar espiritualmente elevados em nossa apresentação. Isto demanda, no entanto, muitas vezes conflitos com o texto, com a teologia da cruz sob a qual vivemos, e com a verdadeira necessidade de nossos ouvintes, muitas vezes não sentida no início do sermão, a saber, por contrição, arrependimento e a necessidade de confiar em Cristo. Sermões que são teologicamente evangélicos, ortodoxos e católicos não vão, ao mesmo tempo, aos grandes temas atuais: Como posso estar contente no meu trabalho. Tenha a certeza, o texto escriturístico pode ser relacionado à doutrina cristã das vocações, e tal doutrina pode trazer os frutos da fé ao contexto do trabalho, mas a pregação luterana não é um recipiente metodológico, e por isso não centralizado na pessoa, como perguntas: Como fazer? A centralização na pessoa não é compatível com a teologia luterana, nem para o pregador ou o ouvintes. Lutero lembra:

Não são os feitos humanos ou suas habilidades que fazem de alguém um pastor, e não  são os feitos humanos que tornam alguém um cristão, nem o ouvir a palavra ou um sermão agradável, mas é um feito divino e nada mais do que um dom, um presente, do além, contra a natureza, como somente Deus o efetua em nós, sem ajuda ou idéias nossas[9].

A pregação luterana por isso não é aquela que é atrativa à Comunidade, nem deve ser um barômetro daquilo que foi registrado como as últimas necessidades do povo. Novamente, a razão é simples: Tal característica não é característica confessional, ela não flui da compreensão confessional, por isso ela não pode ser identificada com a verdadeira pregação luterana.
     Assim, a pregação luterana é uma atividade nos contorno do contexto, linguagem, liturgia e teologia. A pregação luterana é a palavra falada pela qual o cristão é guiado com a voz atual de Deus; é teologia confessional da palavra de Deus que aplica Lei e Evangelho no contexto litúrgico da vida da igreja. Como isto deve ser feito, veremos no próximo capítulo.

II - A designação ou o do papel da pregação luterana

     17. O que o pregador luterana deve fazer? Aqui, eu acredito, chegamos ao ponto mais concreto do estudo da homilética de nosso Sínodo e da Igreja Luterana em geral. Até aqui tocamos em alguns pontos perniciosos na pregação, embora as reivindicações permaneçam feitas aos pregadores em nossas congregações, tais como a exigência por relevância, medida no “sentir as necessidades”. A isto se soma a necessidade de entretenimento, a exigência por “libertação dinâmica”, e a necessidade de promover programas do púlpito, para mover as pessoas. Na segunda parte deste estudo, abordaremos o papel apropriado da pregação.  

Comunicação ou Proclamação
     18. Olhando para a lista do que se requer da pregação luterana, com um olhar popular, torna-se evidente: “boa comunicação.” Constantemente os pregadores ouvem a admoestação: vocês precisam aprender a se comunicar com o povo.
     19. Bem, se por comunicação alguém se refere ao que tecnicamente pode ser chamado de micro-comunicação, na qual alguém se refere a certas práticas tais como enunciação, pronunciação, uso da voz, técnicas da retórica pública e costumes, então a recomendação é bem vinda. Ninguém pode negar os benefícios em usá-los e no usar a linguagem do povo (não a gíria).
     20. Mas este não é o escopo da demanda da pregação luterana na comunicação. A grande acusação contra a pregação luterana é de que ela falha na comunicação. A razão articulada para este julgamento contra o púlpito luterano é esta, para comunicar é preciso estabelecer um contacto com os ouvintes. A pregação típica luterana, como é ensinada, falha em estabelecer este contacto, porque esta pregação não diz o que a pessoa na verdade deseja ouvir. Por isso ela não comunica e precisa ser mudada.
     21. Logo no início deste trabalho, eu coloquei a afirmação de que a pregação luterana está com problemas, problemas sérios, não estou preparado para analisar o problema do nosso tempo desse ângulo. A natureza de minha posição, no entanto, é muito diferente. Se nós estamos em condições de compreender o que precisa ser corrigido no púlpito luterano, então precisamos em primeiro lugar inverter o julgamento contra a pregação luterana contido no chamado para “comunicar” do púlpito”[10] (Obs.: do tradutor) O que implica também no Lema da IELB de “Comunicar a vida”).
     22. Na verdade, a pregação luterana necessita conhecer algo a respeito dos ouvintes, mas não é isto que é questionado pelos advogados da comunicação. Os ouvintes não necessitam o som da cultura, mas o som de Cristo; não a discussão a respeito do que o povo entende por necessidades, mas a necessidade interior; não necessidades, problemas e sintomas exteriores, mas a profunda razão deles que é o pecado, só conhecível à luz da Palavra de Deus. Não uma voz popular e persuasiva, mas a destemida voz profética. Não o pensamento corrente da mente moderna, mas a intenção original do texto sagrado. Em resumo, o que a pregação luterana necessita não é comunicação, mas proclamação.
     23. Qual é, então, precisamente a diferença entre comunicação e proclamação? Ambas as atividades lidam com pessoas; ambas envolvem uma conexão entre o que fala e o que ouve; ambas anunciam uma mensagem, sim, mas a diferença entre as duas atividades é grande. Ambas, comunicação e proclamação envolvem motivação; mas o processo empregado é muito diferente entre os dois.
    24. A comunicação trabalha com aquilo que pode ser chamado de estrutura do sinergismo. A comunicação requer a cooperação do ouvinte; sem esta cooperação, não há comunicação. Comunicação apela à razão de forma reflexiva para o consentimento. Aqueles, que lutam pela comunicação, colocam o dualismo, que procura influenciar poderosamente o ouvinte, concedendo-lhe o direito de decisão. O ouvinte vem a ser parte do processo, que a comunicação tem como fim. O ouvinte vem a ser juiz no modelo da comunicação. O ouvinte recebe o direito para dizer: O que sei e vejo como verdade, isso afirmo; o que não conheço ou o que não reconheço como verdade, eu nego. Na comunicação, o ouvinte é movido a querer, se o ouvinte não chega a esta ação, a comunicação falhou.[11]
     25. A proclamação trabalha com o que pode ser chamado de estrutura monergística. A proclamação requer a presença (obviamente), mas não necessariamente a cooperação do ouvinte; mesmo sem esta cooperação, a proclamação ocorre (assumido que o evangelho tenha sido pronunciado). A proclamação não apela à reflexão da razão para consentimento. Proclamação é revelação, e como Löwenich claramente nota, “revelação adereça-se a si mesma à fé, não ao ver, não à reflexão da razão.”[12] Porque proclamação não apela à reflexão racional, ela não opera num nível dualista, e não capacita o ouvinte a ser o árbitro final da verdade comunicada. O ouvinte pode dizer: Isto eu não aceito, mesmo assim, a proclamação ocorreu, onde o evangelho foi pregado, e ali, como nos o confessamos publicamente: “O Espírito Santo é dado, que opera a fé, onde e quando lhe apraz, naqueles que ouvem o evangelho.”[13]
     26. O trabalho da comunicação é gerar e desencadear motivação, enquanto que a obra da proclamação é engendrar identificação. O modelo de comunicação é encorajar alguém a consentir, o modelo da proclamação encoraja a ponderar. A comunicação leva o ouvinte a aprender; a proclamação a desaprender. Por isso, o modelo da comunicação trabalha bem quando é dado ao ouvinte a oportunidade de memorizar o que é dito; o modelo da proclamação trabalha bem quando é dado ao ouvinte perceber o que ouviu.        
O modelo de comunicação na pregação oferece um texto narrativo para que o ouvinte estude as ações no texto; o modelo da proclamação na pregação oferece o mesmo texto para que o ouvinte venha a ser identificado com as ações no texto.
     27. Aidem Kavanaugh capta esta distinção em sua comparação de quadros e ícones. Pinturas, ele observa, são sobre significados. Ícones são sobre o ser.[14] Neste sentido pregação é mais do que ícones, do que um quadro no seu impacto. Pregação, quando verdadeira na liturgia na qual ocorre, trata mais do ser de que de opiniões. Seres são recebidos, enquanto que opiniões são desenvolvidas pelo acerto do coração e do consentimento dos ouvintes. A comunicação distribui opiniões (no pleno sentido popular), a proclamação concede ser.
     28. O chamado para que a pregação luterana adote a solução da comunicação é o verdadeiro problema no púlpito luterano. Após anos, um modelo muito familiar tornou-se evidente na igreja luterana. O modelo pode ser encontrado na história da Reforma Luterana, onde o método teológico de Lutero da coerência, inerface, e correlação foi substituída pela abordagem geral da ortodoxia da pós-reforma que o reverteu para o método teológico da escolástica de correspondência, particularidade causativa.[15]  Na pregação histórica do Sínodo de Missouri, é fácil discernir uma mudança semelhante no sermão da proclamação para a informação. Esta mudança veio muito cedo, e se instalou no corpo da igreja, onde ambos, pastores e leigos foram criados a esperaram este tipo de pregação.
     29. O modelo de pregação informação vê o sermão como um exercício que apresenta proposições aos ouvintes. Criados, como na era da ortodoxia luterana, na objetividade da graça de Deus. O modelo de informação estendeu tal objetividade a cada questão de informação, tanto que ele carregava dentro de si as sementes perigosas de um racionalismo belicista. Mesmo sendo um modelo insuficiente, especialmente na perspectiva do sermão como meio da graça, ele ainda foi aceito por muitos anos por causa de um respeito geral para com o cargo do pregador, e um reconhecimento geral da natureza objetiva da fé cristã, os quais trouxeram ambos grande escala de consentimento ao que foi pregado. O problema surgiu, como a história novamente nos ensinou em relação ao pietismo, que este modo informacional e proporcional de comunicar a fé gerou uma reação na forma no modo de relacionamento no comunicar a fé, que é precisamente isto o que está por trás do modo de comunicação na área da pregação. Esta abordagem relacional eleva o subjetivo sobre o objetivo, o pessoal sobre o proposital, para a alegria de uma incrível coleção de protestantes evangelicais, católicos romanos carismáticos contemporais e ecumênicos liberais. Tal coleção não é tão surpreendente quando se compreende as implicações desse modelo de comunicação. 
     30. O modelo de comunicação é agora oferecido como um caminho melhor para transmitir informações e mover os ouvinte à ação, especialmente à luz desta nova era da vida pastoral em nosso Sínodo, era na qual o pastor é forçado a dizer, agora como já o  falecido Frank Borman afirmou: nós temos que colher nossas folhas cada dia. O modelo de comunicação de fato é uma concessão para minimizar o ofício pastoral, e legitimar o processo do sinergismo de compartilhar a verdade.
     31. Isto, no entanto, é uma solução errada para a pregação luterana. Proclamação, não comunicação, é a solução para a crise em nossos púlpitos. Proclamação requer um maneira diferente do que a aproximação proposicional do modelo de informação ou a aproximação racional do modelo da comunicação. O modelo da proclamação é de natureza perspectiva, resgatando a perspectiva de Deus da revelação.
32.Vamos notar aqui que estes termos proposicional, relacional e  perceptível são todos familiares na teoria do conhecimento, da epistomologia. Afirmam que a verdade é relativa,[16] o que condenamos. A mensagem não é relativa, mas absoluta, baseada na revelação de Deus, proclamada nos evangelho e aceita em fé. Mas ao usar o termo perspectivo neste contexto da proclamação, não é no sentido epistomológico, mas algo mais radical, a saber, um uso ontológico. É o próprio ser, o que é perspectivo, e esta perspectiva não é relativa, mas absoluta, baseada na revelação de Deus, proclamada à fé no Evangelho.
33. O modelo proclamação abraça ambos, a objetividade da graça e o trabalho de Deus, e a subjetividade de nossa identificação nas necessidades como pecadores e nossos benefícios em Cristo. O modelo da proclamação fala a verdade sem racionalismo e fala ao povo em relação a Cristo sem pietismo. Sobretudo, na igreja de Cristo, todos os relacionamentos são proposicionalmente firmados, e todas as proposições são firmadas no relacionamento; é uma proclamação que abraça tudo em tudo.                
34. O conteúdo da proclamação na pregação luterana é a identificação de quem você é. Proclamação é a identificação do ouvinte como pecador, em sua totalidade, em virtude da natureza pecadora. Proclamação é a identificação do ouvinte como santo, de ponta a ponta, pela virtude da justiça de Cristo. Esta proclamação envolve a aplicação do texto atual ao ouvinte atual, pelos meios da pedra angular da hermenêutica da justificação do pecador diante de Deus através de Cristo, é colocado sobre o ouvinte pela aplicação de Lei e Evangelho. Neste caminho, o pregador entrega aquilo que recebeu, a saber, os meios da graça, pelos quais Deus mata e vivifica, como o ouvinte é morto pela lei e ressuscitado pelo evangelho. Todo este status e atividade, na brevidade do seu ser, é invisível a nossos olhos e independente da cooperação do ouvinte. Tudo isso é visto pela perspectiva da fé em cada proclamação que a transmite. Vivifica, abre os olhos, gera vida. Esta é a natureza da proclamação. É proclamação, não comunicação, nem mais informação, que nosso povo precisa ouvir e nossos pastores pregar.

O papel da proclamação luterana
35. Ulrich Asendorf identifica um papel triplo de Lutero como pregador, que serve como estrutura para o trabalho na proclamação: a) levar o evangelho bíblico ao povo; b) trazer o povo para dentro da igreja histórica; e c) confrontar os erros que machucam o povo de Deus.[17] Vamos considerar os três aspectos.
36.  a) O propósito da proclamação da Palavra de Deus a cada luterano é proclamar Cristo e seu sacrifício aos ouvintes, o que é levar o Espírito Santo aos seus corações para julgar, confortar e alegrá-los, bem como defendê-los contra os ataques do diabo, e do poder do pecado.[18] Sermões proclamam, eles dão, eles agem, eles julgam, eles matam, eles reavivem, eles perdoam, eles sustentam, e tudo isso pelo colocar os ouvintes sob a Palavra de Deus.
37. Tudo isso soa bem, e eu penso que isto é adequado, reto e próprio. No entanto, a cultura, o mundo, e nossa própria carne pecaminosa unidos requerem uma coisa diferente do sermão. O sermão para muitos é uma mensagem behaviorista. É como um guarda-roupas de onde o líder tira um programa pronto e o entrega a um grupo, para que vá e ganha alguns para Cristo. Além disso, para muitos um sermão deve ser moralista, tipo: faça ou não faça. De fato, um dicionário padrão definiu o sermão como moralista duro, normalmente não apreciada pelo ouvinte. Esta característica do sermão, junto com a visão da religião de ambos os lados de dentro como de fora da igreja, e suportado pela direção entre nós luteranos chamamos de “opinio legis”, a propensão ou legalismo, tudo combina para prover uma constante tentação ao pregador de usar o sermão como moralizador.
38. Mas o sermão não é para moralização, muito menos para ser usado assim por um pregador luterano. Chemnitz observou isso assim:

Se isto está estabelecido que o ensino próprio do evangelho não é somente matéria de fé na graciosa promessa do benefício de Cristo, mas trata também com renovação ou boas obras, então seguem imediatamente que boas obras entram na matéria da justificação como causa parcial...[19]

A proclamação do evangelho não é para a moralização, mas então para que? Não para a moralização, mas para justificação.
     Pelos meios da proclamação, a pregação luterana justifica! O ato da justificação é historicamente fundamentado na cruz e ressurreição de Cristo, proposicionalmente  articulado no texto inspirado, e relacionamento conectado aos fiéis pelo santo Batismo e a Santa Ceia. Este mesmo ato da justificação é dado ao ouvinte na proclamação do evangelho. Isto acontece na proclamação. A perspectiva do justificado é reforçada e sustentada na proclamação. Isto é o que o sermão faz, quando coloca o povo de Deus sob a palavra de Deus. É muito importante e necessário para o bem estar espiritual dos fiéis, e este era o papel que Dr. M. Lutero empreendia quando entrava no púlpito para pregar.
39. Segundo, Lutero usou a proclamação para levar o povo para dentro da igreja histórica. Isto é claramente uma função de perspectiva. Para Martinho Lutero não era suficiente para o povo ouvir a Palavra de Deus. Eles deveriam ver que isto não era um novo fenômeno; isto não era uma saída radical da igreja histórica. Antes, o povo deveria ver, deveria perceber, que eles estavam ouvindo o que era a única verdade, a única fé ortodoxa e histórica, a única fé, santa, católica, e apostólica. Em resumo, eles necessitam perceber a si mesmos como membros deste corpo histórica de Cristo, como participantes da corrente humana que Deus ajuntou a partir da cruz, através dos séculos, neste tardio momento da história. Assim, o povo seria preparado melhor para lidar com teólogos e mensagens rivais, e poderiam empregar não somente as palavras e conselhos de Lutero, mas também dos pais da igreja.
40. Hoje, nosso povo necessita desesperadamente dessa visão da igreja, para compreenderem nosso lugar na história. Eles são o povo contemporâneo, sem pátria e sem cultura, pois sua pátria e suas culturas evidenciam o eterno – ampliando o abismo entre raízes familiares e sociais de um lado e a família e cidade de Deus do outro lado. O fenômeno desta proclamação muda esta perspectiva, para serem pertencentes à igreja histórica.
41.Peter Berger e Thomas Luckmann, em seu livro The Social Construction of Reality, tem apresentado uma análise sociológica sobre o que acontece com o povo numa cultura, na verdade como uma cultura é comunicada a uma geração nova.[20] Existem fortes paralelos entre os objetivos culturais do seu trabalho e o fenômeno da igreja histórica como cultura. Berger e Luckmann argumentam que tal cultura é mantida e transmitida em três níveis da experiência. Primeiro, há o campo da linguagem comum, e como o povo é trazido para dentro desta cultura, eles começam a absorvê-lo ao ponto em que são absorvidos no campo da linguagem (ambos, linguagem pensada e falada). Segundo, há o campo das afirmações da realidade, no qual as verdades pelo qual a cultura vive e é continuamente afirmada e declarada. Terceiro, há o campo do conhecimento especializado, no qual o contato com aqueles que são especialistas em conhecimentos podem explicar as razões para as afirmações da realidade, e isto reforça e intensifica a experiência cultural.
42.Parece claro que a realidade da fé cristã e a comunidade desta fé é transmitido pelo mesmo dinamismos. O nível da linguagem comum é a liturgia, a vida litúrgica corporativa da igreja. Aqui, os novos na fé são introduzidos não tanto pela instrução da igreja, mas mais pela introdução na linguagem sacramental e ações na vida da igreja. Assim como as crianças pequenas apreendem os caminhos da família por tal associação, assim o neófito, de qualquer idade, aprende esta cultura evangélica, católica pela associação da linguagem comum e a vida da igreja. O segundo campo é este kerygma  (proclamação), a proclamação da palavra de Deus na constante afirmação da verdade de nossa vida em Cristo, que não é outra do que o evangelho em todos os seus artigos. Isto é pregação. O terceiro campo é a didachê (didática), o ensino normativo e instrução com respeito aos fatos bíblicos que estão por base e reforçam a proclamação do evangelho. Isto é a catequese! Em tal esquema, o papel do pregador inclui a ação de continuamente atuar da perspectiva histórica na proclamação do evangelho. Lutero considerou isto essencial para o púlpito. Isto é correto.
43. A terceira consideração de Lutero na pregação é combater o erro, especialmente o erro que é a cilada fácil para enganar o povo, a saber, o erro dentro das paredes da igreja. Hoje, somos levados a pensar que os grandes erros que afrontam nosso povo os erros comportamentais: da ética e da escolha moral na comunidade na qual vivemos. Na verdade, estes perigos estão ali. Mas os verdadeiros e grandes erros são aqueles que se escondem na igreja de Cristo, erros que enganam e distorcem seu ser, sua vida, seu ministério, sua tarefa. Estes erros – nos os chamamos de heresias – outros grandes erros que pisam nosso povo é o jogo legalizado, os cinemas pornográficos. A grande necessidade que temos em face de tais erros dentro da igreja é que deve ser compreendida pela visão da realidade da uma, santa, católica igreja na história. Daqui entendemos que a igreja sempre lutou com tais erros. Se julgarmos que eles não existem hoje, tal julgamento testifica de nossa cegueira, não das condições dentro das igrejas.
45. Veja como Lutero trata estes aspectos como pregador. Ele identifica os erros e sua gravidade. Ele lida com erros e errantes. Ele faz isto por amor ao evangelho. Seu propósito não é difamar ou culpar por associação. Em vez disso, ele diz a seus ouvintes: Tu também estás errado! Tu não te opuseste a esses erros. Tu acreditaste nessas coisas. Tu desonraste a Cristo. A partir desta perspectiva Lutero volta os corações de seus ouvintes novamente ao Evangelho.
46. Nossos dias são dias difíceis e muito perigosos para a igreja. Aqui também a proclamação da palavra de Deus através da aplicação de lei e evangelho é tarefa da pregação luterana. É uma tarefa muitas vezes negligenciada, ou quando não deixada de lado, muitas vezes distorcida sob meras palavras de juízo sobre outros e outros povos. Esta não é a pregação de Lutero no confrontar erros. Antes tal pregação simplesmente reverte ao antigo modelo de informação, mais interessante pela maneira em que nós pregadores podemos transgride o oitavo mandamento.
47. Por isso, a tarefa da pregação luterana é como Lutero a descreve, colocar as pessoas sob a palavra de Deus; levar as pessoas para dentro da igreja histórica; e confrontar as pessoas com os erros que os machucam, especialmente, no meio da igreja. Estas atribuições podem ser alcançadas quando nós levamos mais uma vez a sério a pregação luterana, sabendo que ela não é uma questão de informação, muitos menos o estar atualizado com as implicações da comunicação, mas sim, que ela é a proclamação do evangelho de Jesus Cristo, pelo qual Deus cria em nossos ouvintes uma identificação um sentido de ser, a saber, vida em Cristo.

III - A Prática da Proclamação

48. Muitas vezes, (experimentei) ao ouvir outros desenvolverem uma base teológica para alguns aspectos da vida na igreja, quando terminaram de colocar a base, eu fiquei me perguntando o que será de tudo isso na vida eterna? Com esta frustração na mente, me pergunto: O que posso fazer com isto na vida real. Com esta frustração em mente, eu gostaria de fazer algumas observações relativas à prática da proclamação luterana. Estas observações são de dois tipos. Primeiro, as observações sobre as estratégicas, na medida em que lidam com os métodos. Segundo, de cunho mais particular, especificamente usados na pregação, que chamo de observações táticas.

Observações sobre estratégias com respeito ao manejo do Evangelho no sermão

1)Primeiro, quero abordar a questão de lei e evangelho no próprio sermão. Nos todos conhecemos a expressão: Lei e Evangelho, tão bem que isto veio a ser o mantra luterano, o nosso pequeno “som luterano”. Às vezes parece que transmitimos lei e evangelho, ou a lei ou o Evangelho, simplesmente porque lidamos em nosso sermão com estas palavras, mas não as entendemos bem. Penso que seremos todos beneficiados com uma pequena prática que uso. – Faço isso no meu trabalho a todo o tempo. Procuro tirar do meu sermão toda a palavra luterana, colocando em seu lugar uma palavra parecida. Penso em palavras como: lei, evangelho, fé, crer, etc. Não estou falando dos conceitos teológicos, algumas vezes elas podem ser traduzidas, outras vezes precisamos usá-las e defini-las cuidadosamente. Estou falando a respeito das palavras que não podemos trazer à realidade na qual são pronunciadas.  Risque em seu manuscrito todas essas palavras luteranas e veja  o que vai acontecer se não poderes usar as palavras como: lei, evangelho, crer, etc. Em vez de usar a palavra “lei”, pregue assim que ela aja. Em vez de dizer a palavra “fé”, retrabalhe o sermão de tal forma que a que estejas pregando fé em seus ouvintes. Pregue e faça a obra sem usar tais palavras.
50. Isto nos levará a outro problema estratégico com respeito de lei e evangelho. Como pregar a lei e o evangelho? Uma das reclamações que recebi de um leigo abençoado por Deus para me manter humilde, foi: Pastor! acho que deverias pregam demais o evangelho! O que esta comunidade precisa é mais lei! O que está acontecendo aqui?
51. Primeiro, eles gostam de ouvir o que os outros devem fazer, especialmente se a aplicação da lei pelo pregador for tal que não afrontou as pessoas com a lei na primeira pessoa. Isto é um testemunho de que nossa congregação chegou a amar a lei, não na forma como o salmista o diz, mas de certa forma pervertido! Alguém pode crescer em amar a culpa. Há certo conforto nisso! Isto é um amor perverso que infecta os adolescentes e sádicos, outros, que dizem a si mesmos como todo o mundo os odeiam e como eles se odeiam a si mesmos! O que eles pensam não é o “eu me odeio”, mas eu odeio o que acontece ao meu amor próprio em mim! Há um conforto nisso, o que tu odeias não é digno desse ódio. Da mesma forma, nosso povo pode achar um conforto variado em ouvir a lei que os condena, enquanto não se sentem condenados, enquanto não sentem “terrores de consciência”.
52. Isto, eu acredito, é precisamente o problema com nossas pregações do evangelho! O problema, muitas vezes não é com o evangelho como tal, mas com a lei.[21] A coexistência pacífica com a lei como ela fala a mim, leva ao desinteresse no evangelho. Quando na próxima vez ouvires alguém dizer: “Sim, pastor, eu creio no evangelho, mas quando você nos dará algo diferente?” Então é melhor começares a te questionar a ti mesmo sobre a aplicação não do evangelho, mas da lei! Dr. Walther nos lembra corretamente, que a lei precisa ser proclamada de tal forma, que ela causa em nós certa identificação, que ele chama de: “Terror de consciência”.[22] Isto é o que a pregação da lei deve executar! Mas quantos estão prontos a fazê-lo? Para muitos, tal lei é imprópria, e assim nós nos contentamos com frases de “tu e eu”, combinado com o que eu denomino de “aplicação espingarda,” na qual o pregador elabora a pregação e dispara contra alguns pecados e cita alguns exemplos, julgando que acertará um ou outro. Na verdade, o verdadeiro culpado que necessita ser identificado contigo e seus ouvintes, a saber, a natureza pecaminosa, escapa sem ser atingida; somente para dizer que tu mesmo estas enjoado do Evangelho. Mas, note isso: a não ser que tu te identificas como pecador abominável que és, do contrário és um cristão somente de fachada. A não ser que sintas os terrores de consciência e descubras teu interior totalmente corrupto, não amarás o evangelho, nem estarás disposto a morrer por Cristo. Deixe o pregador aplicar isso a seus ouvintes e ouça sua resposta do evangelho. Este é o trabalho duro da proclamação luterana.
53. Mas deixe a lei fazer o seu trabalho, e deixe o evangelho seguir; então nos defrontaremos com outra questão estratégica – o que seguirá? A resposta popular, oferecida por muitos nomes importantes na história da LCMS, é de volta à lei. A santificação, como alguns a chamam. “A admoestação evangélica”, dizem outros. Outros preferem falar em “imperativos evangélicos”, ou o “terceiro uso da lei.” E todos os mencionados acima estão prontos a rotular de “antinomistas”, aqueles que dirão um “não” a esta resposta. Tenha, no entanto, certeza de que eu creio no terceiro uso da lei, especialmente no sentido em que é discutido na FC VI, a saber, que o terceiro uso é um dos caminhos nos quais Deus usa a lei.

Depois o Espírito Santo emprega a lei, a fim de por ela instruir os renascidos e lhes mostrar e indicar, nos Dez Mandamentos, qual seja “a boa e agradável vontade de Deus” Rm 12.2 em que boas obras, nas quais “Deus de antemão preparou, devem andar.” Ef 2.10 Ele os exorta a isso, e quando, em razão da carne, são remissos, negligentes e rebeldes, repreende-os por isso pela lei. Assim exerce ambos os ofícios simultaneamente: “tira a vida, e a dá; faz descer ao inferno, e faz subir. (1 Sm 2.6: faz descer à sepultura (inferno) Sei ofício não é apenas confortar, senão também repreender, como está escrito. (Jo 16.8) Quando o Espírito santo vier, “convencerá o mundo (que também inclui o velho homem) do pecado, da justiça e do juízo.” Ora, pecado é tudo quanto é contrário à lei de Deus. E São Paulo diz: Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, etc (2 Tm 3.16) E repreender é o ofício próprio da lei. Por isso, quantas vezes os crentes claudicam, tantas são repreendidos pelo Espírito de Deus da lei, e pelo mesmo Espírito são reerguidos e consolados com a pregação do santo evangelho.[23]  

Duas coisas  precisam ser notadas, quando pensamos no que deverá vir após o evangelho. Primeiro, o que muitos querem, e o que muitos pastores dizem, não é o terceiro uso da lei, que é puramente informativo em sua natureza e não imperativo. Antes, muitos pessoas desejam e muitos pastores afirmam é o primeiro uso da lei. O que eles desejam é que a lei modifique o comportamento, pelo controlar tudo o que não cabe na vida cristã. Isto é o primeiro uso, não o terceiro.[24]
54. E mais, o que quer que a lei faça, ela sempre acusa. Lex semper accusat! Por causa disto a Fórmula diz, ao discutir o terceiro uso da lei, “reprovar é a verdadeira função da lei”. Agora, se proclamação é o que a pregação luterana é, e se identificação do meu novo ser como filho de Deus é o que o Evangelho me dá, e se “boas obras fluem da fé, como nossa confissão afirma, porque queremos colocar nossos ouvintes de volta sob a acusação da lei e os terrores de consciência no fim do sermão?
55. Em vez disso, deixem me propor o que pregadores luteranos consideram como “aplicação do evangelho”. Aplicação do evangelho está onde é quando alguém vai além das afirmações dos fatos do evangelho, tal como “Jesus que morreu por ti” ou “no santo batismo, o povo renasce para dento do reino de Deus”. Aplicação do evangelho ocorre quando, à base dos fatos do evangelho, o pregador, “realmente perdoa os pecados, quando ele declara: “Teus pecados estão perdoados”. “Tu és filhos de Deus”. “Ninguém te tirará de minhas mãos.” Tal aplicação do evangelho é simplesmente um aliviar o raciocínio reflexivo, um papel necessário na proclamação.[25] Nós não deveríamos deixar o ouvinte imaginar a aplicação imediata baseada num princípio conhecido, mas aplicar do Evangelho a ele, diretamente no sermão[26].
     Nota do tradutor. Não posso deixar de acrescentar aqui a preciosa página da Teologia Pastoral de C.F.W.Walhter sobre como pregar a santificação:
Uma terceira carência é quando um pregador fala sempre de novo e de novo sobre arrependimento e fé, mas não prega sobre a necessidade das boas obras e da santificação, ou sobre boas obras, virtudes cristãs e santificação, não dando uma instrução profunda sobre isso. Uma descrição explícita, clara e calma sobre uma verdadeira vida cristã e comportamento, alcança mais do que a constante ameaça e o repisar a necessidade da mesma.
A respeito disso, Lutero escreve o seguinte: “Meus antinomistas pregam muito bem e (como não posso pensar de outra maneira) com verdadeira sinceridade a respeito da graça de Cristo, o perdão dos pecados, e o que mais é dito sobre a redenção. Mas, da conclusão eles fogem como o diabo da luz. Eles temem falar da terceira parte, da santificação, isto é, da nova vida em Cristo. Eles pensam que a gente não deve assustar ou entristecer as pessoas. Pregam, no entanto, sempre de forma consoladora da graça e do perdão dos pecados em Cristo e ao mesmo tempo evitam palavras similares como: Estas ouvindo? Tu queres ser cristão e ao mesmo tempo és um adúltero e vives no meretrício, como um porco, arrogante, ganancioso, avarento, invejoso, irascível, e queres permanecer perverso, etc.? Ao contrário eles dizem: Estás ouvindo: Se és um adúltero, prostituto, avarento, ou outro tipo de pecador – mas se tu crês somente, tu estás salvo e não precisas mais temer a lei. Cristo a cumpriu em teu lugar”.
“Amigo, diga-me, isto não é admitir a premissa e negar a conclusão que segue?  (Antecedens concedirt e Consequens negirt) Na verdade, isto significa tirar Cristo de alguém, no momento em que Cristo é pregado da forma mais sublime, e reduzi-lo ao nada. Isto é o sim e o não na mesma coisa. Tal Cristo é ninguém e nada, que morreu por tais pecadores que, após o perdão dos pecados, não abandonam o pecado para viverem em novidade de vida. Assim eles pregam bem no fio dialético nestoriano e eutichiano, que Cristo é e não é. Eles são puros pregadores da Páscoa, mas nefastos pregadores de Pentecostes. Pois eles nada pregam sobre a santificação e vivificação do Espírito Santo (sanctificatione et vivificatione Spiritus Sancti), mas somente a salvação de Cristo. Em suas pregações, eles exaltam Cristo com convém, que Cristo nos salvou do pecado e da morte, para que o Espírito Santo faça de nós novas criaturas. Mas, então param e não falam do afogar o velho Adão, para que mortos aos pecados, vivamos para a justiça (Rm 6.2), como o apóstolo Paulo ensina aos romanos, que iniciemos aqui a nova vida em Cristo e cresçamos e sejamos perfeitos nos céus”.
“Cristo não nos conquistou somente a graça (gratiam), mas também o dom (donum) do Espírito Santo, assim que não temos somente o perdão dos pecados, mas também o cessar de pecar (Jo 1.16-17). Quem, no entanto, conitnua a pecar, permanece no seu ser pecaminoso anterior, esse deve ter outro Cristo, o dos antinomistas. O verdadeiro Cristo não está ali, e mesmo se todos os anjos gritassem nada mais do que Cristo, Cristo! – nós teríamos que condená-los com o seu novo Cristo” (Sobre o Concílio das Igrejas, 1539; Walch XVI, 2741 s.).    
Se alguém quer aprender como descrever verdadeiramente a vida cristã conforme sua base interna e sua manifestação externa, essa pessoa tem então, ao lado da Escritura Sagrada, o glorioso modelo na Kirchenpostille de Lutero sobre as epístolas...
O pregador que economiza o consolo do evangelho e o oferece pouco, deixando a lei predominar, pretendendo promover dessa forma fé viva e verdadeira vida cristã, está enganado.  Ele na verdade está impedindo o desenvolvimento da verdadeira fé e vida cristã. 
Um verdadeiro pregador cristão deve poder repetir as palavras de Lutero: “No meu coração reina este único artigo, a saber, a fé em Cristo, pela qual e na qual todas as minhas reflexões teológicas fluem e refluem dia e noite” (Erlangen, Latin, vol I, p. 3; Prefácio da carta aos Gálatas. WA VIII, 1524).


Observações táticas no manejo do evangelho no sermão
56. Duas observações práticas requerem nossa atenção no contexto desse artigo. Primeiro, com respeito à famosa questão da capacidade de atenção dos ouvintes. Fomos ensinados de que uma pessoa tem uma capacidade de prestar atenção somente durante doze minutos, por isso nenhum sermão deveria ser maior do que isso. Mas, isso é ridículo em vários sentidos. Primeiro, ninguém é igual. A atenção varia de dia a dia, momento a momento. Alguém pode distrair-se a qualquer momento, mas, visto que a palavra falada do evangelho requer contemplação, e visto o pregador procura pregar assim para ganhar atenção, para requerer a contemplação, a atenção pode ser prolongada pela proclamação. Eu considero que é uma boa indicação quando um membro diz: “Pastor, muito obrigado, seu sermão interrompeu meu pensamento pelo menos cinco vezes!” Por isso, trabalhe claramente lei e evangelho, e não se preocupe com a atenção do povo hoje.
     Por último, eu gosto de seguir a metodologia textual na proclamação luterana. A típica presunção sobre o relacionamento entre o texto e os ouvintes é tal que o pregador precisa tomar o texto e traduzi-lo para o novo contexto do século XXI. Mas não use para tanto uma alegoria. A alegoria traduz o texto para outro contexto.
57. Mas, se não é isso, se não é alegoria, o que faremos? Precisamos transladar a mentalidade do século XXI para o primeiro século, ou ao texto do Antigo Testamento. O pregador luterano deve pregar de tal forma que os ouvintes possam identificar-se a si mesmos com o texto, andar com Abraão e Isaque, ouvir a Jesus como Maria, participar da coleta para os cristãos de Jerusalém, etc. Neste sentido, a identificação é a chave pela qual a Escritura é trazida à vida pela proclamação do pregador luterano.
58.Concluo este trabalho da maneira como o abri, com um citação de Lutero, especialmente do seu último sermão (15/02/1546, três dias antes de sua morte). Nele vemos Lutero, como pregador, trabalhando na proclamação, levando seus ouvintes sob o evangelho conectando-os com toda a igreja, defendendo-os dos erros. É isto que advogamos neste escrito. Nele, ouvimos o claro chamado a dar confiante atenção aos objetivos dos meios da graça, diante das tentações do mundo de buscar o significado religioso e entusiasmo em outros lugares, até mesmo apregoado por seguidores de Lutero. Admitindo que tal fidelidade é muitas vezes cansativa e aparentemente sem recompensa. Lutero dirige nossa atenção para a voz convidativa de nosso Salvador:[27]

     Isto nos cristãos devemos aprender e conhecer, mesmo que o mundo não queira fazê-lo, nós queremos ser gratos a Deus que nos abençoou tão ricamente e nos concede  ouvi-lo, bem como o próprio Cristo o ouviu e agradeceu alegremente por ouvir o pai. Em tempos passados, corremos de uma ponta à outra do mundo ao ouvir que ali poderíamos ouvir a Deus. Agora, o ouvimos cada dia em sermões, na verdade, agora todos os livros estão cheios dele, e não queremos ouvi-lo com alegria. Tu o ouves em tua casa, pai e mãe e crianças canta e falam dele. O pregador fala na paróquia. Tu deverias levantar tuas mãos e jubilar de alegria, pela honra que nos é dado de poder ouvir e falar com Deus por meio de sua palavra.
     Oh! diz o povo, que é isso? Sobre tudo, eles pregam cada dia, muitas vezes varias vezes ao dia, assim que cedo nos cansamos disto. O que faremos disto? Tudo bem, vai e ouça teu irmão, se não queres que Deus te fale cada dia em sua casa em tua igreja. Seja sábio e procure outra coisa qualquer. Em Tier está o casa de Deus, em Aachen as calças de José. Vai ali. Gasta teu dinheiro, compre indulgências e beije a mão do papa. Estas são coisas valiosas!
     Mas, não sejamos estúpidos e loucos; sim, cegos e possuídos pelo diabo? Ali, em Roma, está colocada a isca para o pato, com sua bolsa de truques, atraindo todo o mundo a si, com seu dinheiro e seus bens. Ali há todo o tempo alguém para batizar, dar o sacramento e tirar do purgatório. Como somos altamente honrados e ricamente abençoados em sabermos que Deus fala a nós e nos enche com sua Palavra, dá-nos o batismo, as chaves, etc. Mas este povo bárbaro diz: O que, batismo, sacramento, palavra de Deus? Às calças de José, isto faz a coisa. Mas, a nós cabe ouvir a Deus em sua palavra. Ele é nosso mestre. Não temos nada a ver com as calças de José.
     Cristo diz: Venham a mim, todos os que estais sobre carregados (Mt 11.28) Tome minha palavra e deixe todas as outras coisas. Se estás sobre-carregado, tenha paciência. Eu o tornarei tão leve que o possas carregar. Se há coisas ruins, eu vos darei coragem. Se precisas cruzar tormentas e diabos, não fique preocupado, eu te darei o Espírito. Quando sofres por minha causa, o meu jugo é leve. Eu te ajudo a carregá-la. Permanece firme na fé apegado à minha palavra e vencerás.
     Isto significa que os sábios deste mundo serão rejeitados, e nos queremos aprender a não nos julgarmos sábios, antes afastar nossos olhos dos grandes personagens e olhar somente para Cristo e sua Palavra. Ele nos convida amorosamente a dizer: Tu és o meu único e amado Senhor e mestre e eu o teu discípulo.
     Isto e muita outra coisa poderia ser dito a respeito do evangelho, mas eu estou muito fraco e deixemos isto para outra o ocasião.” 
                                                          
                                                                                            São Leopoldo, 11/12/2011
                                                                                          Tr.  Horst R. Kuchenbecker
          
           
      



[1] Lutheran Preaching: Proclamation, Not Communication
Concordia Journal, January, 1992. Vol 18, nº 1, p.6
[2] Luther`s Works, Am. ed., vol. 51, pp. 35-36.
[3] Richard Lischer, A theology of Preaching: The Dynamics of the Gospel. (Nashville: Abingdon, 1981), p. 69.
[4] Birger Gerhardsson, Memory and Manuscript, trans. Eric J. Sharpe, Acta Sminarii Neotestamentici Upsaleinsis, XXVII (Upsala, Sweden: Gleerup, 1961), p.163; cited in Lischer, p. 68.
[5] Horace Hummel underscores the unqueness of Lutheranism over against fundamentalism on the basis of this very contexdtual issue; cf. Lutheranismo and the Inerrance of Scripture” Concordia  Journal, 14 Abril de 1988, p. 107

[6] Recentemente um convertido, adulto, me disse: Pastor, sou meio encabulado para lhe dizer isto, mas eu penso que tenho mais proveito do Estudo Bíblico para adultos, do que do seu sermão. Minha resposta foi: Este é o caminho normal. Nós queremos aprender e aprendemos pelo estudo. Isto é assim na vida. Como crianças, quando queremos aprender, nós perguntamos, nós estudamos. Isto nos dá conhecimentos. Mas na vida da família absorvemos muitos conhecimentos úteis para a vida, aprendemos a viver, nem sempre estamos conscientes disso. O estudo nos dá conhecimento, a liturgia cultiva vida em nós. A escola Dominical nos dá conhecimentos bíblicos, a liturgia cultiva a vida espiritual. Mais tarde ele me disse que achou a resposta verdadeira e isso lhe ajudou muito.

[7] AC XV, 42
[8] Ap XV; XXIV, XXVI, Ap XV
[9] Luther`s Works, Am. Ed., vol. 28, p.89
[10] E.g., “Contato com a audiência começa com a atitude com respeito à comunicação, e comunicação pode tornar-se mais infecciosa quando líderes tentam conseguir respostas de vários públicos ao mesmo tempo.” (David Luecke, Evangelica Style and Lutheran Substance: Facing América`s Mission Challenge (St. Louis: Concordia, 1988), p. 107.
  
[11] Esta implicação sinergistas é claramente pretendida e inevitável no contexto atual do debate acima, sobre a direção adequada da pregação luterana; é possível usar o termo “comunicação” de uma forma para evitar esta implicação sinergistas, como por exemplo Richard Klann o faz, quando ele usa “comunicação na forma como sinônimo de “proclamação” neste artigo: “ Se o Evangelho pode ser efetivamente resistido e rejeitado, como podemos falar de uma comunicação efetiva do evangelho? Conforme a Escritura, podemos responder de forma série e simples: Deus o Espírito, que Cristo envia para este propósito, autentica o evangelho quando a pessoa comunica o mesmo de forma pura. Seu poder nunca é diminuído pela incredulidade daqueles que rejeitam seu convite de serem seus; em “Writing Dogmatic Theology, Concórdia Journal, 13 de abril de 1987, p. 148.
[12] Walther Von Löwenich, Luther`s Theology of the Cross, trans. Herbert J. A. Bouman (Minneapolis: Augsburg, 1976) p.37-38.
[13] AC V.2
[14] Aiden Kavanagh, On Liturgical Theology (New York: Pueblo Publishing Company, 1984), p.4.
[15] Entre outros, esta tese é encontrada em Ulrich Asendorf, Die Theologie Martim Luthers nach seinem Predigten (Göttlingen: Vandenhoeck & Ruprecht; 1988). 13-24.
[16] Para o propósito de introdução, cf. Basil Mitchell, The Justiication of Religious Belief Knowledge (New York: Herder and Herder, 1972). Para uma mudança mais séria para esta suposição do ponto de vista dofundamentalismo, cf. the Reformation not only rediscovered the Gospel but also the Law of God, in Chemnitz on Law and Gospel, Concordia Journal 15 de outubro de 1989, p. 413.
[17] Asendorf, p. 15-17
[18] AC III, 5
[19] Chemnitz, Loci Theologica (St. Louis: Concórdia, 1985, p.24.
[20] Peter L. Berger e Thomas Luckmann, The Social Construction of Reality: A rediscovered the Gospel but also the Law of God, in Chemnitz on Law and Gospel. Concordia Journal 15 de outubro de 1989, p. 413.
[21] Este é o ponto de J.A.O. Preus quando ele atesta: A reforma não só descobriu o Evangelho, mas também a lei de Deus, em Chemnitz on Law and Gospel, Concórdia Journal, 15 de outubro de 1989, p. 413.
[22] E Walther tomou sua sugestão diretamente das Confissões; cf. AC XII, 3,6; Ap IV, 20, 38, 142, 270-271; XII 32,64; XXIV, 73.
[23] FC VI,12-14.
[24] Mais evidências de que estamos lidando aqui com o primeiro uso da lei, mais do que com o terceiro uso, vemos no pseudo-evangelho da gratidão, que é tão popular na Igreja. Tudo Jesus fez por ti, que farás tu por ele? Tal caminho contém a assim chamada admoestação evangélica, e não é diferente do que uma mãe gentílica que diz a seu filho que vem para casa com um belo sanduíche dado pelo vizinho, quando a mãe pergunta: Você disse obrigado. Mas, este é o primeiro uso da lei.
[25] Lembre, apelar à razão, estabelece o dualismo que muda a proclamação em comunicação, na verdade em um caminho de ida e volta. (interprice).
[26] Um conforto para aqueles que querem ser pregadores confessionais luteranos é que esta nossa herança é constante e continuamente a carga de uma mensagem incompleta, de não pregarmos o bastante sobre boas obras. Amostra dessa carga reunida numa extensa pesquisa encontramos no teólogo reformado Harold ºJ. Brown: The Image of Christ in the Mirror of Heresy and Orthodoxy fromthe Apostels to he Presente (Grand Rapids: Baker, 1984), especialy p. 298-394.
[27] Luther´s Works, Am. Ed., vol 51, p.390-392.

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